
Cantora.
Filha de um violinista russo e de uma pianista pernambucana. Irmã da também cantora Yana Purim. Começou a cantar e a tocar piano e violão ainda menina.
Desde fins dos anos 1960 é casada com o percussionista Airto Moreira, com quem desenvolveu carreira.
Após uma pneumonia que deixou sequelas no marido, o percussionista Airto Moreira, Flora participou dos esforços para promover duas vaquinhas para ajudar o marido: uma brasileira, pela promotora de eventos Teca Macedo, que conseguiu por volta de R$60 mil de uma meta de R$120 mil e outra americana feita por Niura Purim, filha de Flora de um casamento anterior. A filha do casal, a cantora Diana Purim, organizou com o marido, o músico Krishna Booker, shows em São Francisco e Los Angeles com o objetivo de arrecadas fundos para o pai. O mesmo foi feito no Brasil pelo baterista Ivan Conti, o Mamão, da Banda Azymuth.
Em setembro de 2023 se mudou com o esposo, Airto Moreira, para o retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. No dia da mudança, as redes sociais do Retiro publicaram a seguinte mensagem:
“Com imensa alegria, damos as boas-vindas aos novos residentes do Retiro dos Artistas, o lendário percussionista Airto Moreira e a incrível cantora Flora Purim! Uma sinfonia de talento e inspiração agora faz parte da nossa comunidade.
“Sejam bem vindos à família Retiro!”
A mudança foi motivada, principalmente, por conta dos problemas de saúde do percussionista.
Em 1965, gravou um compacto duplo e, em seguida, lançou o LP “Flora é MPM”, com coordenação de Dom Um Romão, arranjos de Cipó, Osmar Milito e Dom Salvador, e participação de Rosinha de Valença (violão), Manoel Gusmão (baixo), Raul de Souza (trombone) e Dom Um Romão (bateria).
Dois anos depois, mudou-se para Nova York (EUA), vindo a se casar com o percussionista Airto Moreira.
Foi convidada por Gil Evans, que comparava sua voz a um instrumento, a fazer parte da Big Band do maestro, tendo sido a única cantora a ocupar essa posição. Com o grupo, gravou o LP “Where flamingo flys”, com destaque para as faixas “Nanã” (Moacir Santos) e “El matador” (Kemy Dorham).
Em 1972, gravou, com Chick Corea, Stanley Clarke e Joe Farrell, o LP “Return to forever”, título adotado em seguida como nome do grupo, com o qual lançou, no ano seguinte, o LP “Light as a feather”.
Em 1973, lançou seu primeiro disco solo no mercado norte-americano, “Butterfly Dreams”, pelo qual foi considerada Melhor Cantora de Jazz, pela revista “Downbeat”, em votação de críticos e leitores, tendo se mantido nessa posição durante mais cinco anos.
Na década de 1980, gravou com Airto Moreira os LPs “Humble People” e “The Magicians”, pelos quais recebeu duas indicações para o Prêmio Grammy relativas às faixas “Vinte anos blues” (Sueli Costa e Vitor Martins) e “Esquinas” (Djavan), respectivamente.
Integrou a banda Fourth World, juntamente com Airto Moreira, José Neto (guitarra) e Gary Meek (teclados).
Em 1992, gravou em dois discos contemplados com o Prêmio Grammy: “Planet Drum”, de Mickey Hart, baterista do conjunto Grateful Dead (Melhor Disco na categoria World Music), e “The Dizzy Gilliespie United Nations Orchestra” (Melhor Disco de Jazz).
Em 1995, apresentou-se no Sohos, Ronnie Scotts Club de Londres (Inglaterra), com uma nova banda formada por Gary Brown (baixo), Jovino dos Santos (teclados e flauta), José Neto (guitarra), Giovanni Hidalgo e Airto Moreira. Gravou o disco “Speed of Light”, que contou com a participação de sua filha Diana Purim Moreira.
Ao longo de sua carreira, participou de gravações com diversos artistas como Duke Pearson, Carlos Santana, Hermeto Pascoal, Gil Evans, Joe Sample, José Neto, Mickey Hart e Dizzy Gillespie, entre outros, além de Airto Moreira, com quem gravou cerca de 30 discos.
Em 2001, lançou o CD “Perpetual emotion” e, no ano seguinte, o CD “Flora Purim sings Milton Nascimento”.
No ano seguinte, recebeu do consulado brasileiro, em Los Angeles, a Ordem do Rio Branco, por sua contribuição à cultura de seu país.
Esteve no Brasil em 2003, divulgando seu CD “Speak no evil”. Realizou shows no Rio de Janeiro (Teatro Rival), acompanhada por Airto Moreira (percussão), Luiz Avellar (piano), Nei Conceição (contrabaixo) e Philipe Baden (teclados (Teatro Rival), seguindo em turnê por outras cidades brasileiras.
Em 2005, lançou o CD “Floras Song”, com suas composições “Las Olas” (c/ Jaco Pastorius e Diana Booker), “Anjo do amor” (c/ Toninho Horta) e “Floras Song”, além de “Less Than Lovers” (Lynne Earls e Diana Booker), “This Is Me” (Diana Booker e Krishna Booker), “É preciso perdoar” (Carlos Coquejo e Alcyvando Luz), “Silvia” (José Neto e Airto Moreira), “Forbidden Love” (Andy Narell e Diana Booker), “Anjo de mim” (Ivan Lins e Vitor Martins) e “Lua cheia (Lynne Earls e Diana Booker).
Em janeiro de 2022 fez, ao lado de Airto Moreira, shows de despedida dos palcos no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Em maio do mesmo ano lançou “If you will”, primeiro álbum de estúdio em mais de 15 anos, para comemorar 80 anos. O álbum tem novas composições e novas versões das músicas preferidas de Flora. A faixa-título ‘If You Will’ é a nova versão de uma colaboração com George Duke. Já “500 Miles High” é um sucesso da época do auge da banda “Return To Forever”, onde tocou com Chick Corea e Stanley Clarke, além do marido Airto Moreira. Também foram incluidas no álbum “This is Me”; “A Flor da Vida”, “Newspaper Gir”, “Dandara”, “Zahuroo” e ‘Lucidez”. Tocaram no trabalho Airto Moreira, o guitarrista José Neto, a filha de Flora, Diana Purim, nos vocais e o percussionista Celso Alberti.
Em novembro de 2022, o álbum “If You Will” foi indicado ao Grammy Grammy na categoria “Melhor Álbum de Jazz Latino” concorrendo com “Rhythm & Soul”, do cubano Arturo Sandoval, “Fandango at the Wall in New York“, do mexicano Arturo O’Farrill, “Música de las Américas“, do porto-riquenho Miguel Zenón, e “Crisálida“, do panamenho Danilo Pérez.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.