Compositor. Jornalista. Radialista. Pesquisador de MPB. Pai do compositor Edu Lobo e avô do cantor Bena Lobo.
Foi criado em Campina Grande (PB), cidade onde iniciou seus estudos musicais, sob orientação de Capiba, pai do posteriormente famoso compositor do mesmo nome. Sua mãe tocava bandolim. De volta a Recife, passou a estudar Direito. Neste período teve aulas de violino, atuando como crooner e violinista da orquestra Jazz Band Acadêmica de Pernambuco. Trabalhou na imprensa pernambucana até 1939, ano em que se transferiu para o Rio de Janeiro, onde continuou sua carreira jornalística. Trabalhou nas redações das revistas “Carioca”, “O Cruzeiro” e “A Cigarra”.
Foi diretor da Rádio Tamoio e produtor de diversas emissoras de rádio, especialmente a Rádio Nacional. Nas décadas de 1980 e 1990, foi produtor e apresentador de programas de MPB na TV E do Rio de Janeiro, além de entrevistador do projeto “O som do meio dia”, no Teatro Cândido Mendes, no centro histórico do Rio.
Em 1945, foi para os EUA, onde trabalhou nas nas cadeias de rádio e televisão CBS e NBC. Em 1951, foi redator da Rádio Nacional, onde foi colega de Haroldo Barbosa, Evaldo Rui e Renato Murce.
Em 1957, passou a trabalhar na televisão, além de continuar escrevendo na imprensa carioca. A partir da década de 1970, produziu e apresentou para a TVE Rio inúmeros programas de levantamento da memória musical do país, atuação que manteve até quase sua morte. Pai do cantor e compositor Edu Lobo.
Iniciou a carreira artística no período em que era acadêmico de Direito na Faculdade de Direito do Recife, como integrante da Jazz Band Acadêmica de Pernambuco da qual fez parte, entre outros, o compositor Capiba. Nessa orquestra, tocava violino, e violão além de atuar como crooner. Compôs sua primeira música em 1936, o frevo-canção “Alegria”, gravado por Nuno Roland, na Odeon, quatro anos mais tarde. Ainda em 1936, realizou sua primeira e única gravação como cantor registrando o frevo-canção “Pare, olhe, escute e goste”, composição de Nélson Ferreira. Em 1937, fez com Capiba o samba canção “Mentira”, gravado por Raul Torres na Columbia. Em 1938, Almirante gravou o frevo-canção “De quem é que você gosta?”. No ano seguinte, teve o frevo-canção “Alegria” lançado por Nuno Roland, na Odeon, e o frevo-canção “Aonde está o meu amor”, gravado pelo Coro RCA Victor. Trabalhou na imprensa pernambucana até 1939, ano em que se transferiu para o Rio de Janeiro, onde continuou sua carreira jornalística. Trabalhou nas redações das revistas “Carioca”, “O Cruzeiro” e “A Cigarra”.
Em 1941, Gilberto Alves gravou na Odeon o frevo-canção “Não faltava mais nada”. Na década de 1940, foi produtor da Rádio Clube de Pernambuco.
Em 1947, destacou-se com o samba “Saudade”, feito em parceria com Dorival Caymmi, e gravado por Orlando Silva. Em 1948, seus sambas-canção “Distância” e “Quando foi, porque foi”, e a versão da rumba “Nasci para bailar”, com Joel de Almeda, foram gravados na Odeon por Aracy de Almeida. Nesse ano, Déo regravou o samba “Saudade”, parceria com Dorival Caymmi. No ano seguinte, compôs com Evaldo Rui e Haroldo Lobo o partido-alto “Balada” e o samba “Francamente Claudionor” gravados por Aracy de Almeida que também lançou seu bolero “Desde ontem”. Também em 1949, Francisco Alves lançou o samba “Chuvas de verão”, que tornou-se um clássico da música popular brasileira, composição que refletia o clima de confissões que prolongavam ou encerravam romances iniciados nos ambientes das boates. Dircinha Batista gravou o maracatu “Porto Rico” e a toada “Passarinho da lagoa”, parcerias com Evaldo Rui.
Para o carnaval de 1950, compôs o samba “Nega maluca”, com Evaldo Rui, considerado um dos clássicos do repertório carnavalesco, gravado por Linda Batista. A música foi premiada pela prefeitura e pelo jornal “A Noite” e ainda rendeu um dinheiro extra para os autores: a loja A Exposição propôs a exploração de uma fantasia de “Nega maluca” e ele, lembrando-se da personagem Topsy, de “A cabana do pai Tomás”, desenhou um modelo que se tornaria recordista de venda – um espalhafatoso vestido vermelho, com bolas brancas, que poderia ser completado com uma carapinha de tranças e rosto da usuária pintado de preto, se necessário. Ainda em 1950, compôs com Nestor de Holanda o samba “Chorei, chorei, sim” e com Paulo Soledade a marcha “Zum-zum” gravadas por Dalva de Oliveira e que fez grande sucesso no ano seguinte. A música foi composta em homenagem a Carlos Eduardo de Oliveira, morto em um desastre de avião, um dos componentes do Clube dos Cafajestes, grupo de rapazes do qual também faziam parte Paulo Soledade e Carlos Niemeyer. No mesmo ano, Luiz Gonzaga gravou a mazurca “Chofer de praça”, parceria com Evaldo Rui.
Em 1951, a convite de Màrio Reis, que voltava à carreira artística, compôs o samba “Saudade do samba”. No mesmo ano, seu baião “Conceição do Piancó”, parceria com Manezinho Araújo, foi gravado pelos Vocalistas Tropicais, o bolero “Basta dizer que sim”, com Paulo Soledade, por Aracy de Almeida, e o samba-canção “Amor de ontem”, com Newton Teixeira, foi registrado por Carlos Galhardo. Teve também gravado nesse ano por Stelinha Egg a batucada “O vizinho é do contra”, parceria com Nestor de Holanda. Ainda em 1951, foi redator da Rádio Nacional, onde foi colega de Haroldo Barbosa, Evaldo Rui e Renato Murce.
Em 1952, Dircinha Batista gravou a marcha-rancho “Noites de junho”, e Linda Batista o samba-canção “Monotonia”, parcerias com Paulo Soledade, e o conjunto vocal Quatro Ases e Um Coringa o “Coco do Baturité”, com Manezinho Araújo. Ainda no mesmo ano, teve mais duas composiões com Manezinho Araújo gravadas: os baiões “São João, meu São João”, por Carmélia Alves, e “Umbigada do Sabino”, por Jorge Veiga. Também em 1952, destacou-se com o samba-canção “Ninguém me ama”, com Antônio Maria, grande sucesso nacional, paradigma do samba de fossa, e que veio a consolidar nacionalmente a carreira da então iniciante Nora Ney, que depois registraria outro sucesso da mesma dupla, “Preconceito”. No ano seguinte, a cantora e futura apresentadora de TV Hebe Camargo gravou o samba “Eu não sou Deus”, parceria com José Roy, e Linda Batista o samba “Meu pecado não”, com Paulo Soledade, e o samba-canção “Não zombes de mim”. Nesse ano, Jorge Veiga gravou na Continental o samba “Podem falar”, com Evaldo Rui, e Lúcio Alves o samba “Procurando meu bem”, com Bruno Gomes, também na Continental. Nessa época, produziu o programa “Uma estrela ao meio-dia”, com Dircinha Batista na Ráio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1954, teve outras duas composições gravadas por Linda Batista: os sambas “Vergonha”, com Ari Cordovil, e “Calo na mão”, com Ari Cordovil e Arnô Canegal. Nesse ano, Francisco Carlos lançou para o carnaval a marcha “Morena do brinco dourado”, parceria com José Roy e Anísio Bechara, gravada em fins do ano anterior. Em 1955, o Trio de Ouro gravou o samba “Tudo é samba”, parceria com Herivelto Martins. No mesmo ano, seu clássico samba-canção “Ninguém me ama”, com Antônio Maria, recebeu interpretação do cantor e ator negro Nelson Ferraz para o LP “Brasiliana – Teatro folclórico brasileiro” da gravadora Columbia. Em 1956, teve o baião “Vapô de Carangola”, parceria com Manezinho Araújo, gravado por Carmélia Alves na Copacabana, o samba-canção “Pode dizer”, gravado por Linda Batista na RCA Victor, e o samba-canção “Siga”, com Hélio Guimarães, lançado por Cauby Peixoto no LP “Você, a música e Cauby”. Em 1957, Jorge Veiga gravou na Copacabana o samba “Palhaço”, parceria com Ari Cordovil, Neusa Maria na Sinter o samba-canção “Não é não” e Cauby Peixoto na Columbia e Neusa Maria na Sinter o bolero “Siga”, parceria com Hélio Guimarães, e que seria muito regravado posteriormente. Também em 1957, passou a trabalhar na televisão, além de continuar escrevendo na imprensa carioca. A partir da década de 1970, produziu e apresentou para a TVE Rio inúmeros programas de levantamento da memória musical do país, atuação que manteve até quase sua morte.
Ainda na década de 1950, compôs alguns baiões, entre os quais “A primeira umbigada”, feito em parceria com Manezinho Araújo, bem como “Tamangueiro”, que seria prefixo de um programa de Marlene na Rádio Nacional. Uma seleção de suas músicas foi gravada num LP da Copacabana “Músicas e poesias de Fernando Lobo”, que contou com a participação de vários intérpretes. Também em 1957, passou a trabalhar na televisão, além de continuar escrevendo na imprensa carioca. A partir da década de 1970, produziu e apresentou para a TVE Rio inúmeros programas de levantamento da memória musical do país, atuação que manteve até quase sua morte.
Em 1961, atuando intensamente na imprensa carioca e na crítica musical, escreveu o texto de contra capa do LP “Lo que me gusta a ti”, lançado pela cantora Rosita Gonzales pela gravadora Philips. Em 1967, classificou “Diana pastora” entre as finalistas do III FMPB, da TV Record de São Paulo, festival do qual saiu vencedor seu filho Edu Lobo, com a música “Ponteio”. Nos anos 1970, Caetano Veloso regravou o samba “Chuvas de verão”. Na década de 1980, sua versão da rumba “Nasci para bailar”, foi regravada por Nara Leão. Esta música por sinal, foi cantada pela primeira vez por Marlene, com letra original diferente da gravada por Aracy e Almeida, segundo relato da própria cantora no show “Marleníssima”, biografia musical estreada no Teatro Rival em junho de 2002, com roteiro de R. C. Albin. Aliás, o mesmo roteirista incluiu “Ninguém me ama” e “Preconceito” em dois shows em homenagem a Nora Ney, o primeiro, “Estão voltando as flores”, em 2001, no Teatro de Arena, também gravado pela Som Livre e o segundo “Canto para Nora Ney”, estreado em outubro de 2003 no Teatro Ipanema, no Rio. Em ambos as músicas foram interpretadas por Carmélia Alves e Carminha Mascarenhas. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 5 estÁ incluído seu samba-canção “Ninguém me ama”, com Antônio Maria, na interpretação de Dóris Monteiro. Em 2012, a embolada “Vapô de carangola”, com Manezinho Araújo, foi gravada pela cantora Lúcia Menezes no CD “Lucinha”.
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