Escritor. Letrista. Poeta. Jornalista.
Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atuou como repórter da sucursal mineira da revista “O Cruzeiro”.
Na década de 1960, conheceu Milton Nascimento, com quem viria a iniciar uma fértil parceria.
Atuou como presidente da UBC (União Brasileira de Compositores), associação de direitos autorais.
No ano de 1991, foi um dos palestrantes do evento lítero-musical “Seminário Nacional Com A Palavra & A Letra”, apresentado no Salão de Atos da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) realizado pela Secretaria Municipal de Cultura – Administração Popular (Prefeitura Municipal de Porto Alegre), tendo como outros palestrantes Capinan, Ronaldo Bastos, Antônio Cícero, Carlos Rennó, Guto Goffi, Belchior, Vitor Ramil, José Ramos Tinhorão, Joel Nascimento e Túlio Piva, com mediação de Juarez Fonseca.
Lançou, em 2012, o livro de crônicas “Casa aberta” (Editora DuBolsinho), com noite de autógrafos na Livraria da Travessa (RJ).
Faleceu no Hospital das Clínicas da UFMG, depois de complicações em uma cirurgia de transplante de fígado. O velório aconteceu no sábado, dia 13, no cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte.
“A última vez em que estive com Fernando foi a menos de seis meses, em minha casa, no Rio. Ele chegou junto com outro grande amigo, Ronaldo Bastos, e foi uma noite como há muitos anos não acontecia. Passamos horas lembrando de histórias, canções, amigos e, principalmente, a amizade que nos guiava em todos estes anos em que passamos juntos. Eu já sabia que Fernando estava com um problema de saúde, mas em nenhum momento falamos disso naquela noite. Não precisava. Fernando esteve ao meu lado nos acontecimentos mais importantes da minha vida. E isso já era o suficiente a ser lembrado. Em meu último show, em Santos, no dia 5 de junho, uma jornalista pediu para eu contar uma história, qualquer uma. Não sei como, mas automaticamente comecei a falar do Fernando, e de quando eu estava em São Paulo, e fiz três músicas no mesmo dia: “Pai Grande”, “Morro Velho” e “Travessia”, esta última, a que levei para Fernando Brant fazer a letra em Belo Horizonte. O resto é história. Sem ele, as coisas não teriam acontecido desta maneira. Nenhuma palavra do mundo é capaz de descrever o quanto eu sou agradecido por ele ter feito parte da minha existência. Obrigado Amigo, muito obrigado.”
Milton Nascimento (BH, 13/6/2015)
Em 1967, participou do “II Festival Nacional da Canção” (TV Globo) com a composição “Travessia”, parceria com Milton Nascimento, classificada em 2º lugar no evento, em interpretação do próprio Milton Nascimento, que a registrou em seu primeiro LP lançado nesse ano. Em 1968, participou do “IV Festival de Música Popular Brasileira” (TV Record), com “Sentinela” (c/ Milton Nascimento), defendida por Cynara e Cybele.
Seguiram-se inúmeras composições em parceria com Milton Nascimento, registradas nos discos desse compositor e cantor, como “Outubro”, “Beco do Mota”, “Sunset Marquis 333 Los Angeles” e “Rosa do ventre”.
Em 1970, escreveu (c/ Milton Nascimento) a trilha sonora de “Tostão, a Fera de Ouro”, curta-metragem de Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender, com destaque para “Aqui é o país do futebol”. Ainda neste ano, Milton Nascimento gravou de sua autoria “Para Lennon e McCartney” (c/ Lô Borges e Marcio Borges) e “Durango Kid” (c/ Toninho Horta).
Em 1972, suas composições “San Vicente” e “Ao que vai nascer”, ambas em parceria com Milton Nascimento, e “Paisagem na janela” (c/ Lô Borges) foram incluídas no histórico LP “Clube da Esquina” , de Milton Nascimento e Lô Borges.
Dois anos depois, em 1974, o disco “Milagre dos peixes”, de Milton Nascimento, registrou novamente a parceria dos dois compositores na faixa-título e “Escravos de Jó”.
Considerado o principal letrista de Milton Nascimento, continuou trabalhando com o parceiro durante as décadas de 1980 e 1990. Com mais de 200 músicas gravadas, a dupla registrou inúmeros sucessos, como “Maria, Maria”, “Planeta blue”, “Promessas do sol”, “Travessia”, “Canção da América”, “Saudade dos aviões da Panair (Conversando no Bar)”, “Encontros e despedidas”, “Nos bailes da vida” e “San Vicente”, além dos já citados.
Em 1998, “Janela para o mundo” e “Louva-a-deus” (c/ Milton Nascimento), fizeram parte do repertório de “Nascimento”, disco premiado com o “Grammy” desse ano.
Além dos parceiros referidos, compôs também com Tavinho Moura (“Nossa Senhora de Ó”, entre outras) e Sirlan (“Nove anos” e “Profissão de fé”, entre outras).
Em 2000, trabalhou no musical “Fogueira do divino”, para o qual escreveu 20 letras inéditas, que receberam arranjos musicais de Nivaldo Ornellas e Tavinho Moura.
Em 2011, em parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box “100 Anos de Música Popular Brasileira”, contendo quatro CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos “MPB 100 ao vivo” realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 6 da caixa, com sua composição “Travessia”, com Milton Nascimento, na voz de Rosana Toledo.
Em 2014 a cantora e compositora Silvia Nicolatto regravou “Canoa, canoa”, com Nélson Angelo.
No ano de 2019, pela gravadora Biscoito Fino, foi lançado o disco-homenagem “Vendedor de Sonhos”, no qual vários intérpretes e parceiros registraram a sua obra com arranjos inéditos produzidos por seu sobrinho Robertinho Brant, também produtor do CD. No disco participaram Beto Guedes (San Vicente); Boca Livre (Credo); Milton Nascimento (O medo de amar é o medo de ser livre); Djavan (Milagre dos peixes); Dori Caymmi (Sentinela); Samuel Rosa (Paisagem na janela); Lô Borgs (Durango Kid); Seu Jorge (Saída e bandeira nº 1); Toninho Horta (Travesia) e Joyce Moreno (Saudade dos aviões da Panair), além de Nina Becker, Mônica Salmaso, Roberta Sá, Fernanda Takai,Tadeu Franco, Zé Renato, Vander Lee, Paula Santoro, Tavinho Moura, Flávio Venturini e Marina Machado, nas 20 faixas do trabalho.
(vários)
(c/ Orquestra Ouro Preto)
(vários)
(Fernando Brant, Renato Rosa e Tadeu Franco)
Geraldo Vianna, Fernando Brant & Amaranto
(c/ Tavinho Moura)
(c/ Tavinho Moura)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª Ed. EAS Editora, 2014.