5.002
Nome Artístico
Evaldo Rui
Nome verdadeiro
Evaldo Rui Barbosa
Data de nascimento
9/4/1913
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
4/8/1954
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Radialista.

Nasceu no Rio de Janeiro e era, segundo suas próprias palavras, “carioca da gema”. Sua avó foi porta-estandarte do Rancho Ameno Resedá, que foi frequentado desde a infância por sua mãe, Maria Isabel Barbosa. Era irmão de Haroldo Barbosa, também compositor e radialista. Na infância, viveu nos bairros de Bonsucesso e Botafogo. Foi morador do bairro carioca de Vila Isabel, na década de 1930, convivendo com os boêmios e artistas locais como Noel Rosa, Almirante, André Filho, Braguinha e outros.

Segundo os que com ele conviveram, tinha o apelido de “Espanador de lua”, devido à alta estatura. Era um mulato claro, muito simpático e “boa pinta”. Foi namorado de Elizeth Cardoso, “seu grande amor”, na época em que a cantora iniciava sua carreira. Trabalhou na Light. Suicidou-se no dia 4 de agosto de 1954, deixando dramático bilhete para Elizeth Cardoso.

Dados artísticos

Autor do famoso samba de carnaval “Nega maluca”,  em parceria com Fernando Lobo. Foi um dos mais importantes parceiros de Custódio Mesquita. Só com ele compôs mais de 30 obras. Boêmio e freqüentador do Café Nice, reduto de instrumentistas, cantores e compositores da Música Popular Brasileira nos anos 1940 e que ficava na  Av. Rio Branco 174, no Centro do Rio de Janeiro, então capital do país. Começou na Rádio Philips, como contra-regra, ainda na década de 1930, junto com seu irmão Haroldo com quem trabalhou nos programas “Casé” e “Horas do outro mundo”. Foi também locutor esportivo. Trabalhou ainda nas rádios Educadora (depois Tamoio), Guanabara, Nacional, onde foi chefe da discoteca, e Mauá, onde foi diretor artístico e criou os programas “O Rio de Janeiro que eu não vi” e “Álbum de melodias”. Na mesma Rádio Mauá descobriu Roberto Silva e Sílvio Barbosa e ajudou a projetar Elizeth Cardoso. Ainda na Rádio Mauá, organizou um conjunto regional de muito sucesso que contava com Altamiro Carrilho, Pinguim e Cesar Fernandes. Em 1934, teve sua primeira composição gravada, o samba “Ninho deserto”, por Carmen Miranda na Victor.
Em 1943, teve o bolero “Prá que viver?”, parceria com Custódio Mesquita, registrada pelo cantor Carlos Roberto na Victor. No mesmo ano, fez sucesso com o samba “Promessa”, parceria com Custódio Mesquita, e gravado por Sílvio Caldas, também na Victor. Ainda no mesmo ano, mais duas parcerias com Custódio Mesquita foram gravadas por Sílvio Caldas na Victor, a marcha “É inútil mentir” e “O samba da Beatriz”. Em 1944, teve mais seis parcerias com Custódio Mesquita gravadas na Victor: Carlos Galhardo registrou o fox “Rosa de maio” e a valsa “Gira…gira…gira”;  Sílvio Caldas o samba “Como os rios que correm pro mar”, um de seus grandes sucessos e a “Valsa do meu subúrbio”; Isaura Garcia o samba “Pretinho” e Nelson Gonçalves o fox “Nossa comédia”.
Em 1945, Isaura Garcia gravou os sambas “Não faças caso coração” e “Eu fico”, parceria com Custódio Mesquita. No mesmo ano, teve as primeiras composições que não foram feitas em parceria com Custódio Mesquita gravadas. Na verdade duas versões: os foxes “Santa”, de Augustin Lara e “Sempre juntos”, de De Silva e Henderson. Também no mesmo ano, compôs com Fats Elpídio o fox “Minha confissão”, gravado por Carlos Galhardo. Em 1946, depois da morte do parceiro Custódio Mesquita, ainda lançou algumas composições da dupla como o samba “Viva o samba”, gravado por Linda Batista na Victor e “Saia do meu caminho”, gravado com sucesso por Aracy de Almeida na Odeon, e que se transformaria num clássico da MPB. Em 1949, ainda lançou mais uma de suas parcerias com Custódio Mesquita, o samba canção “Adeus”, gravado por Dircinha Batista na Odeon. No mesmo ano, Dircinha Batista gravou “Cuanto la gusta”, de G. Ruiz, em ritmo de samba, com versão sua e a toada “Passarinho da lagoa”, ambas em parcerias com  Fernando Lobo. Também no mesmo ano, Francisco Alves gravou o samba “Inútil”.
Em 1950, compôs com Lupicínio Rodrigues o samba “Eu não sou louco”, gravado por Isaura Garcia e com Fernando Lobo o samba “Nega maluca”, gravado por Linda Batista e a mazurca “Chofer de praça”, gravada por Luiz Gonzaga, as três na RCA Victor.  No mesmo ano, compôs com Fernando Lobo o maracatu “Porto Rico”, gravado por Dircinha Batista na Odeon, mas foi o samba “Nega maluca” que fez enorme sucesso. A música era originalmente um baião, depois transformado em samba. Arrebatou, em 1950, o primeiro lugar no Concurso Oficial de Músicas para o Carnaval. Ainda hoje, continua um sucesso, sempre tocada nos bailes, tendo inspirado inclusive uma fantasia tradicional dos carnavais cariocas. O desenho da fantasia foi elaborado por Fernando Lobo no mesmo ano, a pedido da loja “A Exposição”.
Em 1951, o baião “Pede pra seis” com Haníbal Cruz, foi gravado na Odeon pelos Titulares do Ritmo. Em televisão, trabalhou na TV Tupi e na TV Record de São Paulo. Fez também em 1951a versão para a canção “Jingle bells”, de Pierpont, gravada por João Dias também na Odeon. Em 1953, os sambas “Promessa”, “Como os Rios Que Correm Pro Mar”, e “Feitiçaria”, o fox “Rosa de Maio”, e a valsa “Valsa do Meu Subúrbio”, todas parcerias com Custódio Mesquita, foram gravadas pelo cantor Orlando Silva no LP  “Orlando Silva Canta Músicas de Custódio Mesquita”, tributo gravado pela pela Musidisc  com acompanhamento de Léo Peracchi e Sua Orquestra. Em 1954, fez com Hianto de Almeida sua última composição, o samba canção “Vento vadio” gravado por Isaura  Garcia na RCA Victor. Ainda no mesmo ano, após seu suicídio, a Revista da Música Popular, da qual foi grande incentivador, publicou em seu número 1, seu artigo “O Café do Compadre”, nome de um antigo bar no Estácio, onde ele conheceu sambistas como Ismael Silva, Bide, Edgard, Rubens, Aurélio e Brancura. Deixou inéditas as composições “Águas passadas”, “Timtim por timtim”, “Quando passas por mim” e “Depois do carnaval”, esta última, parceria com Ismael Silva. No número 2 da Revista da Música Popular foi publicada uma reportagem sobre ele onde se lê: “Causou o mas profundo pesar a notícia do desaparecimento de Evaldo Rui, popular compositor e radialista, figura das mais queridas de sua classe, homem bom e amigo de todos. Evaldo foi um compositor autenticamente popular e um dos mais notáveis letristas que teve até hoje a música popular”. Em 1960, teve os sambas “Promessa” e “Feitiçaria”, ambos com Custódio Mesquita, gravados no LP “Baile de samba  – Sylvio Mazzucca e Sua Orquestra” lançado pela gravadora Columbia. Em 2006,  seu samba-canção “Adivinhe Coração”, com Custódio Mesquita, foi gravado pelo cantor Marcos Sacramento no CD “Sacramentos”, lançado por ele pelo selo Biscoito Fino.

Obras
Adeus (c/ Custódio Mesquita)
Adivinhe coração (c/ Custódio Mesquita)
Cara que mamãe beijou
Chofer de praça (c/ Fernando Lobo)
Como os rios que correm pro mar (c/ Custódio Mesquita)
Cuanto la gusta (c/ G. Ruiz e Fernando Lobo)
Depois do carnaval (c/ Ismael Silva)
Eu fico (c/ Custódio Mesquita)
Eu não sou louco (c/ Lupicínio Rodrigues)
Feitiçaria (c/ Custódio Mesquita)
Gira, gira, gira (c/ Custódio Mesquita)
Inútil
Minha confissão (c/ Fat's Elpídio)
Nega maluca (c/ Fernando Lobo)
Ninho deserto
Nossa comédia (c/ Custódio Mesquita)
Noturno em tempo de samba (c/ Custódio Mesquita)
Não faças caso, coração (c/ Custódio Mesquita)
O samba de Beatriz (c/ Custódio Mesquita)
Olha o jeito desse negro! (c/ Custódio Mesquita)
Passarinho da lagoa (c/ Fernando Lobo)
Pede pra seis (c/ Haníbal Cruz)
Porto Rico (c/ Fernando Lobo)
Pra que viver? (c/ Custódio Mesquita)
Pretinho (c/ Custódio Mesquita)
Promessa (c/ Custódio Mesquita)
Quando passas por mim
Rosa de maio (c/ Custódio Mesquita)
Saia do meu caminho (c/ Custódio Mesquita)
Santa (c/ AgustinLara)
Sempre juntos (c/ De Silva e Henderson)
Sim ou não (c/ Custódio Mesquita)
Timtim por timtim
Valsa de quem não tem amor (c/ Custódio Mesquita)
Valsa do meu subúrbio (c/ Custódio Mesquita)
Valsinha do Turi-Turé (c/ Custódio Mesquita)
Viva o samba (c/ Custódio Mesquita)
Voltarás (c/ Custódio Mesquita)
Zé Pequeno
Águas passadas
É inútil mentir (c/ Custódio Mesquita)
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

Revsita da Música Popular – Número 2. Rio de Janeiro, 1954.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.