
Regente. Arranjador. Pianista. Vibrafonista. Compositor. Disc-jóquei. Tele-ator. Cantor.
Ainda bem pequeno, demonstrou gosto pela música, chegando a apresentar-se na Rádio Difusora de São Paulo, em um programa infantil. Foi ator mirim no filme “Quase no céu”. Começou a estudar música aos sete anos de idade, matriculando-se no Conservatório Musical Carlos Gomes, onde se formou em piano em 1950. Estudou também canto com a professora Tercina Saracceni. Ainda na década de 1950, estudou harmonia, tendo sido orientado pelos maestros Luís Arruda Pais, Renato de Oliveira e Rafael Pugliese.
Sua carreira teve início aos quatro anos de idade quando estreou como radioator mirim na Difusora de São Paulo. Trabalhou com Walter Avancini, Luís Carlos Miéle e Hebe Camargo no “Programa Clube do Papai Noel”. Foi incorporado ao cast musical da TV Tupi, Rede Associada. Para a emissora de Assis Chateaubriand, o Chatô, criou em 1951 o jingle “Já é hora de dormir”, em parceria com Mario Fanucchi. O sucesso do jingle foi tamanho, que o publicitário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, comprou os direitos autorais, e utilizou o jingle como trilha sonora propagandística dos Cobertores Parahyba.
Em 1957, com 23 anos, assumiu a regência de Orquestra da TV Tupi, e começou a criar arranjos para diversos artistas, tornando-se requisitado na indústria fonográfica. Fez arranjos para Dóris Monteiro, Noite Ilustrada e Maysa. Nos anos 1960, para Agostinho dos Santos, Nara Leão, Elis Regina, Geraldo Vandré e Wilson Simonal.
Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na TV Tupi e na TV Rio. Nesta emissora, chegou a exercer a função de diretor musical, sendo um dos responsáveis pela realização do I Festival Internacional da Canção em 1966, evento para o qual compôs um prefixo até hoje utilizado em versões mais atuais dos festivais da TV Globo.
No V FIC, realizado pela TV Globo em 1970, regeu um coro de 40 vozes que posteriormente passou a atuar com o nome de Banda Veneno, acompanhando o cantor Jorge Ben (Benjor atualmente). Fez sucesso com a música “Eu também quero mocotó” (Jorge Ben) e seguiu carreira solo com grande êxito.
Teve intensa atuação como arranjador, trabalhando em discos e shows de grandes nomes da música brasileira e internacional.
Em 1968, acompanhou Elis Regina em sua excursão a Paris, quando a cantora se apresentou no Olympia. Gravou com Paul Mauriat um LP contendo músicas brasileiras: “Águas de março” (Tom e Paulo César Pinheiro); “Como dois e dois” (Caetano Veloso); “Construção” (Chico Buarque); “Dona Chica” (Dorival Caymmi) e “Testamento” (Toquinho e Vinícius).
Em 1973, gravou pela Phillips o LP “As dez canções medalha de ouro”, com destaque para “Casa no campo” (Zé Rodrix e Tavito) e “Amada amante” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos).
Faleceu no ano seguinte.
Em 2018 teve sua história contada no documentário “Erlon Chaves, o Maestro do Veneno”, dirigido pelo cineasta Alessandro Gamo, professor de cinema na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Ele consumiu anos em pesquisa e busca de materiais para relembrar a vida do “Maestro Veneno”, como era apelidado Erlon. Ao abrir a narrativa do documentário aborda a perseguição racista e moralista sofrida pelo líder dos 40 integrantes da Banda Veneno. O caso mais notável se dera ao beijar mulheres louras em transmissões ao vivo, pela TV Globo. Os beijos foram assistidos por milhões de brasileiros, entre eles, o então presidente da República, General Emílio Garrastazzu Médici. Após o episódio, foi preso e conduzido num camburão por agentes da polícia de costumes e outras “transgressões” durante o período militar.
A narrativa do documentário remontou a trajetória do artista, que morreu vítima de ataque cardíaco, além de mostrar sua parceria com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Os amigos, Flávio Cavalcanti Jr. e Max de Castro, filho de Wilson Simonal, também foram citados. O documentário ainda contou com os depoimentos de Zuza Homem de Mello, Raul de Souza, Alaíde Costa, Eliana Pittman, Wilson das Neves, Zeca do Trombone, Márcia, Laércio de Freitas, Roberto Menescal, Hector Costita, Gerson King Combo, André Midani, Armando Pittigliani, Marco Mazzola, Luis Carlos Maciel, Ivan Conti (Mamão), Zé Carlos, Maestro Georges Henry, Adilson Godoy, Mário Fanucchi, Dj Nuts e Leopoldo Teixeira Leite. Entre as imagens compiladas por Alessandro Gamo no documentário, algumas foram trazidas do filme “É Simonal” (Domingos Oliveira, 1970), já que fora o artista que assinou a trilha sonora deste longa-metragem ficcional protagonizado pelo amigo-cantor, então vivendo seus dias de glória.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.