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Nome Artístico
Elis Regina
Nome verdadeiro
Elis Regina Carvalho Costa
Data de nascimento
17/3/1945
Local de nascimento
Porto Alegre, RS
Data de morte
19/1/1982
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Cantora.

Nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, às 15h10. Foi a primogênita do casal Romeu Costa e Ercy Carvalho Costa. Cinco anos depois, nasceria seu irmão Rogério Costa. Entre 1952 e 1956, cursou o primário no Grupo Escolar Gonçalves Dias, em Porto Alegre. Aos sete anos de idade foi ao programa “Clube do Guri” (Rádio Farroupilha de Porto Alegre), animado por Ary Rego, mas se recusou a cantar. Em 1956, neste mesmo programa, cantou pela primeira vez no rádio. Passou a integrar o elenco fixo do programa, ganhando um pequeno cachê e presentes dos patrocinadores. Tempos depois, tornou-se secretária do programa: além de cantar, lia recados, nomes de aniversariantes e apresentava os candidatos. Dos nove aos 11 anos, freqüentou aulas de piano com a professora Waleska, uma vizinha da família, interrompidas por não dispor do instrumento em casa. Entre 1957 e 1960, cursou o ginásio no Instituto de Educação Flores da Cunha, Porto Alegre. Em 1961, cursou seis meses de clássico no Colégio Estadual Júlio de Castilhos e transferiu-se para o curso normal da Escola Diogo de Souza. Abandonou o curso ao terminar o segundo ano. Seu primeiro namorado desde que chegou ao Rio foi Solano Ribeiro. O jovem, então com 25 anos, trabalhava na produção musical do “Programa Bibi Ferreira”, da TV Excelsior. No dia 5 de dezembro de 1967, aos 22 de idade, casou-se, no civil, com Ronaldo Bôscoli, 16 anos mais velho. No dia 7, foi realizada a cerimônia religiosa do casamento na Capelinha Mayrink, Floresta da Tijuca, RJ. Frase de Ronaldo na época: “Não sou rico, mas estou bem. Ela ganha quinze milhões (velhos) por mês e eu, dois e meio. O trivial da casa será mantido por mim. O luxo, por ela.” O casal passou a morar na Avenida Niemeyer, São Conrado, Rio de Janeiro. No dia 17 de junho, nasceu seu primeiro filho, João Marcelo, na Casa de Saúde São José, no Rio. O menino nasceu forte, mas nos primeiros meses de vida teve muitos problemas por ser alérgico a leite de vaca, chegando a ficar hospitalizado. Sem leite para amamentá-lo, foi à televisão pedir amas-de-leite para o filho. No dia 11 de maio de 1972, depois de várias separações e reconciliações, desquitou-se de Ronaldo Bôscoli. O juiz determinou que nada tinha a receber do marido, além de uma pensão de três salários mínimos para o filho, que ficaria sob a sua guarda. Em 1974, uniu-se a César Camargo Mariano, mudando-se para São Paulo. Estabeleceram-se na Rua Califórnia, no bairro do Brooklin. No dia 18 de abril de 1975, nasceu Pedro, seu segundo filho, na maternidade do Hospital São Luís, SP. Em 1976, mudou-se com sua família para uma casa na serra da Cantareira, SP. No dia 9 de setembro de 1977, nasceu sua filha Maria Rita, na maternidade do Hospital São Luís, SP. Em 1981, separou-se de César após nove anos casamento.

m 2005, ano em que completaria seu 60º aniversário, a cantora foi tema do programa “Arquivo N”, veiculado pelo canal a cabo Globonews.

Em 2013 entrou em cartaz no Teatro Oi Casa Grande (RJ) o espetáculo “Elis, A Musical”, com texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade, e direção de Dennis Carvalho. No elenco, Laila Garin (como Elis Regina), Felipe Camargo e Claudio Lins.

Em 2016 sua cine-biografia, “Elis”, foi lançada. O filme remontou a trajetória de sua carreira desde a adolescência até a morte e não abordou com profundidade o uso de drogas e a relação com a ditadura militar, que segundo a crítica especializada do portal Adoro Cinema, foram abrandados para evitar polêmica. “Elis” teve a direção de Hugo Prata, produção de Fabio Zavala e roteiro de Vera Egito, Luiz Bolognesi, e Hugo Prata. A atriz Andreia Horta interpretou Elis, Caco Ciocler fez o papel de seu segundo marido, o músico César Camargo Mariano.

Em 2018 a TV Globo reproduziu sua minissérie a partir das cenas do filme “Elis” com inclusão de depoimentos da cantora Rita Lee e de cenas documentais. A obra foi exibida em quatro capítulos.

Em 2019 seu filho João Marcello Bôscoli lançou a biografia “Elis e eu – 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe” na Livraria da Vila na cidade de São Paulo. O livro narrou as experiências com sua mãe, Elis, e os bastidores do envolvimento dela com as drogas até seus últimos dias vida. Na ocasião, a crítica especializada considerou que as outras biografias de Elis, “Furacão Elis” (1985) e “Elis Regina – Nada será como antes” (2015), lançadas pelo jornalista Julio Maria, não tirariam o valor da biografia lançada em 2019, “Elis e eu – 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe”, pois este  não se prendeu a datas e a dados cronológicos, tendo sido um relato íntimo e pessoal de quem foi testemunha ocular de parte da história de Elis.

Dados artísticos

Em 1959, assinou seu primeiro contrato profissional com a Rádio Gaúcha de Porto Alegre (com a condição imposta pela mãe de que tirasse boas notas no colégio), apresentando-se no “Programa Maurício Sobrinho”, de Maurício Sirotsky Sobrinho.

No ano seguinte gravou, para a Continental, seu primeiro compacto simples com as músicas “Dá sorte” e “Sonhando”.

Em 1961, gravou seu primeiro LP, também para a Continental, “Viva a Brotolândia”, produzido por Nazareno de Brito. Foi coroada “Rainha do Disco Clube”, com uma grande festa.

Em 1962, gravou o segundo LP para a Continental, “Poema”. No dia 31 de dezembro deste mesmo ano, recebeu no Salão de Atos da PUC, em Porto Alegre, o prêmio de Melhor Cantora do Ano. Foi crooner do conjunto Flamboyant, nas noites de Porto Alegre.

No ano seguinte gravou, para a CBS, o LP “O bem do amor”, produzido por Evandro Ribeiro.

Em março de 1964, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde assinou contrato com a TV Rio, participando do programa “Noites de Gala”, ao lado de Marly Tavares, Trio Iraquitã, Jorge Benjor (na época Jorge Ben) e Wilson Simonal. Apresentou-se no Beco das Garrafas, levada por Dom Um Romão. Com o Copa Trio, de Dom Um Romão, participou do show “Bossa três”, no Little Club. Atuou, ao lado de Marly Tavares e Gaguinho, no show “Sósifor”, realizado na boate Bottles, sob a direção de Luiz Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli. No dia 31 de agosto, estreou em São Paulo, com “Boa bossa”, show beneficente para a Associação de Moças da Colônia Sírio-Libanesa, dirigido por Walter Silva. O espetáculo contou com a participação de Agostinho dos Santos, Sílvio César, Lennie Dale, Pery Ribeiro e o Zimbo Trio. Estreou ainda um show na boate Djalma, ao lado de Sílvio César. Foi contratada por Armando Pittigliani, da Companhia Brasileira de Discos, selo Philips, e participou junto ao Zimbo Trio do programa “Primeira Audição”, apresentado no Colégio Rio Branco (SP), gravado pela TV Record. No dia 19 desse mês, participou do show “Bossa só”, no Clube Hebraica (SP), e no dia 26 cantou com Marcos Valle a música “Terra de ninguém” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) no show “O remédio é bossa”, promovido pela Escola Paulista de Medicina e dirigido por Walter Silva. No dia 23 de novembro, participou do I Denti-Samba, promovido pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, dirigido por Walter Silva. Cantou com o Copa Trio, grupo que a acompanhava desde o Beco das Garrafas.

Em 1965, venceu o I Festival Nacional de Música Popular Brasileira (TV Excelsior) com “Arrastão” (Edu Lobo e Vinícius de Morais), recebendo o prêmio Berimbau de Ouro e projetando-se nacionalmente. Essa participação foi considerada seu lançamento público como estrela nascente para a MPB. Dois dias após o festival, estreou no Teatro Paramount (SP) o show “Elis, Jair e Jongo Trio”, produzido por Walter Silva. O espetáculo foi gravado ao vivo e lançado no LP “Dois na bossa”. O disco fez grande sucesso e valeu à cantora e a Jair Rodrigues um contrato com a TV Record para um programa semanal de música brasileira. No dia 10 de abril, recebeu, na TV Record, o prêmio Roquete Pinto, como Melhor Cantora de 1964. No dia 19 de maio, estreou, na TV Record, o programa semanal “O Fino da Bossa”, dirigido por Manoel Carlos, Raul Duarte, Tuta Machado de Carvalho e Nilton Travesso. Comandou o programa, com a presença constante de Jair Rodrigues, recebendo como convidados grandes nomes da música brasileira e lançando muitos sucessos. Ainda nesse ano, lançou o disco “Samba eu canto assim”, primeiro LP individual para a Companhia Brasileira de Discos (CBD), selo Philips.

Em janeiro de 1966, viajou para a Europa, onde ficou até o início de março. Fez shows em Lisboa e Luanda com Jair Rodrigues e o Zimbo Trio.

De volta ao Brasil, apresentou-se com o Zimbo Trio, nos dias 10, 11 e 12 de março, no Jardim de Inverno Fasano (SP). Lançou o disco “Elis”, o segundo pela CBD-Philips, com destaque para “Canção do sal”, de Milton Nascimento. Participou, no mês de setembro, do II Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), cantando “Ensaio geral” (Gilberto Gil), que obteve o quinto lugar, e “Jogo de roda” (Edu Lobo e Ruy Guerra). O selo Artistas lançou o primeiro disco independente feito no Brasil, “Viva o Festival da Música Popular Brasileira”, gravado durante o festival. Em outubro, participou na fase nacional do I Festival Internacional da Canção (TV Rio), com a canção “Canto triste” (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), acompanhada por uma orquestra de cordas e por Edu Lobo ao violão. Foram vaiados quando a música foi classificada para a finalíssima da fase nacional. Em dezembro, fez show na boate ZumZum (RJ), com Baden Powell .

No dia 19 de junho de 1967, o “Fino da Bossa” saiu do ar. Atuou, ao lado de Jair Rodrigues, em três programas da série “Frente Única – Noite da MPB” (TV Record). Participou, ao lado de Gilberto Gil e Edu Lobo, de uma passeata em defesa das raízes da MPB, contra a invasão da música estrangeira. Em outubro, interpretou, no III Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), a canção “O cantador” (Dori Caymmi e Nelson Motta). Foi classificada para a finalíssima, ganhando o prêmio de Melhor Intérprete. Lançou um compacto com “Tristeza que se foi” (Adílson Godoy) e “Upa, neguinho” (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri), um dos maiores sucessos de sua carreira. Lançou mais um compacto, dessa vez com “Travessia” (Milton Nascimento), música classificada em segundo lugar no II Festival Internacional da Canção (TV Globo), e “Manifesto” (Guto Graça Melo e Mariozinho Rocha).

Em janeiro de 1968, viajou para a Europa, onde representou o Brasil no II Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), em Cannes, França, e apresentou-se nas TVs inglesa, holandesa, belga, suíça e sueca. No dia 6 de março, estreou no Olympia de Paris, acompanhada pelo Bossa Jazz Trio. Em abril, a TV Record dedicou-lhe o “Show do Dia 7”, com três horas e meia de programa contando sua vida. Sem ensaio, substituiu, em maio desse ano, as cantoras Cynara e Cybele, num show que a dupla fazia ao lado de Baden Powell. Apresentou-se, também, com Jair Rodrigues e o Bossa Jazz, no Teatro Ópera, em Buenos Aires. Venceu a I Bienal do Samba (TV Record), com “Lapinha” (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). No dia 30 de maio foi ao ar pela TV Record o segundo programa “Elis Especial”, gravado no Teatro Paramount, (SP), com direção de Miéle e Bôscoli, e, no dia 27 de junho, o terceiro programa “Elis Especial”, gravado no Teatro Paramount (SP0. Em agosto, fez uma temporada de um mês na boate Sucata (RJ), de Ricardo Amaral,. Seiscentas pessoas assistiram à estréia do show, dirigido por Miéle e Bôscoli. Integrou o júri internacional do III Festival Internacional da Canção (TV Globo). Nessa fase, venceu “Sabiá” (Tom Jobim e Chico Buarque), vaiada na fase nacional pela platéia, que preferiu “Caminhando (Pra não dizer que não falei de flores)”, de Geraldo Vandré. Ainda nessa fase nacional, Caetano Veloso também concorreu, com sua canção “Proibido proibir”, também vaiada pelo público, e foi desclassificado ao discursar contra o público e o júri. No dia três de outubro, em entrevista ao “Jornal da Tarde”, declarou sobre o Tropicalismo: “Eu só digo uma coisa: vai bem quem faz coisa séria. Quem quer fazer galhofa, piada com o público, que se cuide. Tropicália é um movimento profissional e promocional, principalmente. De artístico mesmo não tem nada, nada, nada”. Lançou o LP “Elis Especial”, pela CBD-Philips. Em 23 de outubro, iniciou nova temporada no Olympia, em Paris, ficando em cartaz até o dia 11 de novembro. Gravou um compacto duplo, com a participação de Pierre Barouh na música “Noite dos mascarados” (Chico Buarque), cantada em francês e com arranjos de Eumir Deodato. Apresentou-se, também, no Cassino Estoril, em Lisboa, Portugal. No dia 28 de novembro, a TV Record apresentou o especial “Elis em Paris”, gravado durante a temporada no Olympia.

Em janeiro de 1969, apresentou-se novamente no Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), em Cannes. Fez programas nas TVs francesa, inglesa, suíça, sueca, belga e holandesa. No dia 18 de março, estreou, na TV Record, a série de programas “Elis Studio”, dirigida por Miéle e Bôscoli. No dia cinco de abril, foi homenageada na quadra da Estação Primeira de Mangueira, que lhe concedeu o título de “Cidadã da Mangueira”. Em maio, saiu da TV Record e viajou para Londres, onde gravou um LP com o maestro inglês Peter Knight. Em junho, na Suécia, gravou um LP com o gaitista Toots Thielemans. Lançou o LP “Elis, como e porquê”. Em julho, estreou, no Rio de Janeiro, o show “Elis com Miéle & Bôscoli”, no Teatro da Praia, acompanhada pela banda formada por Roberto Menescal (guitarra), Wilson das Neves (bateria), José Roberto (contrabaixo), Hermes (percussão) e Jurandir (piano). Lançou, com Pelé, um compacto com duas composições assinadas pelo jogador: “Vexamão” e “Perdão não tem”.

No dia dois de abril de 1970, grávida de sete meses, estreou no Canecão (RJ) um show dirigido por Miéle e Bôscoli, com direção musical de Erlon Chaves. Nesse espetáculo, cantou “Não tenha medo” (Caetano Veloso) e “Fechado pra balanço” (Gilberto Gil), feitas especialmente para ela e enviadas do exílio, em Londres, e revelou Tim Maia. Lançou ainda o LP “. . . Em Pleno Verão”, pela Philips. No dia 20 de novembro, estreou, para uma curta temporada, o show “Com a cuca fundida”, na casa de shows Di Mônaco (SP). Lançou um compacto duplo pela Philips, com a música “Madalena” (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza).

Em janeiro de 1971, assinou contrato com a TV Globo, onde dividiu com Ivan Lins o comando do programa “Som Livre Exportação”. Em abril lançou, pela CBD-Philips, o LP “Ela”. Estreou em junho, pela TV Globo, o programa mensal “Elis Especial”, dirigido por Miéle e Bôscoli. Em outubro, aceitou presidir o júri do VI Festival Internacional da Canção (TV Globo). Foi a única convidada brasileira a participar, com “Madalena”.

No dia 1º de março de 1972, estreou o show “É Elis”, com direção de Miéle e Bôscoli, no Teatro da Praia (RJ). A banda foi composta por César Camargo Mariano (piano), Luizão Maia (contrabaixo), Luís Cláudio (guitarra), Ronaldo (tumbadora) e Paulinho Braga (bateria). Compositores como Sueli Costa, Vitor Martins, Fagner, João Bosco e Aldir Blanc, pouco conhecidos na época, tiveram músicas apresentadas nesse show. Em junho, após a separação de Ronaldo Bôscoli, saiu do ar o programa “Elis Especial”, depois de quase um ano em cartaz, quando a cantora rescindiu seu contrato com a TV Globo. Em setembro, cantou nas Olimpíadas do Exército, o que gerou polêmica e incompreensão por parte da imprensa. No mês de outubro, estreou no Mônaco Music Hall (SP), com César Camargo Mariano e uma banda de onze músicos. Lançou “Elis”, pela CBD-Phonogram/Philips, com arranjos e teclados de César Camargo Mariano.

Em 12 e 13 de maio de 1973, participou, ao lado de outros artistas, da série de shows que compuseram a mostra “Phono 73”, promovido pela Philips e lançado em discos. Nesse evento, após uma fria recepção da platéia, foi defendida por Caetano Veloso, que também estava na platéia, e que gritou: “Respeitem a maior cantora desta terra”. Em julho lançou “Elis”. No dia 10 de agosto, partiu em excursão para o chamado circuito universitário, acompanhada por uma banda formada por César Camargo Mariano (piano), Paulinho Braga (bateria), Luizão Maia (baixo), Chico Batera (percussão) e Olmir Stocker (guitarra), com a qual percorreu os estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, durante trinta e seis dias. Depois dessa excursão, rompeu com o empresário Marcos Lázaro.

Em fevereiro de 1974, gravou o disco “Elis & Tom”, que contou também com a participação de César Camargo Mariano (arranjos e piano). O disco foi gravado nos estúdios da MGM em Los Angeles, entre os dias 22 de fevereiro e 9 de março. No dia dois de maio, estreou no Teatro Maria DeIla Costa (SP) o recital “Elis”, com direção musical de César Camargo Mariano e banda formada por Luizão Maia, Paulinho Braga, Chico Batera, César Camargo Mariano e Hélio Delmiro (guitarra e violão). Em julho, participou do show de inauguração do Teatro Bandeirantes (SP), ao lado de Chico Buarque, Maria Bethânia, Tim Maia e Rita Lee. Em seguida, partiu para mais uma série de shows no circuito universitário, organizado por Roberto de Oliveira. Lançou, em agosto, o disco gravado com Tom Jobim em Los Angeles. Nos dias 3 e 4 de outubro, o espetáculo “Elis & Tom” foi apresentado no Teatro Bandeirantes (SP), com o acompanhamento do Quinteto de César Mariano e de orquestra dirigida pelo maestro Leo Peracchi. Em novembro, lançou “Elis”. De 20 a 23 de novembro, fez recitais no Teatro da Universidade Católica (Tuca), em São Paulo, com uma banda formada por César Camargo Mariano, Natan Marques (guitarra e violão), Luizão Maia, Francisco José de Souza (percussão) e Antônio Pinheiro Filho (bateria).

No início de 1975, criou com César Mariano, seu irmão Rogério Costa e mais outro sócio, a Trama, empresa que passou a produzir espetáculos musicais. Em setembro, começou a ensaiar o show “Falso brilhante”, no qual cantou músicas do ainda desconhecido cantor e compositor Belchior. Junto com os músicos, fez aulas de expressão corporal com José Carlos Viola, laboratórios com o psiquiatra Roberto Freire e exercícios de sensibilização teatral com Minam Muniz, a diretora do espetáculo, que contou ainda com a participação de dois atores: Lígia de Paula e Janjão. Foi produzido pela Trama, com cenários de Naum Alves de Souza, figurinos de Lu Martin e direção musical de César Camargo Mariano. O espetáculo estreou dia 17 de dezembro no Teatro Bandeirantes (SP) e registrou um sucesso estrondoso do início ao fim da temporada de 14 meses com uma média de mil e quinhentas pessoas por dia. Viajou, com César Mariano, Raul Cortez e Ruth Escobar, para Brasília, onde obteve a liberação da peça “Mockinpott”, de Peter Weiss, cuja montagem, no Teatro de Arena de Porto Alegre, havia sido proibida horas antes da estréia. Doou a renda de uma noite do show “Falso brilhante” para ajudar o grupo a pagar os prejuízos causados pelo adiamento da estréia. O disco “Falso brilhante” foi lançado, com parte do repertório do show gravado em estúdio. No dia 15 de março, “Falso brilhante” foi contemplado com o prêmio de Melhor Show, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.

Em setembro desse mesmo ano, financiou o segundo número do jornal “Nós mulheres”, publicado pela Associação de Mulheres (SP). “Falso brilhante” bateu o recorde no show business brasileiro, com um público de 194.993 pessoas desde sua estréia, ficando por mais quatro meses em cartaz e encerrando sua temporada no dia 18 de fevereiro de 1977, depois de 257 apresentações e de ter sido visto por 280 mil pessoas que lhe renderam uma bilheteria total de oito bilhões de cruzeiros para um gasto inicial de 560 milhões (dados do jornal “Última Hora”, SP, 18/2/77).

No dia 25 de julho de 1977, apresentou-se no programa “Fino da Música”, número 3, para uma platéia de mais de três mil e quinhentas pessoas, no Palácio de Convenções do Anhembi (SP). Nesse programa, Renato Teixeira apresentou seu sucesso “Romaria”. Em agosto desse ano, lançou o LP “Elis” pela Phonogram/Philips. No dia 17 de novembro, estreou o show “Transversal do tempo”, no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre, com roteiro e direção de Aldir Blanc e Maurício Tapajós. César Camargo Mariano assumiu a direção musical e os teclados, ao lado de Nathan Marques (guitarra e violão), Crispim del Cistia (guitarra e teclados), Fernando Cisão (baixo) e Dudu Portes (bateria).

No dia nove de janeiro de 1978, foi realizada no Teatro Ruth Escobar (SP) uma reunião para discutir uma proposta de estatuto para a criação da seção paulista da Sombrás (Sociedade Musical Brasileira) e da Assim (Associação de Intérpretes e Músicos). Dessa reunião também participaram Ivan Lins, Marília Medalha, Paulinho Nogueira, Tom Zé, maestro Benito Juarez, Marcus Vinícius e mais 30 artistas. Passou a participar das diretorias das duas entidades. No dia 26 de janeiro, voltou a Brasília, com César Camargo Mariano, Martinho da Vila e Marcus Vinícius, para expor, ao então ministro da Educação Ney Braga, as diretrizes da Assim. Em fevereiro, apresentou “Transversal do tempo” no Teatro Sistina de Roma e, dias depois, no Teatro Lírico de Milão. Em 1º de março, apresentou o espetáculo no Club de Vanguardia, em Barcelona, e no dia sete estreou no Teatro Ginástico (RJ), para uma temporada de três meses. Em junho, saiu o LP, gravado ao vivo. Em outubro, foi publicado pela revista “Veja” um depoimento revelando sua recusa a levar o show para Buenos Aires, a convite do empresário Ronnie Scally: “Enquanto meu disco (Falso Brilhante) continuar proibido pela censura argentina, não me apresento lá” (A censura havia interditado o disco por causa da música “Gracias a la vida”, de Violeta Parra.).

Em janeiro de 1979, foi ao ar, pela TV Bandeirantes, um programa especial, no qual a cantora aparece passeando e cantando com Adoniran Barbosa e visitando Rita Lee em uma discoteca paulista, com direção de Roberto de Oliveira e Sueli Valente. No fim desse mês, “Transversal do tempo” saiu de cartaz. Em fevereiro, assinou contrato com a gravadora WEA. A gravadora Philips lançou, então, um LP intitulado “Elis especial”, com músicas que ela havia cantado em ensaios de estúdios e outras que haviam sido cortadas das edições finais dos discos, uma vez que a cantora lhe devia 16 fonogramas. Participou do “Show de maio”, com renda revertida para o fundo de greve dos metalúrgicos de São Paulo, realizado em um enorme galpão do velho estúdio da Cia. Vera Cruz de Cinema, em São Bernardo do Campo, com cinco mil pessoas presentes. No dia 15 de maio, foi lançado o primeiro compacto simples gravado pela WEA, com “O bêbado e o equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, e “As aparências enganam”, dos então novatos Tunai (irmão de João Bosco) e Sérgio Natureza. “O bêbado e o equilibrista” foi imediatamente apelidado de “Hino da Anistia”, cuja campanha se intensificava no Brasil, e receberia o título de uma das grandes canções do séc. XX pela crítica brasileira, reunida na ABL por ocasião de seu centenário. Em julho, lançou, pela WEA, o LP “Essa mulher”, que incluiu, “O bêbado e a equilibrista”, “Basta de clamares inocência”, música inédita de Cartola, e uma canção inédita de Baden Powell, além da faixa-título (Joyce e Ana Terra), entre outras. No dia 15 de julho, apresentou-se no Grand Palace de Bruxelas, numa festa musical que comemorou os mil anos da cidade. No dia 19, apresentou-se na “Noite Brasileira” do 13º Festival de Jazz de Montreux, acompanhada pelos músicos César Camargo Mariano, Hélio Delmiro, Luizão Maia, Paulinho Braga e Chico Batera . Nesse show, foi ovacionada de pé pela platéia durante 11 minutos. No final da noite, fez uma jam session com Hermeto Pascoal. Ainda em julho, cantou no Festival de Jazz de Tóquio. No dia 30 de agosto, começou uma série de apresentações do novo show, que teve a estréia nacional no Ginásio Municipal de Esportes de Sorocaba, interior de São Paulo, para uma platéia de duas mil e quinhentas pessoas. Na banda, além de César Camargo, os músicos Crispim dei Cistia (guitarra e teclados), Ricardo Silveira (guitarra, violão e viola), Luís Moreno (bateria), Nenê (baixo) e Chacal (percussão). A direção musical foi de César Camargo Mariano e a direção de som de seu irmão Rogério Costa.

Em janeiro de 1980, começou os primeiros ensaios e seleção de elenco para o show “Saudade do Brasil”, no Teatro Procópio Ferreira (SP). No dia 20 de março, o show estreou no Canecão (RJ), com um elenco de vinte e quatro pessoas, entre músicos e bailarinos. O espetáculo foi dirigido por Ademar Guerra e coreografado por Márika Gidali, com quem fez aulas de dança. Foi lançado o álbum duplo “Saudade do Brasil”, contendo a íntegra do show, mas gravado em estúdio. No dia três de outubro, foi ao ar o especial “Elis Regina Carvalho Costa”, programa da série “Grandes Nomes” realizado pela TV Globo. Nesse ano, ainda lançou seu primeiro disco pela EMI-Odeon, “Elis”, último gravado pela cantora. No dia seis de março 1981, dentro da série “Grandes Nomes”, a TV Globo apresentou o especial de Gal Costa, que a recebeu como convidada especial. Em nove de julho, foi para o Chile participar de um programa de televisão, voltando a São Paulo no dia 12 para continuar os ensaios de seu novo espetáculo.

No dia 22 de julho de 1981, estreou o show “Trem azul” no Canecão paulista, com direção de Fernando Faro e cenário de Elifas Andreato. Na banda, Sérgio Henriques e Paulo Esteves (teclados), Nathan Marques (guitarra e violão), Luizão Maia (baixo), Téo Lima (bateria), Otávio Bangla (sax tenor e soprano) e Nilton Rodrigues (trumpete e flugelhorn). Os arranjos foram feitos por César Camargo Mariano e Nathan Marques. César não participou do show. No dia 19 de setembro, realizou a última apresentação em sua terra natal, com o show “Trem azul”, no ginásio de esportes Gigantinho. Nesse mesmo ano, assinou contrato com a gravadora Som Livre. No dia 31 de dezembro, fez sua última apresentação na televisão num especial de fim-de-ano da TV Record.

No dia cinco de janeiro do ano seguinte, deu sua última entrevista, no programa “Jogo da verdade” (Televisão Cultura de São Paulo), concedida a Salomão Esper, Zuza Homem de Mello e Maurício Kubrusly. Faleceu repentinamente no dia 19 de janeiro de 1982, terça-feira, às 11h45, em São Paulo, por intoxicação exógena aguda. Seu corpo foi levado para o Teatro Bandeirantes, onde foi velado até o dia seguinte. Estava vestida com a camiseta que não pôde ser usada no show “Saudade do Brasil”, dois anos antes: a bandeira brasileira, com seu nome no lugar de “Ordem e Progresso”. O Teatro Bandeirantes ficou cheio durante a noite e a madrugada. A morte foi manchete em jornais: “Perdemos nossa melhor cantora” (“Jornal da Tarde”, SP, 20/1), “Suspeita de suicídio na morte de Elis Regina” (“O Estado”, SC, 20/1), “Causa da morte de Elis só vai ser confirmada amanhã” (“Jornal do Brasil”, RJ, 20/1), “Brasil chora morte de Elis” (“A Notícia”, Joinville, SC, 20/1), “Coração mata Elis” (“O Estado do Paraná”, 20/1), “Elis” (“Folha da Tarde”, RS, 20/1), “O Brasil sem Elis Regina” (“Folha de S. Paulo, 20/1). No dia 20 de janeiro, o Departamento de Trânsito de São Paulo criou um esquema especial para o cortejo, do Teatro Bandeirantes ao cemitério do Morumbi. A pé, de carro ou moto, milhares de pessoas acompanharam o carro do Corpo de Bombeiros que levou o caixão. Foi sepultada por volta de uma hora da tarde, no túmulo 2199, quadra 7, setor 5 do cemitério do Morumbi. No dia 21 de janeiro, o delegado do 4º Distrito Policial de São Paulo, Geraldo Branco de Camargo, divulgou os resultados da autópsia e dos exames toxicológicos realizados em seu corpo. O laudo número 415/82 do Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico-Legal revelou “resultado positivo para cocaína e álcool etílico, este na quantidade de um grama e seiscentos miligramas de álcool etílico por litro de sangue; a quantidade de álcool etílico encontrada em nível sangüíneo revelou estar a vítima sob estado de embriaguez, e a presença de cocaína caracterizou o estado tóxico, que em somatória pode responder pelo evento letal”. Missas de sétimo dia foram rezadas em São Paulo, Rio de Janeiro e em várias cidades do Brasil. No dia primeiro de maio, foi registrada oficialmente a Associação Brasileira Elis em Movimento (ABEM), com sede em São Paulo, criada com o objetivo de preservar a arte e a memória da cantora. Várias outras homenagens foram feitas, entre as quais a inauguração do Teatro Elis Regina em São Bernardo do Campo, e o lançamento od número zero do jornal “Elis em Movimento”.

No dia 14 de janeiro de 1983, foi aberta, no Centro Cultural São Paulo, a “I Semana Elis Regina”, uma promoção da Rede Globo de Televisão, em convênio com a Secretaria de Cultura de São Paulo. No dia 19 de janeiro foi celebrada a missa de primeiro aniversário de morte na Catedral da Sé (SP), com a presença de cinco mil pessoas. A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel (RJ), promoveu a “Noite dos Imortais”, com um show em sua homenagem, e foram inauguradas duas exposições em São Paulo: “Elis 100% Nacional”, com guaches de Vicente Gil, na Galeria Paulo Figueiredo, e “Elis Paz”, no Spazio Pirandelio. No dia 27 de fevereiro, foi aberto o “II Mês Musical Elis Regina”, com uma série de shows nos teatros da prefeitura de São Paulo. No dia 10 de novembro, o Ballet Art estreou no Teatro da Hebraica, SP, o espetáculo “Elis – 4 estações”.

No dia 16 de janeiro de 1984, foi aberta, no Centro Cultural São Paulo, a “II Semana Elis Regina”, promovida com a colaboração da Rádio e TV Gazeta. Foi, ainda, lançado, pelo Opus Vídeo e Fonográfica/selo Elenco, o álbum duplo “Elis vive”. No dia 22 de janeiro, o prefeito Mário Covas e o secretário de Cultura Gianfrancesco Guarnieri inauguraram, em São Paulo, a Praça Elis Regina. Em fevereiro, a Escola de Samba União de Vila Prudente (SP) saiu às ruas, no carnaval, com o samba-enredo “Elis Regina, o som da festa eterna desta musa”, de autoria de Nelson Coelho, Roberto Lindolfo e Ditão. No dia 22 de fevereiro, estreou no Teatro São Pedro, SP, o espetáculo “Elis, com um pássaro no ombro”.

Vários discos póstumos foram lançados, entre os quais, “Elis Regina XIII Montreux Jazz Festival”, com a gravação da apresentação em julho de 1979 (o disco não havia sido lançado, na época, porque a qualidade técnica da gravação não tinha sido aprovada). Foi lançado, também, o álbum duplo “Trem Azul”, pela Som Livre, contendo a gravação da última apresentação do espetáculo em São Paulo, no Palácio de Convenções do Anhembi. A gravação original fora feita em uma fita cassete normal, mono, por seu irmão e técnico de som Rogério Costa. A fita passou por uma série de processos de purificação. Esse álbum foi contemplado com o Disco de Ouro, pela vendagem de mais de 120.000 exemplares, e com o prêmio especial da Associação Paulista dos Criticos de Arte, pelo tratamento dado à gravação original.

Em 1999, a Universal Music lançou a caixa “Transversal do tempo”, contendo os 20 discos gravados pela cantora na gravadora PolyGram e ainda um outro volume, batizado “Elis especial”, com sobras de estúdio, além de um livreto assinado por Tárik de Souza, com dados sobre a carreira da intérprete.

Em 2002, foi levado ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil (RJ) o musical “Elis – Estrela do Brasil”, dirigido por Diogo Vilela e estrelado por Inês Viana. Nesse mesmo ano, a Universal Music lançou a coletânea “20 anos de saudade”. Ainda em 2002, a gravadora Velas lançou a série de três CDs “O Fino da Bossa”, contendo gravações realizadas entre 1965 e 1967 no programa da TV Record comandado pela cantora e por Jair Rodrigues. As gravações, lançadas originalmente em 1994, foram remasterizadas para o projeto coordenado por Zuza Homem de Mello.

Em 2004, o disco “Elis & Tom” ganhou reedição remixada por César Camargo Mariano em duas versões, CD e DVD Áudio. Nesse mesmo ano, foi lançado o DVD “Elis Regina – MPB especial”, contendo a edição digitalizada do programa “Ensaio”, dirigido por Fernando Faro, gravado pela cantora na TV Cultura, em 1973, no qual ela canta 17 músicas, acompanhada por César Camargo Mariano (piano), Luizão Maia (baixo) e Paulinho Braga (bateria).

Em 2006 foi feita uma remixaagem do álbum “Falso Brilhante”.

Em 2017, sua gravação da música “Deus lhe pague”, de 1977, registro ao vivo do show Transversal do tempo, foi incluída na trilha sonora da supersérie “Os dias eram assim”, transmitida pela Rede Globo.

Em março de 2021 foi lançada a versão remixada do álbum “Elis”, de 1972. O trabalho foi feito a partir da transcrição das fitas analógicas originais, com quatro canais, para formatos digitais. De acordo com João Marcello, em reportagem da Revista Backstage publicada em março de 2021, (https://www.revistabackstage.com.br/reportagens/materias-completas/elis-1972), o trabalho foi feito procurando melhorar o som sem deixar de respeitar as características estéticas do trabalho original, deixando-o mais próximo possível do que foi ouvido originalmente no estúdio, driblando as limitações impostas pela tecnologia de sua época.

Em março de 2022, foi lançada a primeira remixagem em áudio imersivo da obra de Elis Regina: o álbum “Falso Brilhante”, de 1976. Neste formato, além de ser possível perceber, como no estéreo, a localização das vozes e instrumentos em um eixo horizontal, também é possível levar em conta a percepção auditiva da altura dos instrumentos no eixo vertical, além de uma definição mais nítida de timbres e profundidade. O trabalho foi lançado nas plataformas digitais e também em CD. O formato Dolby Atmos pode ser ouvido a partir das plataformas Apple Music e Tidal.

A remixagem de “Falso Brilhante” foi a quarta desde 2004. Os outros foram “Elis & Tom”, uma primeira remixagem de “Falso Brilhante” (2006) e “Elis”, de 1972 (2021).

Em julho de 2023 foi lançado um comercial da Volkswagen no qual a figura de Elis Regina, reconstituída por meio de computação gráfica, contracena cantando “Como nossos pais”, de Belchior, com a filha Maria Rita. A peça publicitáriafez parte de campanha que teve como objetivo comemorar os 70 anos da empresa no Brasil. O comercial provocou reações adversas nas redes sociais. Entre as críticas, desde a observação de que o significado da letra, uma crítica à repetição de comportamentos da geração dos pais pelos jovens, estaria sendo contornado para passar a mensagem oposta até o fato de que Elis não teria aceito o uso da imagem dela no comercial pelo fato de a empresa de carros ter apoiado a ditadura no Brasil . A peça publicitária usou a técnica do “deepfake” para “reviver” Elis Regina.

O produtor musical e filho da cantora, João Marcello Boscoli respondeu as críticas em entrevista ao portal Universo Online(UOL). “Se nós formos criar uma restrição a marcas que se envolverem em algum momento com algum tipo de governo ou algum tipo de ditadura ou coisa pior, a gente tem que pegar todas as empresas japonesas, todas as empresas alemãs, muitas empresas brasileiras, americanas e holandesas e estabelecer o mesmo tipo de crítica”, declarou. Na mesma matéria foi dito que os três filhos são zelosos com a  imagem da mãe  “(…)que não aceitam todas as ofertas que recebem e que recebeu inúmeras mensagens de amigos emocionados com a propaganda”. Ainda de acordo com João Marcello, as buscas por Elis Regina nas plataformas de streaming aumentaram muito após a veiculação do comercial.

Ainda como desdobramento da campanha publicitária, no mês de julho, no dia 10, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu processo processo ético para avaliar se a campanha da Volkswagen feriu o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

Em setembro de 2023, no dia 21, foi lançado o filme documentário “Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você”, dirigido por Roberto de Oliveira. Na ocasião do lançamento, o documentário já havia  sido reconhecido como o Melhor Filme Brasileiro na 46ª Mostra de São Paulo. Também já hava sido exibido no Festival do Rio 2022 e na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Fora do Brasil, já havia sido apresentado no Marché du Film do Festival de Cannes, na França. O documentário mescla imagens de arquivo em película de 16mm, filmados na ocasião da gravação, e entrevistas posteriores com personagens envolvidos na produção do álbum, como o A&R da gravadora de Elis na ocasião André Midani, Roberto Menescal, o engenheiro de som Humberto Gatica, Cesar Camargo Mariano e o baterista Paulo Braga,  Roberto Menescal, entre outros. O  longa foi produzido pela Rinoceronte Entretenimento, com coprodução da Riofilme, patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e parceria com Universal Music Group.

 

 

Discografias
2022 Universal Music CD - Plataformas digitais Falso Brilhante (remastered 2022)

Remixagem e remasterização do álbum original de 1976

2021 Universal Music CD - Plataformas digitais Elis (Remastered)

Remixagem e remasterização do álbum original de 1972

2004 Trama Elis & Tom (reedição remixada)
2002 Universal Music CD 20 anos de saudade

(Coletâneas:)

1999 Universal Music Transversal do tempo
1998 Warner Music CD Elis vive

(Extras:)

1995 Velas CD Elis ao vivo

(Extras:)

1994 Velas CD Elis Regina no Fino da Bossa-Ao vivo

(Extras:)

1984 Eldorado LP Adoniran Barbosa

(Participações em outros discos:) Documento inédito

1984 Elenco Elis vive

(Coletâneas:)

1984 Som Livre Luz das estrelas

(Extras:)

1984 PolyGram LP Nada será como antes. Elis Interpreta Milton Nascimento

(Coletâneas:)

1983 PolyGram LP A arte maior de Elis Regina

(Coletâneas:) (Álbum c/dois LPs)

1983 PolyGram LP Elis Regina Interpreta João Bosco e Aldir Blanc

(Coletâneas:)

1983 EMI-Odeon LP Elis Vento de Maio

(Coletâneas:)

1983 PolyGram LP O prestígio de Elis Regina

(Coletâneas:)

1982 WEA 13th Montreux Jazz Festival

(Extras:)

1982 Philips Elis Regina Carvalho Costa-Por um amor maior

(Coletâneas:)

1982 Som Livre Compacto simples Me deixas louca/Baby face
1982 Som Livre Trem azul

(Extras:) (duplo)

1981 PolyGram LP Elis Regina e seus amigos em encontros históricos

(Coletâneas:)

1980 Ariola LP A arca de Noé

(Participações em outros discos:)

1980 EMI-Odeon LP Adoniran Barbosa

(Participações em outros discos:)

1980 WEA Compacto simples Alô, alô, marciano/No céu da vibração
1980 EMI-Odeon LP Elis
1980 EMI-Odeon LP Os Borges

(Participações em outros discos:)

1980 WEA LP Raul Ellwanger

(Participações em outros discos:)

1980 Elektra/WEA Saudade do Brasil
1980 EMI-Odeon Compacto simples Se eu quiser falar com Deus/O trem azul
1979 Philips Elis Especial
1979 WEA Elis, essa mullher
1979 WEA Compacto simples O bêbado e a equilibrista/As aparências enganam
1979 PolyGram LP O melhor de Elis Regina

(Coletâneas:)

1978 EMI-Odeon LP Clube da esquina 2

(Participações em outros discos:)

1978 Philips Transversal do tempo
1977 Philips Elis
1976 Philips Falso brilhante
1976 Philips Compacto Duplo Falso brilhante
1975 Phonogram LP A arte de Elis Regina

(Coletâneas:) (Álbum duplo)

1975 Marcus Pereira LP Música popular do sul-disco 1

(Participações em outros discos:)

1974 Philips Elis
1974 Philips Elis & Tom

Elis Regina e Tom Jobim

1974 Philips LP Lupcínio Rodrigues na interpretação de Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil

(Participações em outros discos:)

1973 Philips Elis
1973 Phonogram LP Elis Regina Série Autógrafos de Sucesso nº 2

(Coletâneas:)

1973 Philips LP Phono 73-O canto de um povo-disco 2

(Participações em outros discos:)

1972 Philips Elis
1972 Philips LP Os maiores sambas-enredo de todos os tempos vol. II

(Participações em outros discos:)

1972 Philips Compacto simples Águas de março/Entrudo
1971 Philips Ela
1971 Philips LP Os maiores sambas-enredos de todos os tempos

(Participações em outros discos:)

1971 Philips Compacto Duplo Osahah/Nada será como antes/A fia de Chico Brito/Casa no campo
1970 Philips Elis no Teatro da Praia com Mieli & Bôscoli
1970 Philips Em pleno verão
1970 Philips CD Madalena/Fechado pra balanço/Falei e disse/Vou deitar e rolar
1969 Philips Aquarela do Brasil

Elis Regina & Toots Thielemans

1969 Philips Compacto simples Casa Forte/Memórias de Marta Saré
1969 Philips Elis Regina in London
1969 Philips Compacto Duplo Elis nº 1
1969 Philips Elis, Como e Porque
1969 LP O conjunto de Roberto Menescal

(Participações em outros discos:)

1969 Philips Compacto simples Perdão não tem/Vexamão
1968 Philips Elis Especial
1968 Philips Compacto Duplo Elis Regina em Paris
1968 CBS LP Elis Regina-La Regina Della Canzione Brasiliana

(Coletâneas:)

1968 Philips LP I Bienal do Samba

(Participações em outros discos:)

1968 Philips LP I Festival Universitário de Música Popular Brasileira

(Participações em outros discos:)

1968 Philips Compacto simples Lapinha/Cruz de cinza, cruz de sal
1968 Philips Compacto simples Samba da benção/Canção do sal
1968 Philips Compacto simples Yê-Melê/Upa, neguinho
1967 Philips LP 3º Festival da Música Popular Brasileira

(Participações em outros discos:)

1967 Philips Dois na Bossa nº 3

Elis Regina e Jair Rodrigues

1967 Philips LP Garota de Ipanema

(Participações em outros discos:) (Trilha sonora do filme)

1967 Philips Compacto simples Travessia/Manifesto
1966 Philips Compacto simples Canto de Ossanha/Rosa morena
1966 Philips Dois na Bossa nº 2 . Elis Regina e Jair Rodrigues
1966 Philips Elis
1966 Compacto simples Ensaio geral/Jogo de roda
1966 Philips LP Festival dos Festivais

(Participações em outros discos:)

1966 Philips Compacto simples Menino das laranjas/Último canto/Preciso aprender a ser só/João Valentão
1966 Philips Compacto simples Saveiros/Canto triste
1966 Philips Compacto Duplo Saveiros/Jogo de roda/Ensaio geral/Canto triste
1966 Philips Compacto simples Upa, neguinho/Tristeza que se foi
1966 LP Viva o Festival da Música Popular Brasileira

(Participações em outros discos:)

1965 LP A bossa no Paramount

(Participações em outros discos:)

1965 Philips Compacto simples Arrastão/Aleluia
1965 Philips Dois na Bossa

Elis Regina e Jair Rodrigues

1965 Philips Menino das laranjas/Sou sem paz
1965 Philips O Fino do Fino

Elis Regina e Zimbo Trio

1965 Philips Samba eu canto assim
1965 Philips Compacto simples Zambi/Esse mundo é meu/Resolução
1963 CBS LP Elis Regina

(Coletâneas:)

1963 CBS Ellis Regina
1963 CBS O bem do amor
1962 Continental Poema
1961 Continental Viva a Brotolandia
Shows
13º Festival de Jazz de Montreux. Suíça.
Elis Regina e Bossa Jazz Trio. Olympia, Paris.
Elis com Miéle & Bôscoli. Teatro da Praia, Rio de Janeiro.
Falso Brilhante. Teatro Bandeirantes, São Paulo.
Saudades do Brasil. Canecão, Rio de Janeiro.
Transversal do Tempo. Teatro Leopoldina, Porto Alegre.
Trem azul. Canecão, São Paulo.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

ECHEVERRIA, Regina. Furacão Elis. Rio de Janeiro: Nórdica, 1985.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

SEVERIANO, Jairo e HOMEM DE MELLO, Zuza. A canção no tempo vol. 2. São Paulo: Editora 34, 1998.

Crítica

Quem ouve Elis cantar, ainda que só pelas gravações que ela deixou, não tem como manter-se em desacordo com os que a consideram a melhor intérprete da Música Popular Brasileira. É como duvidar que Pelé seja o grande craque da bola, algo completamente fora de cogitação. Elis reuniu – e desenvolveu – todas as qualidades que fazem uma cantora marcar época. Senhora da técnica e dona de uma emoção irrefreável, exalava boa música por todos os poros. Com timbre vocal agradabilíssimo e afinação a toda prova, encarou de tudo. Não que fosse eclética, ainda que tenha aberto também esse flanco. Cantou samba, bolero, calipso, Bossa Nova, rock. Em cada gênero, firmava novas possibilidades de vocalização. E tinha uma força descomunal no palco. Ao vivo, arrebatava o público como uma Maria Callas. Costumava dizer que havia se apaixonado pelo som da própria voz. Ela e o Brasil, que não a deixaria marcar apenas a época em que vivera.

Elis continua sendo a maior referência para quem segue o ofício de cantar MPB, em um raro caso de reverência mítica – como Paganini para o violino ou Jimi Hendrix para a guitarra elétrica.

Essa devoção é alimentada não só pelos fãs da cantora, que são muitos, mas principalmente pelos compositores que ela gravou. Milton Nascimento afirma dedicar a Elis as canções que fez. Todas. Antenada aos talentos que emergiam enquanto a música popular era sacudida por festivais, protestos, Jovem Guarda, tropicália, Clube da Esquina e uma nova escola nordestina, Elis apostou em desconhecidos e fez com que se consagrassem nacionalmente. Venceu um festival cantando Edu Lobo (“Arrastão”), gravou o tropicalista Gilberto Gil, chamou a atenção para o mineiro Milton e sua turma de Belo Horizonte, lançou o cearense Belchior e imortalizou “Romaria” do paulista Renato Teixeira.

Enquanto estimulava jovens carreiras, jamais deu as costas para a tradição. Cantava Ataulfo Alves, João do Vale, Dorival Caymmi e Adoniran Barbosa. Cantou “Águas de Março” em dueto com Tom Jobim. Cantou o que era bom. E se não fosse, ficava.

Celso Masson