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Nome Artístico
Edy Star
Nome verdadeiro
Edivaldo Souza
Data de nascimento
10/01/1938
Local de nascimento
Juazeiro, BA
Data de morte
24/4/2025
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Cantor. Ator. Dançarino
Nascido em Juazeiro, mudou-se com a família para Salvador com 1 ano de idade. Desde criança tinha duas paixões: A leitura e a música. Em sua casa, costumava ouvir principalmente as rádios Nacional e Mayrink Veiga (ambas do Rio de Janeiro), além dos programas locais da Rádio Sociedade da Bahia. Seu pai costumava levá-lo aos estúdios desse programa, que era comandado pelo professor e jornalista Adroaldo Ribeiro Costa. Quando chegava em casa, improvisava microfone e palco no quintal, e cantava com seus dois irmãos. A primeira experiência de Edy com o palco aconteceu aos 13 anos de idade.  Seu pai o observava nas sessões improvisadas de cantoria e o inscreveu no programa “A Hora da Criança”. Durante os ensaios, realizados no Passeio Público de Salvador, teve também aulas de teatro. Também  fez carreira como artista plástico, e tem no currículo mais de 30 exposições nos Estados Unidos e Europa, sendo 16 individuais, e quatro Bienais. Seu penúltimo catálogo de obras tem prefácio escrito pelo escritor Jorge Amado.

Em 2012, após 20 anos morando em Madrid, na Espanha, voltou para o Brasil, passando a residir em São Paulo.

Dados artísticos

Começou sua carreira no início dos anos 1960, ainda em Salvador como ator amador. Em seguida, entrou para a Companhia Baiana de Comédias (CBC), percorrendo o interior baiano e alguns outros estados nordestinos, com peças teatrais.  Foi indicado, em Recife, como um dos melhores atores itinerantes da região e acabou contratado em 1967 pela Prodarte para participar do musical Memórias de 2 Cantadores, atuando junto com Teca Calazans, Naná Vasconcellos e Geraldo Azevedo. A peça ganhou diversos prêmios no Festival de Teatro de Pernambuco (1968): Melhor Musical, Melhor Figurino e Melhor Conjunto. Entre 1968 e 1971, tentou iniciar carreira de produtor artístico na TV Jornal do Comércio, de Recife; e na TV Itapuã, de Salvador. Ao iniciar sua carreira de cantor nas rádios Sociedade da Bahia e Cultura da Bahia, conheceu o cantor, na época vocalista do grupo Os Panteras, Raul Seixas. A relação de Edy e Raul não era muito boa no início, pois concorriam pelo mesmo espaço nas rádios. Entretanto a amizade se estreitou com o tempo.

Em 1970, Raul Seixas foi contratado como produtor musical pela gravadora Columbia (CBS Discos), do Rio de Janeiro, e levou Edy com ele. O primeiro trabalho da, então recém-formada parceria, foi a gravação de um compacto de Edy (que ainda não havia adotado “Star” como sobrenome). As músicas do disco foram compostas e produzidas por Raul Seixas: No lado A, “Aqui é quente, bicho”; e no lado B, “Matilda”.  Em 1971  Edy ganhou notoriedade nacional, ao gravar o disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, junto com Sérgio Sampaio,  Raul Seixas e Míriam Batucada. O disco, lançado pelo CBS, e produzido por Raul Seixas e Sérgio Sampaio, foi inspirado no ábum dos Beatles “Sargent Pepper´s Lonely Hearts Club Band”. Esse lançamento rendeu apresentações no Rio de Janeiro e em São Paulo. A partir de 1972, passou a cantar em cabarés do Rio de Janeiro e adotou o sobrenome artístico “Star”. Edy Star chamou a atenção, nessa época, do jornal “O Pasquim”, que o elevou à condição de pop-star. Atuou também em boates da zona sul carioca, como a  Number One, e em teatros de revista, além de temporadas na boate Ups, em São Paulo. Foi contratado pela gravadora Som Livre, e gravou pela mesma, em 1974, o disco “Sweet Edy”, com composições feitas especialmente para ele, por nomes consagrados da música popular brasileira, entre os quais Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Foi contratado também pela Rede Globo de Televisão e participou de programas musicais na extinta Rede Tupi, entre 1973-1976. Dirigiu, escreveu  e participou de várias peças de teatro, dentre as quais “A Gargalhada do Peru”, que percorreu vários estados brasileiros, entre 1986 e 1988; e “O Belo Indiferente”, de Jean Cocteau. Essa última levou Edy, em 1992, ao Festival de Teatro em Primavera de Madri, Espanha. Lá foi convidado com seu grupo a participar das comemorações dos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992). No mesmo ano, foi contratado pelo Cabaré Chelsea, em Madri, como diretor de shows, passando a rersidir naquele país. Em 2009, participou de homenagem a Raul Seixas no show “Toca Raul”, que foi apresentado no evento “Virada Cultural”, em São Paulo.

Em 2011, a gravadora Joia Moderna relançou o seu disco de maior sucesso, “Sweet Edy”, gravado em 1974. Nesse trabalho, Edy interpretou canções como “Edith Cooper”, de Gilberto Gil, “O conteúdo”, de Caetano Veloso, e “Claustrofobia”, de Roberto Carlos.

Em 2022 lançou o livro “Diário de um Invertido: Escritos Líricos, Aflitos e Despudorados (Salvador, 1956 –1963)”. Organizado pelo historiador e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ricardo Santhiago, o trabalho reúne escritos produzidos por Edy em sua adolescência, em Salvador. No livro, ele expôs a descoberta da sua homossexualidade e a dinâmica social gay em Salvador nos anos 1950. No mesmo ano lançou o single “O Outro Lado do Escuro” com as músicas “A Quien le Importa” – clássico gay em língua espanhola lançado pelo grupo Alaska y Dinarama, composto por Carlos Berlanga e Nacho Canut – e “Homens”,  de Moisés Santana.

No ano de 2023 lançou o CD “Meu amigo Sérgio Sampaio”, com as faixas autorais do homenageado “Ninguém vive por mim”; “Cada lugar na sua coisa”; “Cabras pastando”, em dueto com Zeca Baleiro; “Filme de terror”; “Homem de trinta”; “Meu pobre blues”, com participação especial de Renato Piau (voz e violão); “Não tenha medo”; “Feminino coração de Deus”; “Foi ela”; “Adiante” e “Eu quero é botar meu bloco na rua”, com participação especial de Maria Alcina. O disco, produzido por Thiago Marques Luiz, contou com apresentação do crítico musical Rodrigo Faour e com os músicos Rovilson Pascoal (direção musical, arranjos, guitarra, violão, cavaquinho, piano e samples), Fábio Sá (baixo elétrico e acústico); Caio Lopes (bateria); Michel Machado e Bianca Godói (percussão); Coro: Johnnata Doll, Tatá Martinelli e Tatá Aeroplano.

No ano de 2024 estreou no CineSesc, em São Paulo, o documentário “Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star – O Filme”, de Fernando Moraes. O longa-metragem revisita a carreira do multiartista, cantor e performer, um dos primeiros artistas do underground no Brasil, o “Movimento Glam”, do qual é considerado um dos ícones, com uma trajetória marcada pelo glamour e pelas polêmicas da década de 1960 a de 1980. No documentário foram colhidos depoimentos de Maria Alcina Caetano Veloso, DJ Zé Pedro e Zeca Baleiro exaltando o pioneirismo do artista baiano em várias dessas áreas da contracultura no país.

Discografias
2023 Independente CD - EP Meu amigo Sérgio Sampaio
2022 Edy Star Music Outro Olho No Escuro

Single

2017 Saravá Discos CD Cabaré Star
2011 Joia Moderna CD Sweet Edy (relançamento)

Lançado originalmente pela Som Livre em 1974

1974 Som Livre Edy Star

Single

1974 LP Sweet Edy
1971 CBS Discos LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, (c/ Sérgio Sampaio, Raul Seixas e Míriam Batucada)
1970 Compacto simples Edy
Clips
2021 Assistir Clip Edy Star: um artista completo - Espelho com Lázaro Ramos Entrevista com Lázaro Ramos
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

VAZ, Toninho. Meu nome é ébano – A vida e a obra de Luiz Melodia. São Paulo: Editora Tordesilhas, 2020.