
Cantor. Ator. Dançarino
Nascido em Juazeiro, mudou-se com a família para Salvador com 1 ano de idade. Desde criança tinha duas paixões: A leitura e a música. Em sua casa, costumava ouvir principalmente as rádios Nacional e Mayrink Veiga (ambas do Rio de Janeiro), além dos programas locais da Rádio Sociedade da Bahia. Seu pai costumava levá-lo aos estúdios desse programa, que era comandado pelo professor e jornalista Adroaldo Ribeiro Costa. Quando chegava em casa, improvisava microfone e palco no quintal, e cantava com seus dois irmãos. A primeira experiência de Edy com o palco aconteceu aos 13 anos de idade. Seu pai o observava nas sessões improvisadas de cantoria e o inscreveu no programa “A Hora da Criança”. Durante os ensaios, realizados no Passeio Público de Salvador, teve também aulas de teatro. Também fez carreira como artista plástico, e tem no currículo mais de 30 exposições nos Estados Unidos e Europa, sendo 16 individuais, e quatro Bienais. Seu penúltimo catálogo de obras tem prefácio escrito pelo escritor Jorge Amado.
Em 2012, após 20 anos morando em Madrid, na Espanha, voltou para o Brasil, passando a residir em São Paulo.
Começou sua carreira no início dos anos 1960, ainda em Salvador como ator amador. Em seguida, entrou para a Companhia Baiana de Comédias (CBC), percorrendo o interior baiano e alguns outros estados nordestinos, com peças teatrais. Foi indicado, em Recife, como um dos melhores atores itinerantes da região e acabou contratado em 1967 pela Prodarte para participar do musical Memórias de 2 Cantadores, atuando junto com Teca Calazans, Naná Vasconcellos e Geraldo Azevedo. A peça ganhou diversos prêmios no Festival de Teatro de Pernambuco (1968): Melhor Musical, Melhor Figurino e Melhor Conjunto. Entre 1968 e 1971, tentou iniciar carreira de produtor artístico na TV Jornal do Comércio, de Recife; e na TV Itapuã, de Salvador. Ao iniciar sua carreira de cantor nas rádios Sociedade da Bahia e Cultura da Bahia, conheceu o cantor, na época vocalista do grupo Os Panteras, Raul Seixas. A relação de Edy e Raul não era muito boa no início, pois concorriam pelo mesmo espaço nas rádios. Entretanto a amizade se estreitou com o tempo.
Em 1970, Raul Seixas foi contratado como produtor musical pela gravadora Columbia (CBS Discos), do Rio de Janeiro, e levou Edy com ele. O primeiro trabalho da, então recém-formada parceria, foi a gravação de um compacto de Edy (que ainda não havia adotado “Star” como sobrenome). As músicas do disco foram compostas e produzidas por Raul Seixas: No lado A, “Aqui é quente, bicho”; e no lado B, “Matilda”. Em 1971 Edy ganhou notoriedade nacional, ao gravar o disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, junto com Sérgio Sampaio, Raul Seixas e Míriam Batucada. O disco, lançado pelo CBS, e produzido por Raul Seixas e Sérgio Sampaio, foi inspirado no ábum dos Beatles “Sargent Pepper´s Lonely Hearts Club Band”. Esse lançamento rendeu apresentações no Rio de Janeiro e em São Paulo. A partir de 1972, passou a cantar em cabarés do Rio de Janeiro e adotou o sobrenome artístico “Star”. Edy Star chamou a atenção, nessa época, do jornal “O Pasquim”, que o elevou à condição de pop-star. Atuou também em boates da zona sul carioca, como a Number One, e em teatros de revista, além de temporadas na boate Ups, em São Paulo. Foi contratado pela gravadora Som Livre, e gravou pela mesma, em 1974, o disco “Sweet Edy”, com composições feitas especialmente para ele, por nomes consagrados da música popular brasileira, entre os quais Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Foi contratado também pela Rede Globo de Televisão e participou de programas musicais na extinta Rede Tupi, entre 1973-1976. Dirigiu, escreveu e participou de várias peças de teatro, dentre as quais “A Gargalhada do Peru”, que percorreu vários estados brasileiros, entre 1986 e 1988; e “O Belo Indiferente”, de Jean Cocteau. Essa última levou Edy, em 1992, ao Festival de Teatro em Primavera de Madri, Espanha. Lá foi convidado com seu grupo a participar das comemorações dos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992). No mesmo ano, foi contratado pelo Cabaré Chelsea, em Madri, como diretor de shows, passando a rersidir naquele país. Em 2009, participou de homenagem a Raul Seixas no show “Toca Raul”, que foi apresentado no evento “Virada Cultural”, em São Paulo.
Em 2011, a gravadora Joia Moderna relançou o seu disco de maior sucesso, “Sweet Edy”, gravado em 1974. Nesse trabalho, Edy interpretou canções como “Edith Cooper”, de Gilberto Gil, “O conteúdo”, de Caetano Veloso, e “Claustrofobia”, de Roberto Carlos.
Em 2022 lançou o livro “Diário de um Invertido: Escritos Líricos, Aflitos e Despudorados (Salvador, 1956 –1963)”. Organizado pelo historiador e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ricardo Santhiago, o trabalho reúne escritos produzidos por Edy em sua adolescência, em Salvador. No livro, ele expôs a descoberta da sua homossexualidade e a dinâmica social gay em Salvador nos anos 1950. No mesmo ano lançou o single “O Outro Lado do Escuro” com as músicas “A Quien le Importa” – clássico gay em língua espanhola lançado pelo grupo Alaska y Dinarama, composto por Carlos Berlanga e Nacho Canut – e “Homens”, de Moisés Santana.
No ano de 2023 lançou o CD “Meu amigo Sérgio Sampaio”, com as faixas autorais do homenageado “Ninguém vive por mim”; “Cada lugar na sua coisa”; “Cabras pastando”, em dueto com Zeca Baleiro; “Filme de terror”; “Homem de trinta”; “Meu pobre blues”, com participação especial de Renato Piau (voz e violão); “Não tenha medo”; “Feminino coração de Deus”; “Foi ela”; “Adiante” e “Eu quero é botar meu bloco na rua”, com participação especial de Maria Alcina. O disco, produzido por Thiago Marques Luiz, contou com apresentação do crítico musical Rodrigo Faour e com os músicos Rovilson Pascoal (direção musical, arranjos, guitarra, violão, cavaquinho, piano e samples), Fábio Sá (baixo elétrico e acústico); Caio Lopes (bateria); Michel Machado e Bianca Godói (percussão); Coro: Johnnata Doll, Tatá Martinelli e Tatá Aeroplano.
No ano de 2024 estreou no CineSesc, em São Paulo, o documentário “Antes que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star – O Filme”, de Fernando Moraes. O longa-metragem revisita a carreira do multiartista, cantor e performer, um dos primeiros artistas do underground no Brasil, o “Movimento Glam”, do qual é considerado um dos ícones, com uma trajetória marcada pelo glamour e pelas polêmicas da década de 1960 a de 1980. No documentário foram colhidos depoimentos de Maria Alcina Caetano Veloso, DJ Zé Pedro e Zeca Baleiro exaltando o pioneirismo do artista baiano em várias dessas áreas da contracultura no país.
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Lançado originalmente pela Som Livre em 1974
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ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
VAZ, Toninho. Meu nome é ébano – A vida e a obra de Luiz Melodia. São Paulo: Editora Tordesilhas, 2020.