Compositor. Pianista. Regente.
Descendente de família tradicional, seu pai Guilherme Souto, foi secretário da 3ª Sociedade Carnavalesca de Santos, o grêmio aristocrático Les Bavards. Transferiu-se para o Rio de Janeiro aos 11 anos de idade, quando iniciou seus estudos musicais com o Prof. Darbilly. Aos 14 anos, compôs sua primeira música, a valsa “Amorosa”. Em 1902, abandonou seus estudos na Escola Politécnica para se empregar no Banco Francês, dedicando-se à música sempre que possível. Apresentou-se pela primeira vez em público em 1906, como regente do conjunto musical amador do Éden Club de Niterói. Em 1917, deixou o emprego no banco, passando a dirigir uma casa de música na Rua do Ouvidor. Pai do pianista Nelson Souto e avô do compositor e também regente Eduardo Souto Netto.
Desiludido com meio musical, voltou então à sua antiga atividade de bancário, passando a ocupar o posto de contador do Banco do Comércio. Em 1940, sofrendo de uma doença nervosa, passou a se submeter a tratamentos em casas de saúde, numa das quais veio a falecer.
Em 1919, compôs sua grande obra, o tango de salão “O despertar da montanha” , peça típica dos saraus do início do século, que se tornou essencial no repertório pianístico brasileiro. Em 1920, fundou a Casa Carlos Gomes, situada na Rua Gonçalves Dias, que além de lançar definitivamente o seu nome no meio artístico tornou-se ponto de encontro de grandes compositores da época. Imprimindo, inicialmente, obras quase que exclusivamente de sua autoria, a impressão da Casa Carlos Gomes passou posteriormente a abranger outros compositores de música de salão. Ainda em 1920, fez a programação musical e organizou as orquestras que tomaram parte da recepções ao Rei da Bélgica em sua visita ao Brasil. Em 1921, fez sucesso no carnaval com a chula baiana “Pemberê”, gravada pelo cantor Baiano e pelo Grupo do Moringa na Odeon. No mesmo ano, Bahiano gravou de sua autoria o choro “Mesmo assim”, a canção carnavalesca “Eu vou-me embora” e os cateretês “No rancho” e “Caboclo magoado”. Ainda no mesmo ano, o Grupo do Moringa gravou os choros “Mesmo assim” e “Um baile no catumbi”, o cateretê carnavalesco “Caboclo magoado” e o cateretê “No rancho”. Ainda em 1921, a Orquestra Passos gravou na Odeon o fox trot “Uma festa no Japão”, a valsa “Nuvens” e o tango “Do sorriso da mulheres nascem as flores”. Também no mesmo ano, Vicente Celestino gravou as canções “Paixão de artista” e “O que os teus olhos dizem” e o tango “Saudade”. Neste mesmo ano, compôs em parceria com Norberto Bittencourt “Seu Delfim tem que vortá”, música em que faz referência ao presidente Delfim Moreira. No carnaval desse mesmo ano, fez sucesso com a marcha “Pois não”, parceria com João da Praia, gravada quase simultaneamente pelo Bahiano e pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Contribuiu enormemente, através de sua produção, para o desenvolvimento e a fixação do gênero marcha. “Pois não”, além de ter sido pioneira das marchas carnavalescas, foi incluída no mesmo ano na revista “Gato, baeta, carapicu”, de Cardoso de Meneses, Bento Moçurunga e Bernardino Vivas, que estreou no Teatro São José, apresentada pela atriz Otília Amorim e pelo ator Álvaro Fonseca à frente de um bloco. Também em 1921, fez a música para a revista “Fogo de palha”, de J. Brito apresentada no Teatro Recreio e cujo grande sucesso foi a “Canção do pescador”, apresentada por Francisco Pezzi. Fez também as música para a burleta “Paixão de artista”, de Soares Júnior e Tapajós Gomes apresentada no Teatro São Pedro, com Vicente Celestino interpretando suas composições.
Por volta de 1922, criou o Grupo Eduardo Souto e gravou na Odeon o maxixe carnavalesco “Não sei o que é” e o fox trot “O carnaval”, de sua autoria. No mesmo ano, apresentou-se com o paulista Cornélio Pires, pioneiro da música caipira, na Associação Brasileira de Imprensa, durante as festividades do centenário da Independência. Ainda nesse mesmo ano, alcançou grande êxito com o cateretê “Eu só quero é beliscar” gravado pelo cantor Bahiano na Odeon. Em 1923, ao compor o samba à moda paulista “Tatu subiu no pau”, procurou diversificar seu repertório com uma peça bem ao estilo de Marcelo Tupinambá. Criou então uma obra tipicamente caipira, baseada em motivos folclóricos e que apesar dessa característica apareceu com grande destaque no carnaval. Para tal sucesso contribuíram seus métodos de divulgação que incluíam a execução repetida das músicas nos pianos da Casa Carlos Gomes, com distribuição das letras aos transeuntes, e até a criação de um bloco que freqüentava a Festa da Penha. Para fora do Rio de Janeiro, iam os discos de sua orquestra, gravados pela Casa Edison, da qual foi diretor artístico por vários anos. Ainda em 1923, criou a Orquestra Eduardo Souto com a qual gravou na Odeon as marchas carnavalescas “Goiabada”, “Tatu subiu no pau” e “Só teu amor”, o cateretê “Piracicaba”, o maxixe “Meu bem”, o samba carnavalesco “Espanta bode”, a toada carnavalesca “Só pra machucar” e o cateretê carnavalesco “Nego véio”, todas de sua autoria. Ainda nesse mesmo ano, sua música “Tatu subiu no pau” deu nome a uma revista dos Irmãos Quintiliano apresentada no Teatro São José. Fez ainda as músicas para a revista “A maçã”, também dos Irmãos Quintiliano e apresentada no Teatro Recreio.
Em 1924, gravou com sua orquestra mais algumas composições de sua autoria, entre as quais, o tango “Sugestão de um sorriso”, o cateretê “Poeta do sertão”, a valsa lenta “Viver dentro de um sonho” e o fox trot “Um festival no arraial”. No mesmo ano, fez com o maestro Assis Pacheco as músicas para a revista “Off-side”, de J. Brito, apresentada no Teatro São José, sendo cantadas por Francisco Alves e Aracy Cortes. Fez ainda as músicas para a revista “A folia”, do Irmão Quintiliano e apresentada no Teatro Lírico sobre a qual o crítico Mário Nunes escreveu: “O sucesso da revista cabe, em grande parte, à partitura de Eduardo Souto, em que superabundam bonitos números, não havendo revista em que o folclore esteja tão bem representado nas suas melodias dolentes e harmoniosas toadas”. Em 1925, gravou com sua orquestra o fox trot “Não sei dizer”, a marcha carnavalesca “Pai Adão” e os sambas “Tem que havê combinação”, “Se me dé de comê” e “Quem quizer ver”, de sua autoria. No mesmo ano, a dupla Bahiano e Januário gravou o cateretê carnavalesco “Iaiá-Ioiô”, além de outras.
Em 1926, Zaíra de Oliveira gravou suas canções “Cantiga” e “A margura” e o fado tango “Guitarrada”. No mesmo ano, a mesma Zaíra de Oliveira gravou em dueto com Bahiano o cateretê carnavalesco “Eu só quero é conhecer” e a marcha “Quando me lembro”, parceria com João da Praia. Também no mesmo ano, o cantor Del Nigri registrou na Odeon suas canções “A despedida”, com Bastos Tigre, “O sabiá”, com Goulart de Andrade, “Nunca mais”, com Heitor Modesto e “Romantismo”, com Zito Batista. Ainda no mesmo ano, escreveu em parceria com o maestro Antônio Lago a música para a revista “Zig zag”, de Bastos Tigre. Fez também as músicas para a revista “Dentro do brinquedo”, de Carlos Bittencourt, apresentada no Teatro São José. Em 1927, fez com Bento Moçurunga as músicas para a revista “Boas falas”, de Bastos Tigre.
Em 1929, lançou duas marchinhas sobre o presidente Washington Luís: “É sim senhor” e “Seu doutor”, ambas gravadas por Francisco Alves na Odeon. Em 1930, compôs com Osvaldo Santiago o “Hino a João Pessoa”, homenagem ao político paraíbano assassinado naquele ano. O hino foi gravado ainda em 1930 por Francisco Alves e em seguida, pela Banda do Regimento Naval. Este hino obteve enorme sucesso porque a Revolução que aconteceu naquele momento levou ao poder partidários de João Pessoa, que foi elevado à condição de mártir do movimento. O disco gravado por Francisco Alves foi lançado em pleno período de euforia dos vitoriosos e vendeu milhares de cópias, tornando-se o grande sucesso do ano. Em 1931, teve o tango canção “O despertar da montanha” e a barcarola “Praias de nossa terra” gravada na Odeon pela Orquestra Colonial. No mesmo ano, sua marcha “Verbo ser” foi gravada por Francisco Alves e Norma Bruno e seu samba “Tem moamba”, pela Orquestra Copacabana, ambas na Odeon. Ainda no mesmo ano, a orquestra Copacabana gravou a valsa “Viver…morrer…por um amor”, parceria com Osvaldo Santiago. Compôs ainda com João de Barro a marcha “Batucada”, um de seus últimos sucessos, gravada por Mário Reis. No mesmo período, o cantor Jorge Fernandes gravou a canção “Vestido encarnado”, parceria com João de Barro e a valsa “Viver”, parceria com Eugênio Fonseca Filho. Ainda em 1931, participou do elenco do Teatro Cassino Beira-Mar no Rio de Janeiro, juntamente com Ary Barroso, Bando de Tangarás, Elisa Coelho, Carolina Cardoso de Menezes, Luperce Miranda e Artur Nascimento, quando então se realizou o Festival Parlophon.
Foi o idealizador do “Coral brasileiro”, integrado por famosos cantores como Bidú Saião, Zaíra de Oliveira, Nascimento Silva e outros. Orquestrador de música sinfônica, realizou concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foi também diretor artístico da Odeon e da Parlophon. Em 1932, conheceu seu último grande sucesso, a marcha rancho “Gegê”, parceria com Getúlio Marinho, gravada por Jaime Vogeler na Odeon em novembro do ano anterior. No mesmo ano, Jaime Vogeler gravou o cateretê “Lá no sertão”, parceria com Eustórgio Vanderley e a reza de malandro “Samba nosso”, parceria com Benoit Certaine, Francisco Alves as canções “A saudade” e “A despedida”, parcerias com Bastos Tigre.Teve ainda no mesmo ano as marchas “Anatomia” e “Aborrecimentos”, parcerias com José Evangelista gravadas por Castro Barbosa e Jonjoca. A partir de 1932, com surgimento de uma nova geração de compositores, o nome de Eduardo Souto caiu no esquecimento. Em 1933, teve o samba “Mandei buscar”, gravado por Leonel Faria, a marcha rancho “Amor, meu grande amor”, parceria com Luiz Martins, gravada por João Petra de Barros e as marchas “Modos de mamar”, por Jaime Vogeler e “Terapêutica”, por Vitório Lattari. Em 1953, sua toada-canção “Do sorriso das mulheres nasceram as flores”, foi regravada em interpretação de cítara Avena de Castro em disco Copacabana. Em 1958, seu filho, o pianista Nelson Souto, gravou o LP “Nelson Souto interpreta Eduardo Souto” com músicas suas. Pouco depois, a Sinter lançou o LP “Eduardo Souto na interpretação de Mário de Azevedo”. Eduardo Souto Neto, filho de Nelson, passou a se destacar como compositor, pianista e arranjador, a partir de 1970.
Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 1 está incluída a gravação de seu tango “Despertar da montanha”, na interpretação de Altamiro Carrilho e seu conjunto.
(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
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(Orquestra Eduardo Souto)
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(Orquestra Eduardo Souto)
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(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
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(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
(Grupo Eduardo Souto)
(Grupo Eduardo Souto)
(Orquestra Eduardo Souto)
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