
Cantor. Compositor. Letrista. Palhaço de circo.
Também conhecido como Dudu das Neves, Palhaço Negro, Crioulo Dudu ou Nego Dudu. Foi funcionário da Central do Brasil de onde foi demitido ao participar de uma greve. Foi soldado do Corpo de bombeiros. Teve três filhos, Iracema, Araci e Cândido (Índio) das Neves, figura de grande importância na música popular de seu tempo.
Uma das figuras mais populares de artista do início do século e um dos pioneiros a gravar discos no Brasil. Acompanhando-se ao violão em suas gravações, Dudu fazia vozes, sons, sendo o precursor do humor na Música Popular Brasileira. Entre 1894 e 1901, apresentou-se nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em seguida, apresentou-se pelo Nordeste do Brasil tendo percorrido ao estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Em 1895, iniciou a carreira artística apresentando-se em circos e pavilhões no Rio de Janeiro. Atuou no Circo Pavilhão Internacional, no Parque Rio Branco e no Teatro-Circo François. Em 1900, a Livraria Quaresma publicou “O cantor de modinhas”, sua primeira coletânea de versos. Em 1902, a mesma editora lançou o “Trovador da malandragem”. No mesmo ano, teve sua primeira composição gravada, a canção “Santos Dumont”, também conhecida como “A conquista do ar – A Europa curvou-se ante o Brasil”, registrada na Zon-O-Phono pelo cantor Bahiano. Essa canção foi regravada no mesmo ano pela Banda da Casa Edson, sendo depois regravada pelo cantor João Barros na Victor Record, e depois, no selo Brasil, como um dobrado, registrado pela Banda Carioca, provavelmente na mesma época.
Foi o organizador da serenata em homenagem a Santos Dumont, realizada em 7 de setembro de 1903, um dos eventos mais importantes dos primórdios da Música Popular Brasileira. Para a ocasião convocou grandes chorões dentre os quais Quincas Laranjeiras, Sátiro Bilhar, Irineu de Almeida, Mário Cavaquinho, Chico Borges, entre outros. Em 1905, a Livraria Quaresma publicou “Mistérios do violão”, em cujo prefácio o autor faz uma séria e revoltada indagação àqueles que duvidavam da autoria de suas obras: “Porque duvidais, isto é, não acreditais quando aparece qualquer choro, qualquer composição minha que cai no gosto do público e é decorada, repetida por toda a gente e em toda parte, desde nobres salões até pelas esquinas nas horas mortas da noite?”
Na temática de alguns de seus lundus estão assuntos do cotidiano da cidade como, “O aumento das passagens”, “O bombardeio”, “O cinco de novembro (ou O marechal)”, ” A guerra de Canudos”, “Uma entrevista com Fregoli”, mas, no contexto geral de suas obras, destacam-se a cançoneta “Homenagem a Santos Dumont” (A Europa curvou-se ante o Brasil), e a versão que fez para a canção napolitana “Vieni sul mar”, que ele próprio gravou pela Casa Edson e que se tornou amplamente conhecida como “Ó Minas Gerais”, já que a música homenageava a nau capitânia da Marinha de Guerra do Brasil, batizada com o nome do estado brasileiro. Em 1907, gravou na Odeon, de sua autoria, os lundus “O soldado que perdeu a parada”, “E eu nada”, “Bolim-bolacho”, “Marocas”, “Iaiazinha” e “Pai João”. Em 1908, gravou a “Canção do marinheiro”, a modinha “Quando o meu peito” e os lundus “Pai João” e “Aurora”, de sua autoria. No mesmo ano, gravou com Isaura Lopes os duetos “O maxixe” e “A mulata e o crioulo”. Em 1909, gravou os lundus “Menina, teu pai não quer”, “O ano novo”, “Angélica” e “Babo-me todo”. No mesmo ano, gravou em dueto com Mário Pinheiro o lundo “O malandro” e o cômico “Os dois bêbados”. Em 1910, adaptou a opereta “A viúva alegre”, de Franz Lehar, transformando-a na “comédia crítica em dois atos” “A sentença da viúva alegre”, que estreou noTeatro Cinematográfico Santana. Em 1912, fez uma série de gravações, entre as quais, os lundus “Democráticos na ponta”, “Não me convém”, “Seu Barnabé” e “Lundu gostoso”, as canções “Ó Minas Gerais”, “Manhãs na roça” e “Pernambuco é minha terra”, todas de sua autoria e a modinha “Estela”, de Abdon Lira e Adelmar Tavares. No mesmo ano, gravou com Bahiano o lundu “Desafio em Braga” e com Bahiano e Risoleta o fado “Festas joaninas” e os lundus “Os caçadores” e “Triângulo mineiro”. Em 1913, gravou na Odeon as cançonetas “Namoro frustado” e “Um vago” e o lundu “Choro de Arrelia!”, as duas primeiras, provavelmente, e a última, comprovadamente, de sua autoria. No mesmo ano, gravou os lundus “Quem disse que dinheiro não é bom”, “O cara dura”, “A cabeça da mulher” e “O hervanário”, de sua autoria.
Em 2000, sua gravação de “O Minas Gerais”, de 1912, foi incluída pelo crítico R. C. Albin na coletânea “As músicas mais fundamentais do século XX”, uma série de seis CDs, editados com o acervo da EMI-Odeon.
(Com Bahiano e Porto)
(Com Paulo e Porto)
(Com Risoleta)
(Com Bahiano)
(ComBahiano e Risoleta)
(Com Risolet)
(Com Risoleta)
(Com Bahiano e Risoleta)
(Com Risoleta)
(Com Bahiano e Risoleta)
(Com Bahiano e Risoleta)
(Com a Banda do Batalhão Naval)
(Com Mário Pinheiro)
(Com Mário Pinheiro)
(Com Nozinho, Mário Pinheiro e Nina Teixeira)
(Com Isaura Lopes)
(Com Isaura Lopes, Mário Pinheiro e Nozinho)
(Com Isaura Lopes e Mário Pinheiro)
(Com Isaura Lopes, Mário Piheiro e Nozinho)
(Com Isaura Lopes)
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.