3.002
Nome Artístico
Eduardo das Neves
Nome verdadeiro
Eduardo Sebartião das Neves
Data de nascimento
1874
Local de nascimento
Rio de Janeiro
Data de morte
11/11/1919
Local de morte
Rio de Janeiro
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Letrista. Palhaço de circo.

Também conhecido como Dudu das Neves, Palhaço Negro, Crioulo Dudu ou Nego Dudu. Foi funcionário da Central do Brasil de onde foi demitido ao participar de uma greve. Foi soldado do Corpo de bombeiros. Teve três filhos, Iracema, Araci e Cândido (Índio) das Neves, figura de grande importância na música popular de seu tempo.

Dados artísticos

Uma das figuras mais populares de artista do início do século e um dos pioneiros a gravar discos no Brasil. Acompanhando-se ao violão em suas gravações, Dudu fazia  vozes, sons, sendo o  precursor do humor na Música  Popular Brasileira. Entre 1894 e 1901, apresentou-se nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em seguida, apresentou-se pelo Nordeste do Brasil tendo percorrido ao estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Em 1895, iniciou a carreira artística apresentando-se em circos e pavilhões no Rio de Janeiro. Atuou no Circo Pavilhão Internacional, no Parque Rio Branco e no Teatro-Circo François. Em 1900, a Livraria Quaresma publicou “O cantor de modinhas”, sua primeira coletânea de versos. Em 1902, a mesma editora lançou  o “Trovador da malandragem”. No mesmo ano, teve sua primeira composição gravada, a canção “Santos Dumont”, também conhecida como “A conquista do ar – A Europa curvou-se ante o Brasil”, registrada na Zon-O-Phono pelo cantor Bahiano. Essa canção foi regravada no mesmo ano pela Banda da Casa Edson, sendo depois regravada pelo cantor João Barros na Victor Record, e depois, no selo Brasil, como um dobrado, registrado pela Banda Carioca, provavelmente na mesma época.

Foi o organizador da serenata em homenagem a Santos Dumont, realizada em 7 de setembro de 1903, um dos  eventos mais importantes dos primórdios da Música Popular Brasileira. Para a  ocasião convocou  grandes chorões dentre os quais Quincas Laranjeiras, Sátiro Bilhar, Irineu de Almeida, Mário Cavaquinho, Chico Borges, entre outros. Em 1905, a Livraria Quaresma publicou “Mistérios do violão”, em cujo prefácio o autor faz uma séria  e revoltada indagação  àqueles que duvidavam da autoria de suas obras: “Porque duvidais, isto é, não acreditais quando aparece qualquer choro, qualquer composição minha que cai no gosto do público e é decorada, repetida por toda a gente e em toda parte, desde nobres salões até pelas esquinas nas horas mortas da noite?” 

Na temática de alguns  de seus  lundus  estão assuntos do cotidiano da cidade como, “O aumento das passagens”, “O bombardeio”, “O cinco de novembro (ou O marechal)”, ” A guerra de Canudos”, “Uma entrevista com Fregoli”,  mas, no contexto geral de suas obras, destacam-se a cançoneta  “Homenagem a Santos Dumont” (A Europa curvou-se  ante o Brasil), e  a versão  que fez  para a canção napolitana “Vieni sul mar”, que ele próprio gravou pela Casa Edson e que se tornou amplamente conhecida como “Ó Minas Gerais”, já que a música homenageava a nau capitânia da Marinha de Guerra do Brasil, batizada com o nome do estado brasileiro. Em 1907, gravou na Odeon, de sua autoria, os lundus “O soldado que perdeu a parada”, “E eu nada”, “Bolim-bolacho”, “Marocas”, “Iaiazinha” e “Pai João”. Em 1908, gravou a “Canção do marinheiro”, a modinha “Quando o meu peito” e os lundus “Pai João” e “Aurora”, de sua autoria. No mesmo ano, gravou com Isaura Lopes os duetos “O maxixe” e “A mulata e o crioulo”. Em 1909, gravou os lundus “Menina, teu pai não quer”, “O ano novo”, “Angélica” e “Babo-me todo”. No mesmo ano, gravou em dueto com Mário Pinheiro o lundo “O malandro” e o cômico “Os dois bêbados”. Em 1910, adaptou a opereta “A viúva alegre”, de Franz Lehar, transformando-a na “comédia crítica em dois atos” “A sentença da viúva alegre”, que estreou noTeatro Cinematográfico Santana. Em 1912, fez uma série de gravações, entre as quais, os lundus “Democráticos na ponta”, “Não me convém”, “Seu Barnabé” e “Lundu gostoso”, as canções “Ó Minas Gerais”, “Manhãs na roça” e “Pernambuco é minha terra”, todas de sua autoria e a modinha “Estela”, de Abdon Lira e Adelmar Tavares. No mesmo ano, gravou com Bahiano o lundu “Desafio em Braga” e com Bahiano e Risoleta o fado “Festas joaninas” e os lundus “Os caçadores” e “Triângulo mineiro”. Em 1913, gravou na Odeon as cançonetas “Namoro frustado” e “Um vago” e o lundu “Choro de Arrelia!”, as duas primeiras, provavelmente, e a última, comprovadamente, de sua autoria. No mesmo ano, gravou os lundus “Quem disse que dinheiro não é bom”, “O cara dura”, “A cabeça da mulher” e “O hervanário”, de sua autoria.

Em 2000, sua gravação de “O Minas Gerais”, de 1912, foi incluída pelo crítico R. C. Albin na coletânea “As músicas mais fundamentais do século XX”, uma série de seis CDs, editados com o acervo da EMI-Odeon.

Discografias
1913 Odeon 78 A cabeça da mulher
1913 Odeon 78 Choro de arrelia
1913 Odeon 78 Meninas traidoras
1913 Odeon 78 Moleque de uma perna
1913 Odeon 78 Namoro frustado
1913 Odeon 78 O cara dura
1913 Odeon 78 O galo e a galinha

(Com Bahiano e Porto)

1913 Odeon 78 O hervanário
1913 Odeon 78 Quem disse que o dinheiro não é bom?
1913 Odeon 78 Um gago em apuros

(Com Paulo e Porto)

1913 Odeon 78 Um vago
1912 Odeon 78 A pimentinha

(Com Risoleta)

1912 Odeon 78 Amenidade
1912 Odeon 78 Aninha faceira
1912 Odeon 78 As eleições de Piancó
1912 Odeon 78 Canoa virada
1912 Odeon 78 Canção do soldado
1912 Odeon 78 Club de Regatas
1912 Odeon 78 Democráticos na ponta
1912 Odeon 78 Desafio em Braga

(Com Bahiano)

1912 Odeon 78 Estela
1912 Odeon 78 Eulina
1912 Odeon 78 Festas joaninas

(ComBahiano e Risoleta)

1912 Odeon 78 Gaúcho

(Com Risolet)

1912 Odeon 78 Jovens crioulas
1912 Odeon 78 Lundu gostoso
1912 Odeon 78 Lília
1912 Odeon 78 Manhã na roça
1912 Odeon 78 Margarida vai à fonte
1912 Odeon 78 Maria François
1912 Odeon 78 Moleque chorão
1912 Odeon 78 Negro forro
1912 Odeon 78 Noites de Santo Antônio
1912 Odeon 78 Não me convém
1912 Odeon 78 O Caninha em apuros
1912 Odeon 78 O Imperador da República
1912 Odeon 78 O bem-te-vi
1912 Odeon 78 O bombeiro
1912 Odeon 78 O cocheiro do bonde
1912 Odeon 78 O corcunda
1912 Odeon 78 O leque
1912 Odeon 78 O pai de toda gente
1912 Odeon 78 O perigo
1912 Odeon 78 O pescador
1912 Odeon 78 O reinado do maxixe

(Com Risoleta)

1912 Odeon 78 O voluntário
1912 Odeon 78 Os caçadores

(Com Bahiano e Risoleta)

1912 Odeon 78 Paladinos da Cidade Nova

(Com Risoleta)

1912 Odeon 78 Periquitos

(Com Bahiano e Risoleta)

1912 Odeon 78 Pernambuco é minha terra
1912 Odeon 78 Pomada
1912 Odeon 78 Pé de ganso
1912 Odeon 78 Quindins de Iaiá
1912 Odeon 78 Seu Barnabé
1912 Odeon 78 Sindicato da terra da goiabada
1912 Odeon 78 Sorteio militar
1912 Odeon 78 Triângulo mineiro

(Com Bahiano e Risoleta)

1912 Odeon 78 Ó Margarida
1912 Odeon 78 Ó, Minas Gerais (Viene sul mar)
1909 Odeon 78 Angélica
1909 Odeon 78 Babo-me todo
1909 Odeon 78 Canção do marinheiro

(Com a Banda do Batalhão Naval)

1909 Odeon 78 Canção do pobre
1909 Odeon 78 Menina, teu pai não quer
1909 Odeon 78 Mulher profunda
1909 Odeon 78 O ano novo
1909 Odeon 78 O malandro

(Com Mário Pinheiro)

1909 Odeon 78 Os dois bêbados

(Com Mário Pinheiro)

1909 Odeon 78 Uma festa na Penha

(Com Nozinho, Mário Pinheiro e Nina Teixeira)

1908 Odeon 78 A mulata e o crioulo

(Com Isaura Lopes)

1908 Odeon 78 Ai Joaquina

(Com Isaura Lopes, Mário Pinheiro e Nozinho)

1908 Odeon 78 Aurora
1908 Odeon 78 Canção dos marinheiros (de O Brique)
1908 Odeon 78 Chegadinho

(Com Isaura Lopes e Mário Pinheiro)

1908 Odeon 78 Em um café concerto

(Com Isaura Lopes, Mário Piheiro e Nozinho)

1908 Odeon 78 O maxixe

(Com Isaura Lopes)

1908 Odeon 78 Pai João (O entusiasmo do negro Mina)
1908 Odeon 78 Quando o meu peito
1907 Odeon 78 Balancê
1907 Odeon 78 Bolim-bolacho
1907 Odeon 78 E eu nada
1907 Odeon 78 Estranguladores do Rio
1907 Odeon 78 Iaiazinha
1907 Odeon 78 Marocas
1907 Odeon 78 O amolador
1907 Odeon 78 O aquidaban
1907 Odeon 78 O soldado que perdeu a parada
1907 Odeon 78 Pai João
1907 Odeon 78 Rolo em um bonde
1907 Odeon 78 Seu Gouveia
Obras
A cabeça da mulher
A carne freca
A gargalhada Hispano Americana
A guerra de Canudos
A mulata e o crioulo
A pimentinha
Amenidade
Angélica
Aninha faceira
As eleições de Piancó
Aurora
Babo-me todo
Balancê
Bolim-bolacho
Canoa virada
Canção do marinheiro De O Brique
Canção do pobre
Catorrita
Chegadinho
Choro de arrelia
Clube de Regatas
Democráticos na ponta
Desafio dos boiadeiros
E eu nada
Estranguladores do Rio
Eulina
Gaúcho
Homenagem a Santos Dumont
Iaiazinha
Jovens crioulas
Lundu gostoso
Lília
Manhã na roça
Maria François
Marocas
Menina, teu pai não quer
Moleque chorão
Mulher profunda
Namoro frustado
Negro forro
Noites de Santo Antônio
Não me convém
O Caninha em apuros
O Imperador da República
O amolador
O ano novo
O aquidabã
O aumento das passagens
O bem-te-vi
O bombardeio
O cara dura
O cinco de novembro
O cocheiro do bonde
O corcunda
O hervário
O leque
O maxixe
O pai de toda gente
O perigo
O pescador
O reinado do maxixe
O soldado que perdeu a parada
O voluntário
Os caçadores
Pai João
Paladinos da Cidade Nova
Perdão Emília
Periquitos
Pernambuco é minha terra
Pomada
Pé de ganso
Quando o meu peito
Quando?
Quem disse que o dinheiro não é bom
Quindins de Iaiá
Rolo em um bonde
Sempre chaleirando
Seu Barnabé
Seu Gouveia
Sindicato da terra da goiabada
Sorteio militar
Um vago
Uma entrevista com Fregoli
Uma festa na Penha
Ó Margarida
Ó Minas Gerais (versão de Vieni sul mar)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.