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Nome Artístico
Edu da Gaita
Nome verdadeiro
Eduardo Nadruz Nascimento
Data de nascimento
13/10/1916
Local de nascimento
Jaguarão, RS
Data de morte
23/8/1982
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Instrumentista. Gaitista. Compositor.

Em 1933, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como biscateiro, camelô e cantor de tangos. Considerado um grande boêmio, era figura constante nas rodas noturnas cariocas de jornalistas e intelectuais. Tido como o maior gaitista brasileiro de todos os tempos. Viveu seus últimos nos na Avenida Princesa Isabel em Copacabana. Uma de suas poucas lembranças disponíveis ao público pode ser visitada pelo público no restaurante La Fiorentina no Leme, onde costumava se encontrar com os amigos Sérgio Cabral e Mário Lago: uma foto e sua inestimável gaita.

Dados artísticos

Começou a se apresentar publicamente em 1925, com apenas nove anos de idade, quando venceu um concurso promovido por um fabricante de gaitas na cidade gaúcha de Pelotas. Na ocasião, interpretou os “Estudos nº 3”, de Frederic Chopin e trechos de óperas famosas. Em 1933 participou de programas na Rádio cruzeiro do Sul, em São Paulo. 

Em 1934 mudou para o Rio de Janeiro, onde fazia apresentações nas barcas que fazem a travessia entre o Rio de Janeiro e Niterói. Em 1936, foi visto por Sílvio Caldas  numa apresentação de rua e foi levado pelo cantor para a Rádio Mayrinck Veiga, onde por iniciativa do locutor César Ladeira adotou o nome artístico de Edu da Gaita. Em 1937, passou  atuar no Cassino Copacabana e em seguida, no Cassino Icaraí, em Niterói. Em 1939, gravou pela Columbia seu primeiro disco, interpretando o fox “Violino cigano”, de OFlynn e Betzner e o swing “Canção da Índia”, de R. Korsakov. Em 1941 gravou em ritmo de fox, “Onde o céu azul é mais azul”, de João de Barro, Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho, o potpourri “Cantigas de roda”, com arranjos de Laurindo de Almeida; o bolero “Uma gaita em Sevilha”, de sua parceria com Laurindo de Almeida e o samba “Velhas melodias”, com arranjo de Laurindo de Almeida. Esta última, um pot pourri que reuniu três modinhas bastante populares, “A casa branca da serra”, “Gandoleiro do amor” e “Casinha pequenina”, foi gravada com o conjunto Arco-Íris. 

Até 1946, foi atração constante em diferentes cassinos brasileiros. Em 1949, assinou contrato com a gravadora Continental estreando com as danças “Dança ritual do fogo”, de Manuel de Falla e “Andaluzia”, de Ernesto Lecuona. No mesmo ano, deixou a Rádio Mayrinck Veiga e passou a atuar como solista de orquestras sinfônicas. Em 1950 gravou “Capricho nortista”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, com arranjos de Alexandre Gnattali e a fantasia “Arabescos”, de sua autoria. Em 1951 gravou “Batuque”, de sua parceria com Humberto Teixeira e o baião “Juazeiro”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. No mesmo ano, gravou com Gaó e Sua Orquestra uma coletânea de foxes, intitulada “Ritmos de Tio Sam”, com arranjos de Rubens Brito. Em 1954 gravou o fox-slow “Ruby”, de Parish e Roemheld e a valsa “Numa pequena cidade espanhola”, de Wayne, Lewis e Young. No ano seguinte, registrou o bolero “Damasco”, de Luiz Bonfá e o samba “Uma gaita sobe o morro”, de sua autoria. Em 1956 gravou “Moto perpétuo”, de Paganini, obra inicialmente concebida para violino, e que valeu onze anos de estudos para ser executada na gaita. A gravação da obra obteve grande repercussão na imprensa e também na radiofonia. No mesmo ano, gravou o samba “Domingo sincopado”, de Antônio Carlos Jobim e Luiz Bonfá. Em 1957, deixou a gravadora Continental e gravou um disco na Polydor, no qual interpretou o choro “Brasileirinho”, de Valdir Azevedo. Em 1958, foi o solista no “Concerto para gaita e orquestra”, de Radamés Gnattali, com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Em 1959, gravou na Copacabana o samba canção “Manhã de carnaval” e o “Samba de Orfeu”, ambas as composições de Luiz Bonfá e Antônio Maria, escritas especialmente para o filme “Orfeu negro”, de Marcel Camus, rodado no Rio. Na mesma época, lançou pela Copacabana o LP “Uma gaita para milhões”. Em 1960, viajou a Londres como integrante da Caravana da Música Brasileira, que dirigida por Joraci Camargo e com o patrocínio do Escritório Comercial do Brasil apresentou-se em Londres, dando início às apresentações pela Universidade de Oxford. Nessa caravana atuou como solista de gaita no Sexteto de Radamés Gnattali. 

Apresentou-se em países da América do Sul e na Europa, tocou na França, Inglaterra, Itália e Portugal. Em 1965 lançou pela Philips o LP “Edu ontem e hoje”. Em 1981 e 1982, gravou LPs com arranjo e produção de Téo de Barros, premiados pelo Jornal do Brasil como melhor disco do ano. Recebeu o prêmio Euterpe do Jornal Correio da Manhã e o prêmio de Música Erudita do governo do antigo Distrito Federal. Em 2000, o selo Revivendo relançou sua interpretação para o samba “Velhas melodias” no CD “Músicas brasileiras – volume 3”. Em 2001, po iniciativa do seu filho, o médico Eduardo Nadruz Filho o selo Revivendo lançou o Cd “Edu, o mago da gaita” com 25 gravações do gaitista incluindo o clássico “Moto-perpétuo” de Pagananini, “Dança ritual do fogo”, de Manuel de Falla, “Andaluzia”, de Ernesto Lecuona, Ruby”, de Parish e Roemheld, e a valsa “Numa pequena cidade espanhola”, de Wayne, Lewis e Young, entre outras. Em 2011, foi tema de extensa reportagem do jornal O Estado de São Paulo falando sobre sua carreira e da luta de seu filho para conseguir a lideração junto às gravadoras para a reedição em CD de suas gravações presas nos acervos da Universal Music. Sobre isso assim falou o musicólogo Ricardo Cravo Albin citado pelo jornal: “É um absurdo. Nossa história musical enfrenta uma censura estética e cultural”.

Discografias
[S/D] Eldorado CD Edu da Gaita
1965 Philips LP Edu-Ontem e hoje
1960 Copacabana LP Uma gaita para milhões
1959 Copacabana 78 Manhã de carnaval/Samba de orfeu
1957 Polydor 78 Nola/Brasileirinho
1956 Continental 78 Moritat/Domingo sincopado
1955 Continental 78 Le grisby/Damasco
1955 Continental 78 Uma gaita sobe o morro/Talismã
1954 Continental 78 Ruby/Numa pequena cidade espanhola
1952 Continental 78 Moto perpétuo/Poema
1951 Continental 78 Batuque/Juazeiro
1951 Continental 78 Ritmos de Tio Sam (Parte I)/Ritmos de Tio Sam (Parte II)

(c/Gaó e Sua Orquestra)

1950 Continental 78 Arabescos/Fumaça nos teus olhos
1950 Continental 78 Capricho nortista (I)/Capricho nortista (II)
1949 Continental 78 Dança ritual do fogo/Andaluzia
1949 Continental 78 Poeta e camponês (I)/Poeta e camponês (II)
1949 Continental 78 Torna a Sorriento/O sole mio
1944 Continental 78 Ritmo do Brasil/Fantasia espanhola
1941 Columbia 78 Onde o céu azul é mais azul/Cantigas de roda
1941 Columbia 78 Uma gaita em Sevilha/Velhas melodias
1939 Columbia 78 Violino cigano/Canção da Índia
Obras
Arabescos
Batuque (c/ Humberto Teixeira)
Uma gaita em Sevilha (c/ Laurindo de Almeida)
Uma gaita sobe o morro
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.