
Cantora. Compositora. Arte educadora.
Nascida em Minas Gerais, mudou-se posteriormente para o Rio de Janeiro, antes de retornar a Minas Gerais. Entre os anos de 1962 e 1964, morou no Uruguai. Irmã dos músicos Dércio Marques e Darlan Marques. Além de seu trabalho como cantora e compositora é também arte-educadora, tendo trabalhado com cerca de 150.000 crianças de todo o Brasil, valorizando a arte e a cultura popular do país. Atuou em todos os estados brasileiros desenvolvendo projetos de arte-educação com crianças carentes. No estado de São Paulo ajudou a criar a Secretaria do Bem Estar do Menor e, através dela, reduziu a zero a violência contra menores infratores da FEBEM. Em 1992, foi convidada especial da Eco-92, realizada no Rio de Janeiro. Ganhou Prêmio da ONU por seu trabalho com crianças. Ainda em São Paulo criou uma escola de arte e cultura em São José dos Campos/SP, adquirindo 12 alqueires de terra para trabalhos com crianças carentes da periferia da cidade.
Quando criança, saía do subúrbio carioca para apresentar-se em programas infantis de calouros como o Clube do Guri e Vovô Odilon. Mais tarde viajou pela Brasil até chegar ao Uruguai. Apresentou-se durante algum tempo em casas noturnas de São Paulo. Depois de afastar-se da carreira artística no começo da década de 1970, voltou, depois, a apresentar-se com o irmão Dércio Marques. Sendo vista pelo pesquisador e produtor Marcus Pereira em show com o irmão no Teatro Pixinguinha, em São Paulo, recebeu do produtor o convite para gravar seu primeiro disco. Lançou, então, em 1978, o LP “Semente”, no qual interpretou as músicas “Canção cansada”, de Paco Bandeira; “João Semente”, de João de Castro, em faixa que contou com a participação especial de Dércio Marques; “Eterno como areia”, de José Maria Giroldo; “Vento vadio”, de Sergio Sá; “Caminhada (Minha história)”, de Sergio Sá; “Lamento borincano”, de Rafael Hernandez; “Giramundo”, de Luis Edgard; “João Semente”, de João de Castro; “Mourão de cerca”, de José Maria Giroldo; “Não mande a geada não”, de Maria do Céu; “Tonta”, de Chico de Ubatuba; “Salário nanico”, de Saulo Laranjeira, e “Estrela do Norte”, de Lumumba. O disco contou com a participação dos músicos João de Castro no violão; Dércio Marques no violão e requinta; Claudio Beltrani no baixo; e Altamir, Waldemar, Ruy Sergio, Alexandre Ramirez, Eduardo Szwec e Ézio nas violas e violinos. Na contra capa desse LP, Marcus Pereira declarou sobre ela: “Doroty Marques, muito tempo depois de se iniciar no seu ofício de cantar, grava seu primeiro disco. Ouvi-a pela primeira vez, cantando e acompanhando seu irmão Dércio Marques num espetáculo apresentado no Teatro Pixinguinha, em São Paulo. Ao fim de cada número, o público explodia, coêso e unânime, num aplauso compacto e longo que marca os momentos incomuns de verdadeira comunicação entre o artista e o público. O espetáculo, analisado convencionalmente, era pobre. Mas era riquíssimo na dimensão do talento, da voz, da emoção e do violão de Dércio Marques. E do talento da voz, da emoção e do bombo de Doroty Marques. Naquele momento, lembrei-me dos aplausos frios e convencionais que marcaram os intervalos entre os números de um espetáculo que assistira, cuja parafernália eletrônica devia estar ligada diretamente às turbinas da usina de Cubatão, hoje trabalhando exclusivamente para as “discotecas” de São Paulo.” Em 1980, lançou, também pelo selo Marcus Pereira, o LP “Erva cidreira”, interpretando as canções “Arreuni”, de Chico Maranhão; “Erva cidreira”, de sua autoria; “Mineirinha”, de Raul Torres; “Lua sertaneja”, de Gilberto Abrão Jacob e Adauto Santos; “Umbuzeiro”, de Elomar, em faixa que contou com a participação especial do Quinteto Armorial; “Cavalo cansado”, de Sergio Habibe; “As flores do meu jardim”, de Ricardo Vilas; “Inté as porteira do céu”, de Hélio Contreiras; “Parcelada”, de Elomar, em faixa que contou com a participação especial do autor; “Vim de longe”, de Darlan Marques; ” Castelo de areia”, de Geraldo Biason, e “Pequenina”, canção tradicional da cidade de Morretes – PR, em adaptação de Dércio Marques. Em 1983, participou do LP “Fulejo”, lançado por seu irmão Dércio Marques, pela gravadora Copacabana interpretando as faixas “Mineirinha”, de Raul Torres, e “Flores do vale”, de Dércio Marques e João Bá. Em 1985, lançou de forma independente, em conjunto com o irmão Dércio Marques, o LP “Criança faz arte – Dércio Marques e Doroty Marques”, que contou com a participação de 5.000 crianças de Penápolis/SP e que foi a trilha sonora da peça “Vaqueiro e o Bicho Froxo”, de sua autoria, em parceria com Beto Lima e Beto Andreta. Na peça e no disco, foram interpretadas as canções “Era uma vez”, de José Agostin Guytisolo e Dércio Marques; “Pega pega”, de Paulo Gomes; “Largatixa”, de Dércio Marques; “Pastorinha”, de Chico Maranhão; “Tema do bicho froxo”, de Tácito Borralho e Josias Silva Sobrinho; “Boi encantado”, de Giordano Mochel; “Tapararv”, canção tradicional andina; “Fundo da mata”, “Cantigas de brincar”, “Miquelina”, e “Boi de janeiro”, todos, temas tradicionais brasileiros, e “Janaína”, parceria com João Bá, além de “Tema do cantador”, “Tema do namoro”, “Lamento do vaqueiro”, e “Tema do Papa Figo”, todas de sua autoria. Em 1996, lançou, como o irmão Dércio Marques, o LP “Monjolear – Dércio Marques e Doroty Marques e A Escola da Criança – Espaço de adolescer”, interpretando as músicas “Meninos” e “Meninos II”, de Juraildes da Cruz; ” Os carneirinhos”, poema de Cecília Meirelles, musicado por Hélio Contreiras e Xangai; “Fazenda maluquinha” e “Tributo a um casarão”, de Lúcio Eustáquio Alves; “Era uma vez”, de José Agostin Coytisolo e Dércio Marques; “Batuque dos meninos do cerrado”, vinheta de Marcos da Silva “Cazuza”, sob o “Rap do Cerrado”; “Formiguinha”, de Loni Rosa; “Não jogue lixo no chão”, de Vital Farias; “Ser criança”, de Darlan Marques; “Os carneirinhos”, poema de Cecília Meirelles, musicado por Darlan Marques e Dércio Marques; “Monjolear [A poesia do Monjolo]”, composição dos alunos do Pré-Escolar; “Cânticos”, de Gildes Bezerra e Dércio Marques; “Passarinho de amor”, tema folclórico recolhido por ela; “Rap do Cerrado”, “Projeto beija-flor” e “Rap do adolescer”, de sua autoria, e “Duerme negrito”, tema folclórico da América Central, além dos temas folclóricos brasileiros “Cantiga de ninar”; “Bem-te-vi”; “Congo (Tá caindo fulô); “Dois cantos de caiapó”; “Embola embola”; “Ciranda”; “Manuelito”; “Folia de reis”, e “Sabiá laranjeira”. Esse disco foi gravado com 250 crianças de Uberlândia/MG, e foi indicado ao Prêmio Sharp, na categoria de “Melhor CD Infantil”. Em 1997, gravou o LP “Paraíba encantos” com 800 crianças do Vale do Paraíba, cantando a história do Rio Paraíba. Em 1998, gravou o LP “Espelho dÁgua”, com os filhos dos funcionários da Sabesp (empresa patrocinadora). Em 2000, lançou, de forma independente, juntamente com Daniela Lasalvia, Dércio Marques e Luiz Perequê, o CD “Cantos da Mata Atlântica”, no qual interpretou as músicas “Sons da mata”, de Noel Andrade, esta, acompanhada de Érica Gisel, e alunos do Colégio Marista N.Sra. Da Glória; “De mar em mar”, de sua autoria; que ela cantou com os alunos do Colégio Santista; “Chia, pia, canto agora”, de Noel Andrade, com canto dela e dos alunos do Colégio Marista Arquidiocesano, e mais Érika Gisel; “Aguariana”, de sua autoria, cantada juntamente com os alunos do Colégio Marista N.Sra. Da Glória, e “Tema da Juréia”, de sua autoria em interpretação solo. Esse disco contou com a participação de 500 crianças dos Colégios Maristas de São Paulo e Santos. No mesmo ano, lançou, também de forma independente, o CD “Paraíba vivo”, com as músicas “Água é vida” e “Origens”, de sua autoria; “Lambari rio abaixo”, com Maria Aparecida de Oliveira; “Cantiga do Paraitinga”, de Paulinho Baroni; “Cantiga do Paraibuna”, de Eduardo Renó e Daniel Almeida; “Filho da gota”, de Galvão Frade; “Alfa apagada”, de Rafael Leite; “Caminhos de um vale triste”, de Anderson Magno de Lima; “Escorrega no barranco”, de Gilson Bambuíra, e “Meninos”, de Juraildes da Cruz, além dos temas tradicionais “Árvores e flores do Paraíba”; “Rio menino”; “Aves” e “Lavadeiras do Paraíba”. Esse disco fez parte de um projeto em defesa do Rio Paraíba do Sul. No Sesc de São Paulo, fez uma opereta contando a história do bairro de Itaquera com aproximadamente 200 crianças carentes da região. Esta opereta foi apresentada no Sesc Itaquera, para mais de 2.000 crianças de escolas da região. Passou a se dedicar menos aos discos e shows e mais aos trabalhos de arte-educação. Por conta disso, montou diversas operetas populares. Um de seus trabalhos mais destacados foi o projeto “Cadê meu rio que estava aqui?”, que envolveu todas as escolas públicas da região de Penápolis, em São Paulo, no trabalho de criação coletiva da opereta, além de estudos e pesquisas sobre o meio ambiente. Por conta desse projeto, que foi financiado pelo Itaú Cultural, foi feito o replantio da mata nativa dos arredores da cidade e plantio de 5.000 mudas de árvores frutíferas nos quintais das casas da cidade.
Acreditando na arte como mola importante para uma educação mais humanística, visando a formação do ser humano consciente, o cidadão crítico, Doroty escreveu o projeto Turma, que desenvolveu, ao longo de 30 anos, em escolas de comunidades carentes, por quase todo o país.Trabalhou 25 anos dentro das maiores favelas do Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Também trabalhou na região amazônica e na região centro-oeste, como na Chapada dos Viadeiros, cujo resultado, entre outros, gerou um disco, onde o cerrado está presente, através de uma linguagem e ritmos baseados no folclore local. Entre os vários produtos de seus trabalhos, escreveu duas cartilhas e gravou 8 discos, além de formar diversos professores multiplicadores de seu trabalho e de seu método.