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Nome Artístico
Domingos Caldas Barbosa
Nome verdadeiro
Domingos Caldas Barbosa
Data de nascimento
circa 1738
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
9/11/1800
Local de morte
Lisboa, Portugal
Dados biográficos

Compositor. Cantor. Poeta. Violeiro (viola de arame).

Nasceu, muito provavelmente, no Rio de Janeiro, por volta de 1738 (assim afirma Câmara Cascudo). Há, no entanto, dúvidas a respeito. Ary Vasconcelos acredita que o compositor nasceu em 1740, e nos oferece em ” Raízes na música popular brasileira” uma versão de um sobrinho do próprio Caldas Barbosa: a de que o compositor tenha nascido ainda a caminho do Rio de Janeiro, em navio vindo de Angola. É certo que era filho de um comerciante português com uma negra angolana (não há referências a respeito de seus nomes). O pai, depois de longo período na colônia africana, veio para o Brasil trazendo a negra grávida do compositor. Este estudou, por desejo do pai, no Colégio dos Jesuítas. Por volta de 1760, foi mandado à Colônia do Sacramento (extremo sul do Brasil hoje parte do Uruguai). Sabe-se que seu recrutamento foi um castigo por conta de versos satíricos seus, criticando os portugueses. Retornou ao Rio de Janeiro em 1762, dando baixa logo depois. Em 1775, chegou a Portugal sob a proteção dos irmãos do Vice-rei do Brasil, José e Luís de Vasconcelos e Sousa. Tornou-se capelão da Casa de Suplicação, por influência de seus protetores. Essa parece ter sido a solução encontrada para superar as dificuldades de inserção social motivada por sua condição de mestiço de origem humilde. De fato, a partir de então, o compositor ingressa na sociedade lisboeta. Aos 60 anos, faleceu em Lisboa. Foi sepultado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Anjos.

Dados artísticos

Considerado por todos como o responsável pela fixação do gênero “modinha” na Lisboa da 2ª metade do século XVIII. Foi a partir de 1775 que o compositor passou a fazer sucesso na Corte portuguesa, cantando versos satíricos e maliciosos (dirigidos principalmente às mulheres), acompanhado pelo ponteio de sua viola de arame. Curiosamente, apresentava-se de batina, sendo disputado pelas famílias nobres de Lisboa, ávidas de tê-lo em seus saraus. Em 1790, fundou, juntamente com outros poetas (dentre os quais Curvo Semedo e Bocage), a “Nova Arcádia” de Lisboa. Adotou o pseudônimo de Lereno Selinuntino. É esse o nome que usou para dar título à sua coleção de poemas, sobre os quais compôs modinhas e lundus: a “Viola de Lereno” (Lisboa, vol. 1, 1798; vol. 2, 1826). Segundo Mozart de Araújo, apesar de todos os poemas da coleção terem sido musicados, somente uma das obras nos chegou até hoje com melodia: “Ora, a Deos Senhora Ulina”. A modinha está publicada nas páginas 98 e 99 do livro “A modinha e o lundu no século XVIII” deste autor. Mário de Andrade afirmou o seguinte em “Modinhas imperiais”: “a proveniência erudita européia das modinhas é incontestável”. Hoje, muitos estudiosos consideram tal suposição incorreta, justamente por levarem em conta a vida e a obra de Caldas Barbosa. Segundo Tinhorão, em sua “Pequena história da música popular brasileira”, todos os contatos do compositor “terão sido com mestiços, negros, pândegos em geral e tocadores de viola, e nunca com mestres de música eruditos”. Assim sendo, a importância do compositor mestiço se fez no trabalho de transpor a distância entre a cultura popular e a cultura erudita, levando para os salões aristrocáticos o produto artístico popular da colônia do além-mar: a “Modinha” brasileira.

Obras
Ora, a Deos Senhora Ulina
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.