
Compositor. Cantor. Violonista. Empresário.
Chegou ao Brasil em 1848, fugindo de sua terra por perseguições políticas, após a derrota do movimento espanhol carlista, do qual havia participado. No Rio de Janeiro, dedicou-se exclusivamente à música, compondo e lecionando canto.
Segundo descrição de Melo Morais Filho, em “Artistas do meu tempo”, era “pianista ágil, tangendo o violão com o langor com que só se o tange na Espanha, foi às dedilhações daquela e aos arpejos deste, nas belas “seguidilhas” por ele entoadas em nossos fidalgos salões que a modinha readquiriu o fulgor perdido…”. Em 1856, casou-se com a brasileira Maria Luísa Pires, sua aluna de canto, pertencente à tradicional família carioca. Esta passou a assinar-se Maria Luísa Amat e a dedicar-se à Ópera Nacional ao lado do marido.
Musicou versos dos principais poetas românticos brasileiros, entre os quais Gonçalves Dias. O musicólogo Mário de Andrade chegou mesmo a dizer dele que, “foi musicador sistemático de Gonçalves Dias”. Em 1851, publicou o álbum “Mélodies Brésiliennes” com músicas dedicadas à Imperatriz, apresentando-as, no ano seguinte, para os soberanos brasileiros. O sonho de criar um teatro de ópera nacional realizou-se em 1857, com a fundação da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, da qual foi gerente e administrador econômico. Dentre os objetivos da instituição, estava o aperfeiçoamento e formação de artistas brasileiros, a realização de concertos e representações de canto em português e a encenação de óperas nacionais e estrangeiras com o texto vertido para o português. A Ópera Nacional estreou em 17 de julho com a zarzuela “A estréia de um artista”, protagonizada por Luísa Amat. Em 1860, a Academia de Ópera foi extinta, sendo criada em seu lugar a Empresa de Ópera Lírica Nacional, da qual foi diretor até 1862. A nova Ópera Nacional tinha caráter diferente da Academia, pois propunha-se a encenar peças em idioma estrangeiro. Ainda em 1862, publicou outro álbum de música intitulado “Les nuits brésiliennes”, sobre versos de Gonçalves Dias, recebido com muitos elogios pela imprensa local. Em setembro desse mesmo ano, deixou a direção da Ópera. Como os novos diretores não conseguissem evitar o fracasso da instituição, retornou à direção em 1863. No ano seguinte, foi à Europa na tentativa de conseguir novos artistas para recuperar o empreendimento, mas não obteve êxito. Em 1869, foi diretor do Teatro do Recife, que incendiou em novembro desse mesmo ano. Perdeu sua biblioteca musical, avaliada na época em 80.000 francos. Pouco depois, oferecia-se para lecionar canto e música em anúncios de jornal. A partir desse momento, não mais se ouviu falar dele. Acredita-se que tenha falecido no Recife.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.