3.002
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Nome Artístico
Dolores Duran
Nome verdadeiro
Adiléa da Silva Rocha
Data de nascimento
7/6/1930
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
24/10/1959
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositora. Cantora.

Terceira dos quatro filhos do casal Armindo José da Rocha e Josefa Silva da Rocha. O pai era sargento da Marinha. Nasceu na Rua do Propósito, situada no bairro da Saúde, centro do Rio de Janeiro. Desde os três anos de idade já cantava. Aos cinco, já participava das festas populares de reisado e do grupo de pastorinhas (saía vestida de anjo), realizadas no bairro. Morou nos subúrbios cariocas de Irajá e de Pilares. Teve problemas de saúde na infância (reumatismo infeccioso), um dos motivos do problema cardíaco que lhe acometeu na idade adulta. Aos dez anos, incentivada pelo amigo da família chamado Domingos, resolveu participar do programa de calouros de Ary Barroso (Calouros em Desfile). A pequena Adiléa escolheu a música “Vereda tropical”, que interpretou fantasiada de mexicana, com letra em português e espanhol. Tirou nota máxima, o elogio de Ary e 500 mil-réis. A partir daí, passou a aparecer em vários programas da época, sempre aos domingos. Aos doze anos perdeu o pai, fato que precipitou sua profissionalização, já que necessitava ajudar a família nas despesas.

Casou-se em 8 de julho de 1955 com o radioator e compositor Macedo Neto. O casal não teve filhos, mas adotou uma menina (Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo). Separaram-se três anos depois. Chegou a manter um romance com o músico e compositor João Donato, mais novo do que ela. Mas o namoro chegou ao fim, quando Donato foi morar no México. Na madrugada de 23 de outubro de 1959, depois de um show na boate Little Club, a cantora saiu com amigos para uma festa no Clube da Aeronáutica. Ao sair da festa, resolveram esticar no Kit Club. A cantora chegou em casa às sete da manhã. Ao dirigir-se para seu quarto, disse à empregada: “Não me acorde, estou muito cansada. Vou dormir até morrer.” De fato, faleceu ainda naquela manhã, enquanto dormia. Suspeita-se que havia abusado de barbitúricos e de bebida alcoólica. Depois de sua morte, a amiga e cantora Marisa Gata Mansa entregou alguns de seus versos para serem musicados por Ribamar. O compositor Carlos Lyra fez músicas sobre versos inéditos deixados por ela.

Dados artísticos

Depois da morte do pai, a mãe, por necessidade, apressou sua profissionalização. Aos doze anos, passou a atuar no “Teatro da Tia Chiquinha”, programa infantil da Rádio Tupi carioca, mesmo ganhando cachês baixos. A mãe resolveu procurar o diretor da rádio, Olavo de Barros, para pedir um aumento nos cachês. Olavo resolveu o problema levando a menina para atuar em uma temporada de peças infantis realizada no Teatro Carlos Gomes. Participou da montagem de “Mãe-dÁgua”, “Primavera”, “Aladim e a lâmpada maravilhosa” e “O gaúcho”. Nessa época, gostava de ouvir discos de músicas estrangeiras (inglês, francês, italiano e espanhol). Percebendo que tinha facilidades na pronúncia em vários idiomas, passou a aprender várias músicas para interpretar. Foi esse fato que a fez participar do concurso “À procura de uma cantora de boleros”, organizado por Renato Murce e realizado na Rádio Nacional. Apesar de não vencer o concurso (a vencedora foi Rosita Gonzalez), passou a freqüentar a rádio, procurando aparecer em vários programas e conhecer os artistas da época. Um dia, numa apresentação em um dos programas, foi ouvida pelo Dr. Lauro Pais de Andrade e esposa, que a convidaram para um teste na Boate Vogue (estabelecimento do empresário Barão von Stuckart). Na ocasião do teste, cantou em vários idiomas, o que lhe valeu um contrato. Tinha dezesseis anos e passou a usar o nome artístico de Dolores Duran a partir daí. Num desses shows na Vogue, foi vista por César de Alencar, que a convidou para trabalhar em seu programa que ia ao ar nos sábados pela Rádio Nacional. Foi contratada com o salário de 150 mil-réis por mês. Começou a ser conhecida na noite carioca, freqüentando e se apresentando em várias boates, tais como a Vogue, Beguine, Little Club, Baccarat, Casablanca, Acapulco e Montecarlo. Nesse período de apresentações em shows noturnos, conheceu Ella Fitzgerald, que elogiou sua interpretação de “My funny Valentine” (de Hodges e Hart) e Charles Aznavour, que riu muito quando a cantora o chamou de Gringo. Fez amizades com personagens famosos da crônica carioca: Sérgio Porto, Antônio Maria, Nestor de Holanda e Mister Eco.

Gravou o primeiro disco em fins de 1951, lançado para o carnaval do ano seguinte, com os sambas “Que bom será”, de Ailce Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marques, e “Já não interessa”, de Domício Costa e Roberto Faissal, pela gravadora Star. Em 1952, também pela Star, gravou o samba-canção “Um amor assim”, de Dora Lopes, e  o samba “Outono”, de Billy Blanco. Em 1954, foi contratada pela Copacabana e estreou com o samba-canção “Tradição”, de Ismael Silva, e o samba “Bom é querer bem”, de Fernando Lobo. No mesmo ano, gravou com sucesso o samba-canção “Canção da volta”, de  Antônio Maria e Ismael Neto. Gravou também o samba-canção “O amor acontece”, dos irmãos Celso e Flávio Cavalcanti. Nessa época, apresentava-se com sucesso na boate Beguin, do Hotel Glória, acompanhada pelo conjunto de Guio de Morais.

Em 1955, gravou com sucesso o samba-canção “Praça Mauá”, de Billy Blanco e o choro “Carioca 1954”, de Antônio Maria e Ismael Neto. No mesmo ano, voltou a gravar uma composição dos irmãos Cavalcanti, o samba-canção “Manias”. Gravou ainda no mesmo ano o samba “Pra que falar de mim”, de Ismael Neto e Macedo Neto. Nessa última gravação, ficou conhecendo Macedo Neto, com quem se casou em poucos meses. Nesse ano, fez excursão ao Uruguai e compôs sua primeira música: “Se é por falta de adeus”, em parceria com Tom Jobim, gravada por Dóris Monteiro logo em seguida. Ainda no mesmo ano, lançou pela Copacabana o LP “Dolores Duran viaja”, no qual interpretou composições em espanhol, inglês, francês e alemão, além de “Canção da volta”, de Ismael Netto e Antônio Maria.

Em 1956, gravou um de seus sucessos como intérprete, o baião “A fia de Chico Brito”, de Chico Anysio. Registrou no mesmo disco o xote “Na asa do vento”, de Luiz Vieira e João do Vale. Ainda no mesmo ano, gravou o bolero “Zefa Cangaceira”, de Chico Anysio. Ainda neste ano, integrou a Caravana de Paulo Gracindo, atuando em circos, nos subúrbios cariocas e viajou em excursão para a Argentina e Uruguai com o violonista Bola Sete e seu conjunto. Em 1957, gravou os sambas “Tá pra acontecer”, de José Batista, Ivan Campos e Monsueto Menezes; “Minha agonia”, de Mirabeau, Valdir Rocha e Paulo Gracindo, e “Tião”, de Wilson Batista e Jorge de Castro. No mesmo ano, compôs nova parceria com Tom Jobim, o samba-canção “Por causa de você”. Em março daquele ano, o jovem compositor mostrou-lhe uma composição feita há poucos dias em parceria com Vinícius de Moraes. A cantora ficou encantada com a melodia e ali mesmo escreveu outra letra. Jobim tocou no piano a música e ela cantou seu poema. Ao terminarem, a cantora escreveu o seguinte bilhete para Vinícius: “Esta é a letra que fiz para esta música. Se não concordar, é covardia!”. O poeta, sem hesitar, rasgou sua própria letra, admitindo que a dela era bem melhor. Também em 1957, atuou no filme “Rico ri à tóa”, dirigido por Roberto Farias. Nesse filme, em um cenário estilizado de favela interpretou o samba “Tião”, deWilson Batista e Jorge de Castro. Em 1958, ela mesma gravou a música (“Ah! Você está vendo só/ Do jeito que eu fiquei/ E que tudo ficou…”). No mesmo disco, gravou o samba “Estatuto de boate”, de Billy Blanco. Logo em seguida, fez nova parceira com Tom Jobim, “Estrada do sol”. Também no mesmo ano, gravou o LP “Dolores Duran canta para você dançar”, com destaque para “Feiúra não é nada” e “Se papai fosse eleito”, de Billy Blanco, entre outras. Ainda em 1958, fez excursão, junto com outros artistas (Jorge Goulart, Nora Ney, Conjunto Farroupilha) à então União Soviética. Decidiu abandonar o grupo e seguiu para Paris, onde ficou um mês se apresentando numa boate freqüentada por brasileiros. De volta ao Brasil, compôs em parceria com o amigo e pianista Ribamar os sambas-canções “Quem sou eu”, “Pela rua”, gravada por Tito Madi, “Se eu tiver” e o samba “Idéias erradas”. Ainda em 1958, compôs “Castigo”, um samba-canção que fez sucesso na voz da cantora Marisa Gata Mansa. Ainda no mesmo ano, lançou o LP “Dolores Duran canta para você dançar nº 2”, com destaque para “Sabra Dios”, de Álvaro Carrilho; “Conversa de botequim”, de Noel Rosa e Vadico; “Esquecimento”, de Fernando César e Nazareno de Brito, e “Não me culpes” e “Solidão”, de sua autoria.

Compôs em 1959, sozinha, seu grande sucesso: “A noite do meu bem”, que gravou antes de falecer. No mesmo disco, gravou outro grande sucesso de sua autoria, o samba-canção “Fim de caso”. No mesmo ano, lançou o LP “Esse norte é minha sorte”, com, entre outras, “Saudade ingrata”, de Claudionor Nascimento e Ted Moreno; “Quando se tem amor”, de Armando Nunes e Altamiro Carrilho; “Esse norte é minha sorte”, de Ruy Duarte e Miguel Gustavo e “Prece de Vitalina”, parceria com Chico Anysio. Teve outros poemas musicados por Ribamar depois de sua morte: “Ternura antiga” e “Quem foi”. A primeira foi inscrita por Ribamar num festival da TV RIO, “As dez mais lindas canções de amor” e acabou classificando-se em segundo lugar. Somente depois de sua morte prematura, passou a ser cultuada como compositora. Ainda em 1959, o jornal O Globo publicou a seguinte notícia sobre a cantora: “Desta vez sem visitas, no seu programa “Visitando Dolores”, a cantora Dolores Duran cantou na TV-Rio as bonitas canções “Solidão” e “Hoje eu quero paz”, o divertido samba de Billy Blanco “A banca do distinto” e a meio repulsiva canção norte americana “Sayonara”. Foi homenageada em 1959, por ocasião de sua morte inesperada com o LP “A música de Dolores” da gravadora Copacabana que incluiu 13 composições de sua autoria sendo seis com interpretações suas: “A noite do meu bem”; “Não me culpe”; “Minha toada”; “Fim de caso”; “Por causa de você”, e “Solidão”. As outras canções incluídas no disco foram: “Castigo”; “Se eu tiver”; “Pela rua”, e “Olhe o tempo passando”, na interpretação de Marisa Gata Mansa; “Noite de paz”, na voz de Roberto Audi; “Estrada do sol”, interpretada por Agnaldo Rayol, e “Canção da tristeza”, cantada por Morgana. Em 1960, Lúcio Alves gravou um LP dedicado às suas obras. No mesmo ano, seu samba canção “A noite do meu bem”, foi incluído no LP “Uma orquestra em ritmo de samba – Orquestra Brasileira de Dança” no qual o maestro Carlos Monteiro de Souza interpretou em ritmo de sambas diferentes ritmos, inclusive músicas clássicas. Em 1969, foi homenageada no LP “Martinho da Vila e Dolores Duran na voz de Isaura Garcia”, em LP lançado na Continental por Isaura Garcia, que gravou seus sambas canção “Estrada do Sol” e “Por Causa de Você”, com Tom Jobim, e “Castigo”, “Fim de Caso”, “Solidão” e “A Noite do Meu Bem”, só de sua autoria.
Em 1970, o teatrólogo Paulo Pontes escreveu e produziu o show “Brasileiro, profissão esperança”, estrelado por Maria Bethânia e Raul Cortes, com direção de Bibi Ferreira, espetáculo que rememorou vários sucessos da cantora. Paulo Gracindo e Clara Nunes permaneceram cerca de oito meses em cartaz no Canecão, na remontagem do espetáculo. Em 1971, o cantor norte americano Frank Sinatra, gravou em seu LP “Sinatra & Company”, da Reprise Records, a versão de “Por causa de você”, com o título “Dont ever go away”. Na década de 1980, Marisa Gata Mansa entregou a Carlos Lyra uma letra inédita da cantora. Da parceria póstuma nasceu “O negócio é amar”, gravada por Nara Leão, entre outros. Uma nova montagem do espetáculo “Brasileiro: Profissão esperança”, sempre com direção de Bibi Ferreira, veio a público em 1999, com a própria Bibi Ferreira e Gracindo Jr.  A cantora e compositora, teve músicas gravadas por grandes intérpretes da música nacional e internacional, como Milton Nascimento, com “A noite do meu bem”; Tito Madi, “Ternura antiga”; Gal Costa, “Estrada do sol” e Maysa, que gravou “Por causa de você”. Elis Regina gravou “Estrada do Sol” e também uma versão em francês para “A noite do meu bem”.

Em 1994, recebeu homenagem de Nana Caymmi, que gravou um CD só com obras suas com o título “A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran”. Em 1997, a Editora Globo lançou um fascículo e um CD, incluído na Coleção MPB Compositores nº 28, com o título “Dolores Duran”. No final dos anos 1990, o Centro Cultural Banco do Brasil apresentou o musical “Dolores”, com texto de Douglas Dwight e Fátima Valença e direção de Antônio de Bonis. O elenco era estrelado por Soraya Ravenle e a direção musical coube a Tim Rescala. No segundo semestre de 2001, várias de suas músicas foram apresentadas no musical “Estão voltando as flores” com as Cantoras do Rádio, roteiro e direção de R. C. Albin, com excursões por várias cidades. Em 2007, foi homenageada pela TV Globo no especial “Por toda minha vida” que contou de forma dramatizada sua vida e carreira artística apresentando ainda seus maiores sucessos em gravações originais. Em 2009, foi lançado pelo selo Biscoito Fino o CD “Entre amigos” que reuniu gravações inéditas da cantora realizadas em saraus domésticos na casa do amigo Geraldo Casé. As gravações foram realizadas entre 1958 e 1959, e incluem interpretações para o samba-canção “Marca na parede” no qual foi acompanhada por Baden Powell no violão e Manoel da Conceição, o Mão-de-Vaca na guitarra. No CD a cantora interpreta ainda standards da canção norte americana, composições de Edith Piaf e sambas-canção. Também estão presentes nessas gravações o pianista Jacques Klein e Chiquinho do Acordeom. Segundo a pesquisadora Ângela Almeida em texto do encarte do CD a “cantora se comporta como mais uma instrumentista na dinâmica da jam session. Estão presentes ainda três faixas-bônus retiradas de encontros realizados na casa do casal Marques de Azevedo, avós de Marisa Monte entre 1949, quando a autora de “A noite do meu bem” contava com 19 anos, e 1953. Ainda em 2009, foi homenageada pelo saxofonista e flautista Mauro Senise em show baseado no CD “Lua cheia – um tributo a Dolores Duran e Sueli Costa” no qual o instrumentista acompanhado por Itamar Assieri ao piano, Ivan “Mamão” Conti na bateria e Paulo Russo no baixo interpreta os clássicos “Fim de caso”, “Por causa de você” e “Noite do meu bem”, entre outras. Em 2010, foi lançada pela EMI a caixa com oito CDs intitulada “Dolores Duran 50 anos depois” com matrizes da gravadora Copacabana restauradas pela EMI. Nos Cds estão gravações originais como a de “Canção da volta”, além de raridades como osamba “Tá pra acontecer”, de Monsueto, que permanecera esquecido deswde o lançamento em 1957, além de interpretações de canções em francês e ingles, como “My funny Valentine”. Em reportagem para o jornal O Globo, assim escreveu o jornalista João Máxino: “Que Dolores gostava de cantar, fica claro. E cantar de tudo. Não é verdade que a presença de canções em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão fosse uma exigência das boates aos seus crooners. Dolores é que, sem ser poliglota (como querem os que confundem bom ouvido com o conhecimento de outras línguas), tinha facilidade para aprender as letras estrangeiras. Sua aproximação com os standards internacionais, sobretudo americanos, deu-se por conta própria, opção de intérprete que realmente gostava de cantar. Se o ecletismo a prejudicou? Sim. Afinal, a melhor Dolores é a do samba-canção, que ela, além de cantar muito bem,sabia fazer ainda melhor.” No mesmo ano, foi homenageada pelo jornalista Artur Xexéo que sobre ela escreveu: “Como todos os artistas que morrem cedo demais – Dolores morreu aos 29 anos -, fica sempre a frustação por se imaginar o que ela ainda poderia ter feito. Ela foi uma artista e tanto. E, no país onde ainda prevalecia o respeito por imagens rebuscadas como “palhaço das perdidas ilusões” ou “descrente de tudo me resta o cansaço”, Dolores chegou com o coloquialismo de “não faça idéias erradas de mim só porque eu quero você tanto assim”. Para mim, a imagem de Dolores estará para sempre cruzada com a de Maysa. Era o repertório das duas que animavam as serenatas promovidas pela minha mãe. Eramhistórias das duas que meus contavam nas manhãs seguintes às noitadas que eles passavam nos night-clubs cariocas.” Em 2012, foi lançado o livro “A noite e as canções de uma mulher fascinante”, biografia escrita pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour. Em 2013, foi homenageada na casa de espetáculos Miranda, zona sul do Rio de Janeiro, no show “Uma noite para Dolores Duran” – com Rodrigo Faour e convidados. Nesse show cantaram músicas suas os artistas João Donato, Carlos Lyra, Doris Monteiro, Lana Bittencourt, Elba Ramalho, Marcio Gomes, Márcia Castro e Simone Mazzer. Em 2014, foi lançado pela cantora Nina Becker o CD “Minha Dolores”, gravado em estúdio em fins de 2013, a partir de show realizado pela cantora no mesmo ano. O CD, da gravadora Joia Moderna, apresenta um série de composições gravadas por Dolores Dura como o samba “Tradição”, de Ismael Silva, e o samba-canção “Carioca 1954”, de Ismael Netto e Antonio Maria, além de obras da própria Dolores como “Estrada do Sol”, parceria com Tom Jobim, e “Solidão”, só de Dolores Duran.

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Depois da morte do pai, a mãe, por necessidade, apressou sua profissionalização. Aos doze anos, passou a atuar no “Teatro da Tia Chiquinha”, programa infantil da Rádio Tupi carioca, mesmo ganhando cachês baixos. A mãe resolveu procurar o diretor da rádio, Olavo de Barros, para pedir um aumento nos cachês. Olavo resolveu o problema levando a menina para atuar em uma temporada de peças infantis realizada no Teatro Carlos Gomes. Participou da montagem de “Mãe-dÁgua”, “Primavera”, “Aladim e a lâmpada maravilhosa” e “O gaúcho”. Nessa época, gostava de ouvir discos de músicas estrangeiras (inglês, francês, italiano e espanhol). Percebendo que tinha facilidades na pronúncia em vários idiomas, passou a aprender várias músicas para interpretar. Foi esse fato que a fez participar do concurso “À procura de uma cantora de boleros”, organizado por Renato Murce e realizado na Rádio Nacional. Apesar de não vencer o concurso (a vencedora foi Rosita Gonzalez), passou a freqüentar a rádio, procurando aparecer em vários programas e conhecer os artistas da época. Um dia, numa apresentação em um dos programas, foi ouvida pelo Dr. Lauro Pais de Andrade e esposa, que a convidaram para um teste na Boate Vogue (estabelecimento do empresário Barão von Stuckart). Na ocasião do teste, cantou em vários idiomas, o que lhe valeu um contrato. Tinha dezesseis anos e passou a usar o nome artístico de Dolores Duran a partir daí. Num desses shows na Vogue, foi vista por César de Alencar, que a convidou para trabalhar em seu programa que ia ao ar nos sábados pela Rádio Nacional. Foi contratada com o salário de 150 mil-réis por mês. Começou a ser conhecida na noite carioca, freqüentando e se apresentando em várias boates, tais como a Vogue, Beguine, Little Club, Baccarat, Casablanca, Acapulco e Montecarlo. Nesse período de apresentações em shows noturnos, conheceu Ella Fitzgerald, que elogiou sua interpretação de “My funny Valentine” (de Hodges e Hart) e Charles Aznavour, que riu muito quando a cantora o chamou de Gringo. Fez amizades com personagens famosos da crônica carioca: Sérgio Porto, Antônio Maria, Nestor de Holanda e Mister Eco.
Gravou o primeiro disco em fins de 1951, lançado para o carnaval do ano seguinte, com os sambas “Que bom será”, de Ailce Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marques, e “Já não interessa”, de Domício Costa e Roberto Faissal, pela gravadora Star. Em 1952, também pela Star, gravou o samba-canção “Um amor assim”, de Dora Lopes, e  o samba “Outono”, de Billy Blanco. Em 1954, foi contratada pela Copacabana e estreou com o samba-canção “Tradição”, de Ismael Silva, e o samba “Bom é querer bem”, de Fernando Lobo. No mesmo ano, gravou com sucesso o samba-canção “Canção da volta”, de  Antônio Maria e Ismael Neto. Gravou também o samba-canção “O amor acontece”, dos irmãos Celso e Flávio Cavalcanti. Nessa época, apresentava-se com sucesso na boate Beguin, do Hotel Glória, acompanhada pelo conjunto de Guio de Morais.
Em 1955, gravou com sucesso o samba-canção “Praça Mauá”, de Billy Blanco e o choro “Carioca 1954”, de Antônio Maria e Ismael Neto. No mesmo ano, voltou a gravar uma composição dos irmãos Cavalcanti, o samba-canção “Manias”. Gravou ainda no mesmo ano o samba “Pra que falar de mim”, de Ismael Neto e Macedo Neto. Nessa última gravação, ficou conhecendo Macedo Neto, com quem se casou em poucos meses. Nesse ano, fez excursão ao Uruguai e compôs sua primeira música: “Se é por falta de adeus”, em parceria com Tom Jobim, gravada por Dóris Monteiro logo em seguida. Ainda no mesmo ano, lançou pela Copacabana o LP “Dolores Duran viaja”, no qual interpretou composições em espanhol, inglês, francês e alemão, além de “Canção da volta”, de Ismael Netto e Antônio Maria.
Em 1956, gravou um de seus sucessos como intérprete, o baião “A fia de Chico Brito”, de Chico Anysio. Registrou no mesmo disco o xote “Na asa do vento”, de Luiz Vieira e João do Vale. Ainda no mesmo ano, gravou o bolero “Zefa Cangaceira”, de Chico Anysio. Ainda neste ano, integrou a Caravana de Paulo Gracindo, atuando em circos, nos subúrbios cariocas e viajou em excursão para a Argentina e Uruguai com o violonista Bola Sete e seu conjunto. Em 1957, gravou os sambas “Tá pra acontecer”, de José Batista, Ivan Campos e Monsueto Menezes; “Minha agonia”, de Mirabeau, Valdir Rocha e Paulo Gracindo, e “Tião”, de Wilson Batista e Jorge de Castro. No mesmo ano, compôs nova parceria com Tom Jobim, o samba-canção “Por causa de você”. Em março daquele ano, o jovem compositor mostrou-lhe uma composição feita há poucos dias em parceria com Vinícius de Moraes. A cantora ficou encantada com a melodia e ali mesmo escreveu outra letra. Jobim tocou no piano a música e ela cantou seu poema. Ao terminarem, a cantora escreveu o seguinte bilhete para Vinícius: “Esta é a letra que fiz para esta música. Se não concordar, é covardia!”. O poeta, sem hesitar, rasgou sua própria letra, admitindo que a dela era bem melhor. Em 1958, ela mesma gravou a música (“Ah! Você está vendo só/ Do jeito que eu fiquei/ E que tudo ficou…”). No mesmo disco, gravou o samba “Estatuto de boate”, de Billy Blanco. Logo em seguida, fez nova parceira com Tom Jobim, “Estrada do sol”. Também no mesmo ano, gravou o LP “Dolores Duran canta para você dançar”, com destaque para “Feiúra não é nada” e “Se papai fosse eleito”, de Billy Blanco, entre outras. Ainda em 1958, fez excursão, junto com outros artistas (Jorge Goulart, Nora Ney, Conjunto Farroupilha) à então União Soviética. Decidiu abandonar o grupo e seguiu para Paris, onde ficou um mês se apresentando numa boate freqüentada por brasileiros. De volta ao Brasil, compôs em parceria com o amigo e pianista Ribamar os sambas-canções “Quem sou eu”, “Pela rua”, gravada por Tito Madi, “Se eu tiver” e o samba “Idéias erradas”. Ainda em 1958, compôs “Castigo”, um samba-canção que fez sucesso na voz da cantora Marisa Gata Mansa. Ainda no mesmo ano, lançou o LP “Dolores Duran canta para você dançar nº 2”, com destaque para “Sabra Dios”, de Álvaro Carrilho; “Conversa de botequim”, de Noel Rosa e Vadico; “Esquecimento”, de Fernando César e Nazareno de Brito, e “Não me culpes” e “Solidão”, de sua autoria.
Compôs em 1959, sozinha, seu grande sucesso: “A noite do meu bem”, que gravou antes de falecer. No mesmo disco, gravou outro grande sucesso de sua autoria, o samba-canção “Fim de caso”. No mesmo ano, lançou o LP “Esse norte é minha sorte”, com, entre outras, “Saudade ingrata”, de Claudionor Nascimento e Ted Moreno; “Quando se tem amor”, de Armando Nunes e Altamiro Carrilho; “Esse norte é minha sorte”, de Ruy Duarte e Miguel Gustavo e “Prece de Vitalina”, parceria com Chico Anysio. Teve outros poemas musicados por Ribamar depois de sua morte: “Ternura antiga” e “Quem foi”. A primeira foi inscrita por Ribamar num festival da TV RIO, “As dez mais lindas canções de amor” e acabou classificando-se em segundo lugar. Somente depois de sua morte prematura, passou a ser cultuada como compositora. Ainda em 1959, o jornal O Globo publicou a seguinte notícia sobre a cantora: “Desta vez sem visitas, no seu programa “Visitando Dolores”, a cantora Dolores Duran cantou na TV-Rio as bonitas canções “Solidão” e “Hoje eu quero paz”, o divertido samba de Billy Blanco “A banca do distinto” e a meio repulsiva canção norte americana “Sayonara”. Foi homenageada em 1959, por ocasião de sua morte inesperada com o LP “A música de Dolores” da gravadora Copacabana que incluiu 13 composições de sua autoria sendo seis com interpretações suas: “A noite do meu bem”; “Não me culpe”; “Minha toada”; “Fim de caso”; “Por causa de você”, e “Solidão”. As outras canções incluídas no disco foram: “Castigo”; “Se eu tiver”; “Pela rua”, e “Olhe o tempo passando”, na interpretação de Marisa Gata Mansa; “Noite de paz”, na voz de Roberto Audi; “Estrada do sol”, interpretada por Agnaldo Rayol, e “Canção da tristeza”, cantada por Morgana. Em 1960, Lúcio Alves gravou um LP dedicado às suas obras. No mesmo ano, seu samba canção “A noite do meu bem”, foi incluído no LP “Uma orquestra em ritmo de samba – Orquestra Brasileira de Dança” no qual o maestro Carlos Monteiro de Souza interpretou em ritmo de sambas diferentes ritmos, inclusive músicas clássicas. Em 1970, o teatrólogo Paulo Pontes escreveu e produziu o show “Brasileiro, profissão esperança”, estrelado por Maria Bethânia e Raul Cortes, com direção de Bibi Ferreira, espetáculo que rememorou vários sucessos da cantora. Paulo Gracindo e Clara Nunes permaneceram cerca de oito meses em cartaz no Canecão, na remontagem do espetáculo. Em 1971, o cantor norte americano Frank Sinatra, gravou em seu LP “Sinatra & Company”, da Reprise Records, a versão de “Por causa de você”, com o título “Dont ever go away”. Na década de 1980, Marisa Gata Mansa entregou a Carlos Lyra uma letra inédita da cantora. Da parceria póstuma nasceu “O negócio é amar”, gravada por Nara Leão, entre outros. Uma nova montagem do espetáculo “Brasileiro: Profissão esperança”, sempre com direção de Bibi Ferreira, veio a público em 1999, com a própria Bibi Ferreira e Gracindo Jr.  A cantora e compositora, teve músicas gravadas por grandes intérpretes da música nacional e internacional, como Milton Nascimento, com “A noite do meu bem”; Tito Madi, “Ternura antiga”; Gal Costa, “Estrada do sol” e Maysa, que gravou “Por causa de você”. Elis Regina gravou “Estrada do Sol” e também uma versão em francês para “A noite do meu bem”.
Em 1994, recebeu homenagem de Nana Caymmi, que gravou um CD só com obras suas com o título “A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran”. Em 1997, a Editora Globo lançou um fascículo e um CD, incluído na Coleção MPB Compositores nº 28, com o título “Dolores Duran”. No final dos anos 1990, o Centro Cultural Banco do Brasil apresentou o musical “Dolores”, com texto de Douglas Dwight e Fátima Valença e direção de Antônio de Bonis. O elenco era estrelado por Soraya Ravenle e a direção musical coube a Tim Rescala. No segundo semestre de 2001, várias de suas músicas foram apresentadas no musical “Estão voltando as flores” com as Cantoras do Rádio, roteiro e direção de R. C. Albin, com excursões por várias cidades. Em 2007, foi homenageada pela TV Globo no especial “Por toda minha vida” que contou de forma dramatizada sua vida e carreira artística apresentando ainda seus maiores sucessos em gravações originais. Em 2009, foi lançado pelo selo Biscoito Fino o CD “Entre amigos” que reuniu gravações inéditas da cantora realizadas em saraus domésticos na casa do amigo Geraldo Casé. As gravações foram realizadas entre 1958 e 1959, e incluem interpretações para o samba-canção “Marca na parede” no qual foi acompanhada por Baden Powell no violão e Manoel da Conceição, o Mão-de-Vaca na guitarra. No CD a cantora interpreta ainda standards da canção norte americana, composições de Edith Piaf e sambas-canção. Também estão presentes nessas gravações o pianista Jacques Klein e Chiquinho do Acordeom. Segundo a pesquisadora Ângela Almeida em texto do encarte do CD a “cantora se comporta como mais uma instrumentista na dinâmica da jam session”. Estão presentes ainda três faixas-bônus retiradas de encontros realizados na casa do casal Marques de Azevedo, avós de Marisa Monte entre 1949, quando a autora de “A noite do meu bem” contava com 19 anos, e 1953. Ainda em 2009, foi homenageada pelo saxofonista e flautista Mauro Senise em show baseado no CD “Lua cheia – um tributo a Dolores Duran e Sueli Costa” no qual o instrumentista acompanhado por Itamar Assieri ao piano, Ivan “Mamão” Conti na bateria e Paulo Russo no baixo interpreta os clássicos “Fim de caso”, “Por causa de você” e “Noite do meu bem”, entre outras. Em 2010, foi lançada pela EMI a caixa com oito CDs intitulada “Dolores Duran 50 anos depois” com matrizes da gravadora Copacabana restauradas pela EMI. Nos Cds estão gravações originais como a de “Canção da volta”, além de raridades como osamba “Tá pra acontecer”, de Monsueto, que permanecera esquecido deswde o lançamento em 1957, além de interpretações decanções em francês e ingles, como “My funny Valentine”. Em reportagem para o jornal O Globo, assim escreveu o jornalista João Máximo: “Que Dolores gostava de cantar, fica claro. E cantar de tudo. Não é verdade que a presença de canções em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão fosse uma exigência das boates aos seus crooners. Dolores é que, sem ser poliglota (como querem os que confundem bom ouvido com o conhecimento de outras línguas), tinha facilidade para aprender as letras estrangeiras. Sua aproximação com os standards internacionais, sobretudo americanos, deu-se por conta própria, opção de intérprete que realmente gostava de cantar. Se o ecletismo a prejudicou? Sim. Afinal, a melhor Dolores é a do samba-canção, que ela, além de cantar muito bem,sabia fazer ainda melhor.”

Em março de 2023 estreou no Itaú Cultural, em São Paulo, o espetáculo “Dolores – Minha Composição”,  definido como um monólogo musical sobre a vida e a obra da cantora. A peça foi idealizada pela atriz Rosana Maris, que também interpretou a cantora. A direção foi de Luiz Fernando Marques(Lubi), com direção musical de Fernanda Maia. Os músicos que tocaram foram Marcelo Farias, Pedro Macedo e Rodrigo Sanches. Entre as músicas no repertório estava “Por causa de você” (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran) e “Estrada do sol” (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran). Também participaram dos bastidores do espetáculo Denise Weinberg(preparação de atriz), Yakini Rodrigues(figurino), Gilberto Chaves(preparação vocal), Janette Santiago(orientação corporal), Wagner Pinto (Lighting Design), Gabi Costa(assistente de direção), João Baracho(design de som), Rodrigo Mercadante(voz off), Dicko Lorenzo(cabelo e maquiagem), Fabio Viana(Design Gráfico) e Daniel Palmeira(direção de produção). A produção e idealização foi da Bem Te Vi Produções Artísticas.

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Discografias
[ant. 1970] Copacabana LP Dolores Duran

Este disco faz parte da série Colagem

[ant. 1970] Copacabana LP Estrada da saudade

Exemplar promocional

2000 EMI/Copacabana CD Bis - Dolores Duran
1999 CD Dolores - Um musical
1999 CD Dolores bem acompanhada
1997 Globo Ed. CD Dolores Duran

(Fascículo nº 28, Coleção MPB Compositores)

1979 Copacabana LP Dolores Duran

Álbum duplo

1978 Abril Cultural 33/10 pol. Dolores Duran e Tito Madi

"Este disco faz parte da coleção 'História da Música Popular Brasileira', e vem acompanhado do fascículo, nº 47 com fotos, histórico dos compositores e as letras das músicas."

1972 RCA/Abril Cultural 33/10 pol. Dolores Duran e Tito Madi

"Este disco faz parte da coleção 'Nova História da Música Popular Brasileira' e vem acompanhado do com fotos, histórico dos compositores e as letras das músicas."

1959 Copacabana LP A música de Dolores

"Na contra-capas, as letras das músicas"

1959 Copacabana 78 A noite do meu bem/Fim de caso
1959 "Som, Indústria e Comércio S.A" LP Esse Norte é minha sorte

"Na capa, texto de Ruy Duarte"

1959 Copacabana 78 Te cuida, Zeca/Tá nascendo fio
1958 Copacabana LP A noite de Dolores

"Na contra-capa, texto de Claudio Luiz"

1958 Copacabana LP Dolores Duran canta para você dançar nº 2

"Na contra-capa, texto de Lucio Rangel"

1958 Copacabana 78 Love me forever/Onde está meu amor
1958 Copacabana 78 Nel blu dipinto di blu/Quem foi?
1958 Copacabana 78 Por causa de você/Estatutos de boate
1957 Copacabana LP Dolores Duran canta para você dançar
1957 Copacabana LP Estrada da saudade
1957 Copacabana 78 Só por castigo/Coisas de mulher
1957 Copacabana 78 Tião/Estrada da saudade
1957 Copacabana 78 Tá pra acontecer/Minha agonia
1956 Copacabana 78 A fia de Chico Brito/Na asa do vento
1956 Copacabana 78 Zefa Cangaceira/Pano legal
1955 Copacabana LP Dolores Duran viaja
1955 Copacabana 78 Manias/Pra que falar de mim
1955 Copacabana 78 Nigraj manteloj (Coimbra)/Sinceridad
1955 Copacabana 78 Não se avexe não/Nossos destinos
1954 Copacabana 78 O amor acontece/Canção da volta
1954 Copacabana 78 Praça Mauá/Carioca 1954
1954 Copacabana 78 Tradição/Bom é querer bem
1952 Star 78 Outono/Um amor assim
1951 Star 78 Que bom será/Já não interessa
Obras
A noite do meu bem
Canção da tristeza (c/ Edson Borges)
Castigo
Demais
Deus me perdoe (c/ Edson Borges)
Estrada do sol (c/ Tom Jobim)
Falsos amigos
Fim de caso
Idéias erradas (c/ Ribamar)
Leva-me contigo
Minha toada (c/ Edson França)
Noite de paz
Não me culpes
Olhe o tempo passando (c/ Edson Borges)
Pela rua, samba-canção (c/ Ribamar)
Por causa de você (c/ Tom Jobim)
Prece de Vitalina (c/ Chico Anísio)
Quem foi? (c/ Ribamar)
Quem sou eu? (c/ Ribamar)
Se eu tiver (c/ Ribamar)
Se é por falta de adeus (c/ Tom Jobim)
Solidão
Só ficou a saudade (c/ Fernando César)
Ternura antiga (c/ Ribamar)
Tome conta de você (c/ Edson Borges)
Clips
0 Vi-a, pela primeira vez, no Vogue: Cantava escondidinha, fora de luz, atrás do saxofonista. Quase não se lhe via o rosto. Faz muito tempo.Mais tarde, fizemo-nos amigos. Com Ismael Neto, andávamos constantemente juntos. Estava presente, quando fizemos algumas cançõs, "Canção da volta", por exemplo, de que foi a primeira intérprete. Hoje em dia, lembrava-se de canções, minhas e de Ismael, das quais não me lembro. Só ela se lembrava. Prometia sempre um encontro (ummaestro presente), para escrevermos essas músicas, que Ismael não teve tempo de escrever. Uma delas chama-se "Dez noites". Essas músicas não serão conhecidas nunca mais. Poucas vezes passou pela música popular uma mulher de tanta sensibilidade. Seu coração era um coração repleto de amor. Nunca a vi que não dissesse estar apaixonada. Não dizia por quem . Vi-a, pela última vez na madrugada da última quinta-feira, no Kilt Bar. Fazia contracanto com um disco de canção francesa. Todos a ouviam, em silêncio. Depois, levantou-se, atravessou o bar e foi sentar-se sozinha, a uma mesa escanteada. Atirou-me um amendoim, para que eu a olhasse, e gritou de lá; "Estou tão apaixonada, e quero ficar aqui quietinha. Poss?". Procuro você, agora, para guardar os traços de seu rosto. Você, palidamente, você. O aroma da morte, entre as flores. Realizo no sono do seu rosto toda a humanidade, num sómomento difuso e longínquo. Roda-me a cabeça pelo álcool que bebi à notícia de sua partida. Já não sei onde estão as palavras." Crônica de Antônio Maria publicada no dia seguinte à morte de Dolores Duran.
Bibliografia Crítica

AGUIAR, Ronaldo Conde. As Divas do Rádio Nacional – Rio de Janeiro: Casda da Palavra, 2010.

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB: A história dos cem anos. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1998.

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Mec/Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora 34, 1997.

Crítica

O primeiro grande resgate que se fez de Dolores Duran ocorreu – convém lembrar – com “Brasileiro, profissão esperança” (de Paulinho Pontes), quando a paixão da diretora Bibi Ferreira exibia a fossa incandescente (canções e fragmentos de vida) tanto de Dolores quanto de Antônio Maria. Os dois foram bafejados, desde então, como titulares imbatíveis da dor-de-cotovelo. Chorar as dores do amor, tomar um porre monumental porque foi abandonado? Nem discutir a receita: colocar no toca-discos os sambas-canções desesperados de Dolores ou Antônio Maria, de preferência “Fim de caso” e “Por causa de você” (de Dolores) ou “Ninguém me ama” e “Se eu morresse amanhã” (de Maria).

Os rios de lágrimas e os lenços empapados estariam assegurados. De Dolores, contudo, a impressão que me ficou foi de alegria. Explico: eu a ouvi uma única vez no Little Club, em Copa. Era o começo de 1959 e, para comemorar tanto meu ingresso na Nacional de Direito quanto minha maioridade (18 anos), dei-me de presente ir à boate onde ela cantava.

Dolores entra 15 minutos depois e, para surpresa minha, parecia resplandecer de felicidade. Era uma mulher baixa, um pouco gorda, em cuja face dois olhinhos quase orientais disparavam lampejos de vida – jamais de fossa. Embaixo do foco de luz, as bochechas salientes do rosto me pareciam fazer um estranho contraponto – ou, sei lá, até integração – com a saia godê (bem rodada, em inacreditável cor rosada). O “set” de Dolores duraria exatos 40 minutos, cravados avaramente no relógio de formatura do Pedro II, recém-dado por minha avó.

Dolores – animada por aquela felicidade que não me parecia usual – desfiou, um a um, os sambas mais quentes da época, especialmente os de Billy Blanco. Animei-me a fazer o primeiro pedido: “Praça Mauá”, gritei do fundo do bar. Dolores respondeu, desvendando de vez o tom daquela alegria compulsiva: ”Essa é a mais triste do Billy, que tal “Estatuto de gafieira”? E, de samba em samba, Dolores passou para a música do Nordeste. Começou imitando a Almira, do Jackson do Pandeiro, com “Fia de Chico Brito” (de Chico Anysio). O público gargalhava, surpreso. E logo engrenou com “Se avexe, não” (também de Chico e, como a anterior, de seu repertório), a que se seguiram outras animações musicais.

Eu, que vinha preparado para me inundar de fossa e noites do meu bem, não acreditava no que ouvia. Nem muito menos naquela alegria desenfreada de Dolores. E gritei-lhe o último pedido: “A noite do meu bem”. A endiabrada cantora não se fez de rogada: marcou um compasso dois por quatro nos dedos e cantou sua fossa clássica, mas em quase esfuziante ritmo de jazz. Brilhante, por sinal.

Ricardo Cravo Albin