
Compositora. Cantora. Instrumentista. Escritora.
Filha dos escritores Dias Gomes e Janete Clair. Irmã dos músicos Alfredo Dias Gomes e Guilherme Dias Gomes.
Estudou piano durante oito anos com Werther Politano. Iniciou suas primeiras composições aos 10 anos de idade. Ainda no colégio, começou a pesquisar e a compor em português arcaico, sendo dessa época suas canções “Galvan el gran cavalero” e “Aquestas mañanas frias”. Em 1980, graduou-se em Física, pela Faculdade de Humanidades Pedro II (FAHUPE), no Rio de Janeiro. Fez pós-graduação latu sensu em Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFICS). Cursou o Conservatório Brasileiro de Música (Violoncelo), onde foi aluna de Paulo Santoro. É autodidata no violão e na flauta doce.
Em 1970, suas composições “Pelas muralhas da adolescência” e “Tema verde” (c/ Guilherme Dias Gomes) fizeram parte da trilha sonora da novela “Assim na Terra como no Céu” (Rede Globo).
Ainda na década de 1970, participou, como compositora e cantora, da trilha sonora das seguintes novelas da TV Globo: “Bravo!” (1975), de Janete Clair, com as canções “O amor contra o tempo” e “Montanhês”; “O pulo do gato” (1978), de Bráulio Pedroso, com a canção “Pedra de ouro”; e “Pai Herói” (1979), de Janete Clair, com a canção “Alouette”.
A canção “Alouette”, muito executada nas emissoras de rádio, foi lançada, no ano seguinte, em compacto simples, atingindo a vendagem de 300.000 cópias, o que valeu à cantora um Disco de Ouro e a participação em programas de televisão, como o “Fantástico” (Rede Globo). Em seguida, gravou um compacto duplo com a versão cantada e a versão instrumental de “Alouette” e contendo as faixas ainda “Chocolat”, “Jardineiro” e “Sândalus” (instrumental, com solo de flauta doce executado pela cantora), todas de sua autoria. Mais tarde, “Alouette” foi incluída na coletânea “Belle France” (Globodisc).
Na década de 1980, atuou em produção musical de trilhas de novelas e dos seriados “O bem amado” e “Quarta nobre”, na TV Globo, como assistente de Waltel Blanco. Ainda nessa emissora, trabalhou no Arquivo de Som, em catalogação de músicas para a informatização do acervo.
Em 1980, gravou seu primeiro LP, “Pelos caminhos da América” (Tape Car/Som Livre), contendo suas composições “Lavadeiras”, “Boiadeiros do céu”, “Colina branca”, “Missão” e “Garganta”, além de “Minha cidade suja” (música de Milton Nascimento sobre poema de Ferreira Gullar), “Repente louco” (Joanna e Ronaldo Malta), “Coração cigano” (Toni Bahia, Joanna e Sarah Benchimol), “Qualquer dia” (Mário Martins) e “Nas areias da ampulheta” (Paulo Feital e Cláudio Cartier). O disco contou com arranjos de Jayme Alem e do Grupo Água, que atuou também na instrumentação, e texto de apresentação de Ferreira Gullar. Nessa época, fez show, com o Grupo Água, no Parque Lage (RJ).
Em 1981, atuando como cantora e instrumentista (violão e flauta doce), lançou o LP “Toda cidade é um pássaro”, registrando exclusivamente canções de sua autoria: “Toda cidade é um pássaro”, “Já se faz madrugada”, “Sábia natureza”, “Canção do último bonde”, “Cama na calçada”, “Grande amor”, “Fazenda sonho”, “Canção do prisioneiro”, “Meninos do relento” e “Atrás da estrela”. O disco, produzido por Ronaldo B. Vieira, contou com a participação de Alain Pierre (arranjos, baixo acústico, baixo elétrico, violão, percussão e vocal), Paulinho Soledade (arranjos, violão Ovation, guitarra e vocal), Beto Resende (viola), Marcelo Costa (percussão e vocal), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Guilherme Dias Gomes (piano), Alfredo Dias Gomes (bateria), Ana Lucia (vocal) e Cecília (vocal).
Em 1983, como cantora e instrumentista (charango, flauta doce, tambor, cravo e flauta doce soprano), gravou o LP “Canto lunar”, contendo suas composições “Luzes da cidade”, “Voa canção”, “Moça de La Mancha”, Grande amor”, “O amor é leve”, “O sol”, “Canção de acender a noite”, “Estrela no mar, peixe no céu” e “Cama na calçada”, além da faixa-título. O disco foi produzido por Ronaldo B. Vieira e contou com a participação de Alain Pierre (arranjos, violão, saltério, baixo acústico), Myrna Herzog (flauta doce, flauta doce tenor, kruhm Horns, viola da gamba, violoncelo, vielle), Paulinho Soledade (guitarra), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Beto Resende (viola), Freddy Anrique (Bombo Leguero) e Eliahu Feldman (vocal). A música “Canto lunar” foi, mais tarde, gravada pelo grupo Tarancon.
Ainda na década de 1980, participou, como compositora e cantora, da trilha sonora das seguintes novelas da TV Globo: “Coração alado” (1980), de Janete Clair, com a canção “Lavadeiras”; “Voltei pra você” (1983), de Benedito Ruy Barbosa, com a canção “Cavaleiro do Rio Seco”; e “Sinhá moça” (1986), de Benedito Ruy Barbosa, com a canção “Companheiro”.
Em 1992, gravou o LP “Cantiga do verso avesso”, contendo composições próprias e arranjos de Alain Pierre. No repertório, as canções “Casa da infância”, “Soneto do amor nascendo” (sobre poema de Pedro Lyra), “Cantiga da estrela barca”, “Cantiga da noite mágica”, “Poema do cego, da noite e do mar” (sobre poema de Moacyr Félix), “Aquestas mañanas frias”, “Canção do inverno”, “Gira noite”, “O pescador” e “Canção” (sobre poema de Ivan Junqueira), além da faixa-título e de “Cavaleiro do Rio Seco”, homenagem ao compositor e cantor Elomar. O disco contou com a participação de Jaques Morelenbaum.
Criou, em 1994, o grupo Trovarte, cantando acompanhada por Ludmila Plitek (violino), Ivan Sérgio Niremberg (viola) e Beto Resende (violão). Com o conjunto, apresentou-se em recitais na Academia Brasileira de Letras, na Casa de Cultura Estácio de Sá e em eventos beneficentes realizados no Rotary Clube, além de atuar em festas e convenções.
No ano seguinte, lançou o CD “Cinco movimentos e um soneto”, musicando poemas de Ivan Junqueira. O disco contou com a participação de Alain Pierre (arranjos, violão, teclados e alaúde), Jaques Morelenbaum (violoncelo) e Alexandre Caldi (saxofone). Atuou também como tecladista em algumas faixas.
Paralelamente à sua atuação como compositora, cantora e instrumentista, é autora dos seguintes livros: “Geração estrela” (Paz e Terra, 1976), com prefácio de Moacyr Félix; “Flor do milênio” (Civilização Brasileira, 1981), com texto de orelha assinado por Moacyr Félix; “Canções de acender a noite” (Civilização Brasileira, 1982), com prefácio de Paz Loureiro; “Equação da noite” (Philobiblion, 1985), com prefácio de Pedro Lyra; “Ponto zero” (Globo, 1987), com prefácio de Antônio Houaiss e posfácio de Olga Savary; “O inventor de enigmas (José Olympio, 1989), com prefácio de Ivan Junqueira); “Invenção para uma velha musa” (José Olympio, 1990),com prefácio de Nelson Werneck Sodré; “Teatro dos elementos & outros poemas” (Sette Letras, 1993), com prefácio de Rachel de Queirós; “Cantares de amor e abismo” (Sette Letras, 1995), com prefácio de Carlos Emílio Corrêa Lima); “O insólito festim” (Nova Fronteira, 1994), com prefácio de Rachel de Queirós; e “O violoncelo verde” (Civilização Brasileira, 1997), com prefácio de Sérgio Viotti. Publicou, ainda, a coletânea “Poesia reunida” (Ediouro, 2002).
Como escritora, recebeu as seguintes premiações: Prêmio Guararapes de Poesia (União Brasileira de Escritores), em 1987, pelo livro “Equação da noite”; Prêmio União Brasileira de Escritores, na categoria Melhor Autor Jovem, em 1988; Prêmio Nacional de Literatura do Pen Clube do Brasil (Prêmio Luísa Cláudia de Souza), em 1990, pelo livro “O inventor de enigmas”; Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1990, pelo livro “Invenção para uma velha musa”; Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras, em 1991, pelo livro “Invenções para uma velha musa”; Prêmio José Marti de Literatura, conferido pela Casa Cuba Brasil, na categoria Poesia, pelo conjunto da obra; Prêmio Nacional de Literatura do Pen Clube do Brasil (Prêmio Luísa Cláudia de Souza), na categoria Romance, em 1995, pelo livro “O insólito festim”; e Prêmio Alejandro José Cabassa (União Brasileira de Escritores), na categoria Romance, em 1995, pelo livro “O insólito festim”.
Em 2001, passou a integrar, como violoncelista, a Orquestra Rio Camerata.
Lançou, em 2004, o CD “Mapa das horas”, atuando como cantora e violoncelista. No repertório, suas composições “O rei das esporas douradas”, “Estátuas gigantes”, “Minha rua é Bagdá”, “Canções do segredo”, “Canto lunar”, “A força do mundo”, “Pedalando sobre as casas”, “Outros ventos”, “Pedra no rio”, “Partindo-se” (sobre poema de João Roiz del Castel Branco, séc. XVI), “Cantiga da Ribeirinha” (sobre poema de autor desconhecido, séc. XV) e “Pois tanto gosto levais” (sobre poema de Diogo Brandão, séc. XVI). O disco contou com a participação de Alain Pierre (co-produção, arranjos, violão, viola, baixo, alaúde, piano, teclado, organeto medieval, espineta, percussão e voz), Lenora Mendes (flauta doce, viola da gamba, vielle, viela de roda, darback, aduf e tambores), Alexandre Caldi (sax alto), Elza Marins (oboé) e Luciano Rocha (violoncelo barroco). Nesse mesmo ano, fez show de lançamento do disco na Academia Brasileira de Letras (RJ).
(Participação:)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.