
Cantora. Nascida nos Estados Unidos durante uma estada de seus pais. Seu pai era brasileiro, sendo pianista e professor de línguas e a mãe, americana. Foi criada no Brasil. Estudou piano na Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Depois de passar a infância e a adolescência no Brasil voltou aos Estados Unidos com 19 anos de idade, tendo estudado canto na Juilliard School of Music. Foi chamada pela imprensa norte americana de “Embaixadora da canção popular brasileira”. Em 1950, casou-se com um norte americano de nome Samuel Tuthill e passou a assinar o nome de Delora Tuthill, sendo ainda conhecida como Mrs. Tuthill. Depois de muitos anos vivendo no Brasil voltou a morar nos Estados Unidos em 2006 fixando residência em Port St. Joe, na Flórida, cidade na qual costumava apresentar-se no Beacon Hill Retirement Center.
Iniciou a carreira no começo dos anos 1940 apresentando-s em salas de concerto nos Estados Unidos e em estações de Rádio. Atuou como vocalistas de orquestras como a de Paul Whiteman, apresentando na Rádio ABC. Em 1949, teve na mesma Rádio um programa de 15 minutos intitulado “Delora Bueno Show”. Com o sucesso obtido o programa foi estendido para meia hora e passou a chamar-se “Flight to Rhythm”, contando ainda com a presença do apresentador cubano Miguelito Valdés, além de um orquestra e dançarinos dentro de um cenário inspirado na noite boêmia do Rio de Janeiro. Atuou ainda em locais como a Versailles, em Nova York. De volta ao Brasil, fez temporada em 1954 na boate Vogue, em Copacabana. Em 1955, lançou pela Odeon o LP “Cânticos brasileiros”, no qual interpretou as canções “Tamba-Tajá” e “Cobra Grande”, de Waldemar Henrique; “Óia o sapo”, “Toca-toca”, “Tayeiras” e “Casinha Pequenina”, temas tradicionais brasileiros; “Pingo Dágua”, de Osvaldo de Souza; “Maringá”, de Joubert de Carvalho, e a marcha “Upa Upa (Meu Trolinho)”, de Ary Barroso, em disco que contou com acompanhamento de Orquestra, exceto nas faixas “Óia o sapo” e “Casinha pequenina”, nas quais foi acompanhada por Conjunto Regional. Em 1957, também pela Odeon, lançou o LP “Uma canção, uma saudade” no qual interpretou a toada “Gauchinha bem querer”, de Tito Madi; a “Valsa de São Paulo”, de Sivan Castelo Neto; os sambas “Rio de Janeiro”; “Na Baixa do Sapateiro” e “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso; “Sábado em Copacabana”, de Dorival Caymmi e Carlos Guinle, e “Saudade da Bahia”, de Dorival Caymmi; a marcha “Cidade Maravilhosa”, de André Filho; os baiões “Paraíba”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e “Baião de Nova York”, de Maria Rosa Passanese Lobo, e as canções “Rio Amazonas”, de Alberto Montalvão, e “Noite de São João”, de Maria Rosa Passanese Lobo. No começo dos anos 1960, apresentou o programa radiofônico de 15 minutos “Kodak revela a música” no qual falava da vida de um compositor e interpretava músicas dele ao piano. Em 1963, lançou, pela RCA Victor, o LP “Kodak revela a música” no qual interpretou uma seleção de sambas canção: “Chove lá fora”, de Tito Madi; “Adeus”, de Maysa; “Exemplo”, de Lupicínio Rodrigues; “Franqueza”, de Denis Brean e Osvaldo Guilherme; “A noite do meu bem”, de Dolores Duran; “Tanto amor”, de Luiz Bonfá e Reinaldo Dias Leme; “Corcovado”, de Tom Jobim; “Se é tarde, me perdoa”, de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli; “Rimas de ninguém”, de Vera Brasil; “Cheiro de saudade”, de Djalma Ferreira e Luis Antônio; “Poema Azul”, de Sérgio Ricardo, e “Céu e mar”, de Johnny Alf. Em 1973, sua gravação para o samba-canção “Corcovado”, de Tom Jobim, foi incluída no LP “Antônio Carlos Jobim – Série grandes autores”, da RCA Camden. Em 2000, sua gravação para “Corcovado”, foi incluída no CD duplo “Raros compassos”, do selo Revivendo com gravações raras de músicas de Tom Jobim. Embora de curta carreira fonográfica, tendo lançado apenas três LPs, sua participação foi marcante como intérprete de temas folclóricos, tendo sido grande divulgadora da música brasileira em terras norte americanas.
MUGNAINI JR.,Ayrton. Enciclopédia das músicas sertanejas. São Paulo: Letras e Letras, 2001.