
Cantora lírica.
Nascida em Portugal, veio para o Brasil com poucos meses de vida indo morar no Rio de Janeiro. Foi um dos principais nomes do canto lírico ligeiro no Brasil tendo gravado várias obras de música popular. Estudou piano e canto, recebendo aulas da grande professora de canto Cândida Kendall e com Madame Poukine, na Europa. Foi casada com o jornalista paulista Breno Maristany. Mereceu do maestro Villa-Lobos o seguinte elogio: “O seu cantar penetra no ambiente de cada canção com rara autenticidade. Intérprete fiel de todos os autores, reunindo ao apuro ténico uma espontânea e surpreendente musicalidade.” Acabaria por morrer em Rio Claro, cidade famosa nos meios musicais por ser o berço de outra célebre cantora, Dalva de Oliveira.
Gravou seu primeiro disco em 1930, pela gravadora Odeon, cantando a canção “Saudade sombria”, de Bento Mossurunga e Silveira Neto e a valsa “Solidão”, de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago com acompanhamento da Orquestra Guanabara. Nessa época, apresentava-se com o nome artístico de Cristina Costa. Em seguida, com acompanhamento da mesma orquestra gravou os sambas-canção “Violinha” e “O sorrir brasileiro”, de Henrique Vogeler e a valsa “Glorificação”, de Peri Pirajá e Osvaldo Santiago. Nesse mesmo ano, transferiu-se para a gravadora Brunswick e lançou com acompanhamento da Orquestra Brunswick sob a direção de Henrique Vogeler a canção “Passarinho cantador”, de Henrique Vogeler e Iveta Ribeiro e o samba “Pálida canção”, de Henrique Vogeler e Josué de Barros. No ano seguinte, gravou com acompanhamento da mesma orquestra as canções “A roceirinha”, de Henrique Vogeler e “É primavera”, de M. C. Paim e Aratimbó.
Lançou pela Columbia em 1935 as serenatas “Estrellita”, de Ponce e “El clavelito em tus lindos cabellos”, de Francisco Mignone com o acompanhamento da Orquestra de Concertos Columbia. Em 1937, viajou para a Argentina e apresentou-se com sucesso durante dois meses na Rádio Splendid. Pouco depois, viajou por conta própria para a Europa onde permanceu por dois anos retornando ao Brasil devido ao começo da Segunda Guerra Mundial. Na Europa, apresentou-se nas cidades de Berlim, Londres, Paris, Haia e Hamburgo, entre outras. Nesse período, foi solista da Orquestra Sinfônica de Paris. Foi chamada por críticos da Alemanha de “Rouxinol do Brasil” e também de uma das “maiores intérpretes de Mozart”. Apresentou-se em Paris acompanhada de Camargo Guarnieri.
Em 1940, gravou na Victor as canções “Canção negra”, de Clutsan e Francisco Galvão e “Gaita”, de Radamés Gnattali e Augusto Meyer. Nesse ano, foi contratada pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro onde permaneceu por 16 anos. Em 1943, gravou uma série de três discos para a o acervo histórico-fonográfico da Discoteca Pública Municipal de São Paulo com as “Treze Canções de Amor”, de Camargo Guarnieri, que fez os acompanhamentos ao piano.
Em 1949, gravou na Continental as canção “Canto de negros”; “Assombração”; “Toada número 3” e “Refrão do mutm”, de autores desconhecidos. Nessa época, participou com razoável frequencia dos programas radiofônicos especialmente as do radialista Renato Murce, que por ela nutria grande admiração.
Em 1950, voltou a cantar na Europa se apresentando em Paris e Roma. Em 1952, voltou a gravar na Odeon e registrou as canções “Prenda minha” e “Casinha pequenina”, de motivo popular com acompanhamento do quarteto de cordas de Célio Nogueira. Em 1953, foi uma das fundadoras da Academia de Música Lorenzo Fernandes. Em 1955, na Odeon, regravou a canção “Estrelita”, de M. Ponce e gravou a canção “Oh! Doce mistério da vida”, de Herbert, Rida Johnson e versão de Alberto Ribeiro. Nesse ano, gravou as modinhas “Tormentos que eu padeço” e “Foi numa noite calmosa”, com harmonias de Batista de Siqueira. Em 1965, recebeu da Academia Brasileira de Música a medalha Carlos Gomes.
Em 2002, o selo Revivendo lançou o CD “Quem sabe?”, com destaque para a música título, de Carlos Gomes – Bittencourt Sampaio, e também para a “Ave-Maria”, de Schubert com adaptação sua. Fazem parte ainda do disco as suas interpretações para as músicas “Saudade sombria”, de Bento Mossurunga e Silveira Netto; “Solidão”, de Eduardo Souto e Oswaldo Santiago; “Violinha”, de Henrique Vogeler; “Glorificação”, de Pery Pirajá e Oswaldo Santiago; “O sorrir brasileiro”, de Henrique Vogeler; “Passarinho cantador”, de Henrique Vogeler e Iveta Ribeiro; “Pálida recordação”, de Henrique Vogeler e Josué Barros; “Canção negra”, de Clutsam e Francisco Galvão; “Tuas mãos”, de Francisco Mignone; “Variações sobre o tema de Luar do sertão”, de Radamés Gnattali e Augusto Meyer; “Quando uma flor desabrocha”, de Francisco Mignone; “Sou tão feliz”, de Carlos Helm e Ariowaldo Pires; “Poema”, de Zdenko Fibich e Ariowaldo Pires; “Canção da guitarra”, de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo; “Tristeza (Tristess), de Chopin, com adaptação sua; “Hei de amar-te até morrer”, de Moniz Barreto; “Se os meus suspiros pudessem”, de domínio público e “Era tão lindo o meu amor”, de Carolina Cardoso de Menezes.
Além dos discos no Brasil, gravou também em Paris, Berlim e Buenos Aires. Foi considerada por muitos como a maior intérprete de Villa-Lobos e também a mais importante cantora brasileira de música de câmara.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.