
Compositor. Instrumentista.
Antes de começar a tocar violão, foi pescador.
Autodidata, fabricou seu próprio violão na base de tábuas de caixotes de querosene e cordas de piaçaba. Mais tarde aperfeiçoou-se pelo método do violonista Canhoto.
Seus filhos, Carlos, Marinalva, Antônio Mascarenhas, Cláudio, Marilena e Mercês são compositores e cantores e seguiram carreiras solos após terem gravado com o pai.
Em sua homenagem uma das escolas públicas da região ganhou o seu nome de batismo.
Em 1930 compôs a sua primeira música, intitulada “Minha primeira valsa”. A partir de 1939, começou a trabalhar em várias emissoras de rádio em Salvador, na Bahia. Por essa época, conheceu Dorival Caymmi e Riachão, os quais passou a acompanhar ao violão.
Na década de 1960 passou a residir no Rio de Janeiro.
Em 1964 pela companhia Velhacap, lançou o LP “Alma do mar”. Dois anos depois, em 1966, pela etiqueta Polydor, lançou o seguindo disco, no qual incluiu 12 composições de sua autoria. No ano seguinte, em 1967, Elizete Cardoso, no LP “A enluarada Elizete”, interpretou de sua autoria “Capoeira três”, participando deste mesmo disco ao lado de Pixinguinha, Cartola e Clementina de Jesus.
No ano de 1969 lançou pela Copacabana Disco o LP “Um violão muito bom, modéstia à parte”, no qual incluiu de sua autoria “Nagasaki”, “Apolo 11” (c/ João Mello) e “Garota da Tijuca”, além de “Onde é que você estava”, composição desconhecida de Chico Buarque. No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou o disco “Vim pra ficar”, no qual interpretou de sua autoria “Badinho”, “A canção de amor do meu amor” (c/ Paulo Tito), “Canto das flores” e “Vim pra ficar”, estas duas últimas em parceria com Heloísa Serra. Ainda neste LP, interpretou diversos clássicos da MPB: “Irmãos coragem” (Nonato Buzar e Paulinho Tapajós), “Pedacinho do céu” (Waldir Azevedo) e “Boa noite, amor”, de autoria de José Maria de Abreu e Francisco Mattoso.
Em 1974 foi convidado pelo produtor Ricardo Cravo Albin a participar do histórico show “Se Você Jurar”, que homenageava Ismael Silva e Carmen Costa, percorrendo todo o sul do país, encerrando temporada no teatro Senac-Rio, onde permaneceu em cartaz por um mês. Anos mais tarde, lançou outros cinco discos por várias gravadoras, entre elas a CID. Nestes discos, foi muitas vezes acompanhado por regionais interpretando composições suas ou de outros músicos. Neste mesmo ano apresentou-se no Teatro Gláucio Gill, com Sidney Matos (violonista, tecladista e diretor musical de Gonzaguinha e Ivan Lins nessa época), no show “O Velho e o Novo”.
No ano de 1977 apresentou sua composição “Cordinhas em Nó”, no “Primeiro Festival de Choro da TV Banderantes”.
Em 1978 lançou pela gravadora CID o LP “Coisas da minha terra”, que contou com a participação especial de Elizeth Cardoso na faixa “Indecisa aurora” (c/ Itamar Souza e Silva) e ainda de músicos renomados como Sivuca, Paulo Moura, Déo Rian, Wilson das Neves, Jaime Alem e de seu filho Codozinho (Antônio Mascarenhas). Neste mesmo LP incluiu, de sua autoria, as composições “Nazareth”, “Cordinha de nó”, “Juliana”, “Saudade da minha terra”, “Bahia de encantos” e “Briga de rei”, esta em parceria com Francisco Fiúza.
No ano de 1984, pouco antes de falecer, por iniciativa do poeta José Carlos Capinan e com arranjos do maestro Rogério Duprat, lançou o LP elepê “Série Música Brasileira, vol. 1 – Codó”. No disco, patrocinado pela Companhia Glasurit do Brasil.
Durante a sua carreira, gravou oito LPs e dois compactos e como compositor possui mais de 90 músicas gravadas no Brasil e no exterior.
Em sua homenagem o violonista Baden Powell compôs “Um abraço no Codó”, gravado pela a Orquestra Pró-Arte e o próprio homenageado.
A data de produção foi fornecida pelo livro 'Elizeth Cardoso - uma vida' de Sérgio Cabral.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso – Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.
CHAVES, Xico & Sylvia Cyntrão. Da Paulicéia à Centopéia Desvairada – As Vanguardas e a MPB. Rio de Janeiro: Elo Editora, 1999.
Codó é mesmo um tremendo instrumentista. Bate um violão solo que, às vezes, até parece cavaquinho e bandolim, com tranquilidade e agilidade incríveis…Como criador, esquadrinha quase todas as formas populares que viveu. O que nele é mais apreciável é essa capacidade de diversificação, fruto da sua rica experiência de músico profissional…Valsas, choros, canções, sambas e cantos praieiros: enfrenta tudo…E tudo com a mesma correção, sacando os caminhos peculiares a cada forma, estilo, quebrada, jogo de cintura. Fato raro mesmo em músicos da qualidade dele. Exibe a sua aprimorada execução de virtuose sem exibicionismo. Vale dizer: mostra uma técnica sofisticada em passagens de grande dificuldade, sem que a gente
perceba, como se estivesse tomando um copo d`água…Trabalho com Codó
não é trabalho, é divertimento.
Rogério Duprat