Cantora. Compositora.
Nasceu em Cedro que é um dos municípios de Paraopeba. A cidade foi renomeada para Caetanópolis em homenagem à família Caetano, proprietários da fábrica de tecidos que gerava emprego e desenvolvimento àquele pequeno lugarejo. Em Caetanópolis viveu até aos 16 anos.
Era a caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes.
O pai tinha o ofício de serrador (marceneiro) na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, e era conhecido como Mané Serrador, violeiro e participante das festas de Folia de Reis.
Em 1944, ficou órfã de pai e pouco depois, órfã de mãe, sendo criada por sua irmã Dindinha (Maria Gonçalves) e o irmão José, conhecido como Zé Chilau.
Participou de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística, onde cantava ladainhas em latim no coro da igreja.
Aos 14 anos ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira. Dois anos depois, mudou-se para Belo Horizonte, indo morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim. Trabalhou como tecelã, fez o curso normal à noite e, no final de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava.
Cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, segundo as suas próprias palavras, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio.
Em 1966 interpretava “Amor quando é amor” (Niquinho e Othon Russo) no filme “Na onda do iê-iê-iê”, do diretor Aurélio Teixeira, o que marcaria o início de seu relacionamento com à Jovem Guarda, pois o filme era recheado de números musicais com o pessoal do movimento, destacando-se o cantor Paulo Sérgio, Ed Lincoln, Wanderley Cardoso, Os Vips, Sílvio César, Rosemary, The Fevers, Renato e Seus Blue Caps. No ano seguinte a cantora voltou às telas do cinema, desta vez interpretando a marcha “Carnaval na onda”, de José Messias, no filme “Carnaval Barra Limpa”, de J.B Tanko. No filme participaram João Roberto Kelly, Emilinha Borba, Ângela Maria, Altemar Dutra, Marlene e Dircinha Batista.
No ano de 1968 fez a sua última atuação em cinema, quando interpretou “Não consigo te esquecer”, de Elizabeth, no filme “Jovens Pra Frente”, de Alcino Diniz, estrelado por Rosemary, Jair Rodrigues e Oscarito. Após essa gravação parou de flertar com o movimento da Jovem Guarda e passou a cantar samba por influência de Ataulpho Alves e Adelzon Alves.
Ao que se sabe compôs uma única música em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro “A flor da pele”, que integrou o LP “As forças da natureza”.
Pesquisou a música popular brasileira, seus ritmos e seu folclore. Viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, converteu-se ao candomblé.
Foi uma das cantoras que mais gravou os compositores da Portela, escola para a qual torcia.
Fundou com o marido, o poeta e letrista Paulo César Pinheiro, o Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro.
Faleceu vítima de complicações operatórias decorrentes de uma operação de varizes no ano de 1983, tendo sido homenageada pela Prefeirura da Cidade do Rio de Janeiro, quando a rua em que se encontra a quadra da Escola de Samba Portela foi rebatizada com o nome “Rua Clara Nunes”.
Em 1988, Maria Gonçalves, irmã de Clara Nunes, reuniu em Caetanópolis várias peças do vestuário da cantora, assim como adereços e objetos pessoais e criou uma sala que abriga o acervo de sua obra em um espaço físico com cerca de 120 metros, anexado à creche que leva o seu nome.
Em 2004 a Prefeitura de Caetanópolis inaugurou “Memorial Clara Nunes”, com peças doadas por parentes, amigos, admiradores, gravadora e o ex-marido, o poeta Paulo César Pinheiro. Também foi criada a Creche Clara Nunes, ambos coordenados por Maria Gonçalves (Dindinha), irmã velha da que passou a criar a cantora quando esta tinha apenas quatro anos. Empresas como Vallourec & Mannesmann, entre outras, pretende dar apoio à criação de um futuro “Museu Clara Nunes”, em memória de sua filha mais ilustre. O museu será no antigo cinema Clube Cedrense, que pertencia à fábrica têxtil Cedro-Cachoeira, no qual a cantora se apresentou pela primeira vez. Ao acervo, coordenado pelo sobrinho da cantora, o músico Márcio Guima, foram incorporadas novas peças.
No ano de 2012, em comemoração ao aniversário de 70 anos, a cantora ganhou um memorial em sua cidade Caetanópolis, em Minas Gerais. Com curadoria de sua irmã mais velha Maria Gonçalves (a Mariquita), o acervo do Memorial Clara Nunes conta com 6.100 peças pessoais e artísticas da artista, cedidas por vários amigos, inclusive, o ex-marido Paulo César Pinheiro. No Rio de Janeiro, neste mesmo ano, foi inaugurado o Mergulhão Clara Nunes, passagem subterrânea que liga os bairros de Madureira e Campinho, na Zona Norte da cidade. Ainda como parte das comemorações dos 70 anos, seu biógrafo, Vagner Fernandes, relançou a segunda edição, revista e aumentada, do livro “Clara Nunes – A Guerreira da Utopia”.
No ano de 2018 estreou em circuito comercial e no Canal Curta Brasil (para o qual foi produzido) o documentário “Clara Estrela”, dirigido por Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir. Construído através de entrevistas da cantora em diversas ocasiões, o documentário privilegia as entrevistas concedidas a emissoras de rádio e TV, inclusive, emissoras internacionais como um canal de televisão da Suécia. Quando se trata de entrevistas escritas (a jornais e revistas) a atriz Dira Paes faz a dublagem da voz da cantora. No filme também foram incluídas cenas de encontros musicais da cantora com Vinicius de Moraes e Martinho da Vila, entre outros artistas. Neste mesmo ano, de 2018, a carnavalesca Rosa Magalhães, o presidente da Escola, Luís Carlos Magalhães e Fábio Pavão, presidente do Conselho Deliberativo da Escola, definiram o enredo “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma sabiá”, em homenagem à cantora, contando a sua trajetória artística no desfile subsequente. No ano seguinte, em 2019, a Livraria Blooks, em parceria com a Estação NET Rio e o Canal Curta! apresentou na segunda edição do “Sessão Curta! Blooks”, na Estação Net Rio, em Botafogo, o documentário “Clara Estrela”, de Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir. Na ocasião, aconteceu um debate com os diretores e a participação do biógrafo da cantora, o jornalista Vagner Fernandes.
Em 2023, na data em que completaria 81 anos, houve a estreia do espetáculo musical “Uma DeCLARAção de amor – 40 anos de saudades”, no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, em que foi interpretada pela atriz e cantora gaúcha Bruna Pazinato, sob a direção de Nico Rezende e Ernaldo Santini.
No ano de 2024 foi lançado o volume “Clara – Uma Fotobiográfia” na Quadra da Portela, com o patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e com apoio do Banco Icatu, da Editora PUC-Rio e Da Lapa Produções Artísticas. O livro, organizado de professor-doutor Júlio Diniz contou com textos do próprio, e ainda de Rodrigo Faour, Rodrigo Alzuguir, Luíza Marcier, Giovanna Dealtry e Ana Njeri, além de depoimentos exclusivos colhidos por Ana Basbaum (Alcione, Dori Caymmi, Joyce Moreno, Leci Brandão, Maria Bethânia e Paulinho d aViola), Rodrigo e Renata Alzuguir (Chico Buarque, Elba Ramalho, Marisa Monte e Nana Caymmi) e Rodrigo Alzuguir (João Bosco), trazendo também uma compilação de textos transcritos de declarações de Clara Nunes em rádio, TV e mídia impressa feita por Rodrigo e Renata Alzuguir.
Em 1952, ainda menina, ganhou o primeiro prêmio como cantora (um vestido azul), interpretando “Recuerdos de Ypacaraí” no concurso organizado por Joãozinho da Farmácia.
Aos 16 anos, já morando em Belo Horizonte, conheceu o violonista Jadir Ambrósio (compositor do Hino do Cruzeiro), que, admirado com a voz da menina a levou a vários programas de rádio, como “Degraus da Fama”, no qual se apresentou com o nome de Clara Francisca.
No início da década de 1960 conheceu também Aurino Araújo (irmão de Eduardo Araújo) que a levou para conhecer muitos artistas e tornou-se seu namorado por dez anos. Por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes.
No ano de 1960, já com o nome de Clara Nunes (sobrenome da mãe), foi a vencedora do concurso “A voz de ouro ABC” na fase mineira, com a música de Vinicius de Moraes “Serenata do adeus”, gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Logo depois, com a música “Só adeus”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, obteve o 3º lugar na finalíssima realizada em São Paulo. Por essa época, foi contratada pela Rádio Inconfidência de Belo Horizonte.
Trabalhou como crooner de boates, teve como baixista Milton Nascimento, na época, conhecido como Bituca.
Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais. Na época, apareceu pela primeira vez na televisão, no programa de Hebe Camargo em Belo Horizonte. Logo depois, em 1963, iniciou um programa na TV Itacolomi, “Clara Nunes apresenta”, que foi ao ar por um ano e meio, no qual se apresentavam artistas de reconhecimento nacional, como Altemar Dutra e Ângela Maria, entre outros. “Eu contratava quem eu queria, viajava muito. Era uma espécie de ídolo em Minas. Naquela época, a televisão tinha vida local, ajudava a revelar muita gente. Este trabalho me deu muita base para enfrentar o Rio de Janeiro. Não vim no desespero. Pude esperar com calma até gravar meu primeiro LP”, afirmou em uma de suas muitas entrevistas.
No ano de 1965 foi para o Rio de Janeiro. Morou em uma “vaga” na rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Por essa época, apresentou-se em vários programas de televisão “José Messias”, “Chacrinha”, “Almoço com as estrelas”, de Aerton Pelingeiro e no programa de Jair do Taumaturgo. Ainda nesse ano, fez teste como cantora na gravadora Odeon e registrou pela primeira vez a sua voz em um LP lançado pela Rádio Inconfidência de Minas Gerais, ao lado de outros artistas, pela mesma gravadora.
Antes de aderir ao samba, cantou bolero, percorreu emissoras de rádios e televisão, escolas de samba, clubes, programas de auditórios e casas noturnas nos subúrbios do Rio de Janeiro.
Em 1966, contratada pela gravadora Odeon, a primeira e a única de sua vida, gravou o primeiro comapcto simples com as faixas “Amor Quando É Amor” (Niquinho e Othon Russo) e “De Vez Em Quando”, de João Roberto Kelly. Neste memso ano lançou o primeiro LP, “A voz adorável de Clara Nunes”. No disco interpretou boleros, sambas-canções e a canção “Adeus Rio”, de autoria de J. Júnior. Ainda em 1966 participou da trilha sonora do filme “Na Onda do iê Iê Iê” e do fole “Carnaval Barra Limpa”, estrelado pelo comediante Costinha. No ano seguinte, em 1967, lançou um compacto duplo com as faixas “A Imensidão – Limmensitá-Detto/Don Backy/Mogol” (Vrs. Geraldo Figueiredo), “Não Me Prendas” (Release Me) (Eddie Miller / W. S. Stevenson / Vrs. Bruno Silva), “O Que Fazer Se Eu Te Amo” (Sergio Reis), “Eu, Você E A Rosa – Io, Tu E Le Rose – (Pace / Panzeri / Brinniti / Vrs. Geraldo Figueiredo).
No ano de 1968 lançou mais um compacto duplo, desta vez com a s composições “Mamãe” (Mama) (S. Bono / P. Dossena / Vrs. Geraldo Figueiredo), “Sozinha” (Alone) (W. Stott / S. Maughan / Vrs. Geraldo Figueiredo), “O Amor É Azul” (Lamour Est Bleu) (André Popp / Pierre Cour / Vrs. Geraldo Figueiredo) e “Adeus À Noite” (Adieu A La Nuit) (Maurice Vidalin / M. Jarre / Vrs. Geraldo Figueiredo), além do compacto simples com as faixas “Você Passa Eu Acho Graça” (Ataulfo Alves / Carlos Imperial) e “O Vento E A Rosa” (Assis Valente), além de participar do LP das músicas vencedoras do “II Festival Internacional da Canção Popular”, no qual foi inserida sua interpreteção para a composição “Sabiá” (Tom Jobim e Chico Buarque). Neste mesmo ano gravou o segundo disco, “Você passa eu acho graça”, título retirado da música homônima de Ataulfo Alves e Carlos Imperial, sendo este seu primeiro sucesso, fixando sua presença no samba. No ano seguinte, em 1969, lançou “A beleza que canta”, disco no qual interpretava “Casinha pequena”, música de domínio público. Nesta ocasião, com a música “Ave Maria do retirante” (Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo), classificou-se em 8º lugar no “IV Festival Internacional da Canção Popular”, sendo lançado nesse mesmo ano o disco homônino. Ainda em 1969 a cantora ganhou o primeiro lugar no “I Festival da Canção Jovem de Três Rios” com a música “Pra que obedecer” (Paulinho da Viola e Luís Sérgio Bilheri) e ainda classificou-se em terceiro lugar com a composição “Encontro”, de Elton Medeiros e Luís Sérgio Bilheri, com júri presidido por Ricardo Cravo Albin. Também no ano de 1969 lançou mais um compacto simples com as faixas “Mandinga” (Ataulfo Alves e Carlos Imperial) e “Você Não É Como As Flores” (Ataulfo Alves e Carlos Imperial) e ainda participou do LP “Sucessos do II Festival Universitário da Guanabara” com a música “De Esquina Em Esquina” (César Costa Filho e Aldir Blanc), intepretada pela cantora acomnpanhada pelo grupo Quarteto 004.
Em 1970, a convite de Ivon Curi, apresentou-se em Luanda, na África. No ano seguinte, gravou o quarto LP, no qual interpretou “Ilu ayê” (Norival Reis e Silvestre Davi da Silva), samba-enredo da Portela, e “É baiana” (Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), música que obteve considerável sucesso no carnaval de 1970. No ano posterior, em 1972, lançou o LP “Clara, Clarice, Clara”, no qual interpretou “Seca do nordeste”, samba-enredo da Escola de Samba Tupi de Brás de Pina – pequena escola do subúrbio carioca – , além de “Morena do mar” (Dorival Caymmi), “Vendedor de caranguejo” (Gordurinha) e a faixa-título, “Clara Clarice Clara”, de autoria de Caetano Veloso e Capinam. O disco ainda contou com arranjos e orquestrações do maestro Lindolfo Gaya e com músicos do quilate do violonista Jorge da Portela e Carlinhos do Cavaco.
Gravou a música “Tristeza, pé no chão”, de Armando Fernandes, chegando o compacto simples a vender mais de 100 mil cópias.
Apresentou-se no “Festival de Música de Juiz de Fora”, em Minas Gerais, que contava no júri com Clementina de Jesus, Hermínio Bello de Carvalho e Ricardo Cravo Albin.
Lançou em 1973 o LP “Clara Nunes”. Neste mesmo ano, estreou o show “O poeta, a moça e o violão”, juntamente com Vinicius de Moraes e Toquinho, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Também em 1973, foi convidada pela rádio e televisão portuguesa a fazer shows em Portugal, cumprindo uma temporada em Lisboa, quando percorreu alguns outros países da Europa, como a Suécia, onde gravou um especial ao lado da Orquestra Sinfônica de Estocolmo para a TV local.
Em 1974 integrou a comissão que representou o Brasil no “Festival do Midem”, em Cannes, na França. Nesse mesmo ano, lançou somente na Europa o LP “Brasília”, fonte para o LP “Alvorecer”, que chegou às paradas de sucesso da época através de três músicas: “Contos de areia” (Romildo S. Bastos e Toninho Nascimento), “Menino Deus” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e “Meu sapato já furou” (Mauro Duarte e Elton Medeiros). Sobre este disco, escreveu na contra-capa Adelzon Alves: “Menino Deus ou Alvorecer poderia muito bem ser o nome desse novo disco de Clara Nunes, devido a esses sambas maravilhosos de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro e Ivone Lara e Délcio de Carvalho. Com otimismo dominante na mensagem desses dois grandes sambas, e a seqüência de afros e outras coisas bem brasileiras, em especial O que é que a baiana tem de Caymmi, ficamos bastante certos de que esse disco acabará de fixar, definitivamente, esta imagem áudio e visual de cantora essencialmente brasileira, que Clara Nunes vem assumindo, como foi planejado há quatro anos passados, começando pelo Misticismo da África ao Brasil. Ficamos certos disso não só pelo seu sucesso perante o público brasileiro, mas também em Portugal, Suécia e finalmente no Festival do Midem, na França, que é do conhecimento de todos.”. Ainda em 1974, ao lado de Paulo Gracindo, atuou em “Brasileiro profissão esperança”, espetáculo de Paulo Pontes, referente à vida da cantora e compositora Dolores Duran e do compositor e jornalista Antônio Maria. O show ficou em cartaz no Canecão até 1975, gerando disco homônimo. Ainda neste ano, casou-se com o poeta, letrista e produtor Paulo César Pinheiro. Nesta época, percorreu vários países da Europa em turnê e lançou o LP “Claridade”, seu disco de maior sucesso, com as músicas “O mar serenou” (Candeia) e “Juízo final” de autoria de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares. Neste mesmo ano de 1975, bateu o recorde de vendagem feminina com o disco “Claridade” e puxou na avenida o samba-enredo da Portela, “Macunaíma, herói da nossa gente”, de autoria de Norival Reis e Davi Antônio Correia, com o qual a escola classificou-se em 5º lugar no Grupo 1.
Em 1976, gravou o LP “Canto das três raças”, no qual também foram incluídas “Lama” (Mauro Duarte), “Tenha paciência” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Riso e lágrimas” (Nelson Cavaquinho, Rubens Brandão e José Ribeiro), “Fuzuê” (Romildo e Toninho) e “Retrato falado” (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro), além da faixa-título, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, grande sucesso da cantora. No ano seguinte, inaugurou o Teatro Clara Nunes com o show “Canto das três raças”. Lançou o disco “As forças da natureza”, com a participação de Clementina de Jesus na faixa “PCJ-Partido da Clementina de Jesus” (Candeia) e no qual ela apareceu pela primeira vez como compositora na faixa “À flor da pele”, feita em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro. Outros grandes sucessos desse mesmo LP foram as músicas “Coisa da antiga” (Wilson Moreira e Nei Lopes), “As forças da natureza” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) e “Coração leviano”, de Paulinho da Viola.
No ano de 1978, lançou o LP “Guerreira”, interpretando vários ritmos brasileiros, além do samba, sua marca registrada. Participou do disco “Vida boêmia”, de João Nogueira, no qual interpretou “Bela cigana” de autoria de João Nogueira e Ivor Lancellotti. Ainda em 1978, lançou outro disco, “Esperança”, com destaque para a faixa “Feira de Mangaio”, de autoria de Sivuca e Glorinha Gadelha. Participou ao lado de Chico Buarque e Maria Bethânia, entre outros, do show no Riocentro, que ficaria marcado na história política do país devido à explosão de uma bomba. No ano seguinte, participou do LP “Clementina”, de Clementina de Jesus.
Em 1980, participou dos LPs “Cabelo de milho”, de Sivuca, e “Fala meu povo”, de Roberto Ribeiro. Nesse ano, ao lado de Elba Ramalho, Djavan, Dorival Caymmi e Chico Buarque, entre outros, viajou para Angola representando o Brasil. Por essa época Chico Buarque compôs em sua homenagem “Morena de Angola”, incluída no LP “Brasil mestiço”. Deste mesmo disco, outras faixas despontaram nas emissoras de todo o país: “Brasil mestiço, santuário da fé” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), “Peixe com coco” (Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco), “Última morada” (Noca da Portela e Natal) e “Viola de Penedo” de autoria de Luiz Bandeira.
Estreou em 1981 o show “Clara mestiça”, dirigido por Bibi Ferreira. Ainda neste ano, gravou o LP “Clara”, com grande sucesso para a música “Portela na avenida” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), com a participação especial da Velha-Guarda da Portela nesta faixa. Também em 1981, a Odeon lançou uma coletânea intitulada “Sucesso de ouro”. No ano posterior, participou do LP “Kasshoku”, lançado pela gravadora Toshiba/Emi, do Japão e gravou um especial para a emissora de TV NHK. Nesse mesmo ano, apresentou-se na Alemanha ao lado de Sivuca e Elba Ramalho, sendo ovacionada pelo público alemão. Ainda em 1982, lançaria seu derradeiro LP, “Nação”, destacando-se as canções “Nação” (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio), “Menino Velho” (Romildo e Toninho), “Ijexá” (Edil Pacheco), “Serrinha” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), uma homenagem dos compositores à escola de samba Prazer da Serrinha e ao Morro da Serrinha, reduto do jongo, situado no subúrbio carioca de Vaz Lobo.
Clara Nunes faleceu no Sábado de Aleluia do ano de 1983, após uma cirurgia, aparentemente banal, depois de 28 dias no CTI. Seu corpo foi velado por mais de 50 mil pessoas na quadra da escola de samba Portela. O enterro, no dia dois de maio no cemitério São João Batista, foi acompanhado por uma multidão de fãs e amigos. Em sua homenagem, a rua em Madureira onde fica a sede da Portela, sua escola de coração, recebeu seu nome.
No ano de 1986 a Velha-Guarda da Portela no disco “Doce recordação”, produzido por Katsunori Tanaka (lançado no Japão), interpretou “Flor do interior”, composição de Manacéa, uma das muitas feita em homenagem à cantora. Outro compositor, desta vez da Escola Império Serrano, Aluízio Machado, também compôs em sua homenagem a música “Clara”.
Em 1989, a gravadora WEA lançou o CD “O samba: Brazil classics 2” para o mercado americano com vários artistas, incluindo Clara Nunes. Ainda nesse ano, a gravadora EMI-Odeon produziu uma coletânea de sucessos, “Clara Nunes, o canto da guerreira”, que trouxe na contracapa um texto de Paulo César Pinheiro: “Fazer uma coletânea de sucessos da carreira de uma artista como Clara é sempre muito difícil. O pessoal vai sentir falta de muita coisa boa. Mas valeu – e valeu pela panorâmica que se conseguiu dar da obra de uma grande cantora desse país que se esquece tão rápido de seus representantes mais verdadeiros. Valeu porque pôde resgatar gravações de início de carreira com a qualidade sonora bastante melhorada pelos modernos processos de restauração da avançada indústria fonográfica. Valeu, porque se percebe a trajetória de seu caminho musical, desde o primeiro até o último grande sucesso, passando por muitas de suas várias fases de interpretação e mudança de gêneros, sem perder nunca as características fundamentais da alma de sua terra. Valeu por ser mais um disco essencialmente brasileiro, hoje tão raro no País do Carnaval. E valeu porque mais uma vez, e sempre, se pode ouvir – pra nossa satisfação e saudade – o canto da Guerreira.”.
Em 1991, outra gravadora americana, a World Pacific, lançou o CD “Axé Brazil”, com vários artistas, inclusive Clara Nunes. No ano seguinte, a EMI-Odeon lançou a “Série 2 em 1”, compilando em CD dois LPs: “Brasil mestiço” e “Nação”. Nesse mesmo ano, a gravadora World Pacific lançou o CD “Best of Clara Nunes”.
Em 1993, a gravadora Som Livre lançou o CD “Clara Nunes – 10 anos” e a EMI-Odeon lançou pela “Série 2 em 1” os discos “Adoniran Barbosa” e “Adoniram Barbosa e convidados”, este último, também com a participação de Clara Nunes.
A EMI-Odeon, em 1994, lançou em CD a coletânea “O canto da guerreira”, originalmente lançada em LP, e ainda outro CD, “O canto da guerreira volume 2”, além da coletânea “Meus momentos”, reunindo alguns de seus sucessos. Nessa ocasião, a gravadora Saci lançou o CD “Homenagem a Mauro Duarte”, que contou com a voz de Clara Nunes, uma de suas maiores amigas e a sua principal intérprete.
Em 1995 a Odeon lançou “Yele Brazil”, coletânea que reuniu vários artistas, entre eles Clara Nunes. Nesse mesmo ano, foi lançado o CD “Clara Nunes com vida”, produzido por Paulo César Pinheiro e José Milton, para a EMI-Odeon, no qual foram acrescidas as vozes de outros artistas fazendo duetos com Clara Nunes. Nas 14 faixas, compareceram Emílio Santiago, Martinho da Vila, Chico Buarque, Nana Caymmi, Roberto Ribeiro, João Bosco, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Alcione, Marisa Gata Mansa, Paulinho da Viola, Ângela Maria e João Nogueira. Dentre as outras coletâneas e discos que foram lançados nesse mesmo ano, destacam-se: “Brazil: a century of song: MPB”, pela Blue Jackel – EUA e “O talento de Clara Nunes”, pela EMI-Odeon.
Em 1996, foi lançado o CD “Samba”, com vários artistas, pela gravadora Hemisphere. No ano seguinte, a gravadora Toshiba-EMI lançou o CD “A gema do samba”, no Japão, com a participação da cantora e de outros artistas. A EMI-Odeon reeditou a sua obra completa: 16 LPs, com as capas reproduzidas do original, remasterizados no Estúdio Abbey Road, em Londres, considerado o melhor do mundo.
No ano de 1999, Alcione gravou o CD “Claridade”, com os maiores sucessos da carreira da amiga.
Em junho e julho de 2001, foi apresentado no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o musical “Clara Nunes Brasil mestiço”.
Clara Nunes fez sucesso na América Latina, Espanha, Portugal, Israel, Alemanha e Japão, mas era com Angola que ela mais se identificava e para onde viajou algumas vezes. Para ela, os três maiores estadistas do Terceiro Mundo eram Agostinho Neto, poeta e líder revolucionário angolano, Fidel Castro e Juscelino Kubitschek.
Em 2002 foi lançado o livro “Velhas Histórias, memórias futuras” (Editora Uerj), de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz várias referências à cantora.
No ano de 2003, em comemoração aos seus 60 anos, foi lançado pela gravadora DeckDisc o CD duplo “Um ser de luz – saudação à Clara Nunes”, produzido por Paulão Sete Cordas. O trabalho contou a participação de diversos cantores e cantoras interpretando parte de seu repertório: Mônica Salmaso (Alvorecer, Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho), Élton Medeiros (Lama, Mauro Duarte), Rita Ribeiro (Morena de Angola, Chico Buarque), Martnália (Ijexá, Edil Pacheco), Fafá de Belém (Sem compromisso, Ivor Lancelloti e Paulo César Pinheiro), Renato Braz (Menino Deus, Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro e ainda Nação, de João Bosco, Paulo Emílio e Aldir Blanc), Falamansa (Feira de Mangaio Sivuca e Glorinha Gadelha), Monarco e Velha Guarda da Portela (Peixe com coco, Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco), Cristina Buarque (Derramando lágrimas, Alvarenga), Dona Ivone Lara (Juízo final, Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), Nilze Carvalho (A deusa dos Orixás, Romildo e Toninho Nascimento), Teresa Cristina (As forças da natureza, João Nogueira e Paulo César Pinheiro), Pedro Miranda (Candongueiro, Wilson Moreira e Nei Lopes), Alfredo Del Penho (Coisa da antiga, Wilson Moreira e Nei Lopes), Wilson Moreira (O mar serenou, Candeia), Helen Calaça (Basta um dia, Chico Buarque) e ainda Seu Jorge, Walter Alfaiate e Elza Soares, entre outros. No encarte do disco escreveu Paulo César Pinheiro; “…Pessoas jovens que, provavelmente, nem viram Clara cantar ao vivo, se debruçando com paixão naquilo que ela deixou registrado para sempre. Músicas que mostram um dos caminhos mais brasileiros de nossa Música Popular”.
Em 2004 a gravadora EMI Music lançou uma caixa com nove CDs reunindo os 16 discos solos e ainda raridades e participações da cantora em discos alheios e tributos, além da reedição dos primeiros discos da cantora, fase na qual interpretava versões de canções italianas, francesas e boleros românticos. Desta caixa destacou-se o CD “Raridades” com gravações raras da cantora, destacando-se as faixas “Insensatez” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes); “A felicidade” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes); “Em qualquer rua De Ipanema” (Billy Blanco); “Estrela-Guia” (Sivuca e Paulo César Pinheiro); “Porta aberta” (Jair Amorim e Benedito Reis); “A noite” (Almeidinha e Roberto Muniz); “Regresso” (Candeia); “Garoa de subúrbio” (César Costa Filho e Aldir Blanc); “Vermelho e branco” (César Costa Filho e Aldir Blanc); “Festa para um rei negro” (Zuzuca); “Sou filho de rei” (Fernando Lobo e João Mello); “Tempo de partir” (Sergio Napp); “Ave-Maria dos Retirantes” (Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo); “Visão geral” (César Costa Filho, Ruy Maurity e Ronaldo Monteiro de Souza); “Eu preciso de silêncio” (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza); “Apesar de você” (Chico Buarque); “Mandinga” (Ataulfo Alves e Carlos Imperial); “Baianada” (Antônio Carlos e Jocafi); “Canaviá” (Antônio Carlos e Jocafi); “Iracema” (Adoniran Barbosa), participação de Adoniran Barbosa; “Artifício” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), participação de Roberto Ribeiro; “Macunaíma” (David Correia e Norival Reis), participação de João Nogueira; “Bela cigana” (Ivor Lancellotti e João Nogueira), com a participação de João Nogueira.
No ano de 2005 a gravadora EMI lançou a coletânea “Clara Nunes canta Tom & Chico”, na qual compilou algumas gravações de discos anteriores da cantora, entre elas “Apesar de você”, “Umas e outras”, “Desencontro”, Morena de Angola”, “Basta um dia” e “Novo amor”, todas de autoria de Chico Buarque e ainda “Fado tropical” (Chico Buarque e Ruy Guerra) e “Sabiá” (Tom Jobim e Chico Buarque). De Tom Jobim foram incluídas “Insensatez” e “A felicidade”, ambas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e “Sucedeu assim”, de Tom Jobim e Marino Pinto.
Em 2006 foi encontrada mais uma interpretação inédita em sua voz. A composição “Quem me dera”, de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, foi incluída no CD póstumo “Sobras repletas”, de Maurício Tapajós, que também trouxe uma outra composição, também em sua homenagem, “Surdina”, de Maurício Tapajós e Cacaso.
No ano de 2007 foi lançada a biografia “Clara Nunes – Guerreira da Utopia”, do jornalista Vagner Fernandes. O livro trouxe entrevistas com vários compositores e intérpretes, entre os quais Chico Buarque, Paulinho da Viola, Alcione, Hermínio Bello de Carvalho, Hélio Delmiro, Milton Nascimento, Monarco e Paulo César Pinheiro, além de familiares e amigos.
A prefeitura da cidade do Rio de Janeiro também lhe prestou homenagem nomeando “Vila Olímpica Clara Nunes” um conglomerado de esportes para a comunidade do bairro Fazenda Botafogo, localizado próximo ao bairro de Acari e do município de São João de Meriti.
Em 2008 a gravadora EMI, em parceria com a Globo Marcas, lançou o DVD “Clara Nunes – Os musicais do Fantástico das década 70/80”, no qual foram compilados os clipes produzidos pela emissora nas décadas de 1979 e 1980 para o programa “Fantástico”. Com tratamento de imagens e fotografia feita pela Conspiração Filmes, no DVD foram incluídos 21clipes, dos 24 selecionados pela EMI (os outros três não entraram por conta de direitos de imagem). Os clipes incluídos foram das composições “Conto de areia” (Romildo e Toninho); “É doce morrer no mar” (Dorival Caymmi e Jorge Amado); “Você passa eu acho graça” (Ataulpho Alves e Carlos Imperial); “Macunaíma” (Norival Reis e David Corrêa); “A Deusa dos Orixás” (Romildo e Toninho); “O mar serenou” (Candeia); “Coisa da antiga” (Wilson Moreira e Nei Lopes); “À flor da pele” (Maurício Tapajós, Clara Nunes e Paulo César Pinheiro); “Sagarana” (João de Aquino e Paulo César Pinheiro); “Guerreira” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); “Banho de manjericão” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); “Na linha do mar” (Paulinho da Viola); “Abrigo vagabundo” com participação especial de Adoniran Barbosa (Adoniran Barbosa); “Feira de Mangaio” com participação especial de Sivuca (Sivuca e Glorinha Gadelha); “Viola de Penedo” (Luiz Bandeira); “Morena de Angola” (Chico Buarque); “Oricuri” (João do Vale e José Cândido); “Portela na avenida” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), com participação especial da Bateria da Portela, regida por Mestre Marçal; “Como é grande e bonita a natureza” (Sivuca e Glorinha Gadelha); “Nação” (João Bosco, Paulo Emílio e Aldir Blanc) e “Ijexá” com participação especial do Bloco Afro Filhos de Gandhi (Edil Pacheco).
Em 2009 a jornalista e pesquisadora Conceição Campos lançou, pela Editora Casa da Palavra, a biografia “A letra brasileira de Paulo César Pinheiro: uma jornada musical”, no qual a cantora é citada em vários capítulos.
No ano de 2012, em comemoração aos 70 anos da cantora, foi montado em Brasília a série de shows “Contos de Areia – 70 Anos de Clara Nunes” no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil. Com curadoria da produtora Mônica Ramalho e produção musical do violonista Luís Filipe de Lima, dos seis espetáculos participaram Monarco e Verônica Ferriani; Joyce e Teresa Cristina, Délcio Carvalho e Maíra; Nei Lopes e Nilze Carvalho; Mariene de Castro e Pedro Miranda e no último Élton Medeiros e Fabiana Cozza. Na segunda parte do projeto aconteceu uma mesa redonda sobre a vida e obra da cantora, reunindo Hermínio Bello de Carvalho, Nei Lopes e Vagner Fernando, biógrafo da cantora. Nas comemorações do aniversário da cantora, o Canal Brasil exibiu a série “Clara Guerreira”, sobre a obra e a vida da cantora em seis capítulos. O documentário, com direção de Darcy Burges, com 42 depoimentos de amigos Paulinho da Viola, Alcione, João Bosco e Chico Buarque, entre outros). A gravadora EMI editou o box com toda a discografia, abrangendo todos os discos que vão do período de 1966 “A Voz Adorável de Clara Nunes” até “Nação”, de 1982, seu derradeiro disco. Em DVD foi lançada a gravação de um especial da cantora do ano de 1973 para a TV Bandeirantes, com direção de Roberto de Oliveira, acompanhada pelo grupo Nosso Samba e no qual interpretou composições de Chico Buarque, Nélson Cavaquinho, Cartola, entre outros.
No ano de 2016 a cantora Clara Santhana apresentou o musical “Deixa Clarear”, sobre a vida e a obra de Clara Nunes, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Idealizado por Clara Santhana, o musical contou com textos de Marcia Zanelatto; direção de Isaac Bernat e direção musical de Alfredo Del Penho, além dos músicos Felipe Rodrigues e João Paulo Bittencourt (violões), Luciano Fogaça e Michel Nascimento (percussões), Bidu Campeche e Lucas Ferraz (cavaquinho e percussão) e Jonga de Oliveira (flauta e sax). O musical havia feito temporada no Teatro J. Safra, em São Paulo.
No ano de 2018 o musical sobre sua vida “Deixa Clarear”, com a cantora Clara Santhana, foi encenado em Brasília, Goiânia e no Rio de Janeiro, em temporada na Sala Municipal Baden Powell. Sempre com grande sucesso de público, o musical foi registrado em DVD pela gravadora Biscoito Fino, trabalho no qual foram incluídos depoimentos de amigos e familiares da cantora gravados em Caetanópolis, sua terra natal e na quadra da Portela. O DVD contou com fotos de Andrei Holanda, idealização e atuação de Clara Santhana, textos de Marcia Zanelatto, direção de Isaac Bernat, direção musical de Alfredo Del Penho, direção de movimento de Marcelle Sampaio, assistência de direção de Daniel Belmonte, e com os músicos João Paulo Bittencourt (violão), Michel Nascimento e Alex Coutinho (percussão), Gustavo Pereira (cavaco e percussão), Pedro Paes e Rui Alvim (sax e clarinete). Neste mesmo ano o livro “Guerreira da Utopia”, biografia da cantora escrita por Wagner Fernandes ganhou uma segunda edição da Ediouro (revista e ampliada). Ainda em 2018 o musical “O Mar Serenou – Um Conto de Clara”, com textos e direção de Cazé Neto e interpretado pelas atrizes Fernanda Sabot, Fernanda Misailides e Renata Tavares passou pelo teatro do Planetário da Gávea e reestreou no Teatro João Caetano, no centro do Rio de Janeiro. O texto “Deixa Clarear”, com a cantora Clara Santhana, fez temporada no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea e no Theatro Shopping Bangu, na Zona Oeste da cidade. O musical “Branka Canta Clara”, com a cantora curitibana Branka (Karyme Hass), estreado em 2016 no Teatro Municipal Café Pequeno, no Rio de Janeiro, com a participação de Adelzon Alves contando histórias dos bastidores de Clara Nunes, percorreu, no ano de 2018, as principais capitais do Brasil, aclamado por crítica e público.
No ano de 2019 o musical “Deixa Clarear”, estrelado pela cantora e atriz Clara Santhana, foi encenado no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro. Após a sessão o presidente do G.R.E.S PORTELA, Luis Carlos Magalhães, a atriz Clara Santhana, a autora Marcia Zanelatto e o diretor Isaac Bernat participaram de uma mesa redonda sobre a importância da cantora para o carnaval e a cultura brasileira.
(participação)
(coletânea)
Exemplar promocional
Exemplar promocional
"Na capa interna, as letras das músicas"
"Na capa interna, letras das músicas"
"A capa interna contém as letras das músicas, fotos da intérprete e fichas técnicas."
Encartes com as letras das músicas
Encarte com as letras cifradas das músicas. Exemplar promocional
"Na capa interna, texto sobre Clara Nunes."
"Encarte com as letras das músicas. Na contra-capa, texto de Artur da Távola."
"Na contra-capa, texto de Adelzon Alves"
"Na contra-capa, textos de críticos sobre o espetáculo, de Bibi Ferreira e Paulo Pontes"
Exemplar promocional
Exemplar promocional. O disco encontra-se sem a capa original
(c/ vários)
Encarte com a reprodução das capas dos discos da intérprete
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ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – Mulher (FOTOS: Mario L. Thompson). Rio de Janeiro: Edição ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin, SESC-Rio de Janeiro e ELPASO, 2006.
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Com um dos fraseados mais límpidos e luminosos da música brasileira, Clara Nunes saiu de cena, em abril de 1983, como uma das vozes do samba. Posição que jamais teria alcançado se tivesse persistido no caminho equivocado de seu primeiro elepê, “A voz adorável de Clara Nunes, lançado em 1966 com um punhado de boleros. Foi somente ao abraçar o samba — primeiro sob a batuta do radialista Adelzon Alves e, depois, com a orientação do compositor Paulo César Pinheiro —, que a “mineira guerreira” encontrou o sucesso e o carinho popular. Esta trajetória pelo mundo do samba foi percorrida por Clara com mais firmeza a partir de 1971, mas o divisor de águas na sua carreira foi o disco “Alvorecer”, de 1974. A reboque do sucesso de “Conto de areia”, um samba melodioso de sotaque mais baiano do que carioca, o elepê vendeu 300 mil cópias e, mais do que isso, quebrou o tabu — então vigente na indústria fonográfica — de que mulher não vendia disco. Em 1975, o LP “Claridade” repetiria o êxito, com os hits “O mar serenou” e “A deusa dos orixás”. Clara chegaria aos 400 mil discos vendidos — cifra que, em números de hoje, equivaleria a quase dois milhões de cópias.
Muito deste inicial sucesso popular de Clara se deveu à sua incursão pelo mundo do candomblé. Ao cantar músicas que evocavam os orixás, a cantora inovou e conquistou o povo das classes menos favorecidas. Mas a intérprete foi sábia ao não persistir neste caminho. A partir de 1976, quando seus discos passaram a ser produzidos por Paulo César Pinheiro, a cantora encontrou, enfim, a maturidade no canto e na seleção do repertório. Clara nunca abandonaria por completo os sambas de temática afro, mas deixou de fazer deles a base de seu sucesso. Apesar de relativa queda nas vendagens, seus discos não deixaram de ser consumidos pelo grande público. Dentro de uma discografia das mais dignas da MPB, vale destacar títulos como “As forças da natureza” (1977), que juntou na ficha técnica nomes como Clementina de Jesus e a Velha-Guarda da Portela, e “Brasil mestiço”, disco de 1980 que expandiu o universo musical da cantora, que, sem deixar de cantar samba, passeava também pelos mais diversos ritmos brasileiros.
O último disco de Clara, “Nação”, saiu em fins de 1982. Era mais um retrato bem-acabado do canto maduro de uma estrela, que ainda ilumina com sua voz os corações dos amantes do samba.
Mauro Ferreira