
Cantor. Humorista. Compositor.
Nasceu na histórica cidade de Sabará, Minas Gerais, em uma sexta-feira, 7 de maio de 1905. Trabalhava no Loyde Brasileiro, quando um colega, João Athos, escutando-o cantarolar, interessou-se pela sua voz, levando-o para fazer um teste na Rádio Educadora. Foi apresentado a Almirante, que, gostando de sua voz, o convidou a participar de um programa por ele organizado. Aos poucos, foi travando conhecimento com os grandes artistas da época , dentre os quias Noel Rosa, Custódio Mesquita, Nonô e Francisco Alves. Pai de três filhos, com o passar do tempo deixou de se dedicar ao canto.
Depois de atuar em várias estações de rádio teve sua grande oportunidade no programa Casé, da Rádio Philips, situada na Praça Mauá. Foi apresentado ao compositor André Filho que mostrou-lhe algumas de suas composições e o levou à gravadora Parlophon. Gravou, então, em 1931, nesta etiqueta, seu primeiro disco com as obras “Uvinha”, marcha de André Filho e “Tu hás de sentir”, samba de Heitor dos Prazeres. Pouco depois, foi incentivado pelo cantor e compositor Paulo Neto de Freitas a tentar contatos com a gravadora RCA Victor. Paulo Neto apresentou o cantor ao violonista Rogério Guimarães, então diretor-artístico dessa gravadora que o aprovou. Por essa época, conheceu João de Freitas Ferreira, que atuava com o pseudônimo de Jonjoca. Formaram uma dupla, “Jonjoca e Castro Barbosa”, que gravou muitas músicas de sucesso. O primeiro disco da dupla trazia os sambas “Sinto falta de você” e “A cana está dura”, de autoria de Jonjoca.
Em dezembro de 1931, voltou ao estúdio , desta vez pra gravar um dos discos mais importantes da história de nossa música popular: “O teu cabelo não nega”, marcha dos Irmãos Valença e Lamartine Babo (o maior sucesso de carnaval de todos os tempos) e “Passarinho… Passarinho…”, samba de Lamartine Babo. Curiosamente, segundo relato de Jonjoca, “O teu cabelo não nega” lhes foi mostrada por Lamartine em um encontro casual na Cinelândia. A dupla adorou a música e Lamartine lhes disse “é de voces, podem gravá-la”. Dias depois, como iam também gravar “Bandonô”, de autoria de Jonjoca, este teve a seguinte (e infeliz) idéia : ” Ô Castro, vamos gravar essas músicas individualmente. Você fica com uma e eu com a outra. Quanto à escolha, decidimos num cara ou coroa. Deu cara, e eu fiquei com Bandonô “.
Em 1932, gravou com Sônia Barreto o fox trot “Você me enlouquece”, de Donaldson, com versão de Lamartine Babo. No mesmo ano, gravou o fox “Boa noite querisda”, de R. Noble, com versão de De Chocolat e, com o Bando da Lua, registrou o samba “Tá de Mona”, de Maércio e Masinho. Em 1933, estreou na Odeon, cantando a marcha “Não faço questão de cor”, de J. Francisco de Freitas e o samba “gente lá de cima”, de Murilo Caldas. No mesmo ano, gravou com Jonjoca, o samba “Dona do lugar”, de Ismael Silva e Francisco Alves. Ainda no mesmo ano, lançou a rumba “Aqueles olhos verdes”, de N. Menendez, com versão de João de Barro. Também no mesmo período, gravou com sucesso, em dueto com Francisco Alves, o samba “Feitio de oração”, de Noel Rosa e Vadico, e Com Francisco Alves e Murilo Caldas o samba “Desacato”, de Wilson Batista, P. Vieira e Murilo Caldas.
Em 1934, lançou com Jonjoca, de Benedito Lacerda e Gastão Viana, o samba “Cinco partes principais do mundo” e a marcha “Loura queridinha”. No mesmo ano, gravou com Almirante a marcha “A maior descoberta”, de Cândido das Neves e o samba “Ai de mim…”, de Alcebíades Barcelos e Leonfontino S. Lins. Também no mesmo ano, passou a gravar na Columbia, estreando com a marcha “A lua foi-se embora”. Em 1935, lançou as marchas “De quem será?”, de Getúlio Marinho e João Bastos Filho e “Eu te ouvi, Bem-te-vi”, de Fernando Castro Barbosa. No mesmo ano, gravou com Carmen Miranda a marcha “Vou espalhando por aí…”, de Assis Valente.
Em 1936, conheceu um novo grande sucesso carnavalesco com a marcha “Lig, lig, lig, lé”, de Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago. No mesmo ano, gravou de João da Baiana o samba “Seu pai não quer”. Em 1937, lançou de Valfrido Silva e Roberto Martins, o samba “Cadê o pandeiro” e de sua autoria e Valfrido Silva a marcha “Quero ser o teu pierrô”. No mesmo ano, participou com Dircinha Batista e Jorge Murad na Rádio Nacional do programa Palmolive, que alcançou muito sucesso. A convite de seu velho amigo Renato Murce, foi para a Rádio Transmissora como cantor e como humorista, pois Renato ao ouvi-lo contar umas anedotas de português, gostara de seu sotaque. Foi substituir o ator Artur de Oliveira, ótimo no gênero. Saiu-se bem e, estimulado por Renato e pelos companheiros, continuou cantando e fazendo o seu humorismo. Foi convidado por Lauro Borges e fez com ele na Rádio Mayrink Veiga o programa humorístico “PRV-8”, que marcou época. Tempos depois, com o novo nome de “PRK-30” o programa foi para a Rádio Clube do Brasil e depois para São Paulo, como “PRK-15”. O programa PRK-30 é, até hoje, considerado um padrão de humorismo na radiofonia brasileira, ficando anos a fio em cartaz.
Em 1938, gravou as marchas “A mulher que eu mais amava”, de Nássara e Eratóstenes Frazão e “Guarda rubro-negro”, de Nailor de Sá Rego. No mesmo ano, gravou na Columbia com Dircinha Batista, de sua autoria, o maxixe “Baianinha” e o samba “Amor vem raiando a aurora”. Em 1939, voltou a gravar com Dircinha Batista, também na Columbia, registrando a valsa “Estrada do passado”, de Arlindo Marques Jr. e Gadé e o fox-canção “Meu grande amor”, de Amado Régis e Gadé.
Em 1940, gravou a marcha rancho “A noite vem aparecendo”, de José Maria de Abreu, Francisco Santos e Barros Souza e, com Dalva de Oliveira o samba “Tudo tem o Brasil”, de sua autoria, Pedro Caetano e Dilermano Reis. Em 1941, gravou de sua parceria com Valdemar de Abreu, a marcha “Foi o teu olhar”, e de Herivelto Martins e Príncipe Pretinho, o samba “Eu queria um adeus”. Em 1942, gravou com o Trio de Ouro outro grande sucesso carnavalesco, que se tornou um clássico do cancioneiro popular brasileiro, o samba “Praça Onze”, de Herivelto Martins e Grande Otelo.
Em 1943, emplacou novo sucesso carnavalesco, a marcha “China pau”, de João de Barro e Alberto Ribeiro. Em 1944 foi para a gravadora Continental, onde lançou a marcha “Vem Maria”, de Alcir Pires Vermelho e Osvaldo Santiago e o samba “Foi… é….e sempre será!”, de Alberto Ribeiro e Roberto Roberti. No mesmo ano, participou do filme “Abacaxi azul”, de Rui Costa, juntamente com , entre outros, Dercy Gonçalves, Dircinha Batista, Lauro Borges e Anjos do Inferno. Por essa época, suas atividades como cantor diminuíram bastante.
Em 1946, gravou, dentro do espírito da Guerra Fria, a marcha “Olho de Moscou”, de Osvaldo Santiago e Antônio Almeida e o samba “Andei para trás”, de Osvaldo Santiago e Paulo Barbosa. Em 1948, gravou com Lauro Borges o samba “Dagmar”, de Paulo Barbosa e Otávio Filho. Em 1950, com Lauro Borges estreou em São Paulo uma temporada com previsão de três meses. O sucesso foi tamanho que acabaram ficando por 10 anos. Atuaram quatro anos na Rádio Tupí de São Paulo. Em seguida, foram convidados por Vitor Costa, para atuar na TV Paulista (Canal 5), onde ficaram por mais quatro anos.
Em 1951, estreou na gravadora Copacabana cantando de Hervê Cordovil, a marcha “Minha mexicana bacana” e o samba “minha homenagem”. Em 1954, gravou na Copacabana, o samba canção “É amor” e o samba “Adeus…. Nunca”, ambos de sua autoria. Em fins de 1959, no Rio de Janeiro, lançou pelo Canal 13, TV Rio, o programa “Só tem Tantã”, com o comediante, ator e compositor Francisco Anísio no papel chave. O programa foi um enorme sucesso e foi depois incorporado ao “Chico Anísio Show”, tornando-se uma de suas melhores atrações. Durante oito meses, apresentou na TV Rio, as “Piadas do Manduca” e a PRK-30.
(c/Lauro Borges)
(c/Trio de Ouro)
(c/Carmen Miranda)
(c/Almirante)
(c/Jonjoca)
(c/Jonjoca)
(c/Jonjoca)
(c/Jonjoca)
(c/O Bando da Lua)
(c/Jonjoca)
(c/Jonjoca)
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