
Compositor. Nascido no Estado de Sergipe, mudou com a família para o Rio de Janeiro quando tinha 12 anos de idade. Foi um dos sócios fundadores da SBACEM. Na década de 1960, afastou-se da carreira artística e mudou para a cidade de Sapucaia, interior do estado do Rio de Janeiro onde passou a chefiar a seção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Faleceu precocemente aos 57 anos como conselheiro vitalício da SBACEM ao não resistir a uma delicada intervenção cirúrgica. Por ocasião de seu falecimento, alguns jornais cariocas estamparam o seguinte título: “Carvalhinho morreu! Madureira chorou!”, numa homenagem ao famoso refrão de seu samba.
Em 1941, teve sua primeira música gravada, pela dupla Joel e Gaúcho, o samba “É isso que ela quer!”, com Romeu Gentil. No ano seguinte, a mesma dupla gravou a valsa “Canção do berço”, com Humberto Carvalho. Em 1943, fez com Joel de Almeida a batucada “Oba, oba!” gravada por Joel de Almeida na Odeon. No mesmo ano, o samba “Choro!”, e a marcha “Não posso mais”, com Pereira Matos, foram lançadas pela dupla Joel e Gaúcho. Em 1944, teve outras duas composições registradas pela dupla Joel e Gaúcho, os sambas “Hei de me vingar” e “Vou me acabar”, ambos com Romeu Gentil. No mesmo ano, Grande Otelo gravou a batucada “Já tenho compromisso”, com Romeu Gentil, e Odete Amaral, o samba “Sei esquecer”, com Felisberto Martins. Para o carnaval de 1945, sua batucada “Por causa de uma mulher”, com Romeu Gentil foi gravada por Aracy de Almeida. Teve ainda duas parcerias com Humberto Carvalho gravadas por Manezinho Araújo na Continental: a marcha “Loló”, e o samba “Dona Joaninha”. No ano seguinte, a mesma Aracy de Almeida gravou o samba “Pretensão e vaidade”, com Humberto de Carvalho e Afonso Teixeira, enquanto a dupla Joel e Gaúcho com Sua Turma registraram o arrasta-pé “Samba requebrado”, com Elpídio Viana, e o samba “Se você quiser voltar”, com Romeu Gentil e W. Goulart. Ainda em 1946, Gilberto Alves gravou pela Victor a canção “Em cada sonho…um amor”, parceria com Humberto Carvalho e Afonso Teixeira. Em 1947, a marcha “Cigana”, com W. Goulart foi gravada por Orlando Silva na Odeon. No mesmo ano, teve três composições lançadas na gravadora Star, a marcha “Cê cê”, com G. Queiroz e O.Marrins, na voz dos Garotos da Lua, a marcha “Subúrbio da Central”, com Mário Rossi, na voz de Marlene, e o samba “Raiou a aurora”, com Milton de Oliveira, na de Roberto Silva. Também no carnaval de 1947, fez grande sucesso com a marcha “O periquito da madame”, com Nestor de Holanda e Afonso Teixeira lançada pelo grupo vocal Quatro Ases e Um Coringa. Em 1950, o samba “Comerciária”, com Mário Rossi e Humberto Carvalho, foi gravado com sucesso pelo cantor Risadinha, que registrou no mesmo ano a marcha “Frango indigesto”, com Mário Rossi. Também no mesmo ano, Dalva de Oliveira gravou pela Odeon a marcha “Casamento do papai”, com Fernando Martins e Marino Pinto, e o grupo vocal Os Cariocas registrou na Sinter o samba “Meu telefone”, com Luiz Soberano e Humberto Carvalho. Em 1951, a dupla sertaneja Xerém e Bentinho gravou a marcha “Com este calor”, parceria com Rômulo Paes e Bentinho. Nesse ano, Violeta Cavalcânti gravou na Star o samba “Cansei de chorar”, com Francisco Neto, o Risadinha, e a marcha “Não vou trabalhar”, com Mário Rossi e Buci Moreira. O samba-choro “Há sinceridade nisso?”, com Manezinho e Dozinho, e a marcha “Cossaco” foram lançadas em 1952 pelo cantor e radialista César de Alencar em gravação na RCA Victor, e a marcha “Coisa louca”, com Gomes Cardim foi gravada na Star por Joel e Seu Ritmo Alegre. No mesmo ano, a marcha “Mister Eco”, com Manezinho Araújo foi gravada pelo Trio de Ouro e Nelson Gonçalves na RCA Victor, o samba “Amanhã será tarde demais”, com Francisco Neto, nome verdadeiro do cantor Risadinha, foi lançado por Marlene pela Continental, e a toada-baião “Se tocá eu danço”, foi registrada na Star em interpretação de cítaras pelos Irmãos Avena. Ainda em 1952, o grupo Os Cariocas gravou pela Sinter a marcha “Sertão do Pará”, com Ismael Neto e Henrique de Almeida. No carnaval de 1953, obteve êxito com a marcha “Acho-te uma graça”, com Benedito Lacerda e Haroldo Lobo, gravada em dueto na Sinter pelo cantor e radialistaCésar de Alencar e pela cantora Heleninha Costa. Nesse ano, fez com Manezinho Araújo o baião “Mulher babada” gravado por Manezinho Araújo na Copacabana, e com Manelão, compôs o samba “Casa do sem jeito” gravado por César de Alencar na RCA Victor. Teve em 1955, o samba-choro “Papai…boa vida”, com Max Bulhões, gravado por Murilo Caldas, enquanto a batucada “Papai chegou”, com Joel de Almeida, foi registrada por Joel de Almeida, as duas na Odeon. Ainda em 1955, teve cinco composições gravadas na Polydor: o baião “Violinos no baião”, e o choro “Balacubaco”, ambos com com Paranhos, com Guaraná e Sua Orquestra; o baião “Rebolado brasileiro”, com Gustavo Carvalho, com o conjunto Polydor, e o samba “O culpado foi você”, com Osvaldinho, e a marcha “Acerta o passo”, com Hélio Costa, as duas últimas, na voz de Alzirinha Camargo.
Fez sucesso no carnaval de 1956 com a marcha “Quem sabe, sabe”, parceria com Joel de Almeida, que a gravou, e que se tornou uma das mais populares músicas do ano. Os versos iniciais dessa marcha, que se tornou clássica, dizem: “Quem sabe, sabe/ Conhece bem/Como é gostoso/Gostar de alguém”. Em 1958, foi o grande vitorioso no carnaval com o samba “Madureira chorou”, parceria com Julio Monteiro, retratando a dor do bairro carioca por ocasião da morte da vedete Zaquia Jorge, conhecida como “A vedete do subúrbio”. O samba, além de intensamente tocado nos quatro dias de carnaval, obteve o primeiro lugar no concurso oficial de músicas carnavalescas. Lançada pelo cantor Joel de Almeida, pela Odeon, foi logo regravada por Altamiro Carrilho na Copacabana, Gaya e seu conjunto, na RCA Victor, Severino Filho e sua orquestra, pela Polydor, Risadinha, pela Continental, e Britinho, ao piano, pelo selo Rádio. Nesse mesmo ano, o samba foi versionado para o francês pelo poeta Jean Broussolle sendo gravado com o título de “Si tu vas a Rio”, com sucesso pelo conjunto Les Compagnons de la Chansson chegando a uma vendagem próxima de um milhão de discos, saindo simultaneamente em 78 rpm pela Odeon e em 45 rpm pela Columbia, além de ser regravada em Paris por Dario Moreno em disco Barclay, e pelo cantor brasileiro radicado em Paris Silvio Silveira, em disco Philips. A música foi também gravada em outros países da Europa e na América do Norte. Ainda em 1958, teve a marcha “Vai ver que é” gravada em dueto por Joel de Almeida e Aracy de Almeida, o samba “Deodoro se queimou”, com Valdir Machado registrado por Carlos Augusto, e o choro “Recital de amor”, com Romeu Gentil, lançado por Diana Montez, todos na Polydor, além do maxixe “Maxixando” e do choro “Tio Sam no choro”, ambas com Geraldo Medeiros, gravadas por Geraldo Medeiros e Seus Colegas. Em 1959, ficou em segundo lugar no concurso oficial de músicas de carnaval da Prefeitura do Destrito Federal na categoria marcha com “Vai ver que é”, parceria com Paulo Gracindo. No ano seguinte, o samba “Quando chega fevereiro”, com Arnô Canegal e W. Silva foi gravado pelo Trio de Ouro, e o “Samba de Brasília”, com Geraldo Medeiros foi registra do por Antônio Borba, ambos pela RGE . Em 1963, teve a marcha “Araruama”, parceria com Geraldo Matta de Carvalho oficializada pela prefeitura como hino oficial da cidade de Araruama. Em 1965, compôs os sambas “Vem pro samba”, com Geraldo Medeiros, gravado pelo Cordão da Bola Preta, e “Saravá” e “Fiquei na saudade”, com Zilda do Zé e Jorge Silva. “Saravá” foi gravado por Orlando Dias, e “Fiquei na saudade” por Romeu Fernandes. Em 1973, teve três composições gravadas por Joel de Almeida no LP “Joel de Almeida – O cidadão carnaval” lançado pela Odeon: “Quem sabe, sabe”, com Joel de Almeida, “Madureira chorou”, com Julio Monteiro, e “Vai ver que é”, com Paulo Gracindo. Em 2000, o samba “Madureira chorou”, na voz de Joel de Almeida, foi relançada no CD duplo “Cantores do Rádio – volume 1″, da série Bis, lançada pela Copacabana-EMI. A mesma composição foi regravada por Antônio Adolfo no CD ” Carnaval Piano Blues”, lançado por ele pela gravadora Kuarup. Ao longo da carreira, teve composições lançadas nas vozes de Joel de Almeida, Orlando Silva, Murilo Caldas, Risadinha, Aracy de Almeida, Odete Amaral, e Grande Otelo, entre outros. Com mais de sessenta músicas gravadas, foi parceiro de nomes como Haroldo Costa, Moreira da Silva, Risadinha, Mário Rossi, Nestor de Holanda, Benedito Lacerda e Romeu Gentil.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.