Poeta. Cronista. Contista. Letrista.
Considerado, ao lado de Luiz Aranha, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, um dos ícones da poesia brasileira do século XX. Ligado ao “Movimento Modernismo”, no qual atuou mais veementemente como poeta da Segunda Geração Modernista, sendo uma das principais vozes poética da “Geração de 30”, quando lançou, sob suas próprias expensas, o seu primeiro livro “Alguma Poesia”, em 1930.
Entre seus principais livros de poesias constam “Poema da Sete Faces, poesia” e “Cidadezinha Qualquer e Quadrilha” (1930); “Brejo das Almas” (1934); “Sentimento do Mundo” (1940); “Poesias e José” (1942); “A Rosa do Povo” (1945); “Poesia até Agora” (1948); “Claro Enigma” (1951); “Viola de Bolso” (1952); “Fazendeiro do Ar” (1953); “Ciclo” (1957); “Poemas” e “A Vida Passada a Limpo” (1959); “Lições de Coisas” e “A Bolsa e a Vida, crônicas e poemas” (1962); “Boitempo” (1968); “Cadeira de Balanço, crônicas e poemas” (1970); “Menino Antigo” e “As Impurezas do Branco” (1973); “Discurso da Primavera e Outras Sombras” (1978); “O Corpo” (1984); “Amar se Aprende Amando (1985) e “Elegia a Um Tucano Morto”, de 1987, muitos dos quais tiveram poemas musicados por vários compositores.
Escreveu crônica para diversos jornais brasileiros, sendo o último o Jornal do Brasil.
De acordo com o crítico literário e poeta Affonso Romano de SantAnna, a poesia de Carlos Drummond de Andrade pode ser estabelecida através de a partir da dialética “eu x mundo”, desdobrando-se em três atitudes:
“Eu maior que o mundo – marcada pela poesia irônica; Eu menor que o mundo – marcada pela poesia social e o Eu igual ao mundo – abrangendo a poesia metafísica.”
Como letrista teve uma pequena obra gravada, porém, de grande importância para o cancioneiro popular brasileiro.
Na década de 1950 participou do programa de rádio “Poesia Necessária”, da radialista e escritora Maria Muniz “A Sherazade do Rádio”.
Em 1955 o jornalista Irineu Garcia, em sociedade com o editor Carlos Ribeiro, criou o Selo Festa, especialmente para gravação de poesias pelos próprios autores, tais como Cecília Meireles, Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira e o próprio Carlos Drummond de Andrade.
Seu primeiro sucesso nacional em disco foi “E agora José?”, poema musicado por Paulinho Diniz e lançado no LP “Paulo Diniz”, em 1974, pela gravadora EMI. No ano posterior, em 1975, seu poema “Resíduo” foi gravado por Paulo César Pinheiro no LP “O importante é que a nossa emoção sobreviva – Ao vivo”, de Marcia, Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro. Ainda na década de 1970 entregou a Milton Nascimento vários poemas para serem musicados, entre os quais “Canção amiga”, que seria incluído no LP “Clube da Esquena 2”, lançado em 1978, com a composição interpretada pelo parceiro.
No ano de 1980 o cantor e compositor baiano Alcyvando Luz lançou o LP “Fala moço”, disco no qual foi incluída a composição “Colônia”, parceria de ambos.
Em 1985 seu cordel “Estória de João-Joana”, foi musicado por Sérgio Ricardo, também autor do arranjo para a peça, apresentada e gravada ao vivo pela Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O disco seria lançado, pelo Selo Trinca Produções, ainda em 1985 com voz e arranjos de Sergio Ricardo, orquestração de Radamés Gnattali e regências de Alexandre Gnattali. A trilha sonora também seria usada pelo grupo Nós da Dança no balé “Estória de João-Joana” apresentado no Teatro João Caetano, no centro do Rio de Janeiro.
Em 1999, o espetáculo “Estória de João-Joana” foi reencenado, com direção de Ricardo Cravo Albin, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O musical contou com a participação de Chico Buarque, Elba Ramalho, Alceu Valença, Telma Tavares e Zélia Duncan. O show foi gravado posteriormente nos estúdios da Rádio MEC, para constituir um CD lançado em 2000 pelo selo Rádio MEC. Com arranjos e direção musical de Sérgio Ricardo o disco teve as seguintes faixas interpretadas pelos artistas: “Aboio de chamamento”, por Alceu Valença; “Caso de muito ensino”, por Elba Ramalho; “Gente do miserê”, por Sérgio Ricardo; “Sem mentira”, por Geraldo Azevedo; “Parada com sertanejo”, por Alceu Valença; “Fogo no agreste”, por João Bosco, Elba Ramalho e Telma Tavares; “Por força da natureza”, por Elba Ramalho; “Condição feminina”, por Sérgio Ricardo; “Duas vezes escrava”, por Chico Buarque e Elba Ramalho; “A lei de seu mandamento”, por Alceu Valença; “Apenas do saco, a embira”, por Telma Tavares; “Em favor e graça”, por Alceu Valença, Chico Buarque, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, João Bosco e Telma Tavares; “De Minas ao Piauí”, por Sérgio Ricardo. Neste mesmo ano, de 2000, pela gravadora Jam Music, Tunai lançou o CD “Certas Canções”, no qual incluiu “As Sem Razões do Amor”, sua melodia sobre este poema de Carlos Drummond de Andrade, interpretada em dueto com Milton Nascimento.
No ano de 2002, em homenagem ao centenário do poeta, foi lançado pelo Selo Luz da Cidade, o trabalho “Reunião – O Brasil dizendo Drummond”, com vários intérpretes declamando parte de sua obra, destacando-se Elisa Lucinda, Chico Buarque, Abel Silva, Antônio Cícero, Ana Terra, Alcione, Lélia Coelho Frota, Adélia Prado, Afonso Romano de SantAnna, Ritchie, Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Gabriel, O Pensador, José Carlos Capinam e Murilo Antunes, em um total de 149 pessoas que participaram da caixa com quatro CDs em homenagem ao poeta. No ano posterior, em 2003, o cantor e ator mineiro Thelmo Lins lançou o CD “Thelmo Lins canta Drummond”, no qual interpretou composições, a maioria delas inéditas e compostas especialmente para o trabalho, disco que seria lançado dentro das comemorações do centenário do poeta, ainda que pouco meses depois. No CD foram incluídas as faixas “Confidência do itabirano” (c/ Tavinho Moura); “O mundo é grande” (c/ Sueli Costa), participação especial de Maria Bethânia; “Anoitecer” (c/ José Miguel Wisnik); “Cantiga de viúvo” (c/ Ladston do Nascimento); “Mulher andando nua pela casa” (c/ Flávio Henrique); “Cadeira de balanço (c/ Joyce) participação especial de Wagner Cosse; “O Deus de cada homem” (c/ Milton Nascimento) e participação especial de Elizeth Gomes; “No meio do caminho” (c/ Sérgio Santos); “Volta” (c/ Belchior); “Canção amiga” (c/ Milton Nascimento); “Ser” (c/ Renato Motha); “Inaugura-se o retrato” (c/ Francis Hime) e “Canção de namorados”, poema musicado Geraldinho Alvarenga. Vale ressaltar que o texto de apresentação do CD foi escrito por Affonso Romano de Sant’Anna e expressa muito bem a importância deste letrista bissexto:
“É relevante o fato que esse poetão tenha sido musicado por gerações sucessivas e diferentes de músicos. De seus pares modernistas, como Villa-Lobos, Mignone, passando por músicos experimentais como Edino Krieger e Marlos Nobre, ele chegou à música popular exemplificada neste CD. Isto não significa que sua poesia vai se tornar mais popular por causa disto. Significa, isto sim, que música e poesia voltam a se encontrar. A variedade dos ritmos, o requinte dos arranjos instrumentais e vocais e a voz de Thelmo Lins se fundem aqui harmoniosamente.”
No ano de 2004 foi lançado “Belchior – As várias caras de Drummond”, em uma edição especial formada por um livro e dois CDs. No livro “Todas as caras de Drummond – Gravuras de Drummond por Belchior” foram postos os 31 poemas musicados e 31 retratos do rosto do poeta, feito por Belchior na década de 1980, sendo publicado pelo Selo Cameratti junto com a revista “Caras”. Nos dois CDs foram registradas na voz de Belchior, que compôs as 31 melodias, as faixas “Sentimental”, “Lagoa”, “Concerto”, “Cota zero”, “Liquidação”, “Perguntas em forma de cavalo-marinho”, “Quando desejos outros é que falam”, “Toada de amor”, “Lanterna Mágica”, “Orion”, “Poema que aconteceu”, “Também já fui brasileiro”, “O passarinho dela”, “Ar”, “Política literária” e “Poesia”. No CD 2 foram registradas as faixas “A música barata”, “Arte poética”, “Os inocentes do Leblon”, “Quero me casar”, “Cidadezinha qualquer”, “Cantiguinha”, “Boca”, “Ainda que mal”, “Procuro uma alegria”, “Serenata”, “Nova canção do exílio”, “Sweet home”, “Rosa rosa”, “Mosaico de Manuel Bandeira” e “No banco de jardim”.
No ano de 2012 Sérgio Ricardo apresentou, em Brasília, o cordel “Estória de João Joana”, ao lado de João Gurgel, Marina Lutfi, Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.
Em 2015 o maestro e gaitista Rildo Hora musicou o poema “Verdade”, incluído em seu CD “Eu e minha filha: Patrícia Hora”, lançado neste mesmo ano.
No ano de 2017 Ronaldo Bastos adaptou um de seus poemas, gravado pela pianista e compositora Délia Fischer, também parceira em “Tempo de amar”.
Entre os vários artistas que musicaram seus poemas também se destaca a compositora Luciana Coló.
Entre seus vários intérpretes consta a cantora baiana Celeste que registrou em um de seus discos a composição “Memória” (Alcyvando Luz e Carlos Drummond de Andrade), música também gravada pelo Quarteto em Cy.
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