
Pianista. Compositor.
Morador do bairro do Catumbi foi um grande animador do carnaval carioca na década de 1920. Esteve ligados ao Clube dos Fenianos e ao Clube dos Zuavos, dos quais participava das festas tocando ao piano choros “convidativos” e “desengonçados” maxixes, conforme palavras de Jota Efegê. Participou também da criação de alguns blocos carnavalescos.
Em 1919, organizou o Bloco dos Almofadinhas e que fez sucesso nos desfiles carnavalescos. Em 1920, teve o samba-carnavalesco “Bá bé bi” e o tango “Sapequinhas” gravados na Odeon pelo Grupo do Além. No mesmo ano o samba -carnavalesco “Bá bé bi” foi regravado por Bahiano, constituindo-se o primeiro sucesso do compositor, música também conhecida como “Deixa as cadeiras da nega buli” ou então como “Babá do Careca”. Ainda nesse ano, fundou com o jornalista e cronista carnavalesco da revista “A Vanguarda”, Jaime Correia, também conhecido como Bicanca, o Bloco carnavalesco “Foi ela ela que me deixou”, para o qual compôs samba com o mesmo título. O Bloco desfilou em 1921 com homens travestidos de mulheres e cantando o samba composto especialmente para o grupo carnavalesco que saiu do Catumbi e estendeu seu desfile até as Ruas Salvador de Sá e Machado Coelho. Esse Bloco, ao que parece, desfilou regularmente até meados da década de 1920.
Destacou-se em 1922 com o samba-carnavalesco “Ai Seu Mé”, parceria com Freire Júnior, que satirizava o candidato à presidência da República Artur Bernardes apelidado popularmente de “Carneiro”, “Rolinha” e “Seu Mé”, gravada na Odeon pelo Bahiano. Artur Bernardes venceu as eleiões e os autores da marcha, grande sucesso no carnaval daquele ano, embora sob o pseudônimo de “Canalhas da rua”, acabaram perseguidos. Freire Júnior acabou preso e o parceiro teve que se esconder fora do Rio de Janeiro. No mesmo ano, seu samba “As meninas de hoje” foi gravado na Odeon pela Orquestra Augusto Lima e a marcha “Com esta figa” e a canção “Foi ela quem me deixou” foram lançadas pelo cantor Bahiano.
Em 1923, teve o samba-carnavalesco “Um, dois, três” e os sambas “Ceroula não é cueca” e “Iaiá me leva pra cadeirinha” gravados por Bahiano, que firmou-se como seu principal intérprete. Em 1924, teve gravado seu maior sucesso o samba “O casaco da mulata”, também conhecido como “O casaco da mulata é de prestação”, grande êxito carnavalesco gravado quase simultaneamente pelo Orquestra Brasil-América e pelo cantor Bahiano em dueto com Maria Marzulo.
Obteve novo êxito carnavalesco em 1925 com a marcha “Os passarinhos da Carioca” gravado pelo Grupo do Pimentel e logo em seguida pelo cantor Fernando. No final desse ano, o cantor Fernando gravou a marcha “Oh! Serafina” e os sambas “Ela disse uma vez pra mim” e “Mulata, sai do portão”, com vistas ao carnaval do ano seguinte.
Em 1926, a marcha “Ai Seu Mé!”, com Freire Júnior foi regravada pela Orquestra Pan American do Cassino Copacabana e também pelo cantor Oscar Pereira Gomes. Em 1927, teve duas obras gravadas por Francisco Alves na Odeon, a marcha “Ai Lelé lé lé” e o samba “Foi você quem me deixou”. Grande folião, destacou-se nas batalhas de confete famosas na época que eram as das ruas Santa Luísa, no Centro da cidade e Dona Zulmira, bairro de Vila Isabel, chegando a receber diversos prêmios como taças e estátuas que chegaram a ser expostas por ele em vitrine da Rua Gonçalves Dias, no Centro da então Capital Federal, o Rio de Janeiro.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
VASCONCELOS, Ari. A nova música da República velha. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1985.