
Compositor. Violonista e cavaquinista.
Primeiro filho do casal de imigrantes napolitanos Crescêncio Jacomino e Vicência Gargiula Jacomino. Aprendeu a ler e escrever com seu pai e seu irmão Ernesto, não havendo jamais freqüentado qualquer colégio. Sua primeira profissão foi a de pintor de painéis, onde a princípio fazia apenas traços e letras. Com o domínio da profissão, chegou a realizar trabalhos de maior envergadura como paisagens, que eram muito utilizadas nas paredes das residências elegantes de São Paulo. Consta que seu primeiro instrumento tenha sido o cavaquinho, que dominava desde os 16 anos de idade, e no qual foi autodidata. Em 1922, casou-se com Maria Vieira de Moraes, quem conheceu por ocasião de um recital no Cinema São José, em Itapetininga. Tiveram dois filhos, Maria Aparecida, a quem dedicou a valsa “Manhãs de sol”, e Luís Américo, que também se tornaria violonista. Passaram a residir na cidade de São Carlos, onde Canhoto abriu uma loja de música e instrumentos musicais chamada “Casa Carlos Gomes”. Posteriormente, de volta a São Paulo, o violonista passou a viver de seus concertos e dos alunos, muitos dos quais pertencentes às mais distintas e tradicionais famílias daquele tempo. Em 1928, empregou-se no funcionalismo público, como lançador da Prefeitura.
Foi denominado Canhoto pelo curioso fato de tocar o violão com a mão esquerda, sem inverter as cordas. Diferentemente da técnica tradicional, o violonista feria as cordas agudas do instrumento com o polegar da mão esquerda e as graves com os dedos anular, médio e indicador. Em 1907, iniciou-se, profissionalmente, como integrante de um trio, atuando ao lado de Glicério na flauta e Zezinho, o futuro Zé Carioca no cavaquinho, apresentamdo-se em bares e modestos restaurantes de São Paulo. Em 1909, quando se apresentava no bar Cascata, conhece o cantor Roque Ricciardi, posteriormente célebre com o nome de Paraguaçu e passaram a se apresentar em cinemas como o Brás-Bijou, o Éden-Teatro, e em diversos restaurantes e circos.
Por volta de 1911, participou de um festival no Cine Bresser, junto com Caramuru, o violonista José Sampaio e Paraguaçu. Em 1912, já era bastante conhecido como violonista em São Paulo, tocando profissionalmente, participando de serenatas e fazendo memoráveis desafios ao violão. No ano seguinte, recebeu convite para gravar na Phoenix seu primeiro disco, onde lançou as valsas “Saudade de minha aurora” e “Belo Horizonte”, de sua autoria, em solos de violão . Ainda nesta época, formou o “Grupo do Canhoto”, um quarteto com trombone (ou flauta), clarineta, violão e cavaquinho, realizando gravações para o selo Odeon, entre as quais, a polca “Saci” e a valsa “Saudades de Iguape”, de João Batista do Nascimento e a mazurca “Amores noturnos”, de autor desconhecido.
A partir de 1914, passou a gravar regularmente para a Odeon, como solista ou com seu grupo. Ainda em 1914, gravou com seu grupo a valsa “Tuim-tuim”, a mazurca “Amores noturnos” e “Adeus Helena”, todas de autores desconhecidos. Em 1917, gravou a valsa “Acordes do violão”, que regravará em 1925 com o título de “Abismo de rosas”, sua obra-prima, que se tornou um clássico do violão brasileiro. No mesmo ano, gravou “O Frederico no choro”, de Fred del Ré; a valsa “Amores na praia” e xote “Depois do beijo”, essas duas de sua autoria, entre outras. Ainda no mesmo ano, o Grupo dos Chorosos gravou sua valsa “Olhos que falam”, que foi regravada no mesmo período por Vicente Celestino com o título de “Samaritana”, recebendo versos de Inácio Raposo. Por ocasião da Primeira Guerra Mundial compôs a “Marcha triunfal brasileira”, na qual procurava expressar o entusiamo de nosso povo pelas vitórias das forças aliadas.
Em 1919, foi convidado a integrar um trio para fazer apresentações teatrais, ao lado de Viterbo Azevedo (este representava o Jeca Tatu, célebre personagem de Monteiro Lobato), e de uma menina de 10 anos de idade, Abgail Gonçalves, mais tarde a conhecida cantora lírica Abgail Alessio. O trio estreou em São Paulo, mas pouco depois, o assasinato de Viterbo em Poços de Caldas interrompeu a carreira do grupo. No ano seguinte, compôs para o carnaval paulista entre outras peças “Ai Balbina”, com letra de Arlindo Leal e, para o carnaval seguinte, escreveu com o mesmo poeta a obra “Já se acabô”.
Em 1925, inaugurou com Paraguaçu a Rádio Educadora Paulista, hoje Rádio Gazeta. No mesmo ano, gravou solando ao violão, o tango “Porque te vuelve a mi” e o maxixe “Uma noite em Copacabana”, de sua autoria. No ano seguinte, gravou como cantor para a Odeon o samba de sua autoria “Só na Bahia é que tem”, único registro existente de sua voz. No mesmo ano, gravou acompanhamento para o cantor Paraguaçu nas modinhas “Morrer de amor” e “Ingrato amor”, de Paraguaçu; na modinha nortista “Mágoas”, de A . Pontes e na valsa “Amor que finda”, de João Portaro e Paraguaçu. Ainda neste ano, passou uma temporada em Avaré (SP), na Fazenda Santa Rosa, quando conheceu o compositor Joubert de Carvalho, que então estudava Medicina no Rio de Janeiro. Tornaram-se amigos e pouco depois, Joubert dedico-lhe a canção “Os teus olhos”, que o violonista gravou no ano seguinte.
Em fevereiro de 1927, participou do concurso “O que é nosso”, patrocinado pelo jornal Correio da Manhã, realizado no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, o qual foi vencedor por unanimidade do concurso de violonistas, executando suas obras “Marcha triunfal brasileira”; “Viola, minha viola” e “Abismo de rosas”. O julgamento deu-se em cena aberta, e o violonista foi intensamente aplaudido com quase todo o público de pé. Além dele, outros violonistas de prestígio participaram do concurso, como Ivone Rabello, João Pernambuco e Manoelito, violonista cego, integrante do grupo “Turunas de Mauricéia”, entre outros. Recebeu o título de “Rei do violão brasileiro”. De volta a São Paulo, realizou duas “Noites brasileiras”, uma no Teatro Boa Vista, e outra no Municipal onde apresentou também o grupo “Turunas paulistas”, conjunto que organizou, composto de quatro violões, flauta, saxofone, dois cavaquinhos, reco-reco, maracaxá e pandeiro. Ainda em 1927, gravou pela terceira vez a valsa “Abismo de Rosas”, além de outras obras de sua autoria como o tango “Olhos feiticeiros”, a valsa lenta “Burgueta” e a “Marcha dos marinheiros”.
Fez, ainda no mesmo ano, acompanhamento de violão para o cantor Francisco Alves na gravação da toada sertaneja “Dengosa” e da modinha “Reflexos de minha alma”, ambas de Francisco Alves. No ano seguinte, no Rio de Janeiro, gravou diversas composições suas em solos de violão e cavaquinho como a valsa “Pensamento”, o fox trote “Quando os corações se querem” e o tango-maxixe “Niterói”. Numa dessas sessões, na Odeon, sentiu-se mal, sendo atendido pelo já então médico Joubert de Carvalho.
Um último disco seu reuniu a valsa “Mexicana” e o cateretê “Uma noite na roça”, ambos de sua autoria. Pouco tempo depois, fez seu último registro fonográfico, o choro “Niterói” e a valsa “Escuta, minhalma”, gravação que não chegou a ver lançada. O coração voltou a lhe trazer problemas, sendo aconselhado pelos médicos a tratar-se no Rio de Janeiro. Chegou à então Capital Federal, mas com o agravamento de seu estado de saúde, voltou a São Paulo, onde veio a falecer. Em 1953, sua valsa “Abismo de rosas” foi regravada em interpretação de cítara por Avena de Castro em disco Copacabana, e também pelo cantor Jaime Silva pela mesma gravadora.
Em 1978, por ocasião dos 50 anos de seu falecimento, foi lançado pela Continental o LP “Homenagem a Américo Jacomino”, com a participação de diversos violonistas, entre os quais, seu filho Luís Américo Jacomino, que utilizou o violão que lhe pertencera.
(Grupo do Canhoto)
(Grupo do Canhoto)
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(Grupo do Canhoto)
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(Grupo do Canhoto)
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
VASCONCELOS, Ary. A nova música da República Velha. Edição do autor. Rio de Janeiro, 1985.
VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.