5.001
Nome Artístico
Cândido das Neves
Nome verdadeiro
Cândido das Neves
Data de nascimento
24/7/1899
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
4/11/1934
Local de morte
Rio de Janeiro
Dados biográficos

Compositor. Violonista.

Um dos quatro filhos do célebre trovador e palhaço Eduardo das Neves, também conhecido por Nego Dudu, um dos primeiros cantores a registrar discos no Brasil. Interessou-se pelo violão desde os cinco anos de idade, influenciado pelas atividades de seu pai, que no entanto o proibira de tocar o instrumento – na época considerado de má fama – preferindo que o filho se dedicasse ao piano ou violino. Entrou para o colégio interno, também por determinação de seu pai, que queria que o filho tivesse instrução. Ao concluir o curso em 1920, dedicou-se, às escondidas, ao instrumento proibido.

Em 1922, já com o apelido de Índio, empregou-se como funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, como conferente de estação, chegando, posteriormente, a agente ferroviário. Casou-se com Débora Siqueira, com quem teve um filho. Em 1925, foi transferido para Conselheiro Lafaiete (MG) onde residiu por um ano, freqüentando sempre serestas com seus companheiros da Central do Brasil.

Dedicou-se também ao ensino, pois dominava a leitura e escrita musical.

Dados artísticos

Iniciou sua atividade artística como compositor,  fazendo serestas pelas madrugadas do Rio de Janeiro, acompanhado  por colegas, dentre os quais, Henrique de Melo Moraes (tio de Vinicius), Uriel Lourival, autor da célebre valsa “Mimi”, etc.  Em 1922, gravou como cantor  duas composições suas, “Saudades do sertão” e o foxtrote “Quadra de amor”, ambas para a Odeon.  Por volta de 1930,  apresentou-se  algumas vezes no programa de Gastão Lamounier, na Rádio Educadora do Brasil. No mesmo ano, teve três canções gravadas na Victor: “Lenda sertaneja”, por Jesy Barbosa, “Canção do ceguinho”, por Floriano Belham e “Rancho abandonado”, parceria com Pixinguinha, por Albenzio Perrone.
Em 1931, teve gravadas na Victor o samba canção “Com Iaiá é assim”, por Jesy Barbosa e a canção “Cinzas de amor”, por Floriano Belham. No ano seguinte, Vicente Celestino gravou na Columbia a canção “Cabocla serrana”. No mesmo ano, conheceu seu primeiro sucesso, o tango “Noite cheia de estrelas”, gravado por Vicente Celestino na Columbia. Esta toada canção está presente numa das cenas do filme “Dona Flor e seus dois maridos”, em 1976, de Bruno Barreto, interpretada pelo personagem Vadinho, vivido pelo ator José Wilker.  Ainda em 1932, fazendo a segunda voz, gravou com Melo Morais  duas composições suas, as canções sertanejas “Rosa morena ” e “Luar da minha terra”. Ainda no mesmo ano, Vicente Celestino gravou na Columbia a canção “Entre lágrimas” e o tango canção “Dileta”.  Também em 1932, a canção “ùltima estrofe” e o tango-canção “E nada mais” foram gravadas por Castro Barbosa em disco Columbia.
Em 1933, Vicente Celestino gravou na Columbia as canções “Nas asas brancas da saudade” e “Renúncia em prantos”, essa última em parceria com Juca Kalut. No mesmo ano, Dircinha Batista gravou na Odeon suas canções “Órfã” e “Anjo enfermo”. Em 1934, ganhou o primeiro lugar, na categoria samba,  no concurso de músicas carnavalescas  promovido pela revista  O Malho, com “Perdi o meu pandeiro”, que não foi gravada. No mesmo ano, teve duas composições gravadas na Columbia pelo cantor Moacyr Bueno Rocha, a canção “Vangelina” e a valsa “Para sempre adeus”. Em 1935, Vicente Celestino gravou na Victor a toada canção “E nada mais!…”, a valsa “Castelos de areia” e o tango canção “Rasguei o teu retrato”. Sempre fiel à modinha popular, em sua obra constam ainda valsas, canções, marchas e tangos. 
Muitas composições suas que vieram a ser sucesso,  foram gravadas após sua morte, como “A última estrofe”, que inicialmente gravada por Fernando Castro Barbosa, veio a ser  registrada na voz de Orlando Silva, que a regravou em 1935, sendo mesmo considerado o primeiro sucesso do célebre cantor. A música viria a ser  também gravada posteriormente pelos grandes seresteiros do Brasil, como Vicente Celestino, Nélson Gonçalves  e Sílvio Caldas. “Lágrimas”,  sucesso de Orlando Silva foi gravada quase que simultaneamente que “Ultima estrofe”, em 1935. Em 1938, sua valsa “Página de dor”, feita em parceria com Pixinguinha, foi  gravada por Orlando Silva na Victor, quando o cantor estava no auge de sua fama e brilho vocais. Em 1943, teve cinco composições gravadas por Vicente Celestino na Continental: os tangos “Noite cheia de estrelas” e “Dileta”, e as canções “Cabocla serrana”, “Entre lágrimas” e “Nas asas brancas da saudade”. Em 1954, o tango “Noite cheia de estrelas” foi regravado por Vicente Celestino na RCA Victor, e a valsa “Lágrimas” foi gravada por Mário Zan, também na RCA Victor. Três anos depois, duas outras composições suas foram regravadas por Vicente Celestino na RCA Victor, as canções “Nênias” e “Em delírio”. Em 1968, sua clássica canção “Noite Cheia de Estrelas”, foi gravada por Carim Mussi, no LP “No tempo da seresta”, da gravadora Caravelle. No mesmo ano, mais duas canções “Dileta” e ”        Lágrimas” foram gravadas por Carim Mussi, no LP “No tempo da seresta – Volume 2”, da gravadora Caravelle. Em 1973, o tango “Noite cheia de estrelas” recebeu uma consagrada regravação do cantor Evaldo Braga, então no auge do sucesso. Em 1980, três composições foram gravadas por Onéssimo Gomes no LP “Serestas brasileiras” da gravadora Musidisc: “a valsa-canção “Lágrimas”; a canção “A última estrofe”, e o tango “Noite cheia de estrelas”. Em 2009, o cantor, compositor e produtor Gonzaga Leal gravou a canção “A última estrofe” no CD “A lírica e o que mais não seja”. Em 2012, foi homenageado pelo selo Revivendo, com o lançamento do CD “Cândido das Neves – Índio”, que reuniu 18 composições suas em diferentes interpretações: “A maior descoberta”, em dueto de Almirante e Castro Barbosa; “De tanga”, “Porque gosto de você” e “Rhapsódia de amor”, esta com Carlos Rodrigues, na voz de Francisco Alves; “Infeliz amor”, na de Jaime Vogeler; “Jura de cabocla”, com Benício Barbosa; “Lágrimas”, na interpretação de Orlando Silva; “Lenda sertaneja”, na de Jesy Barbosa; “Tudo acabado”, na de J. Gomes Junior; “Um beijo só”, com Bonfíglio de Oliveira, na interpretação de Luciano Perrone; “Sim, mas desencosta”, na voz de Aracy Côrtes; “Foi moamba”, com Pixinguinha, cantada por Breno Ferreira, e “Cinzas”; “Abismo de amor”; “Entre lágrimas”; “Castelo de areia”; “Dilecta” e “Noite cheia de estrelas”, todas na voz de Vicente Celestino, seu maior intérprete.

Discografias
1932 Parlophon 78 Luar de minha terra/Rosa morena
1922 Odeon 78 Quadra de amor
1922 Odeon 78 Saudades do sertão
Obras
A maior descoberta
A órfã
A última estrofe
Abismo de amor
Anjo enfermo
Cabocla serrana
Canção do ceguinho
Castelos de areia
Cinzas
Cinzas do amor
Com iaiá é assim
De tanga
Dileta
E nada mais
Em delírio
Entre lágrimas
Foi muamba (c/ Pixinguinha)
Fonte abandonada (c/ Pixinguinha)
Infeliz amor
Jura de caboclo
Lenda sertaneja
Luar de minha terra
Lágrimas
Nas asas brancas da saudade
Noite cheia de estrelas
Nênias
Para sempre adeus
Por que gosto de você
Página de dor (c/ Pixinguinha)
Rancho abandonado (c/ Pixinguinha)
Rasguei o teu retrato (c/ Pixinguinha)
Renúncia em prantos (c/ Juca Kalut)
Rosa morena
Sim, mas desencosta
Um beijo só (c/ Bonfiglio de Oliveira)
Vangelina
Versos de longe
Voltas-te
Íntima lágrima
Órfã
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora 34, 1997.