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Nome Artístico
Cadete
Nome verdadeiro
Manoel Evêncio da Costa Moreira
Data de nascimento
3/5/1874
Local de nascimento
Ingazeira, PE
Data de morte
25/7/1960
Local de morte
Tibagi, PR
Dados biográficos

Cantor. Violonista. Compositor.

Filho de Antônio da Costa Moreira e Maria Cândida da Costa Moreira. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1887, matriculando-se na Escola Militar – daí a alcunha de Cadete. Certa vez, o Imperador D. Pedro II, em visita a escola, concedeu-lhe uma medalha por ter sido o único aluno da turma a responder pergunta sobre o valor do grama como medida de peso.

Seu temperamento boêmio e sua vocação artística foram incompatíveis com a vida militar, tendo sido preso algumas vezes por insubordinação, o que o levou finalmente a abandonar a farda.

Em 1906, viajou pelos estados do Maranhão, Ceará, Pará, Acre e Amazonas, onde contraiu beribéri, transferindo-se a conselho médico para o Paraná. Foi então para Tibagi, onde conheceu Maria Antonia Nocêra, a quem imediatamente pediu em casamento. Diante do desejo do pai da futura noiva em obter maiores informações a seu respeito, desistiu do casamento, transferindo-se em 1908 para Campina Alta. Em junho desse mesmo ano, casou-se com Maria Cândida Pinto Camargo, em Campina Alta, cidade onde nasceram seus filhos Alba, Aldo, Adauto, Nair, Arnaldo e Bernadete.

Em 1910, diplomou-se em Farmácia, tendo sido o melhor aluno de sua turma. Em 1930, deixou a cidade de Campina Alta, mudando-se para Reserva onde residiu por dois anos. Em 1932, voltou definitivamente para Tibagi, tornando-se proprietário de uma farmácia. Posteriormente, na ausência de um especialista na área médica na cidade, tornou-se médico local, passando a receitar e tendo sido considerado excelente profissional. Perdeu sua esposa em 1947, contraindo segundas núpcias com Acelina Nocêra, irmã de Maria Antônia Nocêra, com quem estivera para se casar em 1907. Deste casamento nasceu um filho, Aldo da Costa Moreira (1939), afilhado por procuração de Catulo da Paixão Cearense. Por volta de 1950 , adoeceu de disfunção renal e hepática, vindo a falecer em 25 de julho de 1960.

Dados artísticos

Um dos mais importantes artistas do início do século, foi o primeiro cantor a gravar em cilindros para a casa Edison, introdutora no Brasil da gravação de discos de gramofone. Bom seresteiro, logo travou conhecimento com Satiro Bilhar que, em 1895, o apresentou àquele que se tornaria seu grande amigo e compadre: Catulo da Paixão Cearense. Em pouco tempo, estava integrado ao ambiente musical da época, tornando-se companheiro de Anacleto de Medeiros, Irineu de Almeida, Mário Pinheiro, Eduardo das Neves, Quincas Laranjeiras, Ernesto Nazareth, entre outros. Foi descoberto por Fred Figner, proprietário da Casa Edison, quando procurava um bom cantor popular para gravar os primeiros cilindros comerciais feitos no Brasil.

No primeiro catálogo lançado em 1902, seu nome aparece com a sigla K.D.T., como intérprete de cerca de 65 modinhas e lundus, alguns de grande sucesso, para a etiqueta Zon-O-Phone. Entre as modinhas gravadas por ele nesse ano, todas de autores desconhecidos estão: “Bem-te-vi”, “Estrela dalva”, “A mulata”, “Morena do Rio” e “Quisera amar-te”. Gravou também a cançoneta “O bonde”, de sua autoria e a valsa “A princesa do Império chinês”.

Em 1912, gravou os lundus “As costureiras”, de autor desconhecido e “Na Avenida”, de Rabisco, a modinha “Trovas de um coração”, de K. Melo e a trova “Pena sutil”, de domínio público. No mesmo ano, gravou os lundus “Geografia polêmica”, “Tropeiro em viagem” e “Com medo das visões”, de sua autoria. Gravou no mesmo período alguns discos com o cantor Bahiano, interpretando entre outras, o desafio “Madapolão e bem-te-vi”, de sua autoria. Gravou ainda na Columbia as modinhas “Lírio da campina”, “O teu olhar”, “Rosa do prado” e “Vamos é minha adorada”.

Bom repentista, teve diversos de seus versos satíricos cantados em todo o Brasil. Uma de suas modinhas, “O poeta e a fidalga”, em parceria com Manoel Wanderley, fez muito sucesso. Fez também anúncios para a casa Edison. Apesar de sua transferência para o Sul, vinha regularmente ao Rio de Janeiro para fazer gravações. Apresentou-se pela última vez na cidade em 1942, em um programa da Rádio Nacional.

Discografias
1913 Odeon 78 A pena sutil
1913 Odeon 78 Trovas de um coração
1912 Odeon 78 A República Portuguesa
1912 Odeon 78 A barquinha
1912 Odeon 78 A mulher é o diabo de saias
1912 Odeon 78 A mulher é um anjo
1912 Odeon 78 A política
1912 Odeon 78 Amor desfeito
1912 Odeon 78 As costureiras
1912 Odeon 78 Aurora surge brilhante
1912 Odeon 78 Balada dos olhos
1912 Odeon 78 Balas
1912 Odeon 78 Cabala eleitoral

com Bahiano

1912 Odeon 78 Caiu do céu uma estrela
1912 Odeon 78 Caixeiro e patrão

(Com Bahiano)

1912 Odeon 78 Cantata de um padre
1912 Odeon 78 Carta de um caipira
1912 Odeon 78 Casa branca
1912 Odeon 78 Casamento up-to-date
1912 Odeon 78 Coisas da vida
1912 Odeon 78 Com medo das visões
1912 Odeon 78 Cor morena
1912 Odeon 78 Desafio

(Com Bahiano)

1912 Odeon 78 Desânimo de um coração
1912 Odeon 78 Discurso asnático
1912 Odeon 78 Esmeralda
1912 Odeon 78 Este tango
1912 Odeon 78 Estrela D'Alva
1912 Odeon 78 Flor santa
1912 Odeon 78 Geografia poética
1912 Odeon 78 Gosto de ti (Porque gosto)
1912 Zon-O-Phone 78 Laura
1912 Columbia 78 Lírio da campina/o teu olhar
1912 Odeon 78 Madapolão e bem-te-vi

(Com Bahiano)

1912 Odeon 78 Menina diz a teu pai
1912 Odeon 78 Mingau bem mexido
1912 Odeon 78 Morreu D. Carlos
1912 Odeon 78 Moça feia que namora
1912 Odeon 78 Na Avenida
1912 Odeon 78 No consultório de um médico
1912 Odeon 78 O beijo
1912 Odeon 78 O leque
1912 Odeon 78 O meu casamento
1912 Odeon 78 O orgulho das crioulas
1912 Odeon 78 O vagabundo
1912 Odeon 78 Para um coração
1912 Odeon 78 Paraná
1912 Odeon 78 Por entre as trevas
1912 Odeon 78 Portugal monarquista

com Bahiano

1912 Odeon 78 Quando em ti penso saudoso
1912 Odeon 78 Que mais desejas?
1912 Odeon 78 Quem é o diabo?
1912 Odeon 78 Questão intrincada
1912 Odeon 78 Quisera ver-te
1912 Columbia 78 Rosa do prado/Vamos ó minha adorada
1912 Odeon 78 Samba matreiro
1912 Odeon 78 Santa Catarina e Paraná

com Bahiano

1912 Odeon 78 Saudade e sonho
1912 Odeon 78 Serenata
1912 Odeon 78 Sessão no Congresso
1912 Odeon 78 Simples desejos
1912 Odeon 78 Trovas
1912 Odeon 78 Trovas de um garoto
1912 Odeon 78 Vem ver Elisa
1912 Odeon 78 Visão do luar
1912 Odeon 78 Vá saindo
1912 Odeon 78 no telefone
1912 Odeon 78 o bonde
1912 Odeon 78 quem é deus?
1912 Odeon 78 tropeiro em viagem
1902 .Zon-O-Phono 78 A borboleta
1902 Zon-O-Phone 78 A borboleta
1902 Zon-O-Phone 78 A crioula
1902 .Zon-O-Phono 78 A mulata
1902 Zon-O-Phone 78 A mulata
1902 Zon-O-Phone 78 A primavera
1902 .Zon-O-Phono 78 A tarde
1902 .Zon-O-Phono 78 Arminda
1902 .Zon-O-Phono 78 Ave Maria
1902 Zon-O-Phone 78 Ave Maria
1902 Zon-O-Phone 78 Balas
1902 Zon-O-Phone 78 Bem-te-vi (I)
1902 Zon-O-Phone 78 Bem-te-vi (II)
1902 Zon-O-Phone 78 Camponesa morena
1902 Zon-O-Phone 78 Chiquinha
1902 Zon-O-Phone 78 Ciúmes
1902 .Zon-O-Phono 78 Como és esperta
1902 Zon-O-Phone 78 Como és esperta
1902 .Zon-O-Phono 78 Cor morena
1902 Zon-O-Phone 78 Costureira
1902 Zon-O-Phone 78 Despreso
1902 Zon-O-Phone 78 Em certa rua
1902 Zon-O-Phone 78 Entrevista no bonde
1902 .Zon-O-Phono 78 Escuta
1902 Zon-O-Phone 78 Escuta
1902 .Zon-O-Phono 78 Estrela d'alva
1902 Zon-O-Phone 78 Estrela d'alva
1902 .Zon-O-Phono 78 Gosto de ti
1902 .Zon-O-Phono 78 Jaz linda noite
1902 Zon-O-Phone 78 Jaz linda noite
1902 Zon-O-Phone 78 Laura
1902 .Zon-O-Phono 78 Leonor
1902 Zon-O-Phone 78 Leonor
1902 Zon-O-Phone 78 Lírio da campina
1902 .Zon-O-Phono 78 Madrugada
1902 Zon-O-Phone 78 Meu país
1902 .Zon-O-Phono 78 Morena do Rio
1902 Zon-O-Phone 78 Morena do Rio
1902 Zon-O-Phone 78 Moreninha tenho medo
1902 Zon-O-Phone 78 Nunca amei
1902 .Zon-O-Phono 78 O bonde
1902 Zon-O-Phone 78 O bonde
1902 Zon-O-Phone 78 O capoeira
1902 Zon-O-Phone 78 Olhos azuis
1902 Zon-O-Phone 78 Os dois crioulos
1902 Zon-O-Phone 78 Pachá Isana
1902 Zon-O-Phone 78 Perdão
1902 .Zon-O-Phono 78 Pescaria
1902 Zon-O-Phone 78 Pescaria
1902 Zon-O-Phone 78 Peste bubônica
1902 .Zon-O-Phono 78 Preta Mina
1902 .Zon-O-Phono 78 Princesa do Império chinês
1902 Zon-O-Phone 78 Princesa do Império chinês
1902 Zon-O-Phone 78 Quando me falas
1902 Zon-O-Phone 78 Quisera amar-te
1902 Zon-O-Phone 78 Rosa do sertão
1902 Zon-O-Phone 78 Saldanha da Gama
1902 .Zon-O-Phono 78 Sobre o mar
1902 Zon-O-Phone 78 Sobre o mar
1902 Zon-O-Phone 78 morena Vem cá,
1902 Zon-O-Phone 78 Vem cá. Morena
1012 Odeon 78 O vaidoso
Obras
A política
Amor desfeito
Carta de um caipira
Com medo das visões
Desânimo de um coração
Geografia polêmica
Madapolão e bem-te-vi
Menina diz a teu pai
No consultório de um médico
O bonde
O vaidoso
Quem é o diabo?
Tropeiro em viagem
Trovas de um garoto
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 1. Rio de Janeiro: Martins, 1965.