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Nome Artístico
Caçula Hilário
Nome verdadeiro
Carlos Silva e Souza
Data de nascimento
25/8/1943
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Instrumentista (violonista, contrabaixista, cavaquinista, banjoísta).

Nasceu na casa de seus avós paternos, no bairro de Estácio, no Rio de Janeiro.
Filho do compositor Carlos Hilário de Souza, tinha sua casa frequentada por também compositores, amigos de seu pai, como Ismael Silva, Ataulfo Alves, Arnaud Canegal, Wilson Batista, Buci Moreira, Sinval Silva, entre outros.
Ainda pequeno, ao ver um banjoísta em um circo, construiu ele próprio um “Banjo”, em um pedaço tosco de madeira, que simulava tocar durante as brincadeiras em casa. Foi o suficiente para o pai colocá-lo para estudar música. As primeiras noções foram no cavaquinho, dadas pelo músico Pinguim.
Teve aulas de pandeiro com João da Baiana.
Estudou na Escola de Música Ultra, no bairro da Praça da Bandeira (RJ), pelos métodos de Tárrega e Carcassi com os professores Humberto Ramos e Othon Mascarenhas.
Seu contato com o Choro se deu pelas mãos do Canhoto do Violão, do regional do Cacizo, que passou a integrar já aos 12 anos de idade, Nessa época era o “caçula” do grupo, o que originou seu apelido, dado pela moça que preparava as refeições tradicionalmente servida aos músicos nas tocatas e saraus, que ao servir fez questão de chamar primeiro o “mais caçula” do grupo e o apelido pegou.
Ainda menino ia tocar pandeiro no conjunto de Valdir Azevedo, nos arredores da Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro.
No final da década de 1950 começou a aprender contrabaixo vendo o contrabaixista Laurindo na rádio Vera Cruz, mas foi Jorge Marinho o seu verdadeiro professor.
Seu primeiro professor de cavaquinho foi Pinguim. Também aprendeu muito vendo Valdiro Frederico Tramontano, o Canhoto, tocar com o seu Regional na rádio Mayrink Veiga. Passou a tocar cavaquinho de duas maneiras distintas, da maneira como é tocada normalmente, como todo músico destro toca, e com as cordas invertidas, dispostas para um músico canhoto, só que continuando a tocar como se fora destro. Essa história começou quando teve que substituir o cavaquinista Nivaldo, que tocava na  Rádio Mauá com o violonista Darly Lousada. Nivaldo era canhoto e para um destro tocar, as cordas todas ficariam invertidas; só que o Caçula já vinha fazendo as transposições em sua cabeça, pois vislumbrara o momento em que Nivaldo precisaria ser substituído e se preparou para a ocasião. Isso gerou a brincadeira que costuma fazer nas rodas de Choros, ao aparecer com esses dois tipos de cavaquinhos, “resolsire” e “resisolre”.

Dados artísticos

Desde muito cedo ia para as rádios Nacional, Tupy, Mayrink Veiga para ver e os músicos tocarem e aprender coisas novas. Às vezes ficava o dia inteiro sem comer, era “corrido” pelos contra-regras e na maioria das vezes fora socorrido pelos próprios artistas, que passaram a indicá-lo cuidadosamente para tocar em eventos substituindo ora violonistas, ora cavaquinistas. Foi assim que Arlindo Ferreira várias vezes o indicou para substituí-lo, chegando a acompanhar artistas como Aracy de Almeida.
Aos 16 anos o violonista Rogério Guimarães, chefe do Regional da Rádio Tupy, convidou-o para substituir o cavaquinhista Tico-Tico, primo do Dino 7 Cordas.
Foi levado por Pixinguinha, a quem fazia questão de chamar “seu” Alfredo, à casa de Bide, passando a participar das rodas em sua casa, no bairro de Olaria (RJ) e a fazer parte do regional do eminente compositor integrado por Pixinguinha (saxofone), Bide (flauta), Zé da Velha (trombone de pistão), Caçula Hilário e Severino (violões), Valdemar ou Pintacuda (cavaquinho), Milton (pandeiro), Pedro, irmão do Bide, (surdo).
Substituindo músicos, acompanhou artistas como Emilinha Borba, Vicente Celestino, entre outros. Em uma situação em que substituía o violonista Arlindo Cachimbo na banda que acompanhava Aracy de Almeida, a cantora disse que sem o Arlindo não iria ter show. A condição para que aceitasse Caçula era que fosse feito um ensaio a sós com o músico, no qual acabou ficando surpreendida com a competência do jovem, que conquistou sua confiança.
Na década de 1960 foi tocar contrabaixo elétrico em conjuntos de baile em boates como Arpège, Fred’s, Drink (cujo dono era o cantor Cauby Peixoto) e Sacha, na qual teve oportunidade de trabalhar com o cantor Paulo Marques, substituindo o contrabaixista Tarzã (Silvio César). Chegou a tocar guitarra em uma banda, mas a exigência de ter que deixar os cabelos crescerem fez com que ele e Válter Silva desistissem do negócio.
Em 1964 participou da gravação da trilha sonora do filme “Sol sobre a lama”, de Palma Neto, com música de Pixinguinha.
Em 1965 trabalhou na Philips com o violonista e compositor Luiz Bittencourt, fazendo teste com cantores em busca de espaço e notoriedade. Entre esses, Agnaldo Timóteo, Altemar Dutra, que se tornariam famosos.
Em 1971 viajou como cavaquinista para a Argentina com a delegação de Osvaldo Sargenteli e seu show de sambas e mulatas. Entre os músicos estavam Arlindo Ferreira e Indio do Cavaquinho. Nesse mesmo ano teve oportunidade de conversar com músicos do grupo que acompanhou Amália Rodrigues quando a fadista esteve no Rio de Janeiro, através do programa “Atrações Joaquim Pimentel”, que ia ao ar na Rádio Vera Cruz. Daí nasceu-lhe a ideia de construir uma espécie de contrabaixo com formato de violão. Encomendou-o aos Irmãos Del Vecchio, famosa casa de instrumentos com sede em São Paulo. Este instrumento, que passou a ser usado pelos músicos fadistas, era chamado de violão contrabaixo e os músicos no Rio de Janeiro chamam-no  Baixolão.
Em 1975 foi professor de violão popular no Conservatório Brasileiro de Música.
Dos trabalhos que realizou com fadistas no Rio de Janeiro, até a última metade dos anos 1990, destacam-se aqueles com o cantor Tony Ramos, dono da casa chamada O Fado, em Copacabana (RJ). Trabalhou também em outras casas de Copacabana como o Lisboa à Noite, e A Desgarrada. Acompanhou o fadista de maior sucesso radiofônico e em disco no Brasil, Francisco José, proprietário da Adega de Évora, onde tocava o violonista Xavier Pinheiro, autor da famosa valsa “Elza”. Nesse trabalho teve a oportunidade de acompanhar as fadistas Maria Alcina, Antônio Campos, Manuel Taveira e tocar com os guitarristas portugueses Antonio Pereira e Antonio Rodrigues.
Como instrumentista acompanhou vários artistas, dentre os quais Dalva de Oliveira, Carlos Augusto, Núbia Lafayette, Aracy Cortes, Nélson Gonçalves, Roberto Silva, Paulo Marquês, Marlene, entre outros.