5.001
Nome Artístico
Bide
Nome verdadeiro
Alcebíades Maia Barcelos
Data de nascimento
25/7/1902
Local de nascimento
Niterói, RJ
Data de morte
18/3/1975
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor.

Em 1908, sua família transferiu-se para o Rio de Janeiro, indo residir no bairro do Estácio de Sá. Ali, na juventude, iria se empregar como sapateiro em uma fábrica. Na década de 1920, acompanhado pelo irmão, Rubem Barcelos, começou a freqüentar as rodas de samba do Estácio, onde também apareciam sambistas que seriam responsáveis por um ritmo despido do estilo mais próximo do maxixe, muito comum na época. Entre esses sambistas, dos quais iria se aproximar estavam Baiaco, Brancura e Ismael Silva.

Dados artísticos

Em 1926 conheceu Ismael Silva. No Estácio, tornou-se conhecido do flautista Benedito Lacerda, também morador daquele bairro e com quem passou a tocar sambas, ao cavaquinho. Desse seu interesse pelo mundo do samba, nasceu em 1927, a sua composição “A malandragem”. No mesmo ano, conheceu em uma gafieira do Largo do Rio Comprido o cantor Francisco Alves, que adquiriu seu samba “A malandragem” e gravu no ano seguinte na Odeon, constando a autoria do samba como sendo uma parceria dos dois. Em 1928, foi um dos fundadores da primeira escola de samba, a Deixa Falar, ao lado de Ismael Silva, Baiaco, Brancura, Mano Aurélio, Heitor dos Prazeres, Mano Rubens, Nilton Bastos e Mano Edgar. Foi, antes de tudo, um pioneiro na instrumentação das baterias de escolas de samba. A ele se deve a introdução do surdo e do tamborim no acompanhamento dos sambas cantados pelos componentes da “Deixa Falar”. Chegou a fabricar instrumentos de percussão aproveitando latas de manteiga. Após a gravação de seu primeiro samba (antes mesmo que Ismael Silva tivesse sido gravado), decidiu abandonar o ofício de sapateiro para investir na carreira de compositor. Duas músicas suas seriam cantadas pela Deixa Falar no Carnaval de 1932, “O meu segredo” e “Rir para não chorar”. No ano seguinte, Mário Reis gravou na Victor seu samba “Fui louco”, parceria com Noel Rosa e Luiz Barbosa, o samba “Vou te dar”, parceria com Getúlio Marinho. Ainda em 1933, por seu intermédio, Ataulfo Alves consegue gravar o primeiro samba de sua autoria na Victor.Também em 1933, conheceu seu maior sucesso, o samba “Agora é cinza”, gravado por Mário Reis na Victor. “Agora é cinza”, parceria com Armando Marçal, com quem fez muitos dos seus sambas, alcançou sucesso imediato no carnaval de 1934, sendo a vencedora do concurso de músicas carnavalescas da prefeitura do Distrito Federal, composição que teve mais de cem gravações. A parceria com Marçal se firmou como uma das mais frutíferas na história do samba. Na maioria das vezes, ficava com a melodia e Marçal com a letra. Ainda em 1934, compôs com Alberto Ribeiro, “Você me deu o bolo” e, com Armando Marçal, “Cruel cíúme”, sambas gravados por Sílvio Caldas, na Odeon. No ano seguinte, o mesmo Sílvio Caldas voltou a gravar duas de suas parcerias com Alberto Ribeiro, a marcha “São Tomé” e o samba “Implorando meu perdão”. No mesmo ano, fez com Valfrido Silva, a marcha “Entre outras coisas”, gravada por Carmem Miranda e, com Roberto Martins, a marcha “Chave de ouro”, gravada por Araci de Almeida. Em 1936, teve o samba “Cruel separação”, parceria com Benedito Lacerda gravado por Almirante; o samba “Já é demais” e a marcha “Vem mulata”, parcerias com Armando Marçal, gravados por Carlos Galhardo e o samba “Remo no mar” e a marcha “Tipo combinado”, parcerias com Valdemar Silva, gravadas por Patrício Teixeira, todas na Odeon. No mesmo ano, Carmen Miranda gravou, de sua parceria com Valfrido Silva, o samba “Quem canta, seus males espanta!”.

No mesmo período, fez em parceria com João de Barro e Mano Décio da Viola, o samba “Vem, meu amor”, baseado em composição clássica européia e lançado em disco Victor por Almirante para o Carnaval daquele ano. Ainda em 1936, teve três obras gravadas por Carlos Galhardo, os sambas “Você não sabe, amor”, com Ataulfo Alves e “Não há de que”, com Alberto Ribeiro e a marcha “O palhaço o que é?”, com Paulo Barbosa, que fez grande sucesso no Carnaval do ano seguinte.

Em 1937, compôs com Kid Pepe, o samba “Mangueira”, gravado pela dupla Joel e Gaúcho e, com Alberto Ribeiro, a marcha “Ninguém fica pra semente” e o samba “Você não jurou”, parceria com Armando Marçal, gravadas por Carlos Galhardo. No mesmo ano, teve os sambas “E foi assim”, parceria com Leonel Azevedo, gravado por Aurora Miranda e, “Ando sofrendo”, parceria com Roberto Martins, gravado por Francisco Alves. Em 1939, teve três obras gravadas por Francisco Alves: o samba “Meu primeiro amor”, parceria com Armando Marçal e a marcha “Ora bolas”, parceria com Max Bulhões. A partir do final da década de 1930, passou a trabalhar como ritmista da Rádio Nacional ao lado de Marçal permanecendo nessa atividade durante quase 30 anos, ao mesmo tempo em que participava também de inúmeras gravações. Em 1940, Nuno Roland gravou na Odeon o samba “Perdão meu bem”, parceria com Armando Marçal. No mesmo ano, na Victor, foram gravadas os sambas “A primeira vez”, por Orlando Silva e “Você partiu”, por Aurora Miranda, parcerias com Armando Marçal.

Em 1941, Carolina Cardoso de Menezes regravou na Victor, ao piano, “Agora é cinza”, em ritmo de fox. No ano seguinte, compôs com Darci Oliveira, o samba “Adeus Estácio”, gravado por Gilberto Alves na Odeon. No mesmo ano, compôs com Cartola o samba “Não posso viver sem ela”, gravado por Ataulfo Alves e Sua Academia de Samba em disco Odeon. Em 1945, teve dois sambas gravados por Os Trovadores na Continental, “Leva-me para a Bahia”, com Armando Marçal e “Pra onde eu vou mudar”, com Ari Frazão. No ano seguinte, mais duas parcerias com Marçal foram gravadas, “Barão das cabrochas”, pelos Quatro Azes e Um Coringa, na Odeon e “Deixa-me partir”, por Déo na Continental. Com a morte do parceiro Marçal em 1947, diminuiu consideravelmente sua produção, dedicando-se mais às atividades de ritmista. Em 1949, compôs com Sebastião Gomes, o samba “Desce, favela”, gravado por Blecaute na Continental. Em 1953, teve nova composição em parceria com Sebastião Gomes gravada por Blecaute, o samba “Primeiro eu”. Entre as gravações que realizou, destacou-se o LP Carnaval da velha guarda, editado pela Sinter em 1955, no qual tocou afoxê com o conjunto da Velha Guarda, composto por Pixinguinha, Donga e João da Baiana.

Em 1965, Mario Reis regravou o samba “Agora é cinza”. Aposentou-se no início da década de 1960, abandonando o meio artístico e reaparecendo somente em 1967 para prestar depoimento para o MIS, do Rio de Janeiro. No mesmo ano, o samba “Não posso viver sem ela”, foi regravado pelo conjunto Rosa de Ouro, no LP Rosa de Ouro volume II, da Odeon, com o título de “Mulher fingida”. Em 1968, participou na TV Record da Bienal do samba, com a composição “Dai um jeito nesse mundo”.

Em 1970, em consulta feita pelo produtor Marcus Pereira e 14 dos maiores críticos do Brasil, o samba “Agora é cinza” foi escolhido como o samba mais bonito dentre todos os demais, o que mereceu um LP editado pelo selo Marcus Pereira. Em 1971, Mário Reis regravou o samba “Fui louco”, parceria com Noel Rosa. Em 1973 mudou-se do Estácio, onde sempre vivera, para o conjunto residencial dos músicos do bairro carioca de Inhaúma, passando aí os últimos anos de vida. Em 2004, seus sambas “Agora é cinza”, “Meu sofrimento” e “Nosso romance”, os três com Marçal foram incluídos na caixa de três CDs “Um cantor moderno” lançada pela BMG com a obra do cantor Mário Reis.

Obras
Você me deu o bolo (c/ Alberto Ribeiro)
A bênção, Papai Noel (c/ Alberto Ribeiro)
A malandragem (c/ Francisco Alves)
A primeira vez (c/ Marçal)
Adeus, Estácio (c/ Darci de Oliveira)
Agora é cinza (c/ Marçal)
Ai de mim... (c/ Leofontino de S. Lins),
Alma que chora (c/ Marçal)
Ama-se uma vez (c/ Marçal)
Amor (c/ Marçal)
Ando na orgia (c/ Marçal)
Ando sofrendo (c/ Roberto Martins)
Barão das cabrochas (c/ Marçal)
Brinquei com o amor (c/ Sebastião Gomes)
Canto para não chorar (c/Marçal)
Chave de ouro (c/ Roberto Martins)
Coitada (c/ Eurípides Capelana)
Companheiro dileto (c/ Marçal)
Cruel ciúme (c/ Marçal)
Cruel separação (c/ Benedito Lacerda)
Dai um jeito nesse mundo (c/ Antônio Almeida)
Dama, valete e rei (c/ Sebastião Gomes)
Deixa amanhecer (c/ João da Baiana)
Deixa-me partir (c/ Marçal)
Deixaste saudade (c/ Marçal)
Deixe-me em paz (c/ Sebastião Gomes)
Deixo saudades
Desce, favela
Desperta (c/ Álvaro Santos)
Dois luares pequeninos (c/ Dan Malio Carneiro)
Dou-te um adeus (c/ Marçal)
Durmo sonhando (c/ Marçal)
E foi assim (c/ Leonel Azevedo)
Ele vem chorando (c/ Roberto Martins)
Entre outras coisas (c/ Valfrido Silva)
Eu agora sou casado (c/ Cristóvão de Alencar)
Eu remo no mar (c/ Valdemar Silva)
Eu sei (c/ Ângelo Dias)
Festa de São João (c/ Sebastião Gomes)
Fiquei falando sozinho
Foi surpresa (c/ Haroldo Lobo)
Foi você (c/ Marçal)
Fui culpado
Fui louco (c/ Noel Rosa)
Gargalhada (c/ Carlos Martins)
Implorando o meu perdão (c/ Alberto Ribeiro)
Ironia (c/ Mário Nielsen e Ataulfo Alves)
Jamais amei (c/ Marçal)
Jura outra vez (c/ Valfrido Silva)
Já é demais (c/ Marçal)
Já é demais o meu sofrer (c/ Marçal)
Leva-me para a Bahia (c/ Marçal)
Louca pela boêmia (c/ Marçal)
Madalena (c/ Marçal)
Madrugada (c/ Marçal)
Mangueira (c/ Kid Pepe)
Maria do babado (c/ Marçal)
Marieta c/ Roberto Martins
Me deixa viver (c/ Marçal)
Meu perdão nunca mais (c/ Marçal)
Meu primeiro amor (c/ Marçal)
Meu sofrer (c/ Marçal)
Meu sofrimento (c/ Marçal)
Moreno (c/ Dan Malio Carneiro)
Nasci no samba (c/ Benedito Lacerda)
Ninguém ama sem sofrer (c/ Antônio Almeida)
Ninguém fica pra semente (c/ Alberto Ribeiro)
Ninguém fura o balão (c/ Marçal)
Ninguém me vê sorrir (c/ Marçal)
Nosso romance (c/ Marçal)
Numa noite serena (c/ Agenor Gomes)
Nunca mais (c/ Marçal)
Não beba mais (c/ Roberto Martins)
Não diga a minha residência (c/ Marçal)
Não faz mal (c/ Benedito Lacerda)
Não há de quê (c/ Alberto Ribeiro)
Não mando em mim (c/ Ataulfo Alves)
Não me falta nada (c/ Valdemar Costa)
Não posso viver sem ela Mulher fingida (c/ Cartola)
Não quero mais mulher (c/ Júlio dos Santos)
Não volto mais (c/ Ataulfo Alves)
O meu mundo é ela (c/ Marçal)
O palhaço o que é? (c/ Paulo Barbosa)
O que será de nós dois? (c/ Alberto Ribeiro)
O teu olhar me inspirou (c/ Walfrido Silva)
Olha a sua vida (c/ Marçal)
Ora bolas (c/ Max Bulhões)
Orgia e nada mais (c/ Haroldo Lobo)
Pagode em Xerém (c/ Sebastião Gomes)
Papai Noel (c/ Ataulfo Alves)
Pensei (c/ Haroldo Lobo)
Perdão, meu bem (c/ Marçal)
Pra que chorar (c/ Marçal)
Prece à lua (c/ Marçal)
Prefiro viver cansado (c/ Marçal)
Primeiro eu (c/ Sebastião Gomes)
Põe a roupa no penhor (c/ Walfrido Silva)
Quanta mentira (c/ Marçal)
Quanto eu sinto (c/ Marçal)
Que bate-fundo é esse? (c/ Marçal)
Quem canta, seus males espanta (c/ Valfrido Silva)
Quem mandou iaiá (c/ Benedito Lacerda e Baiaco)
Quem mandou você beber?
Quem vem lá? (c/ Marçal)
Recordações de um passado (c/ Benedito Lacerda)
Remo no mar (c/ Valdemar Silva)
Saci-pererê (c/ J. Aimberê)
Sambista magoado (c/ Sebastião Gomes)
Santo Antônio, São Pedro, São João (c/ Herivelto Martins)
Se ela não vai chorar, nem eu (c/ Marçal)
Se eu fosse pintor (c/ Alberto Ribeiro)
Se o samba morrer (c/ Walfrido Silva)
Seu pai hoje bebeu (c/ Darci de Oliveira)
Silêncio (c/ Marçal)
Sofri (c/ Marçal)
Sorrir (c/ Marçal)
São Tomé (c/ Alberto Ribeiro)
Só sei perdoar (c/ Roberto Martins)
Tenho razão
Tipo combinado
Tua beleza (c/ Marçal)
Tô fraco (c/ Leonel Azevedo)
Vem, meu amor (c/ João de Barro e Mano Décio da Viola)
Vem, mulata (c/ Marçal)
Vila Isabel (c/ Marçal)
Violão amigo (c/ Marçal)
Vira esses olhos pra lá (c/ Marçal)
Vivo deste amor (c/ Marçal)
Você foi embora (c/ Marçal)
Você não jurou (c/ Marçal)
Você não sabe, amor (c/ Ataulfo Alves)
Você partiu (c/ Marçal)
Você sabe lá o que é isso (c/ Marçal)
Vou ali, mas volto já (c/ Haroldo Lobo)
Vou te dar (c/ Getúlio Marinho)
Vou-me embora, amor (c/ Haroldo Lobo)
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

J. MUNIS JR. Sambista imortais. São Paulo: Edição do autor, 1976.

VASCONCELLOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins. 1965.