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Nome Artístico
Bezerra da Silva
Nome verdadeiro
José Bezerra da Silva
Data de nascimento
23/2/1927
Local de nascimento
Recife, PE
Data de morte
17/1/2005
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Instrumentista.

Nasceu na cidade de Recife, no Estado de Pernambuco.
Aos nove anos tocava zabumba e cantava coco.
Aos 15 anos, foi para o Rio de Janeiro como clandestino em um navio, indo morar no Morro do Cantagalo. Por essa época, começou a trabalhar na construção civil como ajudante de pedreiro e pintor.
Como instrumentista, tocava pistão e vários instrumentos de percussão.
Em 1983 casou-se com Regina de Oliveira, conhecida como compositora e produtora pelo pesedônimo de Regina do Bezerra.
O filho Thalamy Bezerra da Silva também seguiu a carreira de músico.
Em 2001 filiou-se à uma Igreja Evangélica.
Em 28 de outubro de 2004, aos 77 anos, foi internado no CTI da Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeira, Zona Sul do Rio de Janeiro com pneumonia e efisema pulmonar, sendo induzido ao coma, como parte do tratamento. Posteriormente foi transferido para o Hospital dos Servidores do Estado, onde faleceu no dia 17 de janeiro de 2005 em decorrência de uma parada cardíaca. Foi sepultado no Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju, onde aconteceu um encontro de vários sambistas e admiradores cantados alguns de seus maiores sucessos e ainda, um culto religioso de evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus, a que pertencia desde 2001.
Sobre a vida e obra do cantor a escritora e antropóloga Letícia C. R Vianna escreveu o livro “Bezerra da Silva – Produto do morro, trajetória e obra de um sambista que não é santo” e declarou ao Jornal do Brasil, por ocasião do falecimento do cantor: “Em minha pesquisa pude ver que ele fez uma verdadeira sociologia dos morros e mostrou sobretudo que as comunidades não são passivas. Seu repertório prova que os excluídos sabem muito bem quais são são os problemas sociais e não são massa de manobra.”.
Em 2012 foi lançado o documentário “Onde a coruja dorme”, de Márcia Deraik e Simplício Neto, que trouxe à cena os compositores de suas músicas, trabalhadores anônimos, que abordavam em suas letras grandes temas da realidade brasileira como o malandro, o otário, o alcaguete, a maconha.

Dados artísticos

Ingressou na bateria do Bloco Carnavalesco Unidos do Cantagalo, tocando tamborim.

No ano de 1950, conheceu Doca (José Alcides), um dos autores da música “General da banda” (José Alcides, Tancredo Silva e Sátiro de Melo), também morador do Morro do Cantagalo, que o convidou para participar do “Programa da Rádio Clube do Brasil”.

Começou sua carreira como músico profissional acompanhando vários artistas de renome.

Integrou a Orquestra da Copacabana Discos em 1960.

Em 1965, teve sua primeira música, “Nunca mais” (c/ Norival Reis), cantada por Marlene, pela Continental.

Gravou o  primeiro LP pela Copacabana Discos em 1969, um compacto simples com as músicas “Mana, cadê meu boi?” e “Viola testemunha”.

No ano de 1974 Zuzuca gravou de sua autoria “Decadência”, em parceria com Baianinho.

Em 1975, pela Tapecar, lançou o primeiro LP, “Bezerra da Silva – o rei do coco volume 1”, fazendo sucesso com a música “O rei do coco”. No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou o LP, “Bezerra da Silva – o rei do coco volume 2”, destacando-se a música “Cara de boi”.

Gravou pela CID, em 1977, um LP só de sambas, “Partido alto nota 10 volume 1”, ingressando, também, na Orquestra da TV Globo, na qual permaneceu até 1985.

No ano de  1978, participou do disco “Partido-alto nota 10 volume 2”, do qual despontou com o sucesso nacional “Pega eu que sou ladrão”, de autoria do compositor Criolo Doido. No ano posterior, foi contratado pela gravadora RCA Victor, na qual permaneceu por 14 anos.

Em 1980, lançou, em parceria com Ney Jordão, o LP “Partido-alto nota 10”, pela gravadora CID.

Em 1983, lançou, pela RCA Victor, o LP “Produto do morro”, com destaque para a música “Minha sogra”. Dois anos depois, lançou, pela mesma gravadora, o disco “Malandro rifle”.

Em 1986, com o lançamento do disco “Alô malandragem, maloca o flagrante”, chegou a vender 300 mil cópias devido ao sucesso da música “Malandragem dá um tempo” (Adelzonilton, Popular P e Moacir Bombeiro), cujo refrão ficou sobejamente conhecido: “Vô apertar, mas não vou acender agora, se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora”.

Em 1988, ainda pela mesma gravadora, lançou o LP “Violência gera violência”.

O disco “Eu não sou santo”, foi lançado em 1990. Dois anos depois, gravou, pela RCA Victor, o CD “Presidente caô, caô”.

Em 1995, transferiu-se para a gravadora RGE, pela qual lançou o CD “Bezerra da Silva contra o verdadeiro canalha”.  Ainda nesse ano, fez o show de lançamento do disco “Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró: os três malandros in concert”. No ano seguinte, pela RGE, lançou o CD “Meu samba é duro na queda”. Neste mesmo ano, o grupo Barão Vermelho regravou “Malandragem dá um tempo”. No ano seguinte, a BMG do Brasil relançou em CD “Presidente caô, caô”. Em seguida, mudou-se para a gravadora Rhythm and Blues, que produziu o 23º disco de sua carreira “Bezerra da Silva comprovando a sua versatilidade”.

No ano de 1999, a gravadora MCA Internacional lançou o CD “Eu tô de pé”, do qual mereceu destaque a música “Cuidado com o bicho”, de autoria de Luizinho e Neném do Chama.

No ano 2000,  lançou seu 25º disco, o primeiro ao vivo de sua carreira, pela gravadora CID, que já saiu com 150 mil cópias vendidas. Nesse mesmo ano, pela gravadora Atração, lançou o CD “Bezerra da Silva”. Também em 2000 lançou o CD “Malandro é malandro e mané é mané”, pela gravadora Atração Fonográfica, no qual interpretou, entre outras, “Os DPs de São Paulo (capital)”, “Tem coca aí na geladeira” e “Respeito às favelas”.

Com a regravação de um sucesso seu pelo grupo Barão Vermelho, Bezerra da Silva tornou-se “cult” e passou a ser admirado por várias gerações e diversos artistas, como Paulo Ricardo, Marcelo D2, Os Virgulóides e O Rappa. Constam entre seus sucessos as músicas “Pega eu que sou ladrão” e “Overdose de cocada” (Dinho e Ivan Mendonça). Ainda no ano 2000, a gravadora BMG Ariola lançou cinco de seus LPs em versão remasterizada em CD: “Produto do morro”, “Malandro rifle”, “Alô malandragem, maloca o flagrante”, “Violência gera violência” e “Eu não sou santo”.

Em 2001, a Rio Filme financiou o curta-metragem “Onde a coruja dorme”, de Márcia Derraik e Simplício Neto, que contou a história de Bezerra da Silva e os personagens reais de suas composições, com cenas e depoimentos recolhidos no bairro da Chatuba, em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. O documentário foi premiado em festivais de Miami, Curitiba e Gramado.  No ano de 2002, lançou o CD “A gíria é a cultura do povo”, disco no qual incluiu “Mulher sem alma” (Batatinha), entre outras.

Em 2003, recebeu como convidados Frejat e Marcelo D2 em show no Olimpo, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, lançou seu 28º disco: “Meu bom juiz”, no qual interpretou “Em seu lar” (Norival Reis), faixa que havia gravado anteriomente, quando trabalhava como percussinista, em 1967. Neste mesmo disco foi incluída a música “Pega eu”, seu primeiro sucesso do ano de 1978 e sucessos de sua carreira “Bem melhor que você” (Neguinho da Beija-Flor), “Defunto cagüete”, “A semente”, “Minha sogra parece sapatão”, “Notícia” , de Nélson Cavaquinho, Alcides Caminha e Lourival Bahia e ainda a faixa-título “Meu bom juiz”, de autoria de Beto Sem Braço. Ainda neste disco participou o rapper Marcelo D2 na faixa “Garrafada do norte”. Participou como convidado de Marcelo D2 em show no Canecão. Neste mesmo ano lançou o primeiro clipe de sua carreira “A semente”, dirigido por Gringo Cardia e com a participação especial de Dudu Nobre e Maria Padilha.

Em 2004, pela gravadora Som Livre, lançou o CD “Pega eu”. Neste mesmo ano lançou de forma independente o CD gospel “Caminho de luz”, no qual foram incluídas várias composições de amigos: “Me chamo Jesus” e “Filho do dono”, ambas de Adelzo Nilton (ex- Adelzonilton); “Acreditar na palavra” (Roxinho e Claúdio Inspiração) e “Chave do milagre” (Dicró) e ainda “Gente fina”, do Senador e Bispo Marcelo Crivella.

No ano de 2005 Dudu Nobre lhe prestou homenagem no disco “Festa em meu coração”, quando regravou seu primeiro sucesso nacional, a música “Pega eu que sou ladrão”, de autoria de Criolo Doido. Bezerra da Silva iria participar da gravação, mas faleceu em janeiro do mesmo ano. Ainda em 2005 o pesquisador musical Rodrigo Faour organizou uma caixa com quatro discos do sambistas, destacando-se alguns sucessos de careira como “Eu sou favela” (Noca da Portela e Sergio Mosca), “Malandro rifle”, “Bicho feroz” e “Meu bom juiz” (Beto Sem Braço e Serginho Meriti).

Ao longo de sua carreira, acumulou 11 discos de ouro (100 mil cópias), três de platina (250 mil cópias) e um de platina duplo (500 mil cópias).

Entre seu muitos parceiros estão Claudinho Inspiração, Pedro Butina, Tião Miranda e Regina do Bezerra (sua esposa).

No ano de 2010 o rapper Marcelo D2 lhe prestou homenagem quando lançou, pela gravadora EMI, o CD “Marcelo D2 canta Bezerra da Silva”, no qual perfilou parte da obra interpretada pelo sambista pernambucano. No disco, produzido por Leandro Sapucahy, foram incluídas, entre outras, as faixas “Desabafo”, “Bicho feroz”, “Partideiro sem nó na garganta”, “Se não fosse o samba” e “Malandragem dá um tempo”, de autoria de Adelzonilton, Popular P. e Moacir Bombeiro.

Em 2014 foi lançado pelo selo da Coleção Canal Brasil o DVD do filme “Onde a coruja dorme”, desdobramento do curta lançado em 2001.

Discografias
2005 Sony/BMG CD O samba malandro de Bezerra da Silva

(coletânea)

2004 Independente CD Caminho de luz
2004 Som Livre CD Pega eu
2003 CID CD Meu bom juiz
2002 CD A gíria é a cultura do povo
2002 CD A gíria é cultura do povo
2000 CID CD Bezerra da Silva ao vivo
2000 Gravadora Atração Fonográfica CD Malandro é malandro e mané é mané
1999 MCA CD Eu tô de pé
1997 Rhythm and Blues CD Bezerra da Silva comprovando a sua versatilidade
1997 BMG Ariola CD Presidente caô caô
1997 Rhythm and Blues CD Provando e comprovando a sua versatilidade
1996 RGE CD Meu samba é duro na queda
1995 RGE CD Bezerra da Silva contra o verdadeiro canalha
1995 RGE CD Contra o verdadeiro canalha
1995 Sony Music CD Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró-os três malandros in concert
1995 Sony Music CD Moreira, Bezerra, Dicró – Os 3 Malandros In Concert
1992 BMG Ariola CD Presidente caô caô
1992 CID CD Presidente caô, caô
1990 RCA Victor LP Eu não sou santo
1988 RCA Victor LP Violência gera violência
1986 RCA Victor LP Alô malandragem, maloca o flagrante
1985 RCA Victor LP Malandro rife
1985 RCA Victor LP Malandro rifle
1983 RCA Victor LP Produto do morro
1980 LP Partido-alto nota 10 Volume 3

(c/ Ney Jordão)

1978 CID LP Partido-alto nota 10 volume 2
1977 CID LP Partido-alto nota 10 volume 1
1976 Tapecar LP Bezerra da Silva, o rei do coco volume 2
1976 Tapecar LP O rei do côco – Volume 2
1975 Tapecar LP Bezerra da Silva, o rei do coco volume 1
1975 Tapecar LP O rei do côco – Volume 1
1969 Copacabana Discos Compacto simples Mana, cadê o boi? / Viola testemunha
1969 Copacabana Discos Compacto simples Mana, cadê o boi?/Viola testemunha
Obras
Decadência (c/ Baianinho)
Eu não vou pedir maleme (c/ Da Boca do Mato)
O filho de Jurema (c/ Regina do Bezerra)
Tira-gosto (c/ Marimbondo e Russo)
Venta nervosa (c/ Careca e Do Cavaco)
Shows
1995 três malandros in concert. Canecão, RJ,
Bezerra da Silva convida Marcelo D2 e Frejat. Olimpo, RJ.
Bezerra da Silva. Mistura Fina, RJ,
Marcelo D2 convida Bezerra da Silva. Canecão, RJ,
Show Meu bom juíz. Ballroom, RJ.
Clips
2003 A Semente. (participação de Dudu Nobre e Maria Padilha). Direção: Gringo Cardia.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Edição Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AUGUSTO, Alexandre. Moreira da Silva – o Último dos malandros. São Paulo: Editora Record, 1996.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da Música Brasileira – Erudita, Folclórica e Popular. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.

PASCHOAL, Marcio. Pisa na fulô mas não maltrata o carcará – Vida e obra do compositor João do Vale, o poeta do povo. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2000.