5.001
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Nome Artístico
Beth Carvalho
Nome verdadeiro
Elizabeth Santos Leal de Carvalho
Data de nascimento
5/5/1946
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
30/4/2019
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora. Compositora. Instrumentista.

 

Nascida no bairro da Gamboa, criada no Catete, Laranjeiras, Urca, Ipanema, Leblon e Botafogo, bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Participou ainda criança do programa “Trem da alegria”, da Rádio Mayrink Veiga.

Estudou na Escola Nacional de Música.

Aos 13 anos abandonou as partituras e dedicou-se ao balé clássico. Sempre eleita a melhor aluna da escola, estava pronta a seguir carreira de bailarina quando ouviu pela primeira vez João Gilberto cantando “Chega de saudade” e “Desafinado”.

Chegou a cursar Relações Internacionais, mas abandonou o curso para dedicar-se exclusivamente à carreira de cantora.

Irmã da também cantora Vânia Carvalho. Sua filha, Luana, participa como back-vocal de seus shows e discos.

Em 2017 foi enredo da escola de samba da série A Alegria da Zona Sul, com o samba “Vou festejar com Beth Carvalho, a Madrinha do Samba”, desfilando na avenida na sexta-feira de carnaval, rodeada por amigos como Nelson Sargento, Moacyr Luz, Moyseis Marques, Wanderley Monteiro, Claudinho Guimarães, Marcelinho Moreira, Edmundo Souto, Fred Camacho, Elisa Lucinda, Gustavo Gasparani e o elenco da musical “Andança”.

No início de 2019 foi internada no Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, onde faleceu dias antes de completar 73 anos de idade, por conta de uma infecção generalizada. O velório foi realizado na sede do Botafogo, seu time de futebol, que prestou uma homenagem à Madrinha do Samba, fazendo um minuto de samba antes da partida com o Bahia, no estádio Nilton Santos.

Em 2022 foi lançado o documentário “Andança – Os encontros e as memórias de Beth Carvalho”, dirigido por Pedro Bronz, e exibido na 24ª edição do “Festival do Rio”. O longa-metragem foi inteiramente construído com seu próprio acervo pessoal, com áudios e imagens inéditas. Nesse mesmo ano foi publicado, pela Editora Cobocó, o livro escrito pelo jornalista Leonardo Bruno, intitulado “O livro do disco – De pé no chão – Beth Carvalho”, com narrativas em torno do disco “De pé no chão” (BMG Ariola Discos), lançado pela cantora em 1978.

No ano de 2023 veio à tona um material fotográfico de um show, em 1974, da cantora no Complexo Presidiário da Frei Caneca, no Centro do Rio de Janeiro, implodido em 2010. As fotos foram resgatadas pelo pintor de paredes Clayton Mendes de Oliveira, à época, integrante da equipe de trabalhadores responsáveis pela remoção do entulho. O material foi entregue, em 2020, à jornalista e produtora cultural Analu Germano, também pesquisadora da obra da cantora e autora do texto “A Madrinha que o Samba Batizou” sobre o disco “Canto por um novo dia” (Produzido em 1974 por Jorge Coutinho para a gravadora Tapecar). O texto foi publicado no livro “1973, O Ano que Reinventou a MPB – A História por detrás dos discos que transformaram a nossa Cultura”.

Em entrevista, ao Jornal O Globo, Analu Germano declarou:

 

“Quando vi o material fiquei entusiasmada. Primeiro pelas fotos da Beth e também por perceber que aquilo era história. Ajudava a ver as atividades dentro do presídio que só conhecia de ouvir falar. Ver em imagens foi uma grata surpresa.”

Dados artísticos

Decidiu seguir a carreira artística após ganhar um violão de sua mãe. Sua avó tocava violão e bandolim e seu pai era amigo de pescaria de Silvio Caldas. Sua casa era freqüentada por Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, entre tantos cantores, cantoras e compositores da época. Levada por sua irmã mais velha, frequentava as rodas de samba, festas e pagodes nos quintais suburbanos do Rio de Janeiro. Sofreu forte influência da Bossa Nova e do compositor Tom Jobim. Chegava a decorar mais de 70 sambas e marchinhas.

Em 1961, participou de diversos shows de Bossa Nova em colégios e faculdades da Zona Sul. Por essa época, apresentou-se em vários festivais universitários de música.

Em 1965, gravou o primeiro disco, um compacto simples com a música “Por que morrer de amor?”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. No ano seguinte, participou dos espetáculos “Música nossa”, ao lado de Tibério Gaspar e Egberto Gismonti. Por essa época, com Nelson Cavaquinho, Zé Kéti e o grupo Os Cinco Crioulos, participou do show “A hora e a vez do samba”. Fez parte do conjunto 3-D, juntamente com Antonio Adolfo, Chico Batera, Hélio Delmiro e Luís Eduardo Conde. Com esse conjunto, gravou pela Copacabana Discos o LP “Muito na onda”.

No ano de 1967, no “Festival Internacional da Canção”, interpretou “Caminhada”, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar.

Em 1969, com os Golden Boys, defendeu a música “Andança” de Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo Caymmi, classificando-se em terceiro lugar no “III Festival Internacional da Canção”, da TV Globo.

Gravou o primeiro LP, “Andança”, pela Odeon, em 1969.

Participou do “IV Festival Internacional da Canção” interpretando “A velha porta”, parceria sua com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós. Ainda neste ano, representou o Brasil na “Olimpíada da Canção”, na Grécia, interpretando “Rumo sul”, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós.

Em 1971, estreou como sambista gravando “Rio Grande do Sul na festa do preto-forro” – um autêntico samba-enredo da Unidos de São Carlos. Logo a seguir, lançou pela Tapecar o compacto simples “Amor, amor, amor”, samba do Bloco Carnavalesco Bafo da Onça.

No ano de 1973, gravou o LP “Canto para um novo dia”. Para este disco fez a adaptação da composição “Sereia”, do folclore baiano. No ano seguinte, lançou o disco “Pra seu governo”, dedicado à amiga Elizeth Cardoso, no qual despontou o seu primeiro grande sucesso, a composição “1.800 colinas”, de autoria de Gracia do Salgueiro. O sucesso foi tanto, que o disco foi editado na França, onde foi convidada a fazer temporadas em boates parisienses. Voltando ao Brasil, apresentou-se com o grupo A Fina Flor do Samba.

No ano de 1975, Martinho da Vila compôs em sua homenagem “Enamorada do samba”, que a cantora incluiu no LP “Pandeiro e viola”, lançado pela Tapecar neste mesmo ano. Logo depois, surgiu uma série de títulos que ela colecionou através dos anos: “Diva do samba”, dado por Zuza Homem de Mello; “Rainha do samba”, por Rildo Hora; “Rainha dos terreiros”, carinhosamente chamada por Elifas Andreato, e “Madrinha”, por quase todos os sambistas novos e antigos.

A composição “Enamorada do samba”, interpretada por Beth Carvalho e Martinho da Vila, foi incluída no disco duplo “Há sempre um nome de mulher”, em 1988, produzido por Ricardo Cravo Albin.

Ainda em 1975 sua interpretação para “As rosas não falam”, composição inédita de Cartola, foi incluída na novela “Duas vidas”, da TV Globo.

Na década de 1970, juntamente com Alcione e Clara Nunes, formou o que os críticos chamaram de “O ABC do samba”, título dado às três cantoras pela importância destas no cenário musical brasileiro, principalmente no samba.

Em 1976, produzida por Rildo Hora, lançou pela RCA o LP “Mundo melhor”, no qual despontaram os sucessos “As rosas não falam”, de Cartola e “Mundo melhor”, de Pixinguinha e Vinicius de Moraes. No ano seguinte, vendeu cerca de 400 mil cópias do LP “Nos botequins da vida”, lançado pela RCA. No disco foram incluídos os sucessos “Saco de feijão” (Francisco Santana), “O mundo é um moinho” (Cartola) e de “Olho por olho” (Zé do Maranhão e Daniel Santos).

No ano de 1978, com produção de Rildo Hora para a RCA, lançou o disco “De pé no chão”, puxado pelos sucessos “Vou festejar” (Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias), “Goiabada cascão” (Wilson Moreira e Nei Lopes) e “Agoniza mas não morre”, de Nelson Sargento. Este disco, que chegou a vender 500 mil cópias, marcou o surgimento do pagode carioca – um jeito inovador e descontraído de fazer samba, descoberto por ela  quando assistia a um ensaio do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, cujos sambistas faziam um ritmo diferente com pandeiro, tamborim, banjo e tantã, instrumentos pouco usados em rodas de samba. Emílio Santiago gravou “Afina o meu violão”, composição de Beth Carvalho em parceria com Paulinho Tapajós e Edmundo Souto.

Em 1979, eleita a “Rainha do Carnaval”, a cantora inaugurou o primeiro grande teatro do subúrbio carioca, o Cine-Show Madureira. Com espetáculo previsto para apenas uma semana, o sucesso foi tanto que ficou mais de 20 dias em cartaz, sempre com a casa lotada. A partir daí, passou a ser chamada “A Madrinha do Pagode” e fez shows por todo o país. Despontou com mais dois sucessos populares: “Coisinha do pai” (Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos) e a versão para samba de “Andança”.

Em 1980, no LP “Sentimento brasileiro”, incluiu uma composição de sua autoria, “Canção de esperar neném”, em parceria com o letrista Paulinho Tapajós, composta quando estava grávida de sua filha Luana.

No carnaval de 1984, foi homenageada pela Escola de Samba Unidos do Cabuçu, com o enredo “Beth Carvalho – a Enamorada do Samba”.

No início da década de 1990, comemorou  25 anos de carreira com o disco “Pérolas”, no qual interpretou clássicos de Adoniran Barbosa, Pixinguinha, Cartola, entre outros.

No ano de 1996, lançou o CD “Brasileira da gema” no qual interpretou, entre outras “Vida de compositor”, de Wanderley Monteiro e Álvaro Maciel.

Em 1999, gravou o disco “Pagode de mesa”, realizando o show  homônimo em várias casas do Rio de Janeiro. Participou do programa “Tom Brasil”, ao lado de outros artistas como Dona Ivone Lara, Walter Alfaiate, João Nogueira, Luiz Carlos da Vila e Nelson Sargento, entre outros. O cenário de Elifas Andreato recriava o clima das rodas de samba freqüentada pelos cantores, que só souberam que o programa seria gravado em CD poucos minutos antes do início, o que facultou um registro mais fiel.

Consagrada no Brasil e no exterior, participou por duas vezes do “Festival de Montreux”, na Suíça.

Sua carreira artística faz parte do currículo da Faculdade de Música de Kioto, Japão, onde é considerada um fenômeno da música brasileira.

Possui 16 discos de ouro, nove de platina e recebeu seis “Prêmio Sharp”.

No ano 2000, participou do CD “Os melhores do ano II”, no qual fez dueto com o grupo Fundo de Quintal. Lançou o disco “Pagode de mesa 2”, pela Indie Records. Neste CD interpretou “Novo endereço” (Tia Hilda Macedo e Fernando Cerole), “A comunidade chora” (Magno de Souza, Maurílio e Edvaldo), “Jequitibá” (Zé Ramos) e “Minha festa”, de autoria de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. O disco contou com a participação especial do grupo Quinteto em Branco e Preto, formado por jovens sambistas vindos de São Mateus e Santo Amaro, bairros da cidade de São Paulo, na faixa “Melhor pra nós dois”, de autoria de alguns componentes do grupo (Magno de Souza, Maurílio e Paquera).

Teve vários de seus discos remasterizados para CD, entre eles, “Nos botequins da vida”, “De pé no chão”, “No pagode” e “Sentimento brasileiro”.

Em 2001, pela gravadora Jam Music, lançou o CD “Nome sagrado – Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho”. No disco foram incluídas “Nem todos são amigos” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Cheira à vela” (Nelson Cavaquinho e José Ribeiro). Este mesmo CD contou com as participações especiais de Zeca Pagodinho na faixa “Dona Carola” (Nelson Cavaquino, Nourival Bahia e Walto Feitosa Santos), Wilson das Neves em “Degraus da vida” (Nelson Cavaquinho, Antônio Braga e César Brasil), e de Guilherme de Brito na faixa “Pranto de poeta” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito). Foram registradas neste disco 20 composições de Nelson Cavaquinho, entre elas, “Luz negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso), “Não te dói a consciência” (Nelson Cavaquinho, Ari Monteiro e Augusto Garcez), “Notícia” (Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Nourival Bahia), “Minha festa” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “A flor e o espinho” (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha), “Nome sagrado” (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e José Ribeiro), “Palhaço” (Nelson Cavaquinho, Oswaldo Martins e Washington Fernandes), “Juízo final” (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), “Rugas” (Nelson Cavaquinho, Augusto Garcez e Ary Monteiro), entre outras. Ainda neste ano, participou do CD e DVD “Jorge Aragão ao vivo convida”, lançado pela gravadora Indie Records.

Em 2003, participou do disco “A flor e o espinho”, de Guilherme de Brito, lançado pela gravadora Lua Discos, no qual interpretou, em dueto com o anfitrião, a faixa “Folhas secas”, e ainda lançou o CD “Pagode de mesa 2 ao vivo”, pela gravadora Indie Records. No disco, acompanhada pelo grupo Quinteto em Branco e Preto e gravado em show apresentado em São Paulo, foram incluídos clássicos como “Coração leviano” (Paulinho da Viola), “Morrendo de saudade” (Wilson Moreira e Nei Lopes), “Água de chuva de mar” (Carlos Caetano, Wanderley Monteiro e Gerson Gomes), “Acontece” (Cartola), “Firme e forte” (Efson e Nei Lopes), “Novo endereço” (Tia Hilda Macedo e Fernando Cerole) e “Natal diferente” (Arlindo Cruz e Sombrinha). Ainda em 2003, lançou o CD “Beth Carvalho canta Cartola”, coletânea de vários sucessos do imortal sambista mangueirense por ela interpretados em seus discos. No disco, produzido pelo crítico musical e escritor Rodrigo Faour, foram incluídas “Camarim”, “Consideração”, “Motivação”, “Cordas de aço”, “Acontece” e “O mundo é um moinho”, entre outras. Ao lado de Eliane Faria, Xangô da Mangueira, Délcio Carvalho, Diogo Nogueira, Dalmo Castelo, Wilson Moreira, Nelson Sargento, Nei Lopes e Áurea Martins, foi uma das estrelas convidadas para o show de lançamento do disco “Maxixe não é samba”, de Vó Maria, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.

Em 2004 foi a convidada do compositor baiano Riachão no projeto “Da idade do mundo”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Neste mesmo ano gravou o primeiro DVD da carreira. Intitulado “Beth Carvalho – a madrinha do samba”, o DVD foi gravado no Canecão, onde a cantora reuni três gerações do samba para a gravação. Além de interpretar alguns de seus maiores sucessos, entre eles, “Andança” (Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), “As rosas não falam” (Cartola) e “Meu guri”, de Chico Buarque, recebeu diversos convidados, acompanhados pela banda integrada por Mauro Diniz (cavaco), Carlinhos Sete Cordas (violão de sete cordas) e os percussionistas Marcelinho Moreira, Jaguara e Marcos Esguleba. Entre os convidados destacavam-se Zeca Pagodinho em “Camarão que onda leva” (Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Beto Sem Braço); Monarco e a Velha-Guarda da Portela em “Passarinho” (Chatim), “Saco de feijão” (Chico Santana) e “A chuva cai” (Argemiro da Portela e Casquinha); Dona Ivone Lara em “Mas quem disse que eu te esqueço” (Dona Ivone Lara e Hermínio Bello de Carvalho); o violinista francês Nicolas Krassik em “Folhas secas” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito); Nelson Sargento em “Agoniza mas não morre” (Nelson Sargento); Luiz Carlos da Vila em “Pra conquistar seu coração” (Luiz Carlos da Vila e Wanderley Monteiro) e Teresa Cristina em “Argumento” (Paulinho da Viola). Também participaram do DVD, que chegou à marca de 50 mil cópias vendidas,  Arlindo Cruz, Almir Guineto, Sombrinha e Quinteto em Branco e Preto.

No ano de 2005 lançou o CD “Beth Carvalho e amigos”, no qual foram compiladas algumas gravações de discos anteriores, tanto seus, como de seus amigos. No disco foram incluídas participações de Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Martinho da Vila, Nelson Cavaquinho, Dona Yvone Lara, Golden Boys, Nelson Gonçalves, Paulinho Tapajós, Mestre Marçal, Grupo Fundo de Quintal, Chico Buarque, Caetano Veloso,  Fagner e Mercedes Sosa. Apresentou-se no “Festival de Montreux”. Ainda em 2005 fez show no “Dia Nacional do Samba” no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no qual recebeu como convidados Almir Guinteto, Luiz Carlos da Vila, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, Dona Ivone Lara, Vó Maria (95 anos), Jongo da Serrinha, representado pela jongueira Dona Maria de Lourdes (84 anos) e 50 músicos e bailarinos, incluindo 10 crianças), Monarco, Nélson Sargento, Darcy da Mangueira, Ary do Cavaco, Sombrinha, Quinteto em Branco e Preto, Diogo Nogueira e o grupo Partideiros do Cacique de Ramos. O show foi gravado em CD e DVD e deverá inaugurar o Selo Andança, da própria Beth Carvalho e que terá distribuição da gravadora Sony/BMG.

No ano de 2006 apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no qual montou uma autêntica roda de samba carioca. Festejou o aniversário de 60 anos em um show no Canecão, no qual recebeu diversos convidados, entre os quais Noca da Portela, Monarco, Arlindo Cruz e Sombrinha. Na Lapa, centro do Rio de Janeiro, fez show ao lado de Luiz Melodia e a Orquestra Imperial no evento comemorativo “Semana de Consciência Negra”. Neste mesmo ano apresentou-se no projeto “MPB meio dia em ponto”, no Teatro Sesc Ginástico, sendo entrevistada por Ricardo Cravo Albin, cantando seus maiores sucessos e falando sobre sua carreira. Ainda em 2006 gravou, no Teatro Castro Alves em Salvador, o CD ao vivo “Beth Carvalho canta o samba da Bahia”. O disco foi lançado no ano de 2007 em show no Canecão, no Rio de Janeiro. Na ocasião, gravou o DVD com 30 faixas (Conspiração Filmes), ambos lançados por seu selo musical Andança e distribuído pela gravadora EMI.

No CD, com 18 faixas, recebeu diversos convidados do samba baiano, entre os quais Daniela Mercury em “Chiclete com banana” (Gordurinha); Riachão em “Cada macaco no seu galho” e “Vai morar com o diabo”, ambas de autoria de Riachão; Armandinho em “O ouro e a madeira” (Ederaldo Gentil); Marienne de Castro em “Raiz” (Roberto Mendes); Ivete Sangalo em “Brasil pandeiro” (Assis Valente) e “Dindinha lua” (Walmir Luna e João Rios); Walter Queirós e Ivete Sangalo em “Filhos da Bahia” (Walter Queirós); Gilberto Gil em “Mancada”; Carlinhos Brown em “Hora da razão” (Batatinha); Maria Bethânia em “É de manhã” (Caetano Veloso); Caetano Veloso em “Desde que o samba é samba” (Caetano Veloso e Gilberto Gil) e ainda Margareth Menezes, a bateria do Bloco Afro Olodum, além de pot-pourri de sambas-de-roda acompanhada pelas Baianas do Gantois e as Baianas de Santo Amaro. O ícone Dorival Caymmi, a quem o CD é dedicado, também foi homenageado nas faixas “Oração à Mãe Menininha”, “Samba da minha terra”, “João Valentão” e “Maracangalha”, esta última com a participação especial de Danilo Caymmi. No DVD, com direção de Lula Buarque de Hollanda (Conspiração Filmes), também foram incluídas outras tantas composições, entre as quais “Siriê” (Edil Pacheco e  Paulo Diniz); “Ilha de Maré” (Walmir Lima e Lupa); “Verdade” (Nélson Rufino e Carlinhos Santana); “Samba pras moças” (Roque Ferreira e Grazielle Ferreira) e “Ê baiana” (Baianinho, Fabrício da Silva, Miguel Pancrácio e Ênio Santos Ribeiro). Neste mesmo ano participou, ao lado de vários artistas da MPB, tais como Martinho da Vila, Alcione, Zeca Pagodinho, Nélson Sargento, Ivete Sangalo, Jair Rodrigues, Velha-Guarda da Portela, ente outros, da gravação do primeiro CD e DVD “Cidade do samba”, do Selo ZecaPagodiscos (Universal Music), no qual fez dueto com Diogo Nogueira na faixa “Deixa a vida me levar” (Serginho Meriti e Eri do Cais). O evento foi apresentado por Ricardo Cravo Albin e contou com a arranjos e produção musical de Rildo Hora, sendo gravado na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro. Ainda em 2007 iniciou um programa musical na TVE Brasil, com direção de Belisário França, no qual homenageava um grande compositor do nosso cancioneiro.

Em 2011 apresentou-se no Sesc Rio Oi Noites Cariocas, no Píer Mauá (RJ) – após um ano e meio afastada dos shows por problemas de saúde. Neste show, em que cantou grandes sucessos que fizeram parte de sua carreira, contou com as participações de Martinho da Vila, Fundo de Quintal e Mariene de Castro. Nesse mesmo ano foi lançada, pelo selo Discoberta, a caixa com cinco CDs, “Primeiras Andanças”, que documenta a primeira década (correspondente aos anos de 1965 à 1975) da carreira discográfica da cantora. Essa coletânea, produzida por Marcelo Fróes, inclui as reedições dos três primeiros álbuns de samba de sua carreira (gravados entre 1973 e 1975), e os volumes “Anos 60” e “Anos 70”, com canções que a cantora gravou para os Festivais da MPB. Comandou o “Show do Trabalhador”, em comemoração ao Dia do Trabalho, ao lado dos músicos Dirceu Leite (sopro), Jorge Gomes (bateria), Carlinhos Sete Cordas (violão de 7 cordas), Charlles da Costa (violão de 6 cordas), Marcio Vanderlei (cavaquinho), Paulinho da Aba (pandeiro), Marcelo Pizzott (repique), Pirulito (percussão) Chá Cha Cha (surdo) e Beloba (tantan). Este evento, realizado na Quinta da Boa Vista, contou com as participações de Nelson Sargento, Monarco e Dudu Nobre. AINDA EM 2011 recebeu uma homenagem na Academia Brasileira de Letras, sendo convidada para a “Merenda Acadêmica”, evento criado para aproximar da Academia figuras expressivas dos segmentos artísticos, empresariais, esportivos, da qual participaram, na ocasião, os imortais Marcos Vinicius Vilaça e Ana Maria Machado.

Em 2012 seu disco “Nosso samba tá na rua” (2011) conquistou o prêmio de “Melhor Álbum de Samba” na 23ª edição do “Prêmio da Música Brasileira”, realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O mesmo disco recebeu o “Grammy Latino” de “Melhor Álbum de Samba/Pagode”. Foi homenageada pela Velha Guarda da Mangueira com os CDs “Homenagens Vol. 1 e Vol. 2” (2012), que foram dedicados à “Madrinha” Beth Carvalho. Ainda em 2012 a gravação que fez de “O mundo é um moinho” (Cartola), foi incluída na trilha sonora da novela “Lado a Lado”, da Rede Globo.

Em 2013 voltou aos palcos do Vivo Rio, no Rio de Janeiro, depois de meses hospitalizada por conta de um problema na coluna. Durante o período de internação gravou, dentro de seu quarto no hospital, participações nos CDs de sua sobrinha Lu Carvalho, do cantor Léo Russo e em um disco de inéditas de Dona Ivone Lara.

Foi uma das atrações principais do Palco Santa Clara montado na Praia de Copacabana, para as comemorações do Réveillon de 2014, no Rio de Janeiro.

Em 2014 apresentou o show “Ensaio aberto” no Centro Cultural João Nogueira – Imperator, no Rio de Janeiro, para a escolha do repertório do DVD que gravou ao vivo três dias depois, em show no Parque Madureira, também no Rio de Janeiro. Foi consultora de José Maurício Machiline para o roteiro do show do “Prêmio da Música Brasileira”, homenageando o Samba. Também integrou o elenco fixo da turnê do prêmio, que estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e passou pelos estados do Maranhão, Minas Gerais, Pará, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. Participou do “Sambabook Zeca Pagodinho”, lançado nos formatos CD duplo, DVD e blu-ray pelo selo Zeca PagoDiscos/ Universal Music, em 2014. Na ocasião, interpretou “Lama nas ruas” (Almir Guineto e Zeca Pagodinho). Apresentou-se na cerimônia da 25ª edição do “Prêmio da Música Brasileira”, homenageando o gênero Samba, realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na ocasião interpretou “Preciso me encontrar” (Candeia), “O sol nascerá” (Cartola e Elton Medeiros) e “Juízo final” (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). Participou da turnê especial da 25ª edição do “Prêmio da Música Brasileira”, em homenagem ao gênero samba. O registro do show, realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi lançado em CD e DVD pelo selo Universal Music. Ainda em 2014 lançou o CD e DVD “Beth Carvalho ao vivo no Parque Madureira”, lançado pelo seu selo Andança em parceria com a Som Livre e o Canal Brasil. O disco incluiu sucessos que ficaram conhecidos em sua voz como “São José de Madureira” (Beto Sem Braço e Zeca Pagodinho), “Senhora rezadeira” ()Dida da Portela e Dedé, “Vou festejar” (Jorge Aragão, Dida e Neoci) e músicas inéditas em sua voz como “Estranhou o quê?” (Moacyr Luz), “Meu lugar” (Arlindo Cruz e Mauro Diniz), “Se a fila andar” (Toninho Geraes e Paulinho Rezende), “”, entre outras.

Em 2015 compareceu à estreia do espetáculo em sua homenagem “Andança – Beth Carvalho, o musical”, na teatro Maison de France, no Rio de Janeiro, com texto de Rômulo Rodrigues, direção de Ernesto Piccolo e direção musical de Rildo Hora. O musical biográfico pôs em cena a trajetória dos 50 anos de carreira da cantora. Ainda em 2015 comemorou seus 50 anos de carreira em show realizado no teatro Metropolitan, no Rio de Janeiro, com 2.500 ingressos esgotados.

Em 2018 apresentou-se no Rio de Janeiro, ao lado do grupo Fundo de Quintal, comemorando os 40 anos do LP “De pé no chão”, marco da consolidação do “pagode carioca”, relançado nesse ano nas plataformas digitais, em show histórico em que cantou deitada por conta dos problemas de saúde que vinha enfrentando.

Discografias
[S/D] CD Acervo especial
2014 Andança/ Som Livre CD Beth Carvalho ao vivo no Parque Madureira
2014 Andança/ Som Livre DVD Beth Carvalho ao vivo no Parque Madureira
2014 Universal Music CD Turnê 25º Prêmio de Música Brasileira – Homenagem ao samba

(vários artistas)

2014 Universal Music DVD Turnê 25º Prêmio de Música Brasileira – Homenagem ao samba

(vários artistas)

2014 Universal Music CD Turnê 25º Prêmio de Música Brasileira – Homenagem ao samba (participação)
2014 Universal Music DVD Turnê 25º Prêmio de Música Brasileira – Homenagem ao samba (participação)
2012 EMI CD Cristo Redentor 80 Anos Ao vivo

(vários artistas)

2012 EMI DVD Cristo Redentor 80 Anos Ao vivo

(vários artistas)

2012 EMI CD Cristo Redentor 80 Anos Ao vivo (participação)
2012 EMI DVD Cristo Redentor 80 Anos Ao vivo (participação)
2012 Musikeria CD Samba Book - João Nogueira (participação)
2012 Musikeria DVD Samba Book - João Nogueira (participação)
2012 Musikeria CD Sambabook - João Nogueira

(vários artistas)

2012 Musikeria DVD Sambabook - João Nogueira

(vários artistas)

2011 Andança/ EMI CD Nosso samba tá na rua
2011 Discoberta CD Primeiras Andanças (coletânea com cinco CDs que documenta a primeira década da carreira discográfica da cantora)
2011 Lua Music CD Uma flor para Nelson Cavaquinho

(vários artistas)

2011 Lua Music CD Uma flor para Nelson Cavaquinho (participação)
2007 Selo Andança/EMI Beth Carvalho canta o samba da Bahia
2007 Selo ZecaPagodiscos/Universal Music DVD Cidade do samba

(vários)

2005 BMG Brasil CD Beth Carvalho e amigos
2004 Indie Records Beth Carvalho - a madrinha do samba ao vivo - convida
2003 BMG CD Beth Carvalho canta Cartola
2003 Indie Records CD Pagode de mesa 2 ao vivo
2002 Indie Records CD Jorge Aragão ao vivo convida

(participação)

2001 Jam Music CD Nome sagrado - Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho
2000 Indie Records CD Os melhores do ano volume II
2000 Indie Records CD Pagode de mesa ao vivo volume 2
1999 Dabiliú Discos CD Esquina carioca - uma noite com a raiz do samba, com Walter Alfaiate, Moacyr Luz, Dona Ivone Lara, Nelson Sargento e Luiz Carlos da Vila
1999 CD Pagode de mesa
1998 CD Pérolas do pagode
1996 CD Brasileira da gema
1996 EMI CD Meus momentos
1996 EMI CD Meus momentos – Beth Carvalho
1994 Gravadora Velas CD Beth Carvalho canta o samba de São Paulo
1994 Gravadora Velas CD Beth Carvalho canta o samba de São Paulo (Ao Vivo)
1994 Velas CD Beth Carvalho canta o samba de São Paulo. Vol. II
1993 Gravadora Tartaruga Company-Japão CD Beth Carvalho e Nelson Cavaquinho (ao vivo)

Gravado no Projeto Pixinguinha em 1978)

1992 Som Livre CD Pérolas
1991 Som Livre CD Beth Carvalho ao vivo no Olímpia
1991 PolyGram CD Intérprete
1989 Idéia Livre LP O grande presidente
1989 PolyGram LP Saudades da Guanabara
1988 Philips LP Alma do Brasil
1988 RCA LP Toque de malícia
1987 RCA Victor LP Beth Carvalho ao vivo em Montreux
1986 RCA Victor LP Beth
1985 RCA Victor LP Das bençãos que virão com os novos amanhãs
1984 RCA Victor LP Coração feliz
1983 RCA Victor LP Suor no rosto
1982 RCA Victor LP Traço-de-união
1981 RCA Victor LP Na fonte
1980 RCA Victor LP Sentimento brasileiro
1979 RCA Victor LP No pagode
1978 RCA Victor LP De pé no chão
1977 RCA Victor LP Nos botequins da vida
1976 RCA Victor LP Mundo melhor
1975 Tapecar LP Pandeiro e viola
1974 Tapecar LP Pra seu governo
1973 Tapecar LP Canto para um novo dia
1971 Tapecar Compacto simples Amor, amor
1971 Odeon LP Beth Carvalho especial
1969 Odeon LP Andança
1966 Copacabana LP Muito na onda

(c/ Conjunto 3-D)

1965 RCA Victor Compacto simples Por que morrer de amor?
Obras
A velha porta (c/ Edmundo Souto e Paulinho Tapajós)
Afina o meu violão (c/ Paulinho Tapajós e Edmundo Souto)
Canção de esperar neném (c/ Paulinho Tapajós)
Joatinga (c/ Edmundo Souto e Paulinho Tapajós)
Sereia (adaptação do folclore baiano)
Shows
2018 KW de Vantagens Hall, Rio de Janeiro Beth Carvalho e Fundo de Quintal
2015 Metropolitan, Rio de Janeiro Beth Carvalho – 50 anos de carreira
2014 Parque Madureira, Rio de Janeiro Beth Carvalho
2014 Centro Cultural João Nogueira – Imperator, Rio de Janeiro Beth Carvalho – “Ensaio aberto”
2013 Réveillon de Copacabana, Rio de Janeiro Beth Carvalho
2013 Vivo Rio, Rio de Janeiro Beth Carvalho
2012 Fundição Progresso, Rio de Janeiro Samba Social Clube - 5 Anos
2012 Marina da Glória, Rio de Janeiro Verão do Rio
2011 Sesc Rio Oi Noites Cariocas, Píer Mauá, RJ Beth Carvalho
2011 Quinta da Boa Vista, RJ Show do Trabalhador
2011 Vivo Rio, Rio de Janeiro lançamento do CD “Nosso samba tá na rua"
2011 HSBC Brasil, São Paulo lançamento do CD “Nosso samba tá na rua”
2011 Vivo Rio, Rio de Janeiro lançamento do CD “Nosso samba tá na rua”
2003 Beth Carvalho e Ademilde Fonseca). Teatro Rival BR, RJ.
Beth Carvalho 60 anos. Canecão, RJ.
Beth Carvalho ao vivo em Montreux.
Beth Carvalho canta o samba da Bahia (c/ Convidados). Canecão. RJ.
Beth Carvalho canta o samba da Bahia (c/ Convidados). Teatro Castro Alves, Salvador, BA.
Beth Carvalho e Os Golden Boys. III Festival Internacional da Canção-Maracanãzinho, RJ.
Beth Carvalho e bateria da Mangueira. Olimpo, RJ.
Beth Carvalho e convidados (Almir Guinteto, Luiz Carlos da Vila, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, Dona Ivone Lara, Vó Maria, Jongo da Serrinha).Teatro Municipal do Rio de Janeiro, RJ.
Beth Carvalho e grupo A Fina Flor do Samba. Centro Cultural Carioca, RJ.
Beth Carvalho. Teatro Municipal do Rio de Janeiro, RJ.
Festival Internacional da Canção. Maracanazinho, RJ.
IV Festival Internacional da Canção. Maracanazinho, RJ.
Olimpíada da Canção. Grécia.
Pagode de mesa 2. Tom Brasil, SP.
Riachão convida Beth Carvalho. Projeto Da Idade do mundo. Centro Cultural Banco do Brasil. Brasília, DF.
Show Beth Carvalho - Olímpia, SP.
Show Beth Carvalho. Cine Show Madureira, RJ.
Show Nome sagrado. Teatro Rival, RJ.
Show de Jorge Aragão (convidada). Olimpo, RJ.
Show esquina carioca com Walter Alfaiate, Moacyr Luz, Luiz Carlos da Vila, Nelson Sargento e Dona Ivone Lara. Bar Pirajá, SP.
Show pagode de mesa. RJ.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – Mulher (FOTOS: Mario L. Thompson). Rio de Janeiro: Edição ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin, SESC-Rio de Janeiro e ELPASO, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.

ALBIN, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 2003.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014. 4ª ed. EAS Editora, 2020.

CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso – Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.

CAMPOS, Conceição. A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro – Uma Jornada Musical. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2009.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira – erudita, folclórica e popular. 2 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.

Crítica

Se Bizet escreveu uma ópera chamada “Os pescadores de pérolas”, a MPB já se habituou a ter em Beth Carvalho a sua pescadora de pérolas. Só que as pérolas da nossa Beth são as jóias musicais que definem e qualificam o melhor da alma urbana carioca.

A Enamorada do Sambão, como a ela se referiu Martinho da Vila para dedicar-lhe um samba-homenagem, vem realizando o mais original e valioso levantamento dos compositores cariocas de raiz. Ou seja, aqueles que estão alojados nos morros, nas biroscas e nas agremiações carnavalescas, em geral esnobados pela burguesia, mais voltada para os valores estrangeiros, a ponto de considerá-los exóticos, quando não analfabetos e destituídos de valor permanente.

A essa cantilena preconceituosa e antipovo, além de abominável, Beth Carvalho jamais se curvou. Muito pelo contrário. E mais: ela construiu toda uma carreira – graças a Deus e à sua persistência – muito bem-sucedida, precisamente redescobrindo e gravando jóias de Cartola e Nélson Cavaquinho nos anos 70, ou Noca da Portela (com uma maravilha chamada “Virada”), ou ainda lançando o pessoal do Cacique de Ramos e Fundo de Quintal – onde foi descobrir Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila, entre outros cobras. Nos anos 90 a Beth revelaria Marquinhos PQD, Sombra e Sombrinha, Marquinhos de Oswaldo Cruz.

Tempos atrás, estive conversando com a velha amiga – que, uma vez mais, me comoveu ao segredar-me ao ouvido: “Você nem imagina a surpresa que tenho este ano. Já estou gravando meu disco novo e vou lançar uma novidade que vai balançar o coreto. Imagina que fui descobrir um talentão chamado Xande de Pilares, autor de um sucesso nas bocas de samba, ‘Meu samba de arerê’, em co-autoria com Arlindo Cruz e Mauro Júnior. Xande é uma revelação dos pagodes do Arranco de Engenho de Dentro, que é o lugar mais quente da zona norte, junto com o pagode da Tia Doca, em Oswaldo Cruz, ou o Cafofo da Surica, em Madureira, ou mesmo os Candongueiros de Pendotiba.”

Beth, em poucas palavras, me desenhou um mapeamento sóciocultural da cidade.

Retruquei, por pura provocação: “Mas, Beth, nessa altura do campeonato, com o pagode mauricinho e o porno-axé a todo vapor, você ainda tem coragem de lançar compositores novos?”

Beth enrubesceu, as pupilas se dilataram e, veemente, me dardejou: “Só vou deixar de acreditar na força do samba carioca quando morrer. Disco meu – você nem tenha dúvida – não existe se não apresentar gente nova. Gente nova que procuro e busco como se estivesse numa missão religiosa. São meses a fio ouvindo centenas de fitas, assuntando e sabendo do que há nas bocas de todas as regiões do Rio, de norte a sul!”

Não, Beth, ninguém de boa-fé poderá jamais ter dúvida sobre suas nobres intenções…

Ricardo Cravo Albin