
Compositor. Cantor. Ator. Palhaço de circo. Violonista. Abandonou a família, ainda menor de idade, e partiu com a “troupe” do Circo Sotero, onde atuou como trapezista e acrobata.
Em 1889, fez sua estréia como palhaço no Circo de Frutuoso Pereira (que ficava à Rua João Alfredo, na Várzea do Carmo, São Paulo). Em suas primeiras apresentações como palhaço, foi vaiado. Trabalhou, nos anos seguintes em vários circos, onde ganhou experiência. Permaneceu por três anos atuando como palhaço do Circo Caçamba, que ficava armado na Praça da República, em São Paulo. Em 1893, ganhou a vaga de palhaço principal do Circo Spinelli, famoso na época. Lá encenou inúmeros quadros cômicos tirados de operetas e peças burlescas. Representou o papel de Cristo, na Semana Santa, com o rosto pintado de branco, já que era negro. Essa idéia de unir os números de circo a outros extraídos de sucessos teatrais abriu caminho para a popularização de peças clássicas, tais como “Otelo”, de Shakespeare e “A viúva alegre”, de Lehár. Nelas, reservava para si os principais papéis masculinos. Ainda em 1893, foi pessoalmente recebido pelo então presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca e ganhou a permissão de armar o circo na Praça da República.
Atuou como cantor, nos entreatos, executando ao violão os grandes sucessos da época: lundus, chulas e modinhas, principalmente as de seu amigo Catulo da Paixão Cearense. Gravou na Columbia, por volta de 1910, o monólogo “Caipira mineiro” e o lundu “As comparações”, de autores desconhecidos. No mesmo ano, gravou em duo com o cantor Mário Pinheiro o lundu “O baiano na rocha” e a modinha “Se fores ao Porto”, também de autores desconhecidos. Ainda em 1910, adaptou a ópera “A viúva alegre”, de Franz Lehar, estreando no picadeiro do Circo Spinelli, então situado no Boulevard de São Cristóvão, Rio de Janeiro, contando com a ajuda do maestro de orquestras de teatro de revistas Paulino Sacramento, que instrumentalizou todas as músicas da opereta para serem tocadas por banda. Escreveu diversas peças de sucesso, entre as quais, “O diabo e o Chico”, “Vingança operária”, “Matutos na cidade” e “A noiva do sargento”.
Em 2020, por ocasião dos 150 anos de seu nascimento foi homenageado no carnaval carioca pela Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro que apresentou o enredo “O Rei Negro do Picadeiro” do carnavalesco Alex de Souza, com samba enredo composto por Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino.
(Com Mário Pinheiro)
(Com Mário Pinheiro)
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