Pianista. Compositor.
Aos quatro anos de idade começou a aprender piano, tendo tido aulas durante apenas seis meses. Aperfeiçoou-se por conta própria, explorando sua grande musicalidade. Foi casado com Dulce Nunes, cantora que participou do surgimento da Bossa Nova grande amigo e protegido do Presidente JK, foi delegado fiscal do governo, tendo se aposentado na década de 1980. Viveu seus últimos anos, com a família, no Rio de Janeiro. Considerado um virtuose do piano, orgulhava-se de ser autodidata e um intuitivo do instrumento.
Com apenas sete anos apresentou-se pela primeira vez no programa “Hora Infantil”, da Rádio Cajuti. Interpretou, para surpresa de todos, a música “Pé de anjo”, de Sinhô. Ganhou então um contrato de seis meses com aquela emissora. Aos 14 anos já atuava em gafieiras. Em 1945 integrou o conjunto Milionários do Ritmo, de Djalma Ferreira atuando no Hotel Quitandinha. Em 1946, participou do filme “A mãe”, de Teófilo de Barros, uma produção cinematográfica da Atlântida. Passou então a ser conhecido como o pianista-galã do cinema nacional, pois atuou em várias produções, a partir de então. Em 1949, participou do filme “Carnaval no fogo”, de Watson Macedo. Nesse ano, teve a polca “Pedalando”, parceria com Anselmo Duarte, cantada no filme “Carnaval no fogo” por Adelaide Chiozzo, que a gravou no ano seguinte com o acordeonista Alencar Terra.
Em 1951, gravou ao piano, pela gravadora Continental, os choros “Moleque tumba” e “Gostosinho”, de sua autoria. Nesse ano, atuou no filme “”Aí vem o barão”, de Watson Macedo. Em 1952, gravou ao piano mais duas composições de sua autoria, o fox “Dulce, I love you” e o bolero “Deserto”. Nesse ano, como ator principal, interpretou o compositor Sinhô, no filme “O Rei do samba”, de Luís Santos. Atuou também em “Barnabé, tu és meu”, de José Carlos Burle e “É fogo na roupa”, de Watson Macedo, contracenando com Adelaide Chiozzo.
No ano seguinte, gravou a “Rapsódia sueca”, de Charles Wildman e o samba “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa e Vadico. Nesse ano, participou dos números musicais do filme “Carnaval Atlântida”, de José Carlos Burle e que contou também com as presenças de Blecaute, Nora Ney, Dick Farney, Francisco Carlos, Bill Farr e Chiquinho e sua orquestra. Atuou também no filme ” Carnaval em Caxias”, direção de Paulo Wanderley.
Ainda na década de 1950, formou uma orquestra de 32 integrantes, que fez muito sucesso e da qual fez parte o compositor e instrumentista Carlos Lyra e o instrumentista Luiz Reis. Foi o pianista preferido do presidente Juscelino Kubistchek, tendo, em seu governo, animado bailes e saraus do Palácio do Catete. Em 1954, atuou em “Malandros em Quarta Dimensão”, filme dirigido por Luiz de Barros e que contou ainda com as participações de Grande Otelo e nos números musicais com Blecaute, Bob Nélson, Dick Farney, Nora Ney e Francisco Carlos. Em 1955, atuou no filme “Guerra ao Samba”, com direção de Carlos Manga. Em 1958, lançou o LP “Bené Nunes e seu piano”, no qual interpretou as músicas “Hô-Bá-Lá-Lá”, de João Gilberto, “Stella By Starlight”, de Ned Washington e Victor Young, “Se Todos Fossem Iguais A Você”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, “If I Had You”, de Jimmy Campbell, Reg Connelly e Ted Shapiro, “Ouça”, de Maysa, “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, “Só a Ti”, tema tradicional, “Lamento No Morro”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, “There Will Never Be Another You”, de Mack Gordon e Harry Warren, “Por Causa de Você”, de Tom Jobim e Dolores Duran, e “Amendoim Torradinho”, de Henrique Beltrão. Ele e sua esposa, Dulce, foram dos primeiros grandes anfitriões do movimento da Bossa Nova, sempre abrindo as portas de seu amplo apartamento para as reuniões dos jovens Bossa Nova. Em dezembro de 1959, reuniu em seu apartamento na Gávea, bairro carioca, os grandes nomes da Bossa Nova, para que a revista “O Cruzeiro” fizesse uma grande reportagem sobre o movimento. A reunião rendeu uma matéria de 10 páginas, com fotos de João Gilberto, Luís Bonfá, Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim, Nara Leão, Carlinhos Lyra, Roberto Menescal, Sylvinha Telles, Luizinho Eça, Oscar Castro Neves, Alayde Costa, Luís Carlos Vinhas, Nana Caymmi, Ary Barroso, que apareceu para dar seu apoio, além de muitos outros artistas. Na primeira metade da década de 1960, dirigiu um dos mais requisitados conjuntos dançantes do Rio de Janeiro. Gravou pela Continental o LP “Bené Nunes e seu piano” e pela Odeon o LP “Telefone para 27-9696”, seus discos mais.
Em 1970, foi homenageado pelo compositor João do Vale na música “Coroné Antônio Bento”, gravada com sucesso por Tim Maia e cuja letra dizia: “Coroné Antônio Bento/No dia do casamento/Da sua filha Juliana/Ele não quis sanfoneiro/Foi pro Rio de Janeiro/Convidou o Bené Nunes pra tocar”.
A partir da década de 1980, passou a fazer “shows” esporadicamente e sua última apresentação foi em 1984, na Sala Cecília Meirelles, ao lado da pianista Laís de Sousa Brasil. Em 2000, teve sua polca “Pedalando”, na voz de Adelaide Chiozzo relançada em CD pelo selo Revivendo.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.