
Compositor. Cantor. Trabalhou como aprendiz de marceneiro. Aposentou-se como gráfico, função que exerceu por muitos anos na Imprensa Oficial (hoje Empresa Gráfica da Bahia).
Começou a compor e a cantar quando ouviu pela primeira vez um samba do compositor carioca Vassourinha.
No início da década de 1940, trabalhou como office-boy do Diário de Notícias, órgão dos Diários Associados. Nessa época, o jornalista e compositor Antônio Maria foi a Salvador para dirigir a Rádio Sociedade da Bahia. Batatinha procurou-o e apresentou-lhe seu primeiro samba, intitulado “Inventor do trabalho”. Conhecido como Vassourinha, devido à influência do sambista carioca, teve o apelido trocado pelo próprio Antônio Maria, na apresentação de um programa da rádio, para Batatinha – gíria que na época significava “gente boa”.
Estudou música com o maestro Santo Amaro de 1946 a 1947, mas gostava de batucar em caixa de fósforos, que usava também para compor.
Aposentou-se pelo Diário de Notícias e morreu aos 72 anos, após gravar o último disco.
O compositor e amigo Riachão, assim o definiu: “Uma cabeça cheia de cabelos brancos e cada fio uma nota musical”.
Na década de 1940 apresentava-se no Programa Campeonato do Samba, da Rádio Sociedade da Bahia. Por essa época, o cast da rádio interpretava suas composições. Compôs nessa época “Olha aí o que que há?”, “Iaiá no samba”, “Eu sou cobrador”, “Feijoada no samba”.
A primeira gravação de uma música sua, “Jajá da Gamboa”, por Jamelão, deu-se em 1954.
Em 1957 Glauber Rocha usou a composição “Diplomacia” no curta-metragem “Barravento”.
Maria Bethânia, a principal responsável pela projeção nacional do artista, gravou em seu primeiro disco, de 1965, suas composições “Diplomacia” e “Só eu sei”. Em 1969 Eliana Pittman gravou “Passatempo” (c/ Edil Pacheco e Cid Seixas). Neste mesmo ano de 1969 lançou o primeiro disco “Batatinha e Companhia Ilimitada”, pela pequena gravadora JS Discos (Jorge Santos Discos).
No ano de 1971, Maria Bethânia voltou a interpretar outras composições de sua autoria: “Toalha da saudade”, “Imitação”, e “Hora da razão”, no disco “Rosa dos Ventos”. No ano seguinte, em 1972, a cantora interpretou de sua autoria “O Circo”, no LP “Drama”.
Em 1975, juntamente com Panela e Riachão, gravou o LP “Samba da Bahia”, no qual interpretou “Diplomacia” (c/ J. Luna), “Inventor do trabalho”, “Direito de sambar” e “Ministro do samba”, em homenagem a Paulinho da Viola.
Realizou alguns shows importantes durante sua carreira como “Bahia de Todos Os Santos” e “Projeto Pixinguinha”.
Participou de shows coletivos como “80 anos de Jorge Amado”.
No ano de 1976 lançou o LP “Toalha da saudade”. Quando completou 50 anos de carreira, em 1993, lançou o disco “50 anos de samba”, no qual regravou algumas composições de sua autoria que foram sucessos com outros artistas.
Em 1996 Jussara Silveira interpretou o samba “Espera” (c/ Ederaldo Gentil). No ano seguinte a mesma cantora gravou “Ironia” (c/ Ederaldo Gentil) no CD-homenagem ao compositor.
Apesar de ter composto mais de 70 canções, deixou apenas quatro discos gravados.
Seu último trabalho, o CD “Diplomacia”, de 1997, uma de suas obras mais representativas, contou com as participações de Maria Bethânia, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jussara Silveira. Com os sambistas baianos Riachão, Walmir Lima, Nélson Rufino e Edil Pacheco, dividiu os vocais em “De revólver, não!”. A capa do disco foi assinada pelo artista Carybé.
Sobre Batatinha escreveu Maria Bethânia: “Gosto de Batatinha, como gosto da luz da lua, do som do tamborim, do samba em tom menor, das coisas tristes e simples. Batatinha pra mim, é uma pessoa rara, um artista”. Outro grande da música brasileira, Paulinho da Viola, também escreveu sobre o compositor no encarte da segunda tiragem, em 1975, do LP “Samba da Bahia”, do qual destacamos o trecho: “Olá Batata, qual a novidade? E Batatinha, um simples cidadão de Salvador, gráfico, casado, pai de muitos filhos, alisa a cabeça branca e sorri. Apanha a caixa de fósforos e desfia seu rosário – é assim que se diz no samba – para a felicidade daqueles que têm o privilégio de estar perto dele e conhecê-lo. Eu o coloco ao lado de um Nélson Cavaquinho e um Cartola, no nível da poesia popular mais pura. Digno representante do samba mais verdadeiro que conheço”.
Teve suas composições gravadas também por Chico Buarque, Jamelão e Caetano Veloso, entre outros.
Em 2006 a cantora paulista Adriana Moreira lançou, pela gravadora CPC-Umes, “Direito de Sambar”, CD em tributo à obra de Batatinha.
(c/ Panela e Riachão)
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