5.001
Nome Artístico
Aurélio Cavalcanti
Nome verdadeiro
Aurélio Bezerra Cavalcanti de Sá
Data de nascimento
9/6/1874
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
15/11/1915
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Instrumentista. Pianista. Atuou no inícicio do século XX e segundo Orestes Barbosa que sobre ele falou em seu livro “Samba”, era um mulato alto. Filho de um comerciante de peixes, nasceu no Morro de Paula Matos, em Santa Tereza, região central do Rio de Janeiro. Desde criança demonstrou interesse pela música batucando no fundo de panelas como se fossem pianos. O pai entretanto, o queria doutor e contratou um professor de piano para a irmã. Passou a assistir às aulas da irmã furtivamente. Dando demonstrações frequentes de seus dotes musicias  o que levou o professor Etelvino Oscar Rabelo a solicitar ao pai do menino que o deixasse ter aulas de piano pois não cobraria nada por isso. Começou então a estudar piano. Quando estudante do Colégio Belmonte começou a chegar tarde em casa pois ia para a casa Buschmann & Guimarães, que vendia piano e música, e lá ficava tocando piano para espanto do público que parava para vê-lo tocar. Foi por isso internado pelo pai no Colégio Universitário Fluminense somente saindo aos domingos. Não sufocou porém sua vocação e acabou convencendo o pai a seguir a carreira de pianista. Estudou no Colégio Pedro II quando numa colação de grau impressionou o Imperador Pedro II que pediu a antecipação do programa apenas para vê-lo tocar.

Dados artísticos

Iniciou tocando de graça na Casa Artur Napoleão recebendo em troca  a indicação para tocar em bailes. Tocou piano muito bem e se apresentava numa casa de músicas na Rua Gonçalves Pinto onde também vendia sua composições. Fez parte de um notável grupo de músicos que atuou no Rio de Janeiro no início do séculop XX e que incluia nomes como Guilherme Cantalice, Candinho Silva, Albertino Pimentel, Pedro Galdino, Assis Pacheco, Ernesto de Souza, e outros. Foi por muitos anos pianista do Clube dos Ingleses. Ficou celebrizado por suas valsas de inspiração espanhola que tiveram grande sucesso no Rio de Janeiro na virada do século XIX para o século XX. Sua fama era tamanha no Rio de Janeiro que foi citado dessa forma pelo cronista João do Rio no capítulo inicial do livro “A alma encantadora das ruas”: “As meninas dos bailes de Catumbi só conhecem as novidades do Senhor Aurélio Cvalcanti…”. Considerado um virtuose do piano, sua fama era tal que uma festa não era considerada boa se não tivesse o seu concurso. Em 1889, escreveu sua primeira composição a valsa “Margarida” que dedicou aos pais. Em 1890, lançou a valsa “Muchacha” que foi bastante executada no Rio de Janeiro durante dez anos. Em 1897, fez sucesso com a música “Pequetita”. Por volta de 1906, sua valsa “Predileta” foi gravada na Odeon pela Banda do Corpo de Bombeiros. Em 1908, assumiu o cargo de diretor da Orquestra do Cinema Parisiense compondo músicas para sincronização com os filmes que entretanto se perderam. Uma dessas comosições foi a polca “O piano irresistível”, feita para um filme homônimo. Em 1912, a valsa “Inspirada” e o xote “Simpática” foram gravadas na Odeon pela Banda da Casa Edson. Por volta de 1913, sua mazurka “Carolina” foi gravada pela Banda do Malaquias em disco Odeon. A valsa “Excelsa” foi gravada na Columbia por Arthur Castro. Em 1915, fazia parte do grupo de músicos que se reunia na Casa Viúva Guerreiro e do qual faziam parte Aristides Borges, Pedro Sá Pereitra, Sinhô, Caninha, Gastão Lamounier, Osvaldo Cardoso de Menezes e outros. Em 1916, o xote “Magistral” foi gravado por Giuseppe Rielli ao acordeom. Como na época muitas vezes não se colocava o nome do autor no selo do disco é possível que essa composição fosse sua já que consta de sua relação de composições uma obra com esse título. Segundo Brasílio Itiberê em seu artigo “Ernesto Nazaré na música Brasileira” editado no Boletim Latino-Americano de Música, publicado pela Imprensa Nacional: “Só quem ouviu tocar um Aurélio Cavalcanti, o Porfírio da Alfândega, o Chirol, o Garcia Cristo ou o Xandico – pode ter uma idéia bem nítida do que foram esses beneméritos e avaliar a importância da sua função social”. Deixou cerca de 300 composições entre valsa, polcas e mazurkas. Ficou esquecido em seus últimos anos de vida e segundo o pesquisador Ary Vasconcelos, “A importância de Aurélio Cavalcanti na música popular brasileira só poderá ser melhor avaliada quando surgirem pianistas dispostos a reviver sua obra”. Morreu ainda novo, de tuberculose e arteriosclerose devido à vida boêmia que levava. Quando de sua morte, assim foi saudado pelo escritor João Luso: “Aurélio Cavalcanti, senhoritas, foi o ídolomúsico-dançante da geração que hoje começa a envelhecer. As suas valsas exerceram no Brasil domínio comparável às de Strauss ou de Waldteufel no resto do mundo. Faltou-lhes a consagração dos realejos, visto como no país, se não fabricam, Deus louvado, tais instrumentos: mas largamente, incontestavelmente, obtiveram todas as outras, desde o piano de Ehrard até o violão dos subúrbios. Adotaram-nas os salões mais requintados e, pelas ruas, os mais sórdidos garotos as assobiaram”. Segundo a musicóloga Marisa Lira, “Aurélio Cavalcanti ficou célebre na hist´ria da cidade do Rio de Janeiro. Memória estupenda, ninguém como ele para compor ou tocar para dançar. Tinha um ritmo invejável”. Já segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão, “Aurélio Cavalcanti tornou-se a partir de 1890 o mais disputado pianeiro profissional do Rio de Janeiro. Apesar de cobrar sessenta mil-réis por baile em casa de família (com um intervalo à meia-noite para reforçada ceia obrigatória, Aurélio tinha sua agenda comprometida para quase todos os dias da semana, o que o levava a viver em estado de sonolência permanente, pois seu cachê o  obrigava a tocar normalmente até as quatro horas da manhã. (…) O sestroso pianista mulato era amante das chamadas “valsas espanholas” (“Mire usted!”, “Señorita”, “Caramba!”), e uma dessas músicas com algo de castanholado, a valsa intitulada “La muchacha”, figuraria por mais de dez anos nos repertórios de piano de todo o Brasil, entrando pelo século XX como um dos mais duradouros sucessos de Aurélio Cavalcanti”.

Obras
Altiva
Amorosa
Aparatosa
Aquarela
Arrependida
Azul-Ferrete
Boêmia
Caprichosa
Cativante
Charmeuse
Colorada
Comprometida
Czarina
Diamantina
Divinal
Dócil
Enamorada
Esperta
Excelsa
Fauvette
Flamenga
Inspirada
Jeni
Judia
Laurita
Magistral
Mil novecentos e quinze
Murmúrio
Neutra
Oscilando
Predileta
Rosa Musgo
Sensível
Sertaneja
Simpática
Soledad
Tazinha
Toledo
Universal
Viver para amar
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira na “Belle Époque”. Rio de Janeiro: Livraria Sant”Anna LTDA, 1977.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins, 1965.