
Cantor.
Transferiu-se ainda muito jovem de Maceió para o Recife, entrando em contato com a família do bandolinista Luperce Miranda onde todos eram músicos.
Tornou-se conhecido como “A Patativa do Norte” por sua voz afinada e estilo peculiar de interpretação. Foi convidado a ser o cantor do grupo formado pelos irmãos Luperce (bandolim), João (bandolim), Romualdo Miranda (violão), Manoel de Lima (violão) e João Frazão (violão). Por sugestão do historiador Mário Melo foi escolhido o nome de “Turunas da Mauricéia”, em lembrança aos tempos do domínio holandês e do governo de Maurício de Nassau.
Em 1927, os Turunas chegavam ao Rio de Janeiro, sem Luperce Miranda, que mudou para a Cidade Maravilhosa apenas alguns meses depois. Cantavam emboladas e cocos, ritmos até então desconhecidos na cidade, e trajavam roupas sertanejas, com chapéus de abas largas erguidas na frente, onde se podia ler: “Guajurema”, “Riachão”, “Periquito” e “Patativa do Norte”. Estrearam com sucesso no Teatro Lírico, em espetáculo patrocinado pelo Correio da Manhã. Suas apresentações na Rádio Clube marcaram época. A embolada “Pinião”, de sua autoria e Luperce Miranda, que integrava o repertório do grupo, foi cantada em toda a cidade, constituindo-se em grande sucesso da carnaval de 1928. Ainda em 1927, participou das primeiras gravações com os Turunas da Mauricéia que registraram outras composições de sua parceria com Luperce Miranda como a canção “As belezas do sertão” e o samba “O pequeno Tururu”. Em 1929, os Turunas da Mauricéia gravaram quatro composições de sua autoria, os sambas “Eu vi camaleão”, “É boi”; “Minha viola é boa” e “Trem passageiro”.
Em 1930, lançou pela Odeon seu primeiro disco solo interpretando os sambas “Teu olhar”, de Miguel Silva e “Foram dizer”, de Vantuil de Carvalho e passou a atuar em carreira solo. No mesmo ano, gravou na Parlophon a marcha “Didi meu bem”, de Eduardo e o samba “Perdoa e confessa”, de P. F. dos Santos e André Filho. Nesse período, apresentou-se na Casa de Caboclo, casa de espetáculos no Rio de Janeiro, criada e dirigida pelo dançarino Duque. Em 1931, gravou na Parlophon as marchas “Lalá” e “A canoa virou”, ambas de Nelson Ferreira. Em 1933, gravou a valsa “Revendo o passado”, de Freire Júnior, um de seus maiores sucessos e, a canção “Flor do mato”, de Zeca Ivo e J. Francisco de Freitas. No mesmo ano, lançou pela Victor as canções “Alma de tupi”, de Jararaca e “Céu do Brasil”, de Henrique Vogeler e Jarararaca.
Em 1934, gravou “E me deixou saudade…”, valsa de Costa e M. Amaral; “Caboclo de raça”, canção de Jerônimo Cabral e Jararaca e “Mané Fogueteiro”, samba canção de João de Barro. Em 1935, gravou a marcha pernambucana “Tô te oiando”, de Nelson Ferreira; a canção “Meu sertão”, parceria com Jararaca; “Falando ao teu retrato”, de Jaime Florence e De Chocolat e o samba canção “O tocador de violão”, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano. Em 1936, gravou dos Irmãos Valença as marchas canção “Que esperança, meu bem” e “Boneca sem coração”. No mesmo ano, gravou de Jararaca os sambas canção “Cabana triste” e “Ilusão”. Em 1937, lançou a valsa “Quero-te cada vez mais”, de João de Freitas e Zeca Ivo e o samba canção “No meu sertão”, de Ataulfo Alves. No mesmo ano, compôs com Manezinho Araújo o coco “Foi da Bahia” e a canção “Seresta do norte”.
Em 1938, gravou com Jararaca e Zé do Bambo os rojões “Do pilá” e “Engenho moedô”, de autoria dos três. Em 1939, gravou as valsas “Minha vida em tuas mãos”, de Luiz Bittencourt e Mário Rossi e “Vontade de amar”, de Amado Regis e Avelar de Souza. No mesmo ano, gravou um disco com Antenógenes Silva interpretando as valsas “Ave Maria”, de Erotides de Campor e Jonas Neves e “Se amas és feliz”, de Antenógenes Silva e Osvaldo Santiago. Em 1940, gravou as valsas “Trinta minutos”, de J. Portela e Portelo Juno e “Visão do passado”, de Ratinho e Aldo Cabral e a canção “Rancho da encruzilhada”, de sua parceria com Ratinho.
Em 1945, gravou o samba “Senhor da floresta”, de René Bittencourt e a valsa “Bela”, de sua autoria. No ano seguinte, gravou o samba “Meu ranchinho”, de Miguel Lima e a valsa “Dúvida”, de Luiz Gonzaga e Domingos Ramos. Por essa época era um dos campeões de vendagens de discos. Desempenhou papel fundamental na iniciação profissional do violonista Dino Sete Cordas, ao convidá-lo a participar de espetáculos em circos nos quais se apresentava. Em 1950, gravou na RCA Victor as toadas “Adeus Pilar” e “Pisa no chão devagar”, ambas de sua autoria. Em 1952, gravou as canções “Serenata matuta”, de Levino Ferreira e “Sonhando ao mar”, de David Vasconcelos. No mesmo ano, passou a gravar na Todamérica onde estreou com a valsa “Grande mágoa”, de José Luiz e José Rezende e o samba canção “No Rio Tietê”, de José Batista. Em 1953, gravou a valsa “Sonho de ilusões”, de sua aurtoria e a canção “Cabocla pureza”, de Átila Nunes.
Em 1954, regravou a embolada “Pinião” e gravou a toada “Helena”, de sua autoria. No mesmo ano, gravou a valsa “Pisando corações”, de Antenógenes Silva e Ernâni Campos, a embolada “Samba do caná”, de sua autoria e a canção “Chuá-chuá”, de Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão, além de algumas regravações. No mesmo ano, gravou na Todamérica as valsa “Meu dilema” e “Audiência divina”, ambas de Guilherme de Brito. Em 1956, pouco antes de sua morte, foi lançado seu último discos com a valsa “Alda”, de Mário Ramos e Salvador Morais e a canção “Flor do mato”, de Francisco Freitas e Zeca Ivo, em gravação realizada em fevereiro do ano anterior.
Gravou os LPs “A patativa do Norte” e “Caboclo de raça”, lançados pela Odeon.
(Com Jararaca e Zé do Bambo)
Dueto com Pinto Filho
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