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Nome Artístico
Ary Barroso
Nome verdadeiro
Ary Avangelista de Rezende Barroso
Data de nascimento
7/11/1903
Local de nascimento
Ubá, MG
Data de morte
9/2/1964
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Pianista. Locutor. Apresentador.

Filho de  João Evangelista Barroso, deputado  estadual e promotor público em Ubá e de Angelina de Resende Barroso. Em 1911, pouco antes dos oito anos de idade, perdeu a mãe de apenas 22 anos, vitimada por tuberculose. Dois meses depois, o pai faleceu vitimado pela mesma doença. Foi criado pela avó, Gabriela e pela tia Ritinha, sua primeira professora de piano. Devido às dificuldades financeiras, com apenas 12 anos de idade, passou a ajudar à tia, fazendo ao piano fundo musical para filmes no Cinema Ideal.  Pouco depois, empregou-se como caixeiro na loja “A Brasileira”, onde chegou a permanecer  por um período de seis meses. Cursou o primário na escola do professor Cícero Galindo, seguindo seus estudos no Ginásio São José. Deste,  por seu comportamento pouco disciplinado, passou pelos ginásios de escolas nas cidades de Viçosa, Leopoldina e finalmente Cataguases onde concluiu o curso. Por essa época, já freqüentava a boêmia local, era goleiro do Botafogo Futebol Clube de Ubá e desfilava no Bloco Ubaenses e Estrelas, contrariando a família que saía no Bloco Dragões e Opalas. Em 1919 foi pela primeira vez para o Rio de Janeiro. Em 1921, deixou Ubá definitivamente e passou a residir na capital da República, onde prestou vestibular para a Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Enquanto cursava a faculdade no período da manhã, voltou a fazer fundo musical para cinema mudo, trabalhando  de 14 às 18 horas no Cinema Íris e das 20 às 22 no Cinema Odeon. Com a carga intensa de trabalho, o curso iniciado em 1922 foi interrompido inúmeras vezes, e assim, só se formou em 1930, na mesma turma  do cantor Mário Reis. Envolveu-se com a política,  tendo  sido, em 1946, o segundo candidato mais votado da União Democrática Nacional (UDN) nas eleições para a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.  Na política, venceu uma grande batalha, a construção do Estádio do Maracanã. Participou ativamente no campo da arrecadação do direito autoral, como membro da UBC (da qual foi primeiro presidente, em 1942), da SBAT e da SBACEM.

Em 1954, apresentou-se como convidado no programa “O meumaior sucesso”, da TV Tupi e na ocasião, declarou que sua música predileta era o samba “Na Baixa do Sapateiro”. No mesmo programa, conversou com os telespectadores dedilahnado piano seus sucessos. Falou ainda sobre sua desilusão por não ter conseguido se eleger nas eleições daquele ano e que não mais se candidataria. Reportando a presença do compositor no referido programa, assim comentou o jornal O Globo: “Ficamos com pena do velho Ary, mas sentimos ao mesmo tempo uma grande alegria com a notícia. Alegria real, profunda, patriótica, de ver que o veterano compositor desiste afinal dessa coisa feia e muitas vezes suja, para a qual não nasceu, e que se chama política, para prosseguir no seu destino sonoro de  criar melodias que nós cantamos hoje, e que os filhos dos nossos filhos cantarão ainda, com a mesma emoção e ternura. Não seria nunca um voto a favor de um novo hospital, de um cano de adutora ou de uma nova avenida que iria assinalar o seu nome na posteridade. Será dos acordes da “Aquarela do Brasil”, da “Baixa do Sapateiro”, dos “Quindins de Iaiá”, do “Rancho Fundo” e de dezenas de outras canções que o nome de Ary Barroso será repetido, quando já estiverem em ruínas os hospitais, os canos de adutora e as avenidas que ele gostaria de aprovar na Câmara Municipal. Velho Ary Barroso, teu destino é a música, a grande música viva que o povo canta, e nós todos sentimos um orgulho imenso de ti, e do Brasil, quando nos chegam, mesmo desengonçados, em ritmo meio cubano, os acordes grandiosos da tua e da nossa “Baixa do Sapateiro”, na voz de um Bing Crosby. Foi por isso que ficamos contentes, Ary, egoísticamente contentes, diante da tua amargura e da tua decepção. Foi por isso também que nós não votamos em ti para vereador.

Em 1960, foi vice-presidente do departamento cultural e recreativo do Clube de Regatas do Flamengo, sua grande paixão. Pouco depois, adoeceu de cirrose hepática,  doença da qual  se restabeleceu em 1962, retomando seu programa “Encontro com Ary”, apresentado  pela  TV Tupi e transmitido aos domingos. Em 1963, a Ordem dos Músicos do Brasil ameaçou proibir a execução de suas composições, por desentendimento entre as sociedades arrecadadoras UBC e SBACEM.  Em represália à decisão, a imprensa e o meio musical chegaram a realizar uma “Semana de desagravo”, que incluiu concentração popular na Praça Serzedelo Correia.  Neste mesmo ano, sofreu nova crise de cirrose, tendo sido internado na Casa de Saúde São José,  onde teve uma breve recuperação. Pouco depois, sofreu uma recaída  e foi internado no Instituto Cirúrgico Gabriel de Lucena, onde faleceu. Notícia publicada no Jornal O Globo, em 7/11/1963 apresentava a seguinte manchete: “Ary chega aos 60 anos sem festa”. Dizia a notícia: “Ary Barroso completa hoje 60 anos. Para tristeza de seus amigos, a data não poderá ser comemorada, pois o estado de saúde do popular compositor é melindroso. Embora da Casa de Saúde São José informe que Ary passou razoavelmente a tarde de ontem, seu médico dr. Aleixo de Brito, disse ao Globo que seu estado se agrava dia  a dia. Em 12 de fevereiro de 1964, assim noticiava o jornal O Globo: “O último adeus a Ary Barroso: Mais de cinco mil pessoas acompanharam o enterro de Ary Barroso, anteontem, no dia seguinte da sua morte. O caixão ia coberto por uma bandeira do Flamengo e conduzido, entre outras pessoas, pelo ministro Abelardo Jurema, representando o presidenbe da República, e pelo deputado Paulo Amora, que representava o governador”. Um semana depois, o mesmo jornal dava a seguinte nota: “Candelária lotada de amigos de Ary: Com a igreja da Candelária inteiramente lotada, foi celebrada ontem por Dom Hélder Câmara a missa de 7º dia em memória de Ary Barroso, que contou com o coro do Teatro Municipal, representantes do mundo político e social, músicos (como Ataulpho Alves, Pixinguinha, Almirante, Vicente Celestino, Donga e João de Barro), artistas e amigos do compositor. Uma grande fila formou-se para dar pêsames à família de Ary, cuja mensagem de despedida – gravada em mil pequenos discos – será enviada aos amigos pelo seu filho, Sr. Flávio Rubens Barroso, que fez a gravação”.

Em 2003, ano do centenário de seu nascimento, sua filha Mariúza conseguiu definitivamente corrigir o nome do pai, que é na verdade, Ary de Resende Barroso e não Evangelista  Barroso, como até então vinha sendo divulgado.

Dados artísticos

Sua carreira artística no Rio de Janeiro começou como pianista na sala de espera do Cinema Íris. Em seguida, fez parte da orquestra que tocava na sala de espera do Teatro Carlos Gomes, dirigida pelo maestro Sebastião, e logo depois, atuou na orquestra de J. Thomás que se apresentava na sala de espera do Teatro Rialto. Com a mesma orquestra, atuou no Cinema Central, além de participar de inúmeros bailes pela cidade. Atuou em seguida na orquestra de Alarico Paes Leme. Pouco depois, passou a integrar a Jazz Band Sul-Americana, de Romeu Silva, que se apresentava nos principais clubes da então capital federal. Em 1925, deixou a orquestra de Romeu Silva que viajou para a Europa. Nessa época, era considerado o terceiro melhor pianista do Rio de Janeiro. Em 1926, recebeu convite para formar uma orquestra e apresentar-se por dois meses na cidade de Santos em São Paulo, e por três meses na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Em 1927, de volta ao Rio de Janeiro, ingressou na orquestra American Jazz, de José Rodrigues. Em dezembro de 1928, teve suas primeiras composições gravadas, os sambas “Vou à Penha”, por Mário Reis na Odeon, e “Tu queres muito”, por Artur Castro na Parlophon.

Em 1929, foi convidado pelo maestro Napoleão Tavares para uma viagem à Bahia com sua orquestra, atuando como pianista. Esta viagem marcou definitivamente sua obra que passaria a partir de então, a cantar sistematicamente os encantos e belezas da Bahia. No mesmo ano, teve mais composições gravadas, como a marcha “Não posso mais”, parceria com Kolman, na Parlophon, por Francisco Alves. Nessa mesma época, começou a compor para o teatro musical por encomenda dos autores teatrais Marques Porto e Luiz Peixoto, que lhe pediram seis foxtrotes a serem  apresentados no dia seguinte.  Passou a noite compondo para desespero dos hóspedes da pensão onde morava, protegido pela dona da mesma, sua futura sogra. As músicas foram aprovadas e  receberam letra  de Luís Peixoto. No mesmo período, suas composições “Vamos deixar de intimidade” e “Vou à Penha”, e o foxtrote “Febre azul”, foram selecionadas  por Olegário Mariano, autor da revista “Laranja da China”, dirigida por Luís Peixoto, para serem incluídas na peça, interpretadas por Aracy Cortes. Seu nome, entretanto, não apareceu nos jornais nem nos cartazes do Teatro Recreio, sendo indicada a música como sendo de Júlio Cristóbal, Sá Pereira e outros. Ainda nesse ano, Francisco Alves gravou na Odeon mais uma composição de sua autoria, o samba-canção “Amizade” e Mário Reis, também pela Odeon, o samba “Vamos deixar de intimidade”. Este último tornou-se título da primeira revista que trouxe seu nome como autor da música, escrita por Olegário Mariano, com esquetes de Humberto de Campos. Desta revista saiu o samba “Tu que tomá meu home”, parceria com Olegário Mariano, gravado por Aracy Cortes na Odeon. Ainda neste ano, compôs os sambas “Cor morena” e “Juramento”, apresentados na revista “Pátria amada”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, levada à cena no Teatro Recreio. Ainda nesse ano, atuou em São Paulo com a orquestra do maestro J. Spina.

Em 1930, teve músicas incluídas em 11 revistas, entre as quais, “Concurso de beleza”, de Afonso de Carvalho, apresentada no Teatro Recreio, na qual foi lançada o samba “No tabuleiro da baiana” pela atriz e cantora Aracy Cortes. Musicou também com Augusto Vasseur, a revista “Vai dar o que falar”, de Marques Porto e Luiz Peixoto que marcou a estréia de Carmem Miranda no teatro musicado. É, também do mesmo ano, a revista “Dá nela”, título da marcha carnavalesca  com que o compositor venceu o concurso de carnaval promovido pela Casa Edson no Teatro Lírico. Esta marcha, composta quase por acaso, tornou-se o grande sucesso do carnaval daquele ano. A revista estreou no Teatro Recreio uma semana depois da marcha ter vencido o concurso carnavalesco. Na época, estava decidido a casar com Ivone  Belfort de Arantes, filha da dona da pensão onde morava, mas sem recursos para o casamento decidiu participar do  concurso de músicas carnavalescas promovido pela Casa Edison. Não só ganhou o primeiro prêmio, mas  tornou-se o grande sucesso de carnaval de 1930. Com  a ajuda do prêmio, ele e Ivone  puderam se casar em 26 de Fevereiro de 1930.  Ainda nesse mesmo ano, teve mais 19 composições gravadas, com destaque para a marcha “Dá nela”, por Francisco Alves na Odeon; os sambas “Outro amor”, por Mário Reis; “Você não era assim”, parceria com Arieles França, por Aracy Cortes e “Eu vô”, parceria com Francisco Alves e Nilton Batista, por Patrício Alves, os três, também na Odeon. Foram também gravados nesse ano, o samba “Nego no samba”, parceria com Luiz Peixoto e Marques Porto, por Carmem Miranda na Victor e a canção “Teus óio”, por Gastão Formenti, na Parlophon. Neste mesmo ano,  para uma revista de Luís Peixoto e Freire Júnior  compôs uma música cujos versos foram trocados por Peixoto. Nasceu  assim a composição “Maria”, feita para a peça teatral “Me deixa Ioiô”, uma homenagem à atriz portuguesa Maria Sampaio, estrela da peça.

No princípio de 1931, compôs com Freire Júnior e Vadico, as músicas para a revista “Com que roupa?”, de Luiz Peixoto estrelada no Teatro República. No mesmo ano, na revista “É do balacobaco”, de Victor Pujol e Marques Porto, o cantor Sílvio Caldas apresentou a primeira versão do samba “No rancho fundo”, ainda com o título de “Na grota funda”. O mesmo Sílvio Caldas cantou na mesma revista os sambas “Malandro” e “Caboclo da cidade”. Também no mesmo ano, obteve grande sucesso na revista “Brasil do amor”, de sua autoria e Marques Porto, com o samba “Faceira”, que foi repetido oito vezes pelo cantor Sílvio Caldas a  pedido do público. Ainda em 1931, teve diversas composições gravadas, em especial por Carmem Miranda e Sílvio Caldas. A “Pequena Notável” registrou na Victor a marcha “Sou da pontinha” e os sambas “Deixa disso” e “Benzinho”. Já Sílvio Caldas gravou, também na Victor, os sambas “É do balacobaco”, “Não faz assim, meu coração”, “Vai tratar da tua vida” e “Mão no remo”, este, uma parceria com Noel Rosa. Elisa Coelho gravou, com acompanhamento de piano e dois violões, o samba-canção “No rancho fundo”, parceria com Lamartine Babo. Esta parceria nasceu de maneira inusitada, pois o compositor havia feito para a revista “É do balaco-baco” uma melodia que recebeu letra de J. Carlos intitulada “Na grota funda”. Impressionado com a beleza da música,  Lamartine Babo, que estava na platéia, escreveu novos versos  para a música com o novo nome de “No rancho fundo”,  apresentando-a com o Bando de Tangarás  no dia seguinte na Rádio Educadora, sem pedir licença ao autor. Assim começou a parceria dos dois grandes compositores.

Em 1932, fez sua estréia no rádio, levado por Renato Murce,  que conhecera na Casa Édison. Estreou no programa “Horas do outro mundo”, na Rádio Philips, acompanhando os cantores da emissoras ao piano. Nesse mesmo ano, Sílvio Caldas gravou seus sambas “É mentira, oi!” e “Um samba na Piedade” e a marcha “Pente fino”. Teve ainda gravados, entre outras 18 composições, os sambas “Não posso acreditar”, parceria com Claudemiro de Oliveira, por Jonjoca, Castro Barbosa e Grupo da Guarda Velha e “Nosso amô veio dum sonho”, além da canção “Primeiro amor”, por Elisa Coelho, com acompanhamento de Rogério Guimarães ao violão e ele próprio ao piano.

Em 1933, escreveu com Marques Porto e Velho Sobrinho a revista “Segura esta mulher”, apresentada no Teatro Alhambra que aproveitou o título de sua marcha que fez grande sucesso naquele carnaval. Nessa época, a convite do empresário teatral Francisco Serrador assumiu o comando da orquestra do Teatro Alhambra. Escreveu ainda no mesmo ano, com Marques Porto a revista “Mossoró, minha nega”, apresentada no Teatro Recreio. Também no mesmo ano, escreveu com Noel Rosa e Francisco Alves o samba “Estrela da manhã”, gravado por Francisco Alves e Madelou de Assis. Ainda em 1933, Sílvio Caldas gravou “Vou pro Maranhão” e Moreira da Silva, o samba “Cabrocha inteligente”, ambos pela Victor.

Depois de trabalhar na Rádio Philips, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, indo atuar com Valdo de Abreu no “Programa esplêndido”. Neste ano, fez grande sucesso no carnaval com a marcha “Segura essa mulher”, gravada no final do ano anterior por Sílvio Caldas. Em 1934, Aurora Miranda gravou sua marcha “É assim que se vai no arrastão” e Francisco Alves o samba canção “Cabocla” e a marcha “Negra também é gente”, esta, uma parceria com De Chocolat.

Elisa Coelho gravou duas composições com acompanhamento do próprio autor ao piano: a “Canção da felicidade” e “Caco velho”. Também nesse ano, Carmem Miranda gravou com acompanhamento dos Diabos do Céu e arranjos de Pixinguinha “Na batucada da vida”, com letra de Luiz Peixoto, clássico da música popular brasileira. Ainda nesse mesmo ano, acompanhou ao piano Francisco Alves, Almirante, Luís Barbosa e Madelou de Assis em show realizado no Cine Broadway. Também recebeu menção honrosa no concurso oficial de músicas para o carnaval com o samba “Anistia”. Pouco depois, apresentou-se em Belo Horizonte acompanhando o cantor Sílvio Caldas, um de seus intérpretes favoritos, ao piano. Também nesse mesmo ano, escreveu com Luis Peixoto a revista “Bandeira nacional”, apresentada no Teatro instalado no térreo do Edifício Góis, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, e, compôs com Freire Júnior e outros a música para a revista “Voto secreto”, de Luis Iglézias e Freire Júnior, encenada no Teatro Recreio. Um dos grandes sucessos do ano foi o samba-canção “Tu”, gravado por Sílvio Caldas.

Em 1935, teve as marchas “Garota colossal”, parceria com Nássara, “Grau dez”, parceria com Lamartine Babo e o samba “Foi ela”, incluídas na revista “Cidade Maravilhosa”, de César Ladeira, apresentada no Teatro Recreio. Nesse mesmo ano, o samba “Foi ela”, gravado por Francisco Alves na Victor, obteve grande sucesso dando ensejo à criação da revista com o mesmo, de Luis Iglézias e Freire Júnior, e apresentada no Teatro Recreio. Essa revista seria reelaborada pelo compositor com a inclusão de números novos e recebendo o novo título de “Tempo quente”. Nesse mesmo ano, conheceu ainda mais dois grandes sucessos, a marcha “Grau dez”, com Lamartine Babo, gravada na Victor pelo próprio Lamartine, Francisco Alves e Diabos do Céu e que se tornou presença obrigatória do repertório carnavalesco pelos anos afora. O outro grande sucesso foi o samba “Inquietação”, cujos versos diziam: “Quem se deixou escravizar/E no abismo despencar/De um amor qualquer”. Esta composição, foi incluída no filme “Favela dos meus amores”, de Humberto Mauro e gravada na Odeon por Sílvio Caldas, que também o interpretou no filme. Ainda em 1935, iniciou a carreira de compositor para propagandas comerciais com a marcha “Chope em garrafa”, que recebeu letra de Bastos Tigre e foi gravada na Victor por Orlando Silva e propagandeava o chope da Brahma. Passou também a atuar como jornalista, escrevendo a seção diária “Falando a todo mundo” no jornal carioca “Correio da Noite”. Neste mesmo ano, estreou como locutor esportivo auxiliando Gagliano Neto na transmissão de corridas de automóvel no circuito da Gávea.

Em 1936, transferiu-se por algum tempo para São Paulo, indo trabalhar na Rádio Kosmos a convite de Luís Peixoto como humorista no programa “Hora H”, juntamente com Gagliano Netto e o próprio Luís Peixoto. Ainda em São Paulo, inscreveu a marcha “Paulistinha querida” no concurso de músicas carnavalescas, obtendo o segundo lugar, apesar da composição ter sido a mais executada no carnaval paulista daquele ano. No mesmo ano, escreveu com Ércole Vareto a opereta “Lili”. Ainda em 1936, gravou com Carmem Miranda, Conjunto Regional Pixinguinha e Luperce Miranda, sua marcha “Como “vais” você”, pela Odeon. Na mesma gravadora, Carmem Miranda, Luís Barbosa e o Conjunto Regional de Luperce Miranda gravaram o batuque “No tabuleiro da baiana”, que se tornou um dos grandes clássicos do compositor e da música popular brasileira, música encomendada por Jardel Jércolis que pretendia incluí-la em uma das revistas de sua companhia, a peça “Maravilhosa”, encenada em outubro de 1936,  cantada e dançada pela dupla Déo Maia e Grande Otelo. Em dezembro, a música voltou à cena na revista “É batata!”, da mesma companhia, desta vez apresentada por Oscarito e pela menina Isa Rodrigues. Ainda no mesmo ano, teve entre outras obras gravadas, o samba “Sem ela”, por Francisco Alves e Diabos do Céu, na Victor, a marcha “Colibri”, por Odete Amaral e Diabos do Céu, também na Victor e a marcha “A casa dela”, por Sílvio Caldas, na Odeon.

Em 1937, realizou sua primeira viagem internacional para transmitir pela Rádio Cruzeiro do Sul os jogos do Campeonato Sul Americano de futebol realizados na Argentina. No jogo final, entre brasileiros e argentinos, sua presença ficou marcada pela passionalidade, torcendo mais do que transmitindo e chegando a largar o microfone para incentivar os jogadores brasileiros e cedendo sua gravata para improvisar uma tipóia para um jogador brasileiro machucado. No retorno ao Brasil, foi recepcionado pelos torcedores como um verdadeiro herói. Nessa época, além de transmitir jogos de futebol tinha um programa esportivo diário e apresentava o programa “Calouros em desfile”, todos na Rádio Cruzeiro do Sul, onde lançou seu primeiro programa de calouros. Seus programas de calouros tornaram-se famosos pois fazia uso de estridente gongo para apontar a desclassificação dos calouros. Entre outros nomes da música popular brasileira que passaram por seus programas estão Lúcio Alves e Ângela Maria.

Nesse mesmo ano de 1937, escreveu com Luís Peixoto e Gilberto de Andrade a revista “Quem vem lá”, apresentada no Teatro Carlos Gomes. Já na revista “Maravilhosa”, de Geysa Boscoli e Jardel Jercolis, lançou o samba “No tabuleiro da baiana”, com interpretação de Déo Maia e Grande Otelo, que se tornou outro de seus grandes sucessos. Também nesse mesmo ano, teve oito composições gravadas por diversos intérpretes, entre as quais, as marchas “Não se deve lamentar” e “Eu dei”, por Carmem Miranda e Benedito Lacerda na Odeon, sendo que nesta última, participou dos acompanhamentos no piano e as valsas “Amor” e “Confissão de amor” por Augusto Henriques na Columbia. Ainda em 1937, o samba “Quando eu penso na Bahia”, parceria com Luís Peixoto, foi gravado por Carmem Miranda e Sílvio Caldas na Odeon.

Em 1938, Carmem Miranda gravou com Almirante e Orquestra Odeon a cena carioca “Boneca de piche” e, com a Orquestra Odeon, o samba-jongo “Na baixa do sapateiro”. No mesmo ano, escreveu a revista “Cordão do Catete” apresentada no Teatro Recreio e teve músicas incluídas na revista “O que há contigo?”, de Luís Peixoto e José Bastos. Nesse mesmo ano, fez uma rápida temporada na Rádio Record de São Paulo atuando com Francisco Alves e Carmem Miranda. Nesse ano, inovou as transmissões esportivas ao introduzir o uso de uma gaitinha, que soprava a toda vez que um time marcava um gol. Sua carreira de locutor esportivo, por sinal, é cheia de lances pitorescos e inusitados. Proibido de entrar no estádio do Vasco da Gama certa vez, transmitiu o jogo do telhado do Ginásio Pio-Americano assistindo à partida de binóculos. Além disso, não escondia sua paixão pelo Clube de Regatas do Flamengo e quando este jogava comportava-se ao microfone muito mais como um torcedor do que como locutor. Ainda em 1938, teve gravado pelas Irmãs Pagãs e Benedito Lacerda e seu conjunto Regional o samba “Meu amor não me deixou” e por Aurora Miranda a marcha “A cigana lhe enganou”, parceria com Gomes Filho, entre as 17 composições de sua autoria gravadas naquele ano. Também nesse ano, foi escolhido como locutor oficial dos filmes do Campeonato Mundial de Futebol disputado na França e que chegavam ao Brasil ainda sem som e eram dublados por ele como se estivessem sendo narrandos ao vivo.

Também em 1938, gravou com Carmem Miranda o samba “Deixa falar”, de Nelson Peterson. Em 1939, ingressou na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, assinando um fabuloso contrato. Nesse mesmo ano, fez sucesso no carnaval com a marcha “Casta Suzana”, parceria com Alcyr Pires Vermelho, gravada por Déo na Odeon. Nesse ano, gravou ao piano algumas de suas composições que se tornaram clássicos da música popular brasileira como “Na baixa do sapateiro”, samba-jongo e “Boneca de piche”, cena carioca, com acompanhamento de Laurindo de Almeida e Garoto. Gravou ainda, com acompanhamento de violão, bateria e baixo, os sambas “Tu”, “Maria”, parceria com Luís Peixoto, “No rancho fundo”, com Lamartine Babo, “Faceira”, “Foi ela” e “Terra de Iaiá”. Ainda nesse mesmo ano, Aracy de Almeida lançou com sucesso o samba “Camisa amarela”. Também nesse ano, “Aquarela do Brasil”, um samba-exaltação, conheceu sua primeira gravação feita por Francisco Alves, com arranjos e acompanhamento de Radamés Gnatalli e sua orquestra.  A música,  uma declaração de amor ao país, com  versos  enaltecedores do povo, das paisagens e tradições brasileiras, foi a primeira composição responsável pelo surgimento do gênero samba – exaltação, posteriormente tão cultivado. “Aquarela do Brasil” foi lançada por Aracy Cortes na revista “Entra na faixa”, do compositor Luís Iglesias. Inadequada à voz da cantora a música não fez sucesso. Antes de ser gravada, “Aquarela do Brasil”, inicialmente chamada de “Aquarela brasileira”, foi apresentado pelo barítono Cândido Botelho no musical “Joujoux e balangandans”, espetáculo beneficente patrocinado por Darci Vargas, esposa do então presidente Getúlio Vargas. A discografia da música é monumental, contando com interpretação de grandes artistas brasileiros e também estrangeiros, entre os quais Ray Conniff, Tommy e Jimmy Dorsey, Bing Crosby e Frank Sinatra. Curiosamente, contrastando com tantas glórias, “Aquarela do Brasil” não ficou entre as três primeiras colocadas no  concurso de sambas carnavalescos de 1940, cujo júri era presidido por Villa-Lobos, com quem o autor cortou relações, que só foram  retomadas 15 anos depois, quando ambos receberam a Comenda Nacional do Mérito. No espetáculo “Joujoux e balangandans”, foram ainda incluídas, de sua autoria, as músicas “Brasil moreno”, “Trolinho” e “Canta Maria”. Também no mesmo ano, escreveu com Luís Iglézias a revista “Entra na faixa” apresentada no Teatro Recreio e com Luís Peixoto, a revista “Em ponto de bala” apresentada no mesmo teatro.

Em 1940, gravou ao piano, um pot-pourri com suas composição “Sem ela”, “No tabuleiro da baiana”, “Por causa dessa cabrocha”, “Novo amor” e “Quando penso na Bahia”. Nessa época, suas transmissões esportivas eram sucesso absoluto, sendo chamado de “O speaker das multidões”. Ainda nesse ano, teve gravados por Dircinha Batista os sambas “Eu gosto de samba” e “Nunca mais” e a marcha “Upa! Upa! (Meu trolinho)”. Em 1941, teve cerca de 20 músicas gravadas, entre as quais, a valsa “Canta, Maria”, por Cândido Botelho, a marcha “Blim! Blém! Blão!”, por Déo e os sambas “A batucada  começou”, por Odete Amaral e “Os quindins de Iaiá”, por Cyro Monteiro, as quatro na Odeon, e o samba “Não é vantagem”, por Aracy de Almeida e a canção “Três lágrimas”, por Sílvio Caldas, as duas pela Victor.

Em 1942, o samba “Isso aqui o que é” foi gravado por Morais Neto na Odeon. No mesmo ano, Fernando Alvarez gravou o samba “Os quindins de Iaiá” e Sílvio Caldas regravou “Aquarela do Brasil”, ambos na Victor. Em 1943, o samba “Terra seca”, outro grande sucesso, foi gravado pelos Quatro Ases e Um Coringa na Odeon e “Pra machucar meu coração”, por Déo e Chiquinho e seu ritmo na Columbia. Nesse mesmo ano, teve músicas incluídas na revista “Sabiá da favela”, de Freire Júnior e Paulo Orlando. Ainda no mesmo ano, o samba-exaltação “Aquarela do Brasil” foi incluída no filme “Alô amigos”, de Walt Disney com o título de “Brazil” e versos em inglês de S.K.Russel. Por conta do sucesso de “Aquarela do Brasil” nos Estados Unidos, para lá viajou no final de 1943, conhecendo estúdios e artistas. No mesmo ano, teve as músicas “Os quindins de Iaiá” e “Na Baixa do Sapateiro” incluídas no filme “Você já foi à Bahia?”, de Walt Disney. “Na Baixa do sapateiro”, com o título de “Bahia” e “Aquarela do Brasil”, com o título de “Brazil”, foram as primeiras músicas brasileiras a terem mais de um milhão de execuções nos Estados Unidos. Em sua estada nos Estados Unidos, compôs músicas para o filme “Brazil”, de Robert North. Em 1944, foi convidado por Walt Disney para assumir a direção musical da Walt Disney Productions, mas recusou para poder acompanhar seu time do coração, o Flamengo, que então disputava o tri-campeonato carioca de futebol. Viajou ao término do campeonato para Hollywood a fim de compor as músicas para o filme “Três garotas de azul”, que entretanto, nunca chegou a ser filmado. Nessa sua segunda viagem aos Estados Unidos, foi homenageado pela Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood com um prêmio de “mérito” pelo samba “Rio de Janeiro”. Nesse mesmo ano, concorreu ao Oscar de melhor música com “Rio de Janeiro”, novo nome dado à música “Isto é o meu Brasil”, da trilha sonora do filme “Brazil”.

Em 1945, teve várias composições gravadas pelo cantor Déo na gravadora Continental, como os sambas “Sonho de amor”, “Eu nasci no morro”, um dos sucessos do ano e “Bahia imortal”, este último, em dueto com Dircinha Batista. No ano seguinte, a mesma Dircinha Batista gravou o samba “Assobia um samba”. Em 1947, Aracy de Almeida gravou a marcha “É Pão ou não é?” e o samba “Deixa o mundo falar”. No mesmo ano, “Aquarela do Brasil” foi regravada pelos Quatro Ases e Um Coringa e pelos Anjos do Inferno e Regional Pixinguinha-Benedito Lacerda.

Em 1948, voltou mais uma vez aos Estados Unidos para musicar o “Trono das amazonas”, filme que não chegou a ser completado. No mesmo ano, compôs com Benedito Lacerda o samba “Falta um zero no meu ordenado”, gravado com sucesso por Francisco Alves. Ainda no mesmo ano, Dircinha Batista gravou os sambas “Rio” e “Pode vir, meu amor”.

Em 1950, gravou na Odeon, com um grupo intitulado de “Sua Escola de samba”, os sambas “Ai Geni” e “Na beira do cais”, de sua autoria. No mesmo ano, Francisco Alves gravou “Aquarela mineira” e Linda Batista o samba “O Brasil há de ganhar”, este último, enfocando a presença da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo que aqui seria disputada.

Em 1951, gravou ao piano, de sua autoria, o choro “Chorando” e o samba “Sambando na gafieira”. No mesmo ano, teve entre outras músicas gravadas, o samba “Rio de Janeiro” por Dalva de Oliveira, o samba canção “Plena manhã” por João Dias e a marcha “Fechei a porta” por Zaira Rodrigues. Em 1952, gravou com Sua Escola de Samba, com vocais de Alcides Gerardi, os sambas “O nosso amor morreu” e “Nada mais me consola”, de sua autoria. No mesmo ano, escreveu com Luís Peixoto e Roberto Ruiz, a revista “Há sinceridade nisso?”, apresentada no Teatro Recreio e na qual foi lançado como fado pela cantora portuguesa Hermínia Silva o samba canção “Risque”, gravado depois como bolero.

Em 1953, organizou a Orquestra de Ritmos Brasileiros com a qual excursionou pela Venezuela e México. No mesmo ano, escreveu com Luís Peixoto a revista carnavalesca “Na terra do samba”, estreada no Teatro Recreio e na qual, ao fim do primeiro ato, toda a companhia interpreta sua “Aquarela mineira”. Ainda no mesmo ano, recebeu prêmios como melhor compositor do ano e melhor locutor esportivo, em concurso promovido pela Revista do Rádio. Teve gravados no mesmo período, o samba “Eu não sou manivela” por Diamantino Gomes, “Trapo de gente” por Linda Batista e “Foi ela” por Fats Elpídio e Britinho, entre outras composições.

Ainda em 1953, foi homenageado pelo cantor Orlando Silva que gravou, com acompanhamento de Léo Peracchi e Sua Orquestra, pela gravadora Musidisc, o LP “Orlando Silva Canta Ary Barroso”, o primeiro do Cantor das Multidões, com a interpretação do samba “Terra Seca”, dos  os sambas-canção “Trapo de Gente”, “Tu”, “Risque”, “Inquietação”, “Caco Velho” e “Faceira”, todos de Ary Barroso, além de “Por Causa Desta Cabocla”, parcerias com Luis Peixoto. Em 1954, gravou ao piano a valsa “Um nome para esta valsa” e o samba “Ocultei”, de sua autoria. Ainda no mesmo ano, escreveu com Fernando Lobo a revista “Quem inventou a mulata?”, levada à cena na boate “Night and day”. Também no mesmo ano, estreou na Rádio Record o programa “Colégio Musical de Ary Barroso”. Teve gravadas no mesmo ano, entre outras composições, o samba “Faceira” por Lúcio Alves, a marcha “O mar também conhece” por Zaira Rodrigues e o samba “Maria das Dores” por Jorge Goulart. Ainda em 1954, teve lançado por Sílvio Caldas um LP apenas com músicas de sua autoria, entre as quais, “Três lágrimas”, “Faceira”, “Terra seca” e “No rancho fundo”.

No ano seguinte, excursionou com sua Orquestra de Ritmos Brasileiros pelo Uruguai e Argentina. Ainda em 1955, foi condecorado com a Ordem Nacional do Mérito, em cerimônia  que contou com a presença do então Presidente da República Café Filho. Nesse mesmo ano, fez temporada de sucesso na Boate Plaza, acompanhado do cantor Ernâni Filho, considerado um de seus intérpretes preferidos. Também nesse mesmo ano, Jamelão lançou outra de suas composições que se tornou um clássico da música popular brasileira, o samba-canção “Folha morta”. Ainda em 1955, a Copacabana lançou o LP “Encontro com Ary – Um bate papo musical com o maior compositor brasileiro”, no qual interpretou ao piano composições como o “Choro brasileiro nº 3”. Na contra capa do LP o compositor afirmou: “Quero deixar às gerações futuras alguma coisa que o tempo não destrua. (…) Então, fazendo rodar este disco, poderão ouvir minha voz e meu piano. Não é um piano virtuose, nem uma voz de ouro. É o piano simples que me ajudou a descobrir harmonias. É a voz metálica dos microfones e dos bate-papos.” Grande apaixonado pelo futebol, nesse ano fez uma aposta num Fla x Flu com o compositor Haroldo Barbosa, torcedor do Fluminense, que lhe custou o bigode cultivado durante 30 anos. A aposta deveria ser paga no bar Vilarinho, mas ele não apareceu preferindo ocultar-se na casa da cantora Dircinha Batista. Em reportagem sobre o fato, o jornal O Globo assim reportou: “Ary Barroso ainda tentou comover os algozes, pedindo para ficar com o bigode mais uma semana, mas Haroldo Barbosa foi implacável, cobrando ali mesmo a dívida, quase que a facão. Antes de se despedir do bigode, Ary Barroso exclamou: “Que o Flamengo se inspire no meu sacrifício.” Em 1956, seu samba “Terra seca” foi gravado pelo ator e cantor Nelson Ferraz para o LP “Lamento negro” da gravadora Continental.

Em 1957, estreou na Boate Night and Day o show de Carlos Machado “Mister samba” contando sua biografia musical, com presença de Aurora Miranda, Grande Otelo e Elizeth Cardoso. Além de seus grandes sucessos apareceram no show músicas quase desconhecidas como “Samba em Hollywood” e “Cassino da Urca”. No mesmo ano, o samba “É luxo só”, parceria com Luís Peixoto, foi gravado por Heleninha Costa.

Em 1958, foi lançado pela Odeon o LP “Meu Brasil brasileiro”, com músicas suas, algumas pouco conhecidas como “Quando a noite é serena”, “Malandro sofredor” e “O correio já chegou”. No mesmo ano, saiu também pela Odeon o LP “Ary Caymmi – Dorival Barroso”, com obras dos dois compositores, no qual o autor de “Aquarela do Brasil” interpretava ao piano obras de Caymmi e este cantava composições do mineiro. Também no mesmo ano, retornou à TV carioca contratado pela TV Rio para apresentar, juntamente com Antônio Maria o programa “Rio, gosto de você”, além de apresentar “Calouros em desfile”. Em 1959, Luciene Franco gravou o samba “Eu fui de novo à Penha” e João Gilberto o samba “Morena boca de ouro”.

Em 1960, Elizeth Cardoso gravou o samba “Bebeco e Doca”, parceria com Luís Peixoto e Carminha Mascarenhas gravou os sambas “Esquece”, parceria com Meira Guimarães e “Samba no céu”. Nesse ano, foi tema de extensa reportagem do jornal O Globo que assim noticiou: “Ary Barroso está aguardando do Ministério das Diversões Públicas da Rússia para apresentar-se com o seu show naquele país. O famoso compositor apresentará aos russos e também aos chineses o mesmo espetáculo que vem exibindo na Boate Freds, pretendendo, ainda, incluir no elenco Carminha Mascarenhas, Os Cariocas, Teresinha Elisa, Ilca Soares e alguns passistas. Instado pelo Globo para falar sobre as músicas carnavalescas deste ano, Ary Barroso afirmou que o carnaval atual é dirigido e que se obrigam os foliões a cantar verdadeiros abacaxis. E, prosseguindo, disse textualmente: “As músicas carnavalescas de hoje, destituídas de qualquer inspiração, morrem na Quarta-feira de cinzas, porque são simplesmente chatas.” Debruçando-se na janela do passado, o autor de “Aquarela do Brasil falou sério: “As músicas de 15 anos atrás brotavam da alma, da inspiração de compositores autênticos, autênticos poetas. A música trazia o toque da imortalidade, pois as letras eram bem feitas e artisticamente gravadas. Todas elas continuam marcando a época de ouro dos carnavais e jamais morrerão. Tudo porque eram músicas e não precisavam ser trabalhadas. Hoje, porém, a coisa é diferente. Cantores e falsos cantores, emsua grande maioria, tomam parte nas panelinhas, e o resultado aí está: não temos mais músicas carnavalescas. Ainda em 1960, seus sambas “É luxo só”, com Luiz Peixoto, e “Eu nasci no morro”, foram gravados por Jorge Goulart no LP “Eu sou o samba” da RCA Victor. Em 1961, Jorge Goulart gravou na Continental o samba “Quero voltar à Bahia” e Roberto Silva na Copacabana, a valsa “Três lágrimas”. Em 1962, teve de sua parceria com Vinicius de Moraes, lançado por Ângela Maria, o samba-canção “Em noite de luar”. Sua participação no teatro musicado estendeu-se até a década de 1960, tendo escrito músicas para mais de 60 peças teatrais. Em 1963, teve a execução de suas músicas proibidas pela Ordem dos Músicos do Brasil devido ao fato de, segundo a OMB, presidida pelo Maestro José Siqueira, não ter pago a anuidade devida à instituição. Segundo noticia publicado no jornal O Globo, uma multidão calculada em 2 mil pessoas fez-lhe um desagravo em função do ato da OMB, e, reunidas na Praça Cerzedelo Correira, em Copacabana, entoaram seu samba-exaltação “Aquarela do Brasil”. A transmissão do desagravo foi feita pelo rádio e o compositor, preso em casa por motivo de saúde, ouviu a notícia com lágrimas nos olhos. No mesmo ano, após longo período ausente do meio artístico devido a problemas de saúde, foi homenageado por diferentes artistas segundo notícia publicada no jornal O Globo: “Um cozido, sábado, na casa do radialista Luís Jatobá, foi a homenagem que velha guarda e bossa nova prestaram a Ary Barroso pelo seu regresso aos meios artísticos, do qual esteve afastado longo tempo por motivo de saúde. As mais de 60 pessoas presentes cantaram músicas de Ary e aplaudiram a volta do nosso mais famoso compositor popular.” Em 1964, o G.R.E.S. Império Serrano desfilou na avenida apresentando o  enredo “Aquarela Brasileira”, em sua homenagem. O compositor morreu quase que simultaneamente ao desfile em sua honra, tendo sido enterrado em plena realização do carnaval carioca no qual tanto brilhou. Em 1967, seu samba “Eu nasci no morro”, foi gravado pelo grupo Os Cinco Crioulos, no LP “Samba… No duro”, lançado pela Odeon.

Em 1974, Elis Regina regravou  “Na batucada da vida”. No ano seguinte, o samba “Camisa amarela” conheceu novo sucesso na gravação da cantora Célia. Em 1979, a cantora Waleska gravou o samba-canção “Inquietação”, no LP “Palavras amigas” lançado pela gravadora Copacabana.

Em 1980, a cantora Gal Costa lançou o LP “Aquarela do Brasil” no qual interpretou 12 obras do compositor, entre as quais, a música título, “Folha morta”, “Faceira”, “Jogada pelo mundo” e “No tabuleiro da baiana”, que contou com a participação especial de Caetano Veloso.

Em 1988, foi mais uma vez homenageado como tema de escola de samba, dessa vez pela União da Ilha do Governador, que apresentou o enredo “Aquarilha do Brasil”, cujo samba-enredo, de Robertinho Devagar e Márcio Andre´é, foi interpretado em disco e na avenida pelo cantor Quinho. Em 1993, o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral lançou o livro “No tempo de Ary Barroso”, uma biografia do compositor. Em 1995, foi lançado pela Editora Lumiar o song book “Ary Barroso”, com três Cds resumindo sua obra. Em 1996, a dupla de cantoras sertanejas Célia e Celma lançou o CD “Ary mineiro”, no qual interpretaram obras do compositor.

Em 2003 foi constituída pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, a comissão “Ary Barroso – 100”, presidida pelo acedêmico Antônio Olinto da Academia Brasileira de Letras visando às comemorações dos cem anos de nascimento do compositor. No mesmo ano, foi homenageado por ocasião da entrega do Prêmio Tim de música no Teatro Municipal com o show “Ary sem fronteiras” no qual Yamandú Costa, Elza Soares, João Bosco, Stella Miranda, Zélia Duncan, Luiz Melodia, Chitãozinho e Xororó, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Alcione e MartNália, dirigidos por Wagner Tiso, interpretaram clássicos de sua autoria. No mesmo ano, foi lançada pelo selo Revivendo uma caixa com seis CDs intitulada “Ary Barroso – Nossa homenagem 100 anos” reunindo 122 composições interpretadas por diferentes artistas entre os quais, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso; Angela Maria, Linda Batista, Dircinha Batista e Orlando Silva. Também em 2003, como parte dos festejos do centenário de seu nascimento, ganhou uma estátua na calçada do restaurante Fiorentina, no Leme, que era frequentado pelo compositor. Em 2005, sua filha Mariúza Barroso contratou o músico Hugo Braule para transcrever cerca de 60 partituras deixadas pelo compositor, entr as quais as inéditas “Ubá” e “Ubaense glorioso”, feitas em homenagem à cidade natal Ubá, “Ave Maria” e “Santa Maria”, dois manuscritos descobertos por Mariúza, além de uma valsa sem letra e sem título que era tocada em casa pelo autor de “Aquarela do Brasil” que a havia composto para a mulher Ivone. A idéia é transformar todo o material num song book no qual Hugo Braule tentará aproximar-se o mais possível daquilo que originalmente o compositor havia pensado. Em 2007, estreou em sua homenagem o espetáculo “Aquarelas do Ary”, musical apresentado pelo grupo formado pelos atores e cantores Cláudia Ventura, Alexandre Dantas e Marcos França, com direção de Joana Lebreiro, e direção musical e arranjos de Fábio Nin, no Centro Cultural dos Correios. Na peça são apresentadas 25 músicas do compositor mineiro, como o clássico “Aquarela do Brasil”, incluindo um samba inédito feito para sua cidade natal, Ubá. Em 2010, seu samba-canção “No rancho fundo”, com Lamartine Babo, foi gravado, em dueto de acordeom e violão, por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD “Lado B”, do selo Biscoito Fino. Em 2011, seu samba-canção “Canta Maria” foi gravado por Francis Hime e sua mulher Olívia Hime no CD “Alma música”. No mesmo ano, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídos seus sambas “Faceira”, na voz de Paulo Marquês, e “Aquarela do Brasil” na interpretação de Altamiro Carrilho e Seu Conjunto. Em 2013, estreou no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, o espetáculo “Ary Barroso – Do princípio ao fim”, escrito, dirigido e estrelado pelo ator Diogo Vilela. Em 2014, foi lançada pelo Museu da Imagem e do Som, de São Paulo, a caixa “Ary Barroso – Brasil Brasileiro”, inventariando a obra do compositor mineiro. Em 20 CDs estão reunidas, em ordeom cronológica, 316 das 321 obras do compositor. A pesquisa foi realizada pelo pesquisador paulista Omar Jubran, e levou oito anos para ser realizada, tendo sido iniciada em 1996 e concluída em 2006. Nesse lançamento estão presentes o samba “Vou à Penha”, de 1928 gravado por Mário reis, ao fox “Amor fatal”, composto para a revista “Brasil da gente”, de 1932, e somente gravado em 2006, pela pianista Janete Afonso, especialmente para a coletânea. Entre as gravações mais raras estão dois registros do samba-canção “Semente do amor”, da trilha sonora do filme “Três colegas de batina”, de 1962, e a marcha “Jânio, Jânio, Jânio”, composta em 1960 para a campanha de Jânio Quadros à presidência da República. O dia de seu nascimento 11 de Novembro foi celebrado como o Dia do Radialista em sua homenagem.

Discografias
1958 Odeon LP Ary Caymmi - Dorival Barroso
1958 Odeon LP Meu Brasil brasileiro
1955 Copacabana LP Encontro com Ary - Um bate papo musical com o maior compositor brasileiro
1954 Odeon 78 Um nome para esta valsa/Ocultei
1952 Odeon 78 O nosso amor morreu/Nada mais me consola

(Com Sua Escola de Samba)

1951 Odeon 78 Chorando/Sambando na gafieira
1950 Odeon 78 Ai Geni/Na beira do cais

(Com Sua escola de Samba)

1940 Odeon 78 Sem ela/No tabuleiro da baiana/Por causa dessa cabrocha/Novo amor/Quando penso na Bahia
1939 Odeon 78 Na baixa do sapateiro/Boneca de pixe
1939 Victor 78 Tu/Maria/No rancho fundo/Faceira/Foi ela/Terra de iaiá
1938 Odeon 78 Deixa falar

(Com Carmem Miranda)

Obras
A baiana saiu de espanhola
A batucada começou
A boa mazurca
A canção da felicidade (c/ Oduvaldo Viana)
A casa dela
A casta Suzana (c/ Alcir Pires Vermelho)
A cigana lhe enganou (c/ Gomes Filho)
A faixa de cetim
A vizinha das vantagens
A única lembrança
ABC do amor
Ai, Geni
Amar
Amizade
Amor de mulato (c/ Lamartine Babo)
Amor fatal
Anistia
Anoiteceu
Aquarela do Brasil
Aquarela mineira
Assobia um samba
Aula de música
Bahia
Bahia imortal
Balada da saudade
Balão que muito sobe (c/ Osvaldo Santiago)
Batalhão do amor
Bateram na minha porta
Batuca nega
Batuque
Bebeco e Doca (c/ Luís Peixoto)
Benzinho
Blim...blem...blão...
Boa mazurca
Boneca de piche (c/ Luís Iglésias)
Brasil moreno (c/ Luís Peixoto)
Caboca (c/ José Carlos Burle)
Cabocla
Cabrocha inteligente
Cachopa (c/ Luís Peixoto)
Cachorro-quente (c/ Lamartine Babo)
Caco Velho
Camaleão
Camisa amarela
Canta, Maria
Cantiga de enganar tristeza (c/ Tiago de Melo)
Canção da felicidade (c/ Oduvaldo Viana)
Canção em tom maior
Carioquinha brejeira
Carne seca com tutu (c/ Vilma Quantieri de Azevedo)
Cassino da Urca
Cavalhada franciscana
Cavanhaque
Cem por cento brasileira
Cena de senzala (c/ George André)
Censura, samba (c/ Amaro Silva)
Chama-se João
Chiquinha (c/ Luiz Peixoto e Marques Porto)
Chiribiribi quá-quá (c/ Nássara)
Chopp em garrafa (c/ Bastos Tigre)
Chorando
Chula-ô
Cinco horas da manhã
Circo de cavalinhos
Coisas do Carnaval
Colibri
Colombinas fracassadas
Como "vais" você?
Como as ondas do mar
Como se deve amá
Confessa (c/ Amaro Silva)
Confissão de amor (c/ Joraci Camargo)
Cor morena
Correio já chegou
Cruel resistência (c/ Iraci N.Silva)
Cuatro palabritas (c/ Juan Daniel)
De déu em déu
De longe
De qualquer maneira (c/ Noel Rosa)
Deixa disso
Deixa essa mulher sofrer
Deixa o mundo falar
Dengo
Deve ser o meu amor
Diz que dão
Dois amigos
Dona Alice (c/ Marques Porto e Luís Peixoto)
Dona Catarina (c/ Luiz Peixoto e Marques Porto)
Dona Helena (c/ Nássara)
Duro com duro
Dá nela
E a festa, Maria? (c/ Alcyr Pires Vermelho)
E o samba continua (c/ Lamartine Babo)
Ela sabe e não diz
Ela vive chorando
Em noite de luar (c/ Vinicius de Moraes)
Escrevi um bilhetinho
Esquece (c/ Meira Guimarães)
Essa diaba
Estrela da manhã (c/ Noel Rosa e Francisco Alves)
Eu dei
Eu fui de novo à Penha (c/ Luís Peixoto)
Eu nasci no morro
Eu não sou manivela
Eu sonhei
Eu sou do amor
Eu vou (c/ Francisco Alves e Nilton Batista)
Faceira
Faixa de cetim
Falta de consciência
Falta um zero no meu ordenado (c/ Benedito Lacerda)
Febre azul
Fechei a porta
Flor de inverno
Flor tropical
Foi de madrugada
Foi ela
Folha morta
Forasteiro
Fugiu, fugiu
Gasparino
Gira (c/ Marques Porto)
Grand monde do crioléu
Grave revelação
Iaiá boneca
Iaiá da Bahia
Inquietação
Isto é xodó
Janjão e Zabé (c/ Paulo Roberto)
Juramento (c/ Luiz Peixoto e Marques Porto)
Laço branco
Mal me quer, bem-me-quer
Malandragem
Maria
Maria (c/ Luiz Peixoto)
Maria das Dores
Menina que tem uma pose (c/ Harold Daltro)
Mentira (c/ Augusto Vasconcelos)
Meu amor não me deixou
Meu natal (c/ Francisco Alves)
Morena boca de ouro
Mossoró, minha nega
Mão no remo (c/ Noel Rosa)
Mês de Maria
Na Baixa do Sapateiro
Na batucada da vida (c/ Luís Peixoto)
Na beira do cais
Na virada da montanha
Nada mais me consola
Nega baiana (c/ Olegário Mariano)
Negra Nhanhã
Negra também é gente (c/ De Chocolat)
Nem ela
No jardim dos meus amores
No morro (c/ Luis Iglésias)
No rancho fundo (c/ Lamartine Babo)
No tabuleiro da baiana
Nosso amô veio dum sonho
Novo amor
Novo samba
Nunca mais
Não faz assim, meu coração
Não posso acreditar (c/ Claudemiro de Oliveira)
Não posso mais
Não quero mais
Não quero você (c/ Irmãos Quintiliano)
Não se deve lamentar
Não é vantagem
Nóis precisemo
O Brasil há de ganhar
O amor vem quando a gente não espera (c/ Cardoso de Meneses e Bittencourt)
O correio já chegou
O mar também conhece
O meu há de chegar (c/ Alcir Pires Vermelho)
O nego no samba (c/ Luiz Peixoto e Marques Porto)
O passo do vira
O-ba
Ocultei
Olha a lua
Os quindins de Iaiá
Outro amor (c/ C. F. Machado)
Palmeira triste
Passei na ponte
Paulistinha querida
Pente fino
Perdão
Pica-pau
Plena manhã
Pobre e esfarrapada
Pode vir, meu amor
Pois sim, pois não
Por causa desta cabrocha
Por conta do boneco
Por especial favor
Pra machucar meu coração
Primavera
Primeiro amor
Prossiga
Quando a noite vem chegando
Quando a noite é serena
Quando eu pensa na Bahia
Quanto num chorei
Quem cabras não tem...
Quem me compreende
Quem é o homem
Quero descansar
Quero dizer-te adeus
Qué-qué-qué-ré
Recordação
Rio
Rio de Janeiro
Risque
Rosa
Rosalina
Sabiá da Sinhá Moça (c/ Irmãos Quintilino)
Salada mista
Samba
Samba de São Benedito (c/ Luiz Peixoto e Marques Porto)
Samba em Hollywood
Samba na gafieira
Samba no céu
Sapateado (c/ Luis Iglésias)
Segura esta mulher
Sem ela
Sem querer
Sentinela, alerta
Sombra e luz
Sonhei que era feliz
Sonho de amor
Sou da pontinha
Só a saudade não passa
Tenho saudade
Terra de Iaiá
Terra seca
Teus óio
Trapo de gente
Três lágrimas
Tu
Tu queres muito
Tu qué tomá meu home (c/ Olegário Mariano)
Um samba na Piedade
Uma furtiva lágrima
Upa, Upa Meu trolinho
Vai tratar da tua vida
Vamos deixar de intimidade
Vem cá, Mané
Veneno
Vespa
Vingança
Viu
Viver assim não é vida
Você está aí para isso
Você fracassou
Você não era assim (c/ Arieles França)
Volta, meu amor
Vou pro Maranhão
Vou procurar outro bem (c/ Nestor de Holanda)
Vou à Penha
Vá cumprir o seu destino
Vão pro Scala de Milão
Zombando da vida (c/ M. L. Azevedo)
É assim que se vai no arrastão
É bamba
É do balacobaco
É do outro mundo
É luxo só
É mentira, oi!
É pão ou não é?
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB: A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1997.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Rio de Janeiro: Lumiar, 1993.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1978.

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MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

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MORAES, Mário de. Recordações de Ary Barroso. Rio de Janeiro: MEC/FUNARTE,1979.

REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: 34, 1997.

TINHORÃO, José Ramos. Música popular – teatro e cinema. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Crítica

Se a década de ouro (30-40) foi a mais brilhante e famosa fase da MPB, Ary Barroso terá sido sua grande estrela, dentre todos os autores. Costumo dizer que Carmen Miranda foi a rainha de sua época e Ary seu natural príncipe consorte. E por quê? Porque Ary não foi apenas o excepcional compositor. Foi personagem múltiplo e polêmico, ou seja, uma absoluta novidade para a época.

Ary Barroso, autor de um dos mais belos conjuntos de obras dentro do cancioneiro brasileiro, foi inicialmente apenas pianista, profissão que exercia por amor e por sobrevivência. Até que, contratado para musicar peças de teatro, se lançaria como compositor, quando escreveu toda a partitura musical para a peça “Brasil do amor”. Ali estrearia também o cantor Sílvio Caldas, cantando uma das primeiras músicas compostas por Ary e que mais tarde se tornaria um clássico, o samba “Faceira”.

No ano de 1944 o compositor visitou pela primeira vez os Estados Unidos, onde seu prestígio já era grande, graças às músicas que Carmen Miranda cantava, e, sobretudo, graças ao sucesso de “Aquarela do Brasil”, que naquele ano começava a transformar-se em grande hit nas paradas norte-americanas. Chegando aos Estados Unidos, a primeira música que Ary compôs seria uma canção expressamente feita para o filme “Brazil”. Chamou-se “Rio de Janeiro” e se tratava de um samba exaltação à cidade que o acolhera e que lhe dera fama.

É certo que Ary Barroso experimentou em 1944 o gosto tão difícil de ter sucesso nos Estados Unidos. E de lá voltou ainda mais famoso. A cada vez mais ocupado e mais solicitado para programas de rádio, de jornal e sua vida pública de vereador da cidade. Por isso mesmo sua bagagem musical caiu verticalmente nas décadas finais de sua existência, os anos 50 e 60, em que apareceram menos de três sucessos do compositor.

Toda sua obra, contudo, jamais deixou de merecer atenções, tanto por parte da crítica quanto por parte dos mais variados intérpretes brasileiros ou não.

Ricardo Cravo Albin