Compositor. Cantor. Instrumentista.
Estudou composição na Universidade de São Paulo.
Embora paranaense, é considerado o compositor mais importante do que se convencionou chamar de vanguarda paulistana, surgida na década de 1970, no Teatro Lira Paulistana. Desse movimento também se destacariam Vânia Bastos e Itamar Assumpção, que o acompanharam em diversas ocasiões.
Participou, nos anos 1970, do Festival Universitário (TV Cultura), com a canção “Diversões eletrônicas”.
Em 1980, gravou com a banda Sabor de Veneno seu primeiro LP, “Clara Crocodilo”, disco no qual mescla o rock com arranjos dodecafônicos e atonais da música erudita. Concebido com uma unidade temática, as canções narram a história de Clara Crocodilo, monstro criado a partir de uma experiência de laboratório.
Em 1983, aproveitou novamente o tema para compor “A saga de Clara Crocodilo”, para ser executada pela Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo e por grupo de rock. A partir desse mesmo ano, começou uma bem sucedida carreira de autor de trilhas sonoras para filmes. Logo na sua estréia foi premiado no Festival de Gramado pela música do filme “Janete”, de Chico Botelho.
Em 1984, lançou o LP “Tubarões voadores”, selecionado como um dos melhores do ano pela revista francesa “Jazz Hot”.
Em 1985, no Riocine Festival, destacou-se com a música para o filme “Estrela nua”, de José Antônio Garcia e Ícaro Martins.
Este fato se repetiria no ano seguinte, dessa vez com a trilha sonora de “Cidade oculta”, filme de Chico Botelho, no qual o compositor participou também como ator.
Seguiram-se outros prêmios, como o do Festival de Brasília, em 1987, com a trilha de “Vera”, filme de Sérgio Toledo, e o do Festival de Cinema de Curitiba, com a música para “Lua cheia”, filme de Alain Fresnot. Nesse mesmo ano, gravou o LP “Suspeito”.
Em 1991, excursionou pelo país com Itamar Assumpção e, dois anos depois, apresentou-se na Alemanha, na casa de shows berlinense Podenville. Ao longo da década de 1990, compôs para quartetos de cordas e peças para a Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo.
Gravou, em 1992, o CD “Façanhas”.
Dois anos depois, a orquestra acompanhada por um grupo de rock apresentou sua peça “Nunca conheci quem tivesse levado porrada”, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Em 1995, participou do I Festival de Jazz e Música Latino-Americana, na cidade de Córdoba, Argentina, e apresentou outra peça, dessa vez no Teatro Municipal de São Paulo, intitulada “Música para dois pianos, percussão, quarteto de cordas e banda de rock”. A apresentação foi feita por um quarteto de cordas, um quinteto de percussão – no qual tocava – e pela banda de rock pesado Patife Band, de seu irmão Paulo Barnabé.
Em 1996, apresentou-se com a cantora Tetê Espíndola no Centro Cultural São Paulo e participou da série “Encontros notáveis”, promovida pelo Teatro Rival, em duo com o pianista Paulo Braga.
No ano seguinte, compôs para a trilha sonora do filme “Ed Mort”.
Lançou, em 1998, o CD “Gigante Negão”, gerado pelo espetáculo homônimo apresentado, oito anos antes, na casa paulistana Palace, com a participação de Mário Manga (ex-Premeditando o Breque) e Itamar Assumpção.
Em 1999, lançou o CD “A saga de Clara Crocodilo”.
Montou em 2001 a ópera “O Homem dos Crocodilos – Um caso clínico em dois atos”, em parceria com o dramaturgo argentino Alberto Muñoz.
Lançou, em 2006, celebrando o parceiro, falecido em 2003. o CD “Missa in memoriam – Itamar Assumpção”, contendo cinco faixas em latim, “Kyrie”, “Gloria”, “Credo”, “Sanctus” e “Agnus Dei”, com arranjos de Tiago Pinheiro, seguindo o ritual ortodoxo da Igreja Católica.
Em comemoração ao seu 60º aniversário, a Intermeios apresentou, em São Paulo, em 2011, o evento “Crocodilo em Processo”, exposição com partituras, imagens, audição de discos e exibição de material audiovisual, além da participação do compositor na série de três encontros que focaram diferentes facetas de sua carreira. No primeiro encontro, formação e início da carreira, com ênfase nos discos “Clara Crocodilo” (1980) e “Tubarões Voadores” (1984). No segundo, sua relação com o universo das canções, influências de outros artistas, o piano como ferramenta de composição, as construções melódias e o uso musical do texto literário. No terceiro a escrita orquestral e os grandes projetos, como a ópera “O Homem dos Crocodilos” (2001) e as Missas In Memoriam para Arthur Bispo do Rosário (2003) e Itamar Assumpção (2007). Também em 2011, apresentou-se no espaço Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro, com o show “Estelas, estrelas, o canto confesso de Arrigo Barnabé”. O espetáculo contou com a participação especial das vocalistas Livia Nestrovski e Luisa Toller.
Em 2012, dividiu o palco do espaço Sesc Rio Preto (SP) com a cantora Vânia Bastos.
Em 2014 lançou o CD ao vivo de “De nada Mais a Algo Além” ao lado de Luiz Tatit e Lívia Nestrovski pela selo Atração Fonográfica. O disco teve a direção e produção de Wilson Souto Jr., produção musical de Mário Manga e masterização de Carlos Freitas.
Em 2015, Alain Fresnot e Junior Carrone se dividiram na direção de “Arrigo Barnabé – o filme”, ainda não lançado. Fresnot gravou alguns dos últimos shows do músico e realizou um extenso trabalho de pesquisa, desde os primeiros shows, passando por apresentações no programa do Chacrinha e entrevistas. O filme teve como objetivo mostrar um lado do músico desconhecido do grande público. A estreia foi programada para o segundo semestre de 2016, no Canal Brasil. No mesmo ano de 2015, lançou o show “Caixa de Ódio”, uma homenagem a Lupicínio Rodrigues. O projeto contou com 18 canções de Lupicínio, dentre elas “Cadeira Vazia”, “Migalhas”, “Castigo”, “Volta”, “Aves Daninhas”, “Dona Divergência”, “Namorados”, “Judiaria”, “A Rainha Do Show”, “Nervos De Aço”, “Caixa De Ódio”, “Vingança”, “Quem Há De Dizer”, “Se Acaso Você Chegasse”, “Esses Moços”, “Ela Disse-Me Assim”, “Os Beijos Dela” e “Pra São João Decidir”.
Em 2017 seguiu com a turnê do CD “De Nada Mais a Algo Além” (2014) com direção de Rubens Amatto, fotografia de Rodrigo Luz e produção do próprio.
Em 2018 participou do festival “Psicodalia” apresentando o show “Clara Crocodilo”. Também se apresentou na Casa de Francisco em São Paulo, capital.
Em 2019 apresentou o show “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, uma reinterpretação das canções de Roberto e Erasmo Carlos. Na ocasião foi acompanhado por Paulo Braga (piano) e Sérgio Espíndola (violão). No repertório estiveram as canções “Como é Grande o Meu Amor por Você”, “Gatinha Manhosa”, “Os Seus Botões”, “Eu Te Darei o Céu”, “Detalhes”, “Quero que Vá Tudo pro Inferno”, “Sua Estupidez”, “Se Você Pensa” (todas de Roberto Carlos/Erasmo Carlos), “Vem Quente que Eu estou Fervendo (Carlos Imperial/Eduardo Araújo), dentre outras. Ainda no mesmo ano de 2019 lançou o livro “No Fim da Infância” pela editora Grafatório. A obra reuniu nove textos que já haviam sido publicados nas revistas “Piauí” e “Calibán”, além de escritos autobiográficos sobre suas memórias em Londrina (PR), o dia em que conheceu Tom Jobim pessoalmente e os bastidores de criação da música “Clara Crocodilo”. Também foi tema do documentário “Amigo Arrigo” de Alain Fresnot e Junior Carone, exibido no festival “In-Edit” em São Paulo.
Em 2024 foi programado, para a 16ª edição do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, o lançamento de ‘O homem crocodilo’: documentário de 84 minutos roteirizado, dirigido e montado por Rodrigo Grota pela produtora Kinopus. No mesmo ano foi lançado álbum ao vivo de show em que cantou repertório de Itamar Assumpção em 2023. O show teve como banda de apoio o trio Trisca. Foram gravadas as canções “Na cadência do samba” (Ataulfo Alves e Paulo Gesta) “”Errei erramos (Ataulfo Alves e Arthur Vargas); “De mais ninguém” (Marisa Monte e Arnaldo Antunes); “Dor elegante” (Itamar Assumpção e Paulo Leminski), “Mal menor” (Itamar Assumpção), “Fico louco” (Itamar Assumpção) “Noite torta” (Itamar Assumpção). “Luz negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso) e “Quando eu me chamar saudade” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito).
single Arrigo Barnabé e Negro Léo
Single com Virginie Boutaud
Single com Tetê Espindola, Hilton Haw, Arrigo Barnabé, Paulo Braga
Single com Tetê Espindola, Hilton Haw, Arrigo Barnabé, Paulo Braga
EP
Com Luiz Tatit e Livia Nestrovski
(Extra:) (Trilha sonora do filme)
(Extra:) (Trilha sonora do filme)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.