5.001
©
©
Nome Artístico
Antônio Maria
Nome verdadeiro
Antônio Maria Araújo de Morais
Data de nascimento
17/3/1921
Local de nascimento
Recife, PE
Data de morte
15/10/1964
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Jornalista.

Nascido em família abastada, seu avô era proprietário do Engenho Cachoeira Lisa. Na infância, aprendeu piano e francês com professores particulares, um hábito na formação das crianças de tradicionais e ricas famílias do Recife. No entanto, uma grave crise financeira afetou os negócios de seu pai, também usineiro como o avô, o que fez com que a família perdesse grande parte de suas riquezas. Seu pai morreria antes que ele saísse da adolescência. No Colégio Marista, onde estudava, tornou-se amigo do colega Fernando Lobo, além de Hugo Peixa e Arlindo Gouveia. Aos 18 anos, já demonstrava inclinação para a boemia, uma característica que seria uma constante na sua vida de compositor e jornalista. Nessa época, passou a frequentar bares e cabarés do Recife. Nascido em uma família de usineiros, nada mais natural do que se interessasse em estudar Agronomia, vindo a exercer o cargo de técnico de irrigação de cana-de-açúcar na usina da família.

Em 1940, mudou-se para o Rio de Janeiro, já trabalhando como locutor de rádio e na Cidade Maravilhosa passou também a freqüentar os bares, muitas vezes na companhia do futuro parceiro Fernando Lobo. Um ano depois, sem conseguir emprego fixo e depois de passar fome e até ser preso, regressou à cidade natal. Em 1944, casou com Mariinha Gonçalves Ferreira, também filha de usineiro e irmã do seu amigo de colégio Hugo Peixa. Foi residir em Fortaleza, CE e depois em Salvador, BA onde, como diretor de produção das Emissoras Associadas, iniciou sua amizade com Dorival Caymmi. Em 1947, candidatou-se a vereador de Recife, mas não conseguiu se eleger.

Em 1948, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde assumiu a direção de produção da Rádio Tupi e escreveu para “O Jornal” a coluna “O Jornal de Antônio Maria”. Continuou a compor jingles publicitários e se tornou um dos primeiros profissionais da televisão brasileira, contratado como diretor de produção da TV Tupi, em 1951. Chegou a ser um dos profissionais mais bem pagos do rádio e da televisão, além de ser um dos cronistas mais lidos no país. Sem saber tocar instrumentos musicais, compunha cantarolando.

No final dos anos 1950, apaixonou-se por Danusa Leão, na época casada com o jornalista Samuel Wainer, dono da Última Hora, jornal onde era um dos colunistas mais apreciados. Os dois acabaram decidindo morar juntos, mas, quando veio o golpe de 1964, Danusa resolveu acompanhar Wainer ao exílio. Doente, sem poder comer e beber como gostava, tinha o hábito de sempre ir à geladeira na casa de seus amigos. Morreu em conseqüencia de seu segundo enfarte, solitário, numa madrugada, em Copacabana, em frente à boate Le Bistrô, no posto 4.

Dados artísticos

Em 1934, começou a trabalhar como locutor e apresentador de programas musicais, utilizando discos, na Rádio Clube de Pernambuco. Em 1940, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se encontrava o seu amigo Fernando Lobo. Foi locutor esportivo da Rádio Ipanema por pouco tempo, pois acabou sendo dispensado devido ao seu estilo um tanto inovador para a época. No ano seguinte, regressou para o Recife indo trabalhar na Rádio Clube de Pernambuco. Trabalhou ainda em rádios de Fortaleza e Salvador.

Em 1948, regressou ao Rio de Janeiro e foi trabalhar na Rádio Tupi passando a apresentar o programa “Minha terra é assim”, no qual apresentava grandes nomes da música popular brasileira. Na Rádio Tupi, foi diretor do Departamento artístico, apresentava programas musicais, compunha jingles e fazia transmissões esportivas. Entre outros programas, apresentou “O tempo e a música” e “Rua da alegria”.

Em 1949, teve a batucada “Hoje não”, parcerias com José Gonçalves gravada pela dupla Zé e Zilda na gravadora Star.

Em 1951, passou a escrever para “O Jornal”, onde permaneceu por quatro anos, jornal no qual possuía uma grande coluna inicialmente chamada de “A noite é grande” e depois de “Jornal de Antônio Maria”. Nesse ano, tornou-se o primeiro diretor artístico da TV Tupi do Rio de Janeiro. Ainda nesse ano, o Trio de Ouro gravou o frevo-canção “Recife”

Em 1952, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga e teve gravados o samba “A noite é grande”, com Fernando Lobo, por Heleninha Costa e a marcha “São Paulo”, com Paulo Soledade, por Mary Gonçalves, as duas na Sinter. Nesse ano, Nora Ney gravou  na Continental o samba-acalanto “Menino grande”, que o próprio autor pediu que a cantora cantasse para ele que, segundo o relato de amigos mais íntimos, jamais deixou de ser um “Menino grande”. A dupla Zé e Zilda gravou na Odeon o samba “Não fiz nada”, com José Gonçalves. Também nesse ano, Nora Ney lançou na Continental com grande sucesso o samba-canção “Ninguém me ama”, que se tornou um clássico da música popular além de marcar a carreira da cantora e do compositor, sendo considerado o primeiro grande sucesso de ambos. Esta composição era somente dele, que, entretanto, por amizade deu parceria a Fernando Lobo. A mesma cantora gravou o samba “Onde anda você”, parceria com Reinaldo Dias Leme e, Aracy de Almeida os também sambas “Querer bem”, com Fernando Lobo e “Se eu morresse amanhã”, logo também gravado por Dircinha Batista. Ainda em 1952, Zé Gonzaga, irmão de Luiz Gonzaga gravou na Odeon a polca “Nós era sete”, parceria dos dois.

No ano seguinte, teve mais uma composição gravada pela dupla Zé e Zilda, o samba “Meu contrabaixo”, parceria com José Gonçalves. O samba

“Não vá embora” foi lançado por Aracy de Almeida na Continental. Também em 1953, o grupo vocal Os Cariocas gravou na RCA Victor o samba-canção “Podem falar”, parceria com Ismael Neto. Teve ainda nesse ano gravado por Nora Ney o samba “Preconeito”, inicialmente uma composição de Fernando Lobo que lhe teria dado a parceria em agradecimento a parceria de “Ninguém me ama”. Fez sucesso com o samba “Quando tu passas por mim”, parceria com Vinícius de Moraes gravado na Continental por Aracy de Almeida e que teria sido feito por Vinicius para sua mulher Tati, de quem se separava. Também nesse ano, escreveu roteiro para show na boate “Casablanca”.

Em 1954, o seu choro “Aconteceu”, parceria com Ismael Neto foi gravado na RCA Victor por Heleninha Costa e o “Dobrado de amor a São Paulo”, parceria com Vinícius de Moraes, foi gravado por Araci de Almeida na Continental. Também nessa gravadora, Bill Farr regravou o samba “Podem falar”, parceria com Ismael Neto; Luiz Bandeira o frevo-canção “Frevo número 2 do Recife” e Jorge Goulart os sambas “Fulana de tal” e “Minha amada dormiu”. Nesse ano, teve duas composições gravadas na Odeon por Hebe Camargo, os sambas “Vou pra Paris”, com Fernando Lobo e “Aconteceu em São Paulo”. Teve também o samba “Pense em mim” gravado por Isaura Garcia na RCA Victor. Também nessa época, a “Valsa de uma cidade”, parceria com Ismael Neto e um de seus maiores sucessos e clássico da música popular lançada na Continental na voz de Lúcio Alves. Ainda em 1954, estreou no jornal O Globo a coluna “Mesa de pista”. Na ocasião, o jornal assim noticiou o fato: “O Globo inaugurará amanhã mais uma seção diária “Mesa de pista”. Está a cargo de Antônio Maria. É dispensável a apresentação do cintilante cronista. Todos o conhecem. Todos o admiram. Não há quem não leia com prazer o que ele escreve. Conhecedor profundo da vida da cidade, Antônio Maria nos dará todos os dias aspectos e flagrantes das reuniões e diversões noturnas da cidade. Não será propriamente um cronista social. Será um cronista da noite carioca, naquilo que ela tem de mais curioso e pitoresco”.

Em 1955, teve o samba “O Rio amanhecendo” e a “Canção da volta”, gravadas por Heleninha Costa, e o samba-canção “Cartas”, gravada por Violeta Cavâlcanti, parcerias com Ismael Neto, as três na Odeon. Nesse ano, Emilinha Borba gravou o mambo “Ai, que medo!”; Os Cariocas o samba “Sei perder”, as duas com Ismael Neto, e Nora Ney o samba “Madrugada, três e cinco”, com Ismael Neto e Reinaldo Dias Lema, todas na gravadora Continental, e Leny Eversong, na Copacabana o samba-canção “Portão antigo”. Ainda em 1955, seu clássico samba-canção “Ninguém me ama”, com Fernando Lobo, recebeu interpretação do cantor e ator negro Nelson Ferraz para o LP “Brasiliana – Teatro folclórico brasileiro” da gravadora Columbia.

Em 1956, Dolores Duran, em disco que a lançou como cantora gravou a “Canção da volta”, parceria com Ismael Neto. Nesse ano, Emilinha Borba gravou na Continental o samba “Insensato coração”, parceria com Paulo Soledade. Teve ainda lançado o samba “Parceria”, última composição sua com Ismael Neto, primeiro po Afrânio Rodrigues e logo em seguida pelo conjunto vocal Os Cariocas. Também em 1956, o samba-canção “Ninguém me ama” foi interpretado em português pela atriz Libertad Lamarque no filme mexicano “A Infame”. Ainda nesse ano, teve os sambas Amor brejeiro”, de Y. Alain e P. Saka, em versão sua, e “O Rio amanhecendo”, com Ismael Netto, gravados pela cantora Heleninha Costa em LP lançado por ela pela gravadora Copacabana.

No ano seguinte, seu samba-canção “Pense em mim” foi gravado na Continental por Jamelão.

Em 1958, a “Canção da volta” foi regravada por Elizeth Cardoso e por Chiquinho do Acordeom na Continental. Nesse ano, Bill Farr gravou na Continental o samba-canção “Canção para ninar gente grande”, com Evaldo Gouveia e Maysa lançou na RGE o samba-canção “Suas mãos”, com Pernambuco, música regravada no mesmo ano na Columbia por Luiz Cláudio. Em 1959, em parceria com o Luiz Bonfá, compôs para o filme “Orfeu do Carnaval” os sambas “Manhã de carnaval” e “Samba de Orfeu”.  Adaptação para o cinema da peça de Vinícius de Moraes “Orfeu da Conceição”, o filme dirigido por Marcel Camus ganharia a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1960, e projetaria “Manhã de Carnaval”para o sucesso internacional. Ainda em 1959, “Manhã de carnaval” foi gravada com sucesso por Agostinho dos Santos. Nesse ano, ingressou no jornal “Última Hora” no qual permaneceu dois anos.

No final da década de 1950, apresntou com sucesso na TV Rio o programa de entrevistas “Encontro com Antônio Maria”. Em 1960, sua “A canção dos seus olhos”, e o samba-canção “O amor e a rosa”, parcerias com Pernambuco foram gravadas por Elizeth Cardoso na Copacabana. Nesse ano, Neusa Maria regravou na RCA Victor o samba “O amor e a rosa”, com Pernembuco e Ellen de Lima gravou o samba “Mais que a minha vida”, também com Pernambuco. Ainda em 1960, o samba “Mais que a minha vida”, foi gravada por Agostinho dos Santos e “A canção dos seus olhos” e “Suas mãos”, um dos seus maiores sucessos, foram lançados nas vozes de Maysa e de Silvinha Teles. Teve ainda a “Valsa de uma cidade” regravada por Dick Farney, e o samba “Manhã de carnaval”, com Luis Bonfá, gravado no LP “Uma orquestra em ritmo de samba – Orquestra Brasileira de Dança” lançado pelo maestro Carlos Monteiro de Souza pela Philips. Em 1961, passou a trabalhar no “Diário da Noite” e no ano seguinte, transferiu-se para “O Jornal”, no qual permaneceu até sua morte.

Entre 1962 e 1963, apresentou na TV Tupi o programa “Cadeira giratória”. Também em 1962, Elizeth Cardoso gravou na Copacabana o samba-canção “Ninguém sabe de nós”, com Moacir Silva. No mesmo ano, a “Valsa de uma cidade”, com Ismael Netto, foi gravada pelo coral infantil Os Pequenos Cantores da Guanabara no LP “Vozes da Cidade Maravilhosa” da gravadora Philips. Em 1964, Moacir Silva gravou com seu conjunto a canção “Sangue quente”, parceria com Moacir Silva. O “Frevo º 2  do Recife” foi gravado por Maria Bethânia na década de 1960 e inspiraria o então jovem compositor Edu Lobo, filho de Fernando Lobo a compor o frevo-canção “Cordão da Saideira”. Em 1969, Dóris Monteiro regravou a “Canção da volta” no LP “Mudando de conversa” lançado pela Philips. Nesse ano, Frank Sinatra regravou o samba “Manhã de carnaval”.

Foi homenageado num espetáculo reunindo canções e textos seus, ao lado de canções de  Dolores Duran, “Brasileiro profissão esperança”, como o próprio compositor certa vez se definiu, que teve roteiro de Paulo Pontes, estreando, em 1970, com Maria Bethânia e Ítalo Rossi, depois substituído por Raul Cortez, no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro. Em 1972, o samba “O amor e a rosa”, foi regravado por Dóris Monteiro r Miltinho no disco Charme volume 3″. Em 1974, o espetáculo “Brasileiro: Profissão esperança” foi levado para a cervejaria carioca Canecão, com Clara Nunes e Paulo Gracindo, sendo gravado em disco.

Em 1989, a pianista Carolina Cardoso de Menezes regravou em um dos seus últimos discos o samba-canção “Ninguém me ama”. Em meados da década de 1990, Caetano Veloso regravou em CD ao vivo o samba “Suas mãos”, com Pernambuco. Em 1993, o samba-canção “Manhã de carnaval”, com Luiz Bonfá, foi gravado pelo cantor Fagner no LP “Demais” da BMG Ariola. Em 1996, o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos lançou uma biografia sobre o compositor para a coleção “Perfis do Rio”, publicada pela Rioarte e a Relume-Dumará.

Em 2000, a cantora Marisa Gata Mansa lançou um CD inteiro com composições dele. Em 2002, foram lançados os livros “O diário de Antônio Maria/Benditas sejam as moças” e “As crônicas de Antônio Maria: Redescoberta”, ambos lançados pela Civilização Brasileira. As crônicas escritas para os jornais “O Globo” e “Última Hora” foram resgatadas pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos.

Em 2004, foi homenageado com o espetáculo “A noite é uma criança – Um musical de bolso sobre Antônio Maria e as noites de Copacabana” com roteiro de Marcos França e direção de Joana Lebreiro, em sucessivas exibições no Teatro do Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, e no Teatro de Arena, em Copacabana, em sucessivas exibições no Teatro do Planetário da Gávea, Rio de Janeiro e no Teatro de Arena, em Copacabana. Em 15 de outubro desse ano, em memória aos 40 anos de sua morte, o jornal O Globo publicou uma reportagem de página inteira  no “Segundo caderno”, que incluiu um texto de Joaquim Ferreira dos Santos e a reprodução da página do jornal com a estréia de sua coluna “Mesa de pista”. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 5 estão incluídos seus sambas-canção “Ninguém me ama”, com Fernando Lobo, e “Se eu morresse amanhã”, ambos na interpretação de Dóris Monteiro, com acompanhamento de Johnny Alf e seu conjunto. Em 2018, virou personagem do “monólogo-recital-show”, segundo reportagem do jornal O Globo,  que reuniu crônicas e composições retratando sua vida de jornalista, letrista e boêmio que viveu intensamente a imprensa romântica das décadas de 1950/1960 e a vida noturna de Copacabana. Com direção de Inez Viana, o compositor foi vivido pelo ator Claudio Mendes, que ainda interpretou clássicos como “Ninguém me ama”, “Manhã de carnaval” e “Valsa de uma cidade”.

Obras
A canção dos seus olhos (c/ Pernambuco)
A noite é grande (c/ Fernando Lobo)
Aconteceu (c/ Ismael Neto)
Aconteceu em São Paulo
Ai! Que medo (c/ Ismael Neto)
Amor brejeiro - com Y. Alain e P. Saka
Amor de janela (c/ Pernambuco)
Bate, coração (c/ Vinícius de Moraes)
Cajueiro doce (c/ Manezinho Araújo)
Canção da mulher amada (c/ Luiz Bonfá)
Canção da volta (c/ Ismael Neto)
Canção para ninar gente grande (c/ Evaldo Gouveia)
Carioca 1954 (Ismael Neto)
Cartas (c/ Ismael Neto)
Coisas do amor (c/ Pernambuco)
Concerto no céu (c/ Pernambuco)
Desse amor melhor (c/ Pernambuco)
Dez noites (c/ Ismael Neto)
Dobrado de amor a São Paulo (c/ Vinícius de Moraes)
Domingo
Dorme (c/ Pernambuco)
Faça o que quiser (c/ Luiz Bonfá)
Fique comigo (c/ Moacir Silva)
Frevo nº dois do Recife
Frevo nº três do Recife
Frevo nº um do Recife
Fulana de tal
Gostar de alguém (c/ Zacarias)
Hoje não (c/ Zé da Zilda)
Insensato coração (c/ Paulo Soledade)
Madrugada três e cinco (c/ Ismael Neto e Reinaldo Dias Leme)
Mais que a minha vida (c/ Pernambuco)
Manhã de carnaval (c/ Luiz Bonfá)
Menino grande
Meu contrabaixo (c/ Zé da Zilda)
Minha amada dormiu
Ninguém me ama (c/ Fernando Lobo)
Ninguém sabe de nós (c/ Moacir Silva)
Não fiz nada (c/ Zé da Zilda)
Não vá embora (c/ Zé da Zilda)
Nós era sete (c/ Zé Gonzaga)
O Rio amanhecendo (c/ Ismael Neto)
O amor e a rosa (c/ Pernambuco)
O amor que Deus nos deu (c/ João Roberto Kelly)
O tempo marcou (c/ Reinaldo Dias Leme)
Onde anda você (c/ Reinaldo Dias Leme)
Os teus encantos (Moacir Silva)
Parceria (c/ Ismael Neto)
Pense em mim
Podem falar (c/ Ismael Neto)
Portão antigo
Preconceito (c/ Fernando Lobo)
Quando ela se foi (c/ Moacir Silva)
Quando tu passas por mim (c/ Vinícius de Moraes)
Querer bem (c/ Fernando Lobo)
Recife
Rio-São Paulo (c/ Reinaldo Dias Leme)
Samba de Orfeu (c/ Luiz Bonfá)
Sangue quente (c/ Moacir Silva)
Se eu morresse amanhã
Sei perder (c/ Ismael Neto)
Suas mãos (c/ Pernambuco)
São Paulo (c/ Paulo Soledade)
Valsa de uma cidade (c/ Ismael Neto)
Vem hoje (c/ Moacir Silva)
Vou pra Paris (c/ Fernando Lobo)
Vou pra Paris (c/ Fernando Lobo)
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.

SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Antônio Maria – Perfis do Rio. Rio de Janeiro: Relume Dumará – Rio Arte, 1996.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Crítica

A vida, para os anos 50, na música brasileira, se dividia entre os que xaxavam e os que boleravam. Antônio Maria apresentou uma terceira via: o samba-canção. Não estava sozinho, claro. Nas boates de Copacabana não se fazia outra coisa. Era uma música perfeita, suave, repleta de decepções elegantes sobre a vida amorosa, tudo na medida e nada mais para aquele ambiente novo que se construía: pequenas casas de luz mortiça, música baixinha e o culto ao uísque, que relaxava e deixava o olho no olho mais sensível para desabafos. O Rio estava deixando a boêmia navalhada da Lapa e inventando a zona sul. Antônio Maria, cronista maior das noites de Copacabana, sofria de todas as dores de amor e, pior, quase todas reais. A cultura francesa ainda dava as cartas no mundo, com suas angústias existenciais, suas náuseas sartreanas, e isso ajudou a embebedar Maria, criador de “Ninguém me ama”, aquela do sujeito que vai pela vida “de fracasso em fracasso”. O amor era uma doença. A vida não valia a pena. “Onde anda você”, outro clássico de Maria, começa com os versos “fui como um resto de bebida que você jogou fora”. Era a fossa, a dor-de-cotovelo, musicalmente uma tradução sofisticada para o desespero cafona dos boleros que dominavam a parada de sucessos. Maria misturava-se nas boates com os rapazes que estavam dando os últimos retoques na bossa nova. O movimento seria solar, alegre, praieiro. Maria era noturno, soturno, infeliz. Eram, no entanto, todos sofisticados demais, e “Manhã de carnaval”, de 1958, composta por Maria e Luiz Bonfá, é o exemplo mais claro, por sua esperança e referências a manhãs tão bonitas manhãs, que tinham bossa e Maria, tudo a ver. Teriam todos chegado a um acordo se Maria não brigasse (por causa de mulher, claro) com Ronaldo Bôscoli e não tivesse morrido tão cedo. Ao dar uma forma sofisticada para o bolero, tratar o texto romântico com um acabamento técnico ainda raro na MPB, Maria – longe de ser o inimigo público número um do movimento – ajudou a preparar o terreno para que a bossa nova fizesse nascer o sol e navegar o barquinho mais adiante no Arpoador.

Joaquim Ferreira dos Santos