Compositor. Instrumentista. Nascido em Porto, Portugal. Com um ano de idade a família veio para o Brasil, indo morar em Campo Grande, subúrbio do Rio. Aos 12 anos, passou a estudar na Escola São Bento, situada em Niterói. Cursou até o segundo ano científico, abandonando os estudos para trabalhar com seu pai. Em 1936, com 18 anos de idade, casou-se com Maria da Conceição Barbosa, de quem se separou em 1951. Aos 20 anos, começou a aprender bandolim, passando logo após à guitarra portuguesa. Seu pai era o patrocinador do programa “Seleções portuguesas” apresentado pela Rádio Clube do Brasil, dirigido pelo maestro Carlos Campos, seu professor de guitarra. Por indicação do professor, passou a se apresentar no rádio como cantor.
Faleceu de enfarte em sua casa no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro.
Iniciou sua carreira profissional a convite de Braguinha, então diretor artístico da Continental, onde gravou em 1944 os fados “Saudades” e “Olhos d álma”, de Campos e Morais. Em 1945, começou a tocar violão. Nesse mesmo ano, gravou seu segundo disco com as primeiras composições: o samba “Mulato artilheiro” e a marcha “Nem cachopa, nem comida!”, esta, uma parceria com Carlos Campos. Em 1946, gravou as canções “A minha oração” e “Perdoa”, de Moreno e Ferreira e as marchas “Num coração, duas pátrias”, de Renato Batista e “O expresso continua”, de sua parceria com Américo Morais. Em 1948, voltou a Portugal, gravando canções brasileiras. Lá, participou como cantor da revista “Os vareiros”.
Retornando ao Brasil, no início dos anos 1950, abandonou a carreira de cantor, intensificando sua atividade de compositor. Em 1951, compôs a marcha “Parafuso”, em parceria com a dupla Zé da Zilda e Zilda do Zé, que foram os responsáveis pela gravação. Em 1952, fez com José Gonçalves a música “Nego da calça amarela” gravada por Zé e Zilda. No mesmo ano, conheceu o cantor Nélson Gonçalves, com quem iniciou intensa parceria, que misturava confecção em músicas e empresariado artístico. Em geral, compunha e Nélson gravava, mas em algumas músicas como o bolero “Fica comigo esta noite”, os dois assinaram a composição. A primeira canção gravada por Nelson Gonçalves foi “Última seresta”, com Sebastião Santana. Nélson Gonçalves se tornou de fato o principal intérprete do compositor. Ainda em 1952, a “Marcha do trouxa”, parceria com Nelson Gonçalves e Herivelto Martins foi gravada em dueto por César de Alencar e Heleninha Costa na RCA Victor. Em 1953, seu samba-canção “Manicure” foi gravado por Nelson Gonçalves. Em 1955, teve o samba “Ponta de corda” gravado pelo cantor Risadinha na Odeon. No mesmo ano, seu samba “Agonia de amor”, com Waldir Machado, gravado por Roberto Paiva, foi classificado em segundo lugar no quesito melodias do concurso das músicas carnavalescas mais populares do ano patrocinado pelo Departamento de Turismo e Certames da Prefeitura do Distrito Federal e organizado pelo Sindicato dos Compositores realizado noi Teatro João Caetano. Em 1957, destacou-se com o samba-canção “A volta do boêmio”, composição que vendeu a astronômica cifra de um milhão de cópias. Num estilo que seria posteriormente denominado brega-romântico, este samba tornou-se um clássico no gênero e um dos grandes sucessos da carreira de Nélson Gonçalves. Nesse ano, fez com Getúlio Alves o choro-canção “Ela hoje é diferente” gravado por Francisco Carlos. Em 1958, Nelson Gonçalves gravou os sambas-canção “Escultura”, este, parceria dos dois e um grande sucesso e “Silêncio da seresta”. Ainda nesse ano, Carlos Augusto gravou os sambas-canção “Espelho”, com Raul Borges e “Pecado ambulante”; José Messias a marcha “Garoto solitário” e Loudinha Bittencourt, o samba-canção “Ouvi dizer”. Em 1959, os sambas-canção “Ciclone” e “Regresso” foram gravados por Carlos Nobre; “Meu triste long-play”, por Nelson Gonçalves; “A devota e o pecador”, por Carlos Galhardo e “Andarilha” por Dircinha Batista, todos na RCA Victor. Ainda nesse ano, Nelson Gonçalves gravou o samba-choro “Mariposa” e o samba “Nosso amor”, parcerias dos dois e o choro-canção “Argumento”. Um dos destaques musicais do ano foi seu samba-canção “Deusa do asfalto” gravado por Nelson Gonçalves.
Em 1960, os sambas-canção “Meu perfil”, parceria com Nelson Gonçalves e “Chore comigo” e “Doidivana” e o choro-canção “Fantoche” foram gravados por Nelson Gonçalves. No mesmo ano, Núbia Lafayette gravou o samba-canção “Devolvi” e o samba-choro “Nosso amargor”. Ainda em em 1960, compôs aquele que seria seu maior sucesso, o samba-canção “Negue”, com Enzo de Almeida Passos, composição lançada por Carlos Augusto na Odeon e que foi regravada por vários cantores de diferentes épocas e estilos como Cauby Peixoto; Agostinho dos Santos e Maria Bethânia. Em 1961, Carlos Augusto gravou na Odeon o samba-canção “É mentira”, com França e o samba “Seria tão diferente”, com Toni Luna e, Carlos Nobre gravou na RCA Victor o samba-canção “Ironia”. Ainda nesse ano, mais quatro de seus sambas-canção foram lançados por Nelson Gonçalves: “Moço”, “Noite de saudade”, “Levanta-me meu amor” e “Fica comigo esta noite”, este uma parceria dos dois que se tornou um clássico da canção romântica e se tornou tema musical e título de um filme erótico estrelado pelas atrizes Helena Ramos e Rosana Ghessa. Teve também o samba-canção “Duelo” gravado por Cauby Peixoto, os sambas-canção “Eu te amo”, com Nelson Gonçalves e “Ouvi dizer” gravados por Lourdinha Bittencourt e os sambas-canção “Não me perguntes” e “Odeio-te meu amor”, gravados por Angela Maria. Ainda nesse ano, duas composições suas gravadas por Nelson Gonçalves no ano anterior estiveram presentes nas listas dos sucessos do ano: “os sambas-cançao “Doidivana” e “Fantoche”. Em 1962, Nelson Gonçalves gravou o samba “Seresta moderna” e o samba-canção “Protesto”, Núbia Lafayette o samba-canção “Razão” e o tango “Vida” e, Angela Maria os sambas “Eu não disse” e “Beijo roubado”. Nesse ano, fez sucesso com o chá-chá-chá “Garota solitária” gravado por Ângela Maria e os sambas-canção “Esta noite ou nunca”, gravado por Carlos Augusto e “Não me perguntes”, também por Ângela Maria. No ano seguinte, a mesma Angela Maria gravou o cha cha cha “Mulher e chita” e o samba-canção “Eu acho muito engraçado”. Também nesse ano, Nelson Gonçalves fez sucesso com o samba-canção “Enigma”. Em 1965, fez sucesso com “Sinfonia da mata”. Em 1967, atuou como disc-jóquei na Rádio Mauá (RJ). Em 1970, abriu uma churrascaria em Campo Grande, onde levou vários cantores famosos.
De seus sambas, destacam-se ainda “Meu dilema”, “Escultura”, “Meu vício é você”, “Doidivana”, “Deusa do asfalto”, “Êxtase”, “Flor do meu bairro”, entre outras. Muitos outros cantores também gravaram suas canções, como Ângela Maria, que faria muito sucesso com os chá-chá-chás “Beijo roubado” e “Garota solitária” e os sambas-canção “Cinderela” e “Meu ex-amor”. Na década de 1970 foi lançado pela RCA Camden o LP “Encontro com Adelino Moreira” com suas músicas interpretadas por Nelson Gonçalves, “Noite de saudade”, “Negue”, “Borrasca” e “Vitrine”; Ângela Maria, “Meu ex-amor”, “Eu te amo” e “Não me perguntes”; Carlos Nobre, “Ciclone” e “Regresso”; Núbia Laafyette, “Solidão”, “Devolvi” e “Seria tão diferente” e Cauby Peixoto, com “Duelo”. Em 1978, Maria Bethânia regravou o samba-canção “Negue” com enorme sucesso no LP “Álibi”. Em 1980, a cantora Ângela Ro Ro regravou “Fica comigo esta noite”. Em 1986, o samba-canção “Negue”, foi regravada numa versão punk pelo grupo Camisa de Vênus e em 1991 por Ney Matogrosso e Raphael Rabello. Em 1995, Pery Ribeiro lançou o LP “Fica comigo esta noite – Pery Ribeiro interpreta Adelino Moreira”, no qual interpretou, entre outras, “Meu triste long playing”, “Negue”, “Meu vício é você”, “A volta do boêmio”, “Deusa do asfalto” e a música título. Em 1998, as irmãs Alzira e Tetê Espíndola regravaram “Garota solitária”, chá-chá-chá, lançado 36 anos antes. Em 2000 a canção “Fica comigo esta noite” foi a faixa-título do CD de Simone.
Segundo ele, teve cerca de 1200 músicas gravadas. Foi parcerio de Nelson Gonçalves por cerca de 40 anos. Esteve rompido com o cantor por onze anos, entre 1964 e 1975. Foi ainda incentivador da carreira de inúmeros jovens cantores. Apesar de continuar a compor, afastou-se gradativamente da música no final dos anos 1970. Apesar de seus grandes sucessos, sempre foi considerado por boa parte da crítica um cantor brega.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
VASCONCELLO, Ary. A nova música da República Velha. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1985.