Atriz. Cantora.
Filha de atores famosos. Seu pai, o português Joaquim da Costa Maia, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde pretendia dedicar-se ao comércio, mas sua verdadeira vocação era o teatro, no qual estreou em 1866. Trabalhava no Teatro Recreio, quando conheceu a atriz Balbina, na época viúva e mãe de dois filhos. Casaram-se por volta de 1874 e tiveram dois filhos: Magnus e Abgail.
Aos cinco anos de idade, já cantava acompanhada por seu pai, à guitarra portuguesa ou por seu irmão Magnus, ao violão. Os pais eram contrarios a que seguisse a carreira artística. Em1897, seu pai faleceu e teve que passar a viajar com a mãe, que era atriz contratada da Companhia Dias Braga. Em 1898, perdeu seu irmão, então com 23 anos de idade.
Em 1903, com 17 anos incompletos, conheceu Joaquim da Silva Braga, com quem se casou. Em 1905, nasceu sua filha mais velha. Neste mesmo ano, perdeu seu marido, vitimado pela tuberculose.
Em 1909, casou-se com o maestro e compositor Luís Moreira. Um ano depois, em Portugal, nasceu seu segundo filho, que recebeu o nome de seu irmão: Magnus.
Em maio de 1920, ficou novamente viúva, com o falecimento de Luís Moreira. Em 1921, casou-se com Oduvaldo Viana, com quem teve duas filhas.
Estreou em Porto Alegre, aos 15 anos de idade, substituindo uma jovem atriz no “vaudeville” “Maridos na corda bamba”, espetáculo para o qual sua mãe havia sido contratada como primeira atriz. De volta ao Rio, não pretendia retornar ao palco. Em 1903, foi convidada para fazer o papel de uma menina-moça, a princesa Açucena na peça “A fada de coral”, na Companhia Silva Pinto, em que a mãe trabalhava. Mesmo a contragosto, aceitou.
Em 1905, com o falecimento de seu marido e em meio a dificuldades financeiras, aderiu definitivamente ao teatro. Ingressou na Companhia Luso-Brasileira, do empresário Lago, no Teatro São Pedro, e durante um ano e meio atuou em revistas. Estreou na revista “Flor de junho”, do paulista José Pisa, com a qual excursionou por vários estados.
Em 1909, representou no Teatro Recreio a peça “A gata borralheira”. Pouco tempo depois, foi contratada pelo empresário Alfredo Miranda e viajou em 1910 para Portugal onde atuou no Teatro Sá Bandeira na cidade do Porto, tendo interpretado todo o repertório de operetas vienenses, segundo o crítico Brício de Abreu. No mesmo ano, ingressou na companhia de José Ricardo. No ano seguinte, com o falecimento da mãe retornou ao Brasil. Pouco depois entrou para a companhia de José Loureiro, da qual Luís Moreira, seu segundo marido, era maestro. E saiu em excursão por várias cidades.
Em 1914, na cidade de Santos, conheceu com o marido o humorista João Foca, com quem resolveram formar um trio: ela cantava, Luís Moreira tocava piano e João Foca fazia conferências divertidas. Correram São Paulo e depois todo o interior do estado. Nesta época, a imprensa paulista passou a cognominá-la a Rainha da Canção Brasileira. De volta ao Rio de Janeiro em 1915, apresentaram-se durante um mês no Cinema Pathé, na Avenida Rio Branco. O trio se desfaz no mesmo ano com a morte de João Foca. Ingressou então na Companhia de Cristiano de Souza, no Trianon, onde permaneceu por um ano. Ainda por volta de 1915, gravou na Odeon as canções “Súplica” e “Faceira” e, acompanhada de coro, o coco baiano “O cambuco e o balaio” e o batuque paulista “Chico, Mané, Nicoláu”, todas de autores desconhecidos. Em 1916, foi para o Teatro Recreio, onde fez “Bocaccio” e outras operetas. Por volta de 1918, gravou com Olímpio Duarte o desafio “Rolinha” e, sozinha, o tango “Mulata pernóstica”, ambas de autores desconhecidos e com arranjos do marido e maestro Luiz Moreira.
Em 1920, foi contratada por Pascoal Segreto para ser a estrela de sua companhia que atuava no Teatro São Pedro. Tornou-se a estrela de “Juriti”, de Viriato Corrêa, atuando ao lado de Vicente Celestino, com música de Chiquinha Gonzaga. Atuou ainda em “Flor da noite”, Clube dos Pierrôs” e “Amor de bandido”, com a qual Vicente Celestino brilhou internacionalmente, todas de Oduvaldo Viana. No mesmo ano, trabalhou no Teatro Fênix com Leopoldo Fróes, em “A sociedade onde a gente se aborrece”.
Em 1921, retornou ao Trianon, como primeira figura de uma companhia organizada por Oduvaldo Viana, então seu terceiro marido. Em 1923, excursionou por Buenos Aires e Montevidéu com boa acolhida do público. Em 1924, retornou ao Teatro Trianon e estreou a peça “Em família”, de Florêncio Sanchez. Em 1929, gravou para a Odeon a toada “Sarará”, de Eduardo Souto e a canção “Meu príncipe encantado”, de Armando Ângelo e Guilherme de Almeida. Em 1931, gravou na Victor as canções “Sorriso de mulher”, de Marcelo Tupinambá e Oduvaldo Viana e “Flor de maracujá”, de Marcelo Tupinambá e Amadeu Amaral.
Em 1940, ingressou no radioteatro da Rádio Nacional, onde emocionava os ouvintes com suas interpretações em novelas, destacando-se seu desempenho no papel de “Conceição”, na novela “O direito de nascer”. Aposentou-se em 1967, quando completou 80 anos de idade.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
VASCONCELLO, Ary. A nova música da República Velha. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1985.