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Nome Artístico
Maria Lúcia Godoy
Nome verdadeiro
Maria Lúcia Godoy
Data de nascimento
2/9/1924
Local de nascimento
Mesquita, MG
Dados biográficos

Cantora soprano (lírica e popular). Compositora. Escritora.

Inicialmente atuou como cantora contralto.

Nascida em Mesquita, na localidade Vale do Rio Doce. A família transferiu-se para Belo Horizonte quando era ainda uma criança.

Incialmente estudou canto com a professora Honorina Prates, ainda em Belo Horizonte. Logo depois, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a estudar canto com Pasquale Gambardella. Logo depois, ganhou uma bolsa de estudos na Alemanha, onde passou a estudar com Margueritte Von Winterfeld.

Como escritora assinou colunas para jornais, tais como “O Estado de Minas Gerais” por 11 anos, e publicou livros infantis.

Formada em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Fez participação especial nos filmes “Os Senhores da Terra”, “Navalha na Carne” e “Poeta de Sete Faces”.

Segundo o crítico Ricardo Cravo Albin, em texto de apresentação de seu CD, reproduzido de seu primeiro LP de 1968:

“Foi apontada pela soprano brasileira Bidu Sayão como a sua única sucessora, e declarou, em entrevista à revista Veja, ter ficado de ‘boca aberta’ ao ouvi-la cantar no Carnegie Hall, em New York, as “Bachianas brasileiras nº 5”, de Villa-Lobos, sob regência do Maestro Leopold Stokovski, que, ao ouvi-la em audição particular, entusiasmado, a convidou como solista em temporada nos Estados Unidos. Essa turnê colimou no Lincoln Center de New York com a Philadelphia Orchestra, grande sucesso de público e crítica. Maria Lúcia conquistou rapidamente reconhecimento internacional como solista de orquestras como American Simphony, English Chamber Orchestra, Orchestre National de Montecarlo, Houston Symphony, Contrapunctri Music Orchestra, Detroit Simphony, Tulsa Philarmonic e Pro Musik Orchester de Colônia, além de orquestras brasileiras.”

O poeta maranhense Ferreira Gullar a comparou a “Um pássaro voando”. Já o escritor mineiro Fernando Sabino acentuou:

“Denso e profundo mistério da criação: uma voz em que a poesia se reflete”.

Vale lembrar que foi inspirado pela voz de Maria Lúcia que Tom Jobim criou a melodia de “Sabiá”, que recebeu letra de Chico Buarque anos mais tarde.

Em 1975 Carlos Drummond de Andrade lhe dedicou os seguintes versos:

“Lembrar as serras de Minas,
Demolidas, como dói!
Mas me consolo se escuto
Maria Lúcia Godoy.

Foi-se o ferro de Itabira?
Ouro não se destrói!
Está na voz da mineira
Maria Lúcia Godoy.”

Em 2016 foi condecorada com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

No dia do seu aniversário, em 2 de setembro de 2024, em comemoração ao seu centenário de nascimento, a cantora recebeu homenagem da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, tendo como signatária a deputada Leninha (PT), 1ª- vice-presidente da casa (ALMG). Neste mesmo ano, de 2024, seu sobrinho, o músico Daniel Godoy iniciou-se um projeto de digitalização de sua trajetória artística.

Dados artísticos

No ano de 1956 passou a integrar o Coral Madrigal Renascentista, que contava com a regência do Maestro Isaac Karabtchevsky, com quem foi casada por um ano. O coral foi fundado pelos maestros Carlos Alberto Pinto Fonseca, Carlos Eduardo Prates e Issac Karabtchevsky, com o qual realizou três turnês internacionais.

Em 1959 lançou o LP “Madrigal Renascentista – Isaac Karabtchevsky & Maria Lúcia Godoy” pela gravadora Chantecler. No ano seguinte, em 1960, apresentou-se na solenidade de inauguração de Brasília a convite de Juscelino Kubitschek. Posteriormente, prestou a última homenagem ao presidente, quando apresentou-se, na mesma capital, na “Missa de Sétimo Dia” pela morte de seu amigo.

No ano de 1968 lançou o seu segundo LP “Maria Lúcia Godoy Canta Poemas de Manuel Bandeira” (Selo Museu da Imagem e do Som), produzido por Ricardo Cravo Albin, quando de sua gestão como Presidente do Museu da Imagem e do Som. De acordo com Ricardo Cravo Albin:

 

“Cultora da poesia, Maria Lúcia Godoy possui uma especial sensibilidade para os textos que interpreta. Suas gravações de Villa-Lobos criaram um novo padrão na interpretação na interpretação vocal da obra do maior compositor brasileiro. Igualmente à vontade na ópera, na canção ou no recital de câmara, seu repertório abrange tanto a vanguarda como as mais tradicionais expressões da nossa musicalidade.”

 

No LP, o primeiro do selo da Fundação MIS, Ricardo Cravo Albin contou com o apoio do Secretário-Geral do Conselho Nacional de Cultura Murilo Miranda. A cantora foi acompanhada pelo pianista Murilo Santos em todas as faixas. O próprio Manuel Bandeira chegou a ouvir três das gravações de suas composições, contudo, faleceu três semanas antes do lançamento oficial na Academia Brasileira de Letras.

No disco interpretou 12 composições de Manuel Bandeira em parceria com sete de seus parceiros mais frequentes, alguns que musicaram seus poemas, e outros para os quais fez a letra depois de receber a melodia, como por exemplo, em “Azulão”, com Jayme Ovalle. As outra faixas do trabalho foram “Dança do martelo” (c/ Villa-Lobos); “Dona Janaína” (c/ Francisco Mignone); “Modinha” (c/ Villa-Lobos), “O impossível carinho” (c/ Camargo Guanieri); “O Anjo da Guarda” (c/ Villa-Lobos); “Pousa a mão na minha testa” (c/ Francisco Mignone); “Madrigal” (c/ José Siqueira); “Modinha” (c/ Jayme Ovalle); “Canção do mar” (c/ Lorenzo Fernândez); “O menino doente” (c/ Francisco Mignone) e “Desafio”, com Edino Krieger.

A importância de Maria Lúcia Godoy como cantora e representante do cancioneiro popular também passa por sua atuação em diversas searas. A este intercâmbio cultural se refere e acentua Ricardo Cravo Albin neste trecho do encarte de apresentação do CD, vertido originalmente do LP:

 

“Ela é a responsável pela estreia mundial de autores brasileiros e pela estreia nacional de autores estrangeiros, participando de inúmeras primeiras audições. De Mahler a Puccini, de Alan Berg a Carlos Gomes, de Villa-Lobos às Serestas e Modinhas Imperiais, a trajetória de Maria Lúcia Godoy, rica e diversificada, tem como um dos principais objetivos a divulgação da música brasileira em todas as suas manifestações, tanto no âmbito nacional, como em países da Europa, América do Norte, América Latina, Oriente Médio e Japão.”

 

Em 1969 lançou o LP “O Canto da Amazônia”, também pelo Selo Museu da Imagem e do Som.

No ano de 1974 lançou o disco 1974 “Hinos do Brasil”, juntamente com o Coro Da Rádio M.E.C., Orquestra Sinfônica Nacional e Mário Tavares, pela Gravadora Deutsche Grammophon. Três anos depois, em 1977, gravou o LP intitulado “Maria Lúcia Godoy Interpreta Villa-Lobos”, lançado pela gravadora Philips. No ano posterior, em 1978, foi lançado o LP “Maria Lúcia Godoy e a Canção Popular Brasileira e Napolitana”, pela Philips.

No ano de 1980, pela gravadora CBS lançou o LP “Maria Lúcia Godoy e Maria Lúcia Pinho – A Canção Brasileira”.

Em 1983 o disco “14 Seresta de Heitor Villa-Lobos – Maria Lúcia Godoy e Miguel Proença” foi lançado pela gravadora Philips. Dois anos depois, em 1985, voltaria às gravações com o LP “Cantares de Minas”, também pela gravadora Philips.

Nos anos seguintes lançaria os seguintes discos:

LP “Momentos”, pelo Selo Karmim Produções/Governo do Estado de Minas Gerais, 1988; CD “Mahler – Leopold Stokowski, V. Tyler, Philadelphia Orchestra e Maria Lúcia Godoy” pela gravadora Not On Label, em 1990 e o CD “Centenário de Amizade Brasil-Japão”, pelo selo AG Produções, em 1995.

No ano de 2003 seria relançado em CD um de seus discos mais emblemático, o “Maria Lúcia Godoy Canta Poemas de Manuel Bandeira”, em um esforço coletivo da Academia Brasileira de Letras, o “Programa Arte Sem Barreiras”, da Funarte e Ministério da Cultura, com produção do Museu da Imagem e do Som.

O então Presidente da ABL, Alberto Costa e Silva escreveu (trecho) no encarte:

 

“O próprio Manuel Bandeira se perguntou por que tantos de seus poemas foram postos em música. O fato não seria de estranhar-se, dada a amizade que o uniu a Villa-Lobos, Mignone e Ovalle, companheiros de boêmia. Mas a explicação, esta não basta; tampouco a de que era o maior poeta brasileiro de seu tempo. Andrade Muricy sugeriu que o fascínio dos compositores pelos poemas de Bandeira nascia da musicalidade, subentendida, apenas indicada, que neles reconheciam, uma musicalidade que estava latente na sequência das palavras, a permitir que cada verso pudesse ser cantado de inúmeras maneiras. O poeta apostou na tese, ao lembrar que os versos, de Azulão, escritos para uma melodia de Jaime Ovalle, foram posteriormente remusicados, e de forma inteiramente distinta, por Camargo Guarnieri e Radamés Gnatalli.”

 

Outro de seus admiradores, o poeta Paulo Mendes Campos, também aparece no encarte do CD com um texto, do qual destacamos o seguinte trecho:

 

“Este é o disco mais completamente brasileiro que conheço; porque os temas, a linguagem, o ritmo e a emoção do poeta doem de tanta verdade brasileira; porque os compromissos aqui reunidos são ainda os primeiros que romperam com a dependência estrangeira e exprimiram os timbres, as cadências, as sugestões instrumentais, as secretas combinações que nos falam por nós; e porque a extraordinária Maria Lúcia Godoy, pela qualidade da voz, e pela intuição interpretativa, é uma artista irreprimivelmente brasileira, graças a Deus.”

 

No ano de 2012 lançou o CD autoral “Acalantos”, no qual interpretou composições próprias.

Durante a careira a cantora lançou diversos outros discos, entre os quais “Fructuoso Vianna na Interpretação de Maria Lúcia Godoy e do pianista Miguel Proença” (Gravadora Arsis, LP); “Floresta Amazônica” (Edição: Banco do Brasil, LP); “Modinha Imperiais” (Edição: Fundo Nacional de Cultura/Ministério da Cultura, LP); “Canções Trovadorescas de Fructuoso Vianna” (Edição: BNDES, LP); “A Obra Para Canto de Oscar Lorenzo Fernândez” (Edição: Conservatório Brasileiro de Música, LP) e “Canções de Paurilo Barroso” (Edição: Prefeitura de Fortaleza, LP), além da gravação de oito discos integrando o Madrigal Renascentista, coral regido pelo Maestro Isaac Karabtchevsky.

Discografias
S/D Edição: Conservatório Brasileiro de Música LP A Obra Para Canto de Oscar Lorenzo Fernândez
S/D Edição: BNDES LP Canções Trovadorescas de Fructuoso Vianna
S/D Edição: Prefeitura de Fortaleza LP Canções de Paurilo Barroso
S/D Edição: Banco do Brasil LP Floresta Amazônica
S/D Selo Arsis LP Fructuoso Vianna na Interpretação de Maria Lúcia Godoy e Miguel Proença
S/D Edição: Fundo Nacional de Cultura/Ministério da Cultura LP Modinha Imperiais
2012 Sem registro de gravadora CD Acalantos
2003 Relançamento - Selo Museu da Imagem e do Som CD Maria Lúcia Godoy Canta Poemas de Manuel Bandeira
1995 AG Produções CD Centenário de Amizade Brasil-Japão
1990 Not On Label CD Mahler - Leopold Stokowski, V. Tyler, Philadelphia Orchestra e Maria Lúcia Godoy
1988 Selo Karmim Produções/ Governo do Estado de Minas Gerais LP Momentos
1985 Philips LP Cantares de Minas
1983 Philips LP 14 Seresta de Heitor Villa-Lobos - Maria Lúcia Godoy e Miguel Proença
1980 CBS LP Maria Lúcia Godoy e Maria Lúcia Pinho – A Canção Brasileira
1978 Philips LP Maria Lúcia Godoy e a Canção Popular Brasileira e Napolitana
1977 Philips LP Maria Lúcia Godoy Interpreta Villa-Lobos
1974 Deutsche Grammophon LP Hinos do Brasil - Coro Da Rádio M.E.C., Orquestra Sinfônica Nacional, Mário Tavares e Maria Lúcia Godoy
1969 Selo Museu da Imagem e do Som LP O Canto da Amazônia
1968 Selo Museu da Imagem e do Som LP Maria Lúcia Godoy Canta Poemas de Manuel Bandeira
1959 Chantecler LP Madrigal Renascentista - Isaac Karabtchevsky & Maria Lúcia Godoy