
Técnico de gravação e mixagem.
Filho de Joaquim Duarte de Lima, pescador, e da lavadeira Virginia Costa de Lima.
Quando ia para a escola, ouvia, no caminho, sempre na mesma hora, saindo da janela de um vizinho, o prefixo de um programa de rádio que era um trecho de “A Bela Adormecida”, de Tchaikovsky. Foi quando se apaixonou por música clássica e descobriu a Rádio Roquete Pinto. Passou a ouvir sempre a estação decorando as speças e cultivando o gosto pela música.
Aos 18 anos começou a trabalhar como boy em uma subsidiária da gravadora Continental. Em uma festa de fim de ano da empresa, o técnico de som do estúdio da Continental, Norival Reis, ouviu Nivaldo assoviando a Sexta Sinfonia de Tchaikovsky (Patética). Esta foi a senha para que ele fosse convidado a trabalhar como assistente de Norival no estúdio da gravadora.
Entre 1953 e os anos 2000, quando teve seu último trabalho antes de se aposentar, Nivaldo trabalhou na Continental, CBS (concomitante à Continental), Odeon (de 1967 até o fechamento dos estúdios da gravadora), União Brasileira dos Compositores (UBC) e, já depois dos anos 2000, na Iron Montain, onde trabalhou na digitalização de arquivos analógicos de áudio.
Começou aprendendo desde a “apertar o botão” da gravação até chegar a posicionar os microfones de forma a achar o melhor timbre de gravação para os instrumentos e vozes. Também entendeu como usar os truques técnicos da época para reproduzir efeitos que hoje são fáceis de conseguir em plug-ins de computador, como o eco.
No período, principalmente até sair da Odeon, trabalhou com a maior parte dos nomes históricos da música brasileira do período, como João Gilberto, Dolores Duran, Elis Regina, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Gonzagão, Beto Guedes, Roberto Carlos, Rita Lee, Raul Seixas e muitos outros. Também trabalhou com os grandes maestros da música brasileira, como Radamés Gnatalli e Lyrio Panicali, em uma época em que as gravadoras mantinham arranjadores como empregados fixos.
Entre os trabalhos de maior destaque está o primeiro álbum “Clube da Esquina”, marco nas carreiras de Milton Nascimento e Lô Borges e na discografia da música brasileira.
Em agosto de 2022 concedeu entrevista ao produtor Clemente Magalhães no âmbito de uma série de 80 vídeos celebrando os 80 anos da UBC disponibilizada no YouTube no podcast “Papo com Clê”.
Durante as mais de três horas de entrevista contou passagens com grandes nomes da música brasileira e explicou de que forma se deu a evolução tecnológica dos estúdios de gravação, desde a época em que gravava dois canais, com todos os músicos tocando juntos ao vivo, até passar para quatro, oito, 16 e 24 canais, com os músicos tocando separados.
Falou também sobre as diferenças entre o trabalho com gravação, onde tinha de posicionar os microfones corretos de acordo com os instrumentos e os músicos, com o de mixagem, onde é feita a timbragem e a mistura dos diversos instrumentos gravados em vários canais nos dois do estéreo do produto final. Nivaldo também chegou a gravar, no fim da carreira, em Pro Tools: software de gravação em computador que substituiu as antigas fitas magnéticas analógicas.
Além de explicar as mudanças tecnológicas nos estúdios também detalhou sua atuação no álbum “Clube da Esquina”, tanto na parte técnica como a convivência com os ´músicos. Nivaldo teve também uma sugestão artística aceita na gravação de “San Vicente”: o sino que toca no final da música “San Vicente”.
Nivaldo criou uma página no Facebook – “Causos de Estúdios” – na qual escreveu algumas das histórias que aconteceram com ele durante os anos de trabalho.