Cantora. Instrumentista. Violonista. Violeira. Arranjadora. Folclorista. Atriz. Professora. Doutora Honoris Causa em folclore e arte digital pela Universidade de Lisboa, Nascida no bairro da Barra Funda, em São Paulo, apesar de paulistana e descendente de família tradicional, apaixonou-se muito cedo pela cultura caipira. Começou a cantar aos sete anos de idade. Por essa época começou a aprender a tocar violão. Já durante as férias, em fazenda de parentes, começou a aprender a tocar viola e a cantar composições caipiras como a “Moda da Pinga” e a moda-de-viola “Boi Amarelinho”. Aos oito anos de idade já fazia apresentações em recitais de violão no Clube Germânia. Aos nove, já admirava o poeta modernista Mário de Andrade, que morava ao lado de sua casa à Rua Lopes Chaves, na Barra Funda, em São Paulo, a quem esperava passar todo dia enquanto brincava de patins. Com nove anos, integroua Turma de Violeiros do Pequenópolis, da professora Mary Buarque. Aos 11 anos, começou a estudar piano. Fez o curso de Biblioteconomia. Em 1947, casou-se com o advogado Adolfo Barroso. De 1982 a 1996, lecionou Folclore na Universidade de Mogi das Cruzes. A partir de 1983, começou a lecionar na Faculdade Capital de São Paulo. Em 2014, foi eleita para a Academia Paulista de Letras, em substituição à folclorista Ruth Guimarães. Faleceu quatro dias após completar 90 anos, de insuficiêcia respiratória aguda, no Hospital Sírio Libanês onde estava internada desde 19 de fevereiro. Foi uma das maiores cantoras brasileiras, embora sempre mais ligada ao segmento sertanejo do qual era considerada referência máxima. Três dias antes da sua morte, foi eleita pelo ICCA uma das 12 cantoras-compositoras mais importantes do Brasil desde Chiquinha Gonzaga. A eleição foi feita para celebrar o Dia Internacional da Mulher.
Em 1934, apresentou-se, levada pelo pai, no Programa Cascatinha do Genaro, apresentado por Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado, na Rádio São Paulo. Cantou e acompanhou-se ao violão recebendo elogios de Ariovaldo Pires. Nesse ano, como integrante do grupo de alunas da Professora Mary Buarque, participou de espetáculo musical no Teatro Municipal de Campinas, SP. Na ocasião, interpretou a música infantil “O Gatinho”, e o “Batuque”, de Marcelo Tupinambá. Em 1943, apresentou-se na Rádio Kosmos, de São Paulo, cantando três boleros, uma valsa e um fox. Em 1946, como professora de música, promoveu apresentação de suas alunas no Colégio Caetano de Campos. Na ocasião, ela mesma interpretou “Rolete de Cana”, tema folclórico, e “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso. Em 1948, ainda de forma amadora, fez parte de uma caravana artística que se apresentou na cidade paulista de Franca, cantando e acompanhando-se ao violão. Em 1950, participou do espetáculo “O Homem da Flôr na Boca”, apresentado no TBC, em São Paulo, fazendo acompanhamento ao violão. Fez também apresentações no TCA e no Teatro Colombo, ambos em São Paulo. Iniciou a carreira artística profissionalmente em 1950, quando atuou como atriz no filme “Angela”, de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, da Companhia Vera Cruz. Nesse ano, foi convidada pelos amigos Vicente Leporace e Evaldo Ruy para participar na Rádio Bandeirantes, de São Paulo de um especial dedicado à Noel Rosa. Já o filme “Angela” foi lançado em agosto de 1951, e, nesse filme, interpretou a cantora Vanju e apareceu cantando as músicas “Quem é”, de Marcelo Tupinambá, especialmente composta para o filme, e “Enquanto houver”, de Evaldo Ruy. Logo chamou a atenção de todos. Nesse período, apresentou no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) um recital de música brasileira, dividido em três partes, interpretando na 1º parte uma seleção intitulada “Música Variada”, com a “Canção da Guitarrada”, de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo, a canção amazônica “Farinhada”, de Valdemar Henrique e Ilná Portela de Carvalho, a toada sertaneja “Carreiro”, de Hekel Tavares e Olegário Mariano, “Chove chuva”, com música de Hekel Tavares para poema de Ascenso Ferreira, a “Canção”, de Gonçalves Crespo com transcrição de J. Otaviano, a modinha antiga, conforme informação do disco, sobre tema popular, “Nhapopé”, de Villa Lobos, e a “Berceuse da Onda que Leva o Pequenino Náufrago”, de Lorenzo Fernandes e Cecília Meirelles; na segunda parte interpretou os sambas “Quando o samba acabou”, “Silêncio de um minuto”, “Não tem tradução”, “Último desejo”, de Noel Rosa, e “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa e Vadico, e, na 3º parte, músicas afro-brasileiras: “Navio da Costa” e “Pergunte aos Canaviais”, de Capiba, “Cantilena”, canto de senzala ambientado por Villa Lobos, “Abaluauiê”, ponto ritual de Valdemar Henrique, “O Preto Velho Cambinda”, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, “Salve Ogum”, de Pernambuco e Mário Rossi, e o “Funeral de Um Rei Nagô”, de Hekel Tavares e Murillo Araújo. Ainda em 1951, gravou seu primeiro disco, pela gravadora Sinter. Depois de fazer uma rápida apresentação na Boate Vogue, no Rio de Janeiro, foi vista pelo dono da gravadora Sinter, que a convidou para um teste, apenas com voz e violão. Gravou então “Funeral de um Rei Nagô”, de Hekel Tavares e Murilo Araújo, e “Curupira”, de Waldemar Henrique. Esse disco, no entanto, não teve grande divulgação comercial. No mesmo ano, viajou com o marido para o Ceará e em seguida para Pernambuco, onde, na cidade de Recife, conheceu o compositor Capiba, que a convidou para realizar um recital no Teatro Santa Izabel, ocasião em que assinou seu primeiro contrato profissional. A partir de então, sua carreira iria deslanchar nos palcos, nos discos, em Rádios, Televisão e Cinema. Em 1952, assinou contrato com a Rádio Nacional de São Paulo, participando do espetáculo de inauguração da emissora. Ficou, no entanto, pouco tempo naquela Rádio. Em 1953, foi contratada para fazer parte do cast da Rádio Record onde iria apresentar programa com produção inicial de Thalma de Oliveira e, depois, de Blota Júnior, com arranjos orquestrais de Hervé Cordovil. Ainda em 1953, ingressou na gravadora RCA Victor, e, em seu primeiro disco na nova gravadora, interpretou “Isto é papel, João”, de Paulo Ruschel e o tema folclórico “Catira”, adaptado por R. de Souza. Em seguida, gravou “O canto do mar” e “Maria do mar”, de Guerra Peixe e José Mauro de Vasconcelos. No mesmo ano, gravou dois de seus maiores sucessos, a moda “Marvada pinga”, de Cunha Jr. e o samba “Ronda”, de Paulo Vanzolini. Sobre essa última, ela mesma conta que ao dizer que gravaria um “samba paulista” houve uma reação negativa do maestro responsável pela gravação, que disse: “São Paulo não tem samba”. O referido maestro colocou o chapéu na cabeça e abandonou o estúdio, ao que parece bastante irritado. Segundo relato de Arley Pereira, no livro “Inezita Barroso – A História de Uma Brasileira”: “Como Vanzolini era muito desafinado, foi preciso que Inezita cantasse a canção para convencer os músicos, mas ela não havia decorado a letra. Paulo rapidamente a escreveu para ela, tintin por tintim, e Inezita mostrou no violão, lendo os versos enquanto cantava. Os músicos do regional que a acompanhvam ficaram entusiasmadíssimos e logo se organizaram para bolar um arranjo de ouvido. Tinha de ser aquela música, não havia mais volta. Foi assim que os remanescentes do lendário Regional do canhoto, os maiores “cobras” da música popular que se conhecia, lançaram com Inezita a primeira gravação de “Ronda”, hoje um clássico da música popular brasileira. O regional? Era formado “apenas” por Zé Menezes nas cordas dedilhadas (violão, cavaquinho e bandolim), Dino Sete Cordas no violão sete cordas, Garoto no violão-tenor, Chiquinho do Acordeon e Abel ferreira nas clarinetas, sem usar percussionista. Uma seleção brasileira. Segundo os registros, a gravação foi realizada no dia 3 de agosto de 1953″. No selo do disco, o companhamento da gravação é anunciado como sendo apenas “Com Conjunto”, sem nenhuma indicação do grande time de músicos que participou dessa emblemática gravação. Também em 1953, participou dos filmes “Destino em apuros”, de Ernesto Remani, e “O Craque”, com direção de José Carlos Burle, primeiro filme brasileiro a ter o futebol como tema. No mesmo ano, atuou no filme “Mulher de verdade”, direção de Alberto Cavalcanti, lançado comercialmente em 1955. Com sua atuação neste filme, recebeu o Prêmio Saci, de melhor atriz. Foi, ainda em 1953, que, por indicação de Millôr Fernandes e Antônio Maria, foi contratada para atuar na famosa Boate Vogue, do Rio de Janeiro, onde estreou em 7 de abril daquele ano. Provando não ter nenhum problema com o público chamado de sofisticado, foi um sucesso absoluto, cantando inclusive músicas caipiras, que, aliás, eram conhecidas por todos os frequentadores. No anúncio do show publicado nos jornais, aparecia a seguinte frase: “Inezita Barroso, da sociedade paulista para a sociedade carioca”, conforme informações de Arley Pereira em seu livro sobre a cantora. Em 1954, gravou o samba “Estatutos da gafieira”, de Billy Blanco e o tema folclórico “Soca pilão”, com adaptação de José Roberto, “Iemanjá”, de Nelson Ferreira e Luiz Luna, “Pregão da ostra”, tema folclórico adaptado por José Prates, “Redondo Sinhá”, de Barbosa Lessa, a modinha “Mestiça”, de Gonçalves Crespo, o tema folclórico “Taieiras”, adaptação de Luciano Gallet, “Retiradas”, de Oswaldo de Souza, “Coco do Mané”, de Luiz Vieira, e “Roda a moenda”, de Haroldo Costa. Nesse ano, recebeu o Prêmio Roquette Pinto, como melhor cantora de rádio da música popular brasileira, e o Prêmio Guarani como melhor cantora de disco. Participou ainda do filme “É proibido beijar”, dirigido pelo fotógrafo italiano Ugo Lombardi. Nesse filme, interpretou o baião “João Baião”, de Betinho. Também em 1954, fez sua primeira aparição na televisão ao ser convidada pela TV Tupi para participar do programa “Afro”, um especial com música e danças afro-brasileiras. Em seguida, passou a apresentar na TV Record o programa “Vamos Falar de Brasil”, primeiro programa da televisão brasileira inteiramente dedicado à música, pois até então, os cantores apareciam em programas de variedades. Atuou por oito anos como estrela da TV Record. Também em 1954, substituiu a cantora Linda Batista na Boate Esplanada, em São Paulo, no espetáculo “Clarins em Fá”, uma criação de Carlos Machado e que tivera Linda Batista como estrela no Rio de Janeiro. Em 1955, gravou as canções de domínio público, “Meu casório” e “Nhá Popé”, o pot-pourri “Benedito Pretinho/Meu barco é veleiro”, de Hekel Tavares e Olegário Mariano, “Na Fazenda do Ingá”, de Zé do Norte, “Dança de caboclo”, de Hekel Tavares e Olegário Mariano, e “Maracatu elegante”, de José Prates. No mesmo ano, participou como atriz e cantora do filme “Carnaval em lá maior”, de Adhemar Gonzaga, que representou o Brasil no Festival de Punta Del Este no Uruguai. Nesse filme, interpretou o samba “Estatutos da Gafieira”, de Billy Blanco. Ainda em 1955, recebeu novamente os Prêmios Saci, como melhor atriz, por sua atuação no filme “Mulher de verdade” e Roquette Pinto, como melhor cantora de Música Popular. Nesse período, realizou uma série de gravações de divulgação do folclore, que serviram para ilustrar um ciclo de conferências realizadas por professores da USP. No mesmo ano de 1955, ingressou na gravadora Copacabana e lançou o samba “Moleque Vardemá”, de Billy Blanco, a “Prece à São Bendito”, de Hervé Cordovil, o tema folclórico “Mineiro tá me chamando”, recolhido por Zé do Norte, e a canção “Minha Terra”, de Waldemar Henrique. Também em 1955, lançou, pela gravadora Copacabana, seu primeiro LP, que teve seu nome como título, e no qual no lado A, com acompanhamento da orquestra de Hervé Cordovil, interpretou a “Prece a São Benedito”, de Hervé Cordovil, com coro dos Titulares do Ritmo, “Banzo”, de Hekel Tavares e Murilo Araújo, a seleção de canções “Nana Nanana”, de Hekel Tavares, Ribeiro Couto e Manuel Bandeira, “Papa Curumiassú”, de Hekel Tavares, “Sapo Cururú”, de Dilú Mello, e “Fiz A Cama Na Varanda”, de Dilú Mello e Ovídio Chaves, e o “Funeral de Um Rei Nagô”, de Hekel Tavares e Murilo Araújo; no lado B, tocando violão e acompanhada de viola e sanfona, interpretou “Maria Julia”, tema tradicional recolhido por ela mesma, “Viola Quebrada”, de Mário de Andrade, “Minêro Tá Me Chamano”, tema tradicional adaptado por Zé do Norte, e “Tirana de Vila Nova”, outro tema tradicional recolhido por Waldemar Henrique. Ainda em 1955, participou, como atriz e cantora, do Festival de Punta Del Leste, no Uruguai. Em 1956, lançou o LP “Danças Gaúchas” no qual, acompanhada pelo Grupo Folclórico de Barbosa Lessa, Luis Gaúcho, na sanfona e Titulares do Ritmo no coral, interpretou os temas tradicionais “Levante”, “Tirana do Lenço”, “Pezinho”, “Quero Mana”, “O Anu”, “Balaio”, “Maçanico”, “Chimarrita Balão” e “Meia-cana Serrana”, todas com adaptação de Barbosa Lessa e Paixão Cortes, além da “Rancheira de Carreirinha”, de Barbosa Lessa. Juntamente ao disco, foi lançado, pela Editora Vitale, o “Manual de Danças Gaúchas”, de Barbosa Lessa e Paixão Côrtes. No mesmo ano, lançou, pela gravadora Copacabana, o LP “Lá vem o Brasil”, no qual, acompanhado-se ao violão, interpretou “Lá Vem o Brasil”, de Nelson Ferreira e Rafael Peixoto, “Berceuse da Onda”, de Oscar Lorenzo Fernández e Cecília Meireles, “O Carreteiro”, de Barbosa Lessa, “Temporal”, de Paulo Ruschell, “Sertão de Areia Seca” e “Rede da Sinhá”, de Leyde Olivé, “Galope à Beira Mar”, de Luiz Vieira, e “Cantilena”, tema tradicional adaptado por Sodré Viana, e recolhido por Villa-Lobos. Ainda em 1956, a RCA Victor lançou o LP “Coisas do meu Brasil”, uma coletânea com as interpretações de “Estatutos de Gafieira”, de Billy Blanco, “Na Fazenda do Ingá”, de Zé do Norte, o tema tradicional “Meu Casório”, “Isto É Papel, João”, de Paulo Rushell, a “Moda da Pinga (Marvada Pinga)”, de Laureano, “Mestiça”, de Gonçalves Crespo, “Iemanjá”, de Nelson Ferreira e Luis Lima, e o tema tradicional “Pregão da Ostra”, com adaptação de J. Prates. Também em 1956, recebeu o prêmio “Roquete Pinto”, conferido pela crônica paulista como a “melhor intérprete de música popular brasileira”. Também no mesmo ano, publicou o livro “Roteiro de um violão”. Seus trabalhos ficaram conhecidos por Jean Louis Barrault, Marian Anderson, Vittorio Gasmann e Roberto Inglês, que, de passagem pelo Brasil, levaram seus discos para a Europa, onde obtiveram divulgação em diversas emissoras. Finalmente, em 1956, fez recitais em teatros como convidada oficial dos governos do Uruguai e do Paraguai. Em 1957, participou do espetáculo “Ritmos e cores”, que deslumbrou plateias do Rio de Janeiro e São Paulo, no qual cantava, enquanto o grupo Jograis de São Paulo apresentava poesias e ao mesmo tempo, eram apresentados slides coloridos de Durval Rosa Borges. Nesse mesmo ano, segundo informações constantes na contra capa do LP “Vamos falar de Brasil”: “Aproveitando suas férias, saiu espetacularmente de São Paulo num jipe e enfrentando chuva, lama e incríveis hotéis “folclóricos” dos sertões de Minas e da Bahia, recolheu motivos deliciosos para enriquecer ainda mais o seu já vastíssimo repertório e, assim, retribuir, de alguma forma, o carinho de seus fãs sempre presentes”. Na época, havia sido convidada para estrelar o longa metragem “Jovita”que seria produzido pela Companhia Vera Cruz, que ficava na cidade paulista de São Bernardo onde também estava sendo lançado o primeiro veículo utilitário comercial do Brasil o jipe Wylliz. O presidente da empresa lhe emprestou o jipe para que pudesse realizar suas pesquisas pelo Brasil afora. A Companhia Vera Cruz resolveu fazer parte do empreendimento e pintou na lateral do carro o nome “Jovita”, para promover o filme, que no entanto, não chegou a ser filmado. Acompanhada do cunhado Maurício Barroso e do amigo Nelson Camargo, percorreu quase todo o Nordeste, antecipando a volta quando foi avisada que ganhara o Prêmio Roquete Pinto e precisava voltar para recebê-lo. Ainda em 1957, recebeu o Prêmio Roquete Pinto de “Melhor cantora da Televisão”, o Prêmio Guarani do Disco, como melhor cantora de folclore, e foi escolhida várias vezes como a melhor da semana em televisão, rádio, disco e teatro com a temporada de “Os Jograis de São Paulo e Inezita”, além de receber a Medalha de Honra ao Mérito da Associação Paulista de Imprensa. No mesmo ano, gravou apenas um disco, em 78 rpm, com as composições “No Bom do Baile”, de Barbosa Lessa, e “Nhô Leocádio”, de Hervé Cordovil. Em 1958, gravou o LP “Vamos Falar de Brasil”, no qual, com arranjos de Hervé Cordovil e com acompanhamento do Regional do Miranda e da Orquestra e Coro da Rádio Record, sob direção de Hervé Cordovil, e com ela mesma ao violão, interpretou “Retiradas”, de Osvaldo de Souza, inspirado em motivo de aboio nordestino, “Peixe Vivo”, motivo tradicional mineiro recolhido e adaptado por Rômulo Paes e Henrique de Almeida, “Engenho Novo”, tema tradicional nordestino adaptado por Hekel Tavares, “Zabumba de Nego”, um jongo de Hervé Cordovil, “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, um de seus maiores sucessos, “Ismália”, poema de Alphonsus de Guimarães musicado por Capiba, “Festa do Congado”, de Juraci Silveira, “Temporal”, de Paulo Ruschell, “Luá Luá”, uma cantiga de feira de autoria de Catulo de Paula, a modinha “Azulão”, de Jaime Ovalle e Manuel Bandeira, “Seresta”, de Georgina Erismann, e a “Moda da Pinga (Marvada Pinga)”, de Laureano, talvez sua gravação de maior êxito. Ainda em 1958, gravou o LP “Inezita apresenta”, no qual cantou composições de Babi de Oliveira, Juraci Silveira, Zica Bergami, Leyde Olivé e Edvina de Andrade, do folclore paulista, mineiro e baiano. Desse disco, que contou com arranjos de Hervé Cordovil e acompanhamento da Orquestra e Coro da Rádio Record sob direção de Hervé Cordovil, com participação dos Titulares do Ritmo e Regional do Miranda, fizeram parte o tema de congada “Rainha Ginga”, o batuque paulista “Batuque”, e o samba-choro “Recado”, os três de Leyde Olivé, o “Cateretê”, a moda-de-viola “Conversa de Caçador” e a toada “O Carro Tombou”, de Edvina de Andrade, o “Lamento”, com arranjos para vozes de Francisco Nepomuceno de Oliveira, a toada “Adeus Minas Gerais” e “Sôdade da Loanda”, da mineira Juraci Silveira, “O Batateiro” e “Chuvarada”, de Zica Bergami, esta última, com arranjos vocais de Francisco Nepomuceno de Oliveira, além de “Seresta da Saudade” e o canto de trabalho “Caboclo do Rio”, ambas de Babi de Oliveira, e “Maria Macambira”, de Babi de Oliveira e Orádia Oliveira. Também em 1958, participou do LP “Cinco estrelas Apresentam Inara”, da gravadora Copacabana, com obras da compositora Inara. Nesse disco interpretou “Congada” e “É Iemanjá”. No mesmo ano, participou do filme “O Preço da Vitória”, de Oswaldo Sampaio, interpretando a canção “De Papo Pro Ar”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. Em 1959, lançou o LP “Canto da Saudade”, que contou com arranjos, Orquestra e Coro de Hervé Cordovil e participação dos Titulares do Ritmo. Nesse LP interpretou “Canto da Saudade”, de Alberto Costa, com arranjo de Gabriel Migliori, a “Cantiga (Vela Branca)”, de Lina Pesce e Adelmar Tavares, com arranjo de Francisco Nepomuceno, a toada “Fiz A Cama Na Varanda”, de Dilú Mello e Ovídio Chaves, a canção “Na Serra da Mantiqueira”, de Ary Kerner Veiga de Castro, a “Modinha”, de Jaime Ovalle e Manuel Bandeira, com a cantora acompanhando-se ao violão, o samba “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, a toada “Luar do Sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, a toada “Maringá”, de Joubert de Carvalho, com arranjo à capela de Francisco Nepomuceno, “De Papo Pro Á”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, a canção “Sodade Ruim”, de Georgette Cutait e Diva Jabor, o motivo tradicional “Meu Limão, Meu Limoeiro”, com adaptação de José Carlos Burle, e a canção “Sussuarana”, de Hekel Tavares e Luis Peixoto. Em 1960, gravou, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, a moda de viola “Moda do bonde camarão”, que se tornou outro grande sucesso de sua carreira, e “Moda da onça”, do folclore recolhido por ela. No mesmo ano, lançou o LP “Eu me Agarro na Viola”, no qual, acompanhando-se à viola e ao violão, interpretou “Eu Me Agarro na Viola (Tirana de Vila Nova)”, uma cantiga de vaqueiro da Bahia, recolhida por Waldemar Henrique, “Urutáu”, de Lamartine Paes de Barros Machado, a “Canção da Guitarra”, de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo, “Meu Baralho”, de Edvina de Andrade, “A Troco de Que”, de Luiz Vieira, a “Moda da Mula Preta”, de Raul Torres, a “Moda do Bonde Camarão”, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, “A Voz do Violão”, clássico de Francisco Alves e Horácio Campos, “Moda da Onça”, motivo tradicional adaptado por ele mesma, “Boi Amarelinho”, de Raul Torres, e “Leilão”, de Hekel Tavares e Joracy Camargo. Ainda em 1960, voltou ao Uruguai para apresentar-se no I Festival Sul-Americano de Folclore, na cidade de Salinas, sendo considerada a melhor apresentação de todas, recebendo um troféu como homenagem. Em 1961, foi lançado pela gravadora Copacabana o LP “Inezita Barroso interpreta Danças Gaúchas” com as oito músicas gravadas por ela no LP “Danças Gaúchas”, de 1955, acrescidas de “Tatu”, de Barbosa Lessa e Paixão Cortes, e “No Bom do Baile”, de Barbosa Lessa, contando com Orquestra e arranjos de Hervé Cordovil. Na contra capa desse LP, assim escreveu, provavelmente Barbosa Lessa ou Paixão Cortes, uma vez que o texto não recebeu assinatura: “Artisticamente, as danças gaúchas entraram na fase de competir com os bailados regionais de outros países, divulgados em categoria profissional. Precisam as danças gaúchas, portanto, se aparelharem o melhor possível para essa dura concorrência artística. Para este embate diante do exigente público, é que se destina o novo “Danças Gaúchas”. O acordeão, a rabeca e o violãozinho foram deixados de lado para que entrassem os instrumentos que animam as orquestras internacionais. Ao som dessa música, os bailarinos podem convocar coreógrafos profissionais, pois há todo um mundo de sugestões rítmicas para inspirar as mais ousadas “marcações”. Tudo é novo. Um único elemento permanece, todavia, relacionando aquele disco regional com este outro em roupagem internacional: a admirável voz de uma artista brasileira, capaz de identificar-se com o que há de mais puro e ingênuo em nosso folclore e, simultaneamente, comover a uma exigente plateia estrangeira em noite de gala – Inezita Barroso”. No mesmo ano, lançou o LP “Inezita Barroso”, no qual interpretou “Sertão de Areia Seca”, de Leyde Olivé, “Tamba-Tajá”, de Waldemar Henrique, “Roda Carreta”, de Paulo Ruschell, “Na Minha Terra Tem” e “Casa de Caboclo”, ambas de Hekel Tavares e Luis Peixoto, “Carreteiro”, de Barbosa Lessa, “Viola Quebrada”, de Mário de Andrade, “Maria Julia”, tema tradicional, “Minêro Tá Me Chamano”, adaptação de Zé do Norte para um tema tradicional, “Galope à Beira Mar”, de Luiz Vieira, e “Moleque Vardemá”, de Billy Blanco. Em 1961, recebeu no Maracanãzinho, durante o espetáculo junino “Baile do Palito de fósforo”, sob os auspícios do Departamento de Turismo e Certames do Estado da Guanabara e organizado pelo Clube dos Comentadores do Disco, a faixa de Princesa do Disco, em espetáculo que ainda contou com as presenças de Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso, agraciados com a faixa de Soberanos do Disco, além dos príncipes Severino Araújo e Poli e da também princesa Marisa Barroso. Em 1962, pelo selo Sabiá/Copacabana, gravou o LP “Clássicos da Música Caipira”, LP que seria relançado em 1968, pelo selo Beverly, e, em 1969, pelo selo Som. Nesse disco, interpretou as modas-de-viola “Chico Mineiro”, de Tonico e Francisco Ribeiro, e “Sertão do Laranjinha”, de Capitão Furtado, Tonico e Tinoco, as toadas “Boi de Carro”, de Anacleto Rosas Júnior e Tinoco, “Pingo Dágua”, de Raul Torres e João Pacífico, e “Tristeza do Jeca”, de Angelino de Oliveira, os cateretês “Amor Impossível”, de Anacleto Rosas Júnior, e “Vae Torna Vortá”, de domínio público, as modas campeiras “Cavalo Preto”, de Anacleto Rosas Júnior, e ” Baldrama Macia”, de Arlindo Pinto e Anacleto Rosas Júnior, o recortado mineiro “Boiadeiro Apaixonado”, de Raul Torres e Geraldo Costa, o arrasta pé “Mineirinha”, de Raul Torres, e o valseado “Do Lado Que O Vento Vai”, de Raul Torres. No mesmo ano, lançou o LP “Recital”, no qual cantou os temas tradicionais “Cantilena”, recolhida por Sodré Viana e Villa-Lobos, “Nhapopé”, tema folclórico adaptado por ela, “Temas de Capoeira”, “Prenda Minha”, da música tradicional gaúcha, “Caninha Verde”, música tradicional mineira, e “Tayeiras”, além das canções “Uirapuru”, “Boi Bumbá” e “O Que Ouro Não Arruma”, as três de Waldemar Henrique, “Chove Chuva”, de Hekel Tavares e Ascenso Ferreira, “Areia do Mar”, de Orádia Oliveira e Babi de Oliveira, e “Três Pontos de Santo”, de Jaime Ovalle e Manuel Bandeira. Ainda em 1962, saiu da Record e começou a enfrentar dificuldades para fazer gravações, em virtude da manutenção intransigente de uma linha de trabalho da qual não abriu mão. Mesmo gravando menos do que poderia e deveria, continuou lançando discos e, em 1963, gravou com a Banda da Força Pública do Estado de São Paulo, sob a direção do Maestro Capitão Alcides J. Degobbi, com produção de Hervé Cordovil, o LP “A Moça e a Banda – Inezita Barroso e a Banda da Força Pública do Estado de São Paulo”, no qual interpretou o hino “Cisne Branco (Canção do Marinheiro)”, de Antônio Manoel do Espírito Santo e Benedito Xavier de Macedo, o “Hino à Bandeira”, de Francisco Braga e Olavo Bilac, o “Hino Do Estudante Brasileiro”, de Paulo Barbosa, Aldo Taranto e Raul Roulien, o “Hino do C F A”, de Alcides Jacomo Degobbi e Edgar Pimentel Resende, “Hino da Independência”, de D. Pedro I e Evaristo Ferreira da Veiga, “Hino à Mocidade Acadêmica”, de Carlos Gomes e Bittencourt Sampaio, e o “Hino da Proclamação da República”, de Leopoldo Miguez e Medeiros e Albuquerque, as canções “Canção do Expedicionário”, de Spartaco Rossi e Guilherme de Almeida, e a “Canção do Soldado”, de autor desconhecido, além do dobrado “Avante Camaradas”, de Antônio Manoel do Espírito Santo. Nesse período de mudanças na música popular brasileira, pensou em largar a carreira artística e virar bibliotecária e professora. Irritada por perder os patrocínios para seu programa de televisão queimou os originais de seu estudo “Roteiro de um violão”. Por essa época, começou a dar aulas particulares de violão. Somente voltou a gravar novamente três anos depois quando lançou o LP “Vamos Falar de Brasil, Novamente”, no qual, com arranjos de Guerra Peixe, e acompanhada de Orquestra, Coral e Regional de Caçulinha, cantou “Cais do Porto” e “Nação Nagô”, de Capiba, “Palavra de Peão”, tema tradicional recolhido por Francisco de Assis Bezerra de Menezes, “Festa de Ogum”, de Babi de Oliveira, “Burro Chucro”, de Francisco de Assis Bezerra de Menezes, “Serenata”, de Martins Fontes e Mary Buarque, “Soca Pilão”, tema tradicional adaptado por José Roberto e J. Prates, “Maracatu Elegante”, de José Prates, “Oração do Guerreiro”, de Hekel Tavares e Luis Peixoto, “Piaba”, tema tradicional adaptado por ela, “Peixinho do Mar”, tema tradicional recolhido por Babi de Oliveira e Orádia Oliveira, e “Dança Negra”, de Hekel Tavares e Sodré Viana. Em 1966, interpretou a “Cantiga (Vela Branca)”, de Lina Pesce e Adelmar Tavares, para o LP “Lina Pesce – Seus Grandes Sucessos”, da gravadora Copacabana, contando ainda com nomes como Agnaldo Rayol, Elizeth Cardoso, Sivuca e Altamiro Carrilho, entre outros. Em 1968, foi lançada a coletânea “O Melhor de Inezita”, com clássicos de seu repertório como “Funeral de Um Rei Nagô” e “Banzo”, de Hekel Tavares e Murilo Araújo, “Rainha Ginga”, de Leyde Olivé, a “Berceuse da Onda”, de Oscar Lorenzo Fernández com letra de Cecília Meireles, “Canto da Saudade”, de Alberto Costa, “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, “Moda da Pinga (Marvada Pinga)”, de Laureano, “Ô Luá Ô Luá”, de Catulo de Paula, “Viola Quebrada”, de Mário de Andrade, “Cantilena”, adaptação de Sodré Viana e Villa-Lobos, “Maria Julia”, tema tradicional, e “Cisne Branco (Canção do Marinheiro)”, de Antônio Manoel do Espírito Santo e Benedito Xavier de Macedo. Em 1969, gravou o LP “Recital Nº 2” com as músicas “Mestiça”, adaptação de João Portaro sob poema de Gonçalves Crespo, “Coco Verde”, de José Prates, “Morena Morena”, de Francisco Mignone, “Canção Marinha”, de Marcelo Tupinambá e Mário de Andrade, “Benedito Pretinho”, de Hekel Tavares e Olegário Mariano, “Falua” e “Jangada”, de João de Barro e Alberto Ribeiro, “Trem de Alagoas”, de Waldemar Henrique e Ascenso Ferreira, “Curupira” e ” Hei de Seguir Teus Passos”, de Waldemar Henrique, “Abôio”, de Babi de Oliveira e Geraldo de Ulhôa Cintra, e “Dança Cabocla”, de Hekel Tavares. Em 1970, lançou o LP “Modinhas” interpretando as seguintes modinhas “Foi Numa Noite Calmosa”, de Luciano Gallet, “O Gondoleiro Do Amor”, de Castro Alves e Salvador Fábregas, “Modinha”, de Villa-Lobos e Manuel Bandeira, “Casinha da Colina”, tema tradicional adaptado por Pedro de Sá Pereira e Luis Peixoto, “Último Adeus de Amor” e ” Roseas Flores da Alvorada”, de Mário de Andrade, “Nhapopé”, tema tradicional, “Canção da Felicidade”, de Barroso Neto e Nosor Sanches, “Coração Perdido”, adaptação de Mário de Andrade, “Conselhos”, de Antônio Carlos Gomes, “Hei de Amar-te Até Morrer”, adaptação de Mário de Andrade, e “A Casa Branca da Serra”, de Guimarães Passos. No mesmo ano, lançou compacto simples com as composições “Corinthians Meu Amor”, de Idibal e Laura Maria, e “Festa No Coreto”, de Gilda Brandi. Ainda em 1970, produziu para uma firma norte-americana um documentário que representou o Brasil na Exposição 70, no Japão, com cenas da música popular brasileira sendo exibido em 118 canais em todo o mundo. Também nesse ano, voltou às telas do cinema participando do documentário “Isto é São Paulo”, que traçou a história da cidade desde sua fundação até aquele período. Ela fez a narração do filme acompanhada pelos Jograis. Nos anos 1970, dedicou-se a viajar, realizando pesquisas musicais, além de realizar recitais pelo interior do país e fazer gravações para programas especiais para diversos países, entre os quais, União Soviética, Israel e Estados Unidos. Em 1972, dez anos depois do primeiro, lançou o segundo volume dos “Clássicos da música caipira”, no qual interpretou, “Rio de lágrimas”, de Piraci, Lourival dos Santos e Tião Carreiro, “Saudades de Matão”, de Jorge Galati e Raul Torres, “O Amor É Firme”, tema tradicional adaptado por ela, “Campo Grande”, de Raul Torres, “Poeira”, de Luis Bonan e Serafim Colombo Gomes, “Moda do Bonde Camarão”, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, “Divino Espírito Santo”, de Torrinha e Canhotinho, “Peão Bicharedo”, de Francisco de Assis Bezerra de Menezes, “Chitãozinho e Chororó”, de Serrinha e Athos Campos, “Rei do Café”, de Teddy Vieira e Carreirinho, “Destinos Iguais”, de Capitão Furtado e Laureano, e “O Menino da Porteira”, de Teddy Vieira e Luisinho. Neste disco, contou com as participações especiais de Tapuã, na viola e violão, As Pastorinas, Liu e Léu, Dino Franco e os Titulares do Ritmo, no coro, Caçulinha, no Acordeom e com seu Regional, o compositor Athos Campos no pio, na faixa “Chitãozinho e Chororó”, Corazza, no celo, e Geraldo Meirelles, no berrante, na faixa “O menino da porteira”, além de Gabriel, no contra baixo, Demétrio na flauta, Geraldo na gaita e Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado. Na contra capa deste Lp assim escreveu o radialista Geraldo Meirelles: “Após 25 anos de luta pela nossa música mais pura, recebo uma incumbência que serve como prêmio, como verdadeiro troféu: prefaciar a contra-capa deste LP n 2, pela rainha do nosso folclore, a festejada Inezita Barroso. Falar de Inezita é repetir rasgados elogios, tão usados por todos os brasileiros e principalmente por estrangeiros, mas quero apenas, relembrar um lançamento anterior, no qual estive presente. Local: Teatro Álvares Penteado, no bairro do Pacaembu, em São Paulo, quando do lançamento do LP “Vamos falar de Brasil novamente”, em noitada memorável, pois estavam presentes quase todas as embaixadas estrangeiras sediadas no Brasil. Foi quando a pele do caboclo aqui arrepiou,o que só acontece quando a coisa toca fundo o coração! Assisti à moça Inezita, com sua violinha de fita, e a voz brilhante que Deus lhe deu, ser ovacionada durante sete minutos, contados em meu relógio, por mais de 1,500 pessoas ali presentes. Foi deveras emocionante,” Ainda em 1972, foi lançada pela Copacabana a coletânea “Inezita Barroso”, com algumas de suas gravações mais representativas, tais como “Engenho Novo”, tema tradicional adaptado por Hekel Tavares, “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, e “Moda da Pinga (Marvada Pinga)”, de Laureano. Em 1974, gravou um compacto simples com as músicas “Tô Como O Diabo Gosta”, de Bráulio de Castro e José Wilson, e “1900 e Nada”, de Léo Karan e Gilberto Karan. Em 1975, lançou dois LPs. O primeiro, “Modas e Canções”, no qual interpretou “Luar do Sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, “De Papo Pro Á”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, “Maringá”, de Joubert de Carvalho, “A Voz do Violão”, de Francisco Alves e Horácio Campos, “Prenda Minha”, música tradicional gaúcha, “Fiz A Cama Na Varanda”, de Dilú Mello e Ovídio Chaves, “Pingo Dágua”, de Raul Torres e João Pacífico, “Tristeza do Jeca”, de Angelino de Oliveira, “Cavalo Preto”, de Anacleto Rosas Júnior, “Meu Limão, Meu Limoeiro, tema tradicional adaptado por José Carlos Burle, “Azulão”, de Jaime Ovalle e Manuel Bandeira, e “Festa de Ogum”, de Babi de Oliveira. O segundo LP lançado nesse ano se chamou “Inezita em todos os cantos”, no qual interpretou pontos de candomblé, sambas anônimos do Rio de Janeiro e Niterói, números folclóricos de Mato Grosso. Estão nesse LP as composições “Pontos de Ogum (Temas de Candomblé)”, recolhidos por Alceu Maynard Araújo, Roberval e por ela mesma, “Rosa”, música tradicional matogrossense, “Seleção de Sambas”, recolhidos no Rio de Janeiro e Niterói, “Temas de Cururús”, recolhido em Piracicaba (SP), “Seleção de Maracatus”, músicas tradicionais pernambucanas recolhidas por Irmãos Valença, Solano Trindade e J. Ayres, “É a Ti Flor do Céu”, tema tradicional recolhido em Diamantina (MG), “Negrinho do Pastoreio”, de Barbosa Lessa, “Divisão do Boi”, música tradicional nordestina recolhido por Zé do Norte, “Amo Te Muito”, tema tradicional recolhido em Ouro Preto, “Capoeira do Salomão”, música tradicional baiana, “Marabá”, tema de garimpeiros do Pará, recolhido e adaptado por José Mauro de Vasconcellos, “Vô Deitá no Colo Dela”, música tradicional mineira, e “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Em 1977, foi lançada a coletânea “Seleção de Ouro – Inezita Barroso”. Em 1978, gravou o LP “Jóia da Música Sertaneja” interpretando doze clássicos da música sertaneja, entre modas-de-viola, toadas, cateretês e pagodes, a saber: “Mágoa de Boiadeiro”, de Nonô Basílio e Índio Vago, “Paineira Velha”, de José Fortuna, “Azul Cor de Anil”, de Arlindo Santana, “Colcha de Retalhos”, de Raul Torres, “Canoeiro”, de Zé Carreiro, “Que Linda Morena”, de Raul Torres, “Burro Picaço”, de Anacleto Rosas Júnior, “Perto do Coração”, de Raul Torres e João Pacífico, “Os Três Boiadeiros”, de Anacleto Rosas Júnior, “Pagode Em Brasília”, de Teddy Vieira e Lourival dos Santos, “Cabocla Tereza”, de João Pacífico e Raul Torres, e “Vingança do Chico Mineiro”, de Tonico e Sebastião de Oliveira. Nesse ano, fez uma aparição no filme “Desejo Violento”, de Roberto Mauro. Em 1979, lançou, com Evandro do Bandolim, o LP “Inezita Barroso e Evandro e Seu Regional, trazendo as músicas “Ronda”, de Paulo Vanzolini, “Último Desejo”, de Noel Rosa, “Solavanco”, de Evandro do Bandolim, “João Valentão”, de Dorival Caymmi, “Chorinho Serenata”, de Sivuca, “Castigo”, de Dolores Duran, “Bodas de Prata”, de Evandro do Bandolim, “Perfil de São Paulo”, de Francisco de Assis Bezerra de Menezes, “Recordando Garoto”, de Lúcio França, “Chão de Estrelas”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa, “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, “Pirilampo”, de Oscar Bellandi e Nelson Miranda, “Quem Há de Dizer”, de Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves, e “Segura Paes Leme”, de Luperce Miranda. Em 1980, lançou o LP “Joia da Música Sertaneja Nº2” com os clássicos “Piracicaba”, de Newton de Almeida Mello, “O que tem a Rosa”, de Serrinha”, “Travessia do Araguaia”, de Dino Franco e Décio dos Santos, “Velho Candieiro”, de José Rico e Duduca, “Siriema”, de Mário Zan e Nhô Pai, “O Berrante de Madalena”, de Faísca, “Barbaridade”, de Walter Amaral, “João de Barroro”, de Teddy Vieira e Muibo Cury, “História de um prego”, de João Pacífico, “Jorginho do sertão” e “Oi, Vida Minha”, de Cornélio Pires, e “Ferreirinha”, de Carreirinho. A partir de 1980, começou a apresentar, ao lado de Moraes Sarmento, o programa “Viola minha viola”, aos domingos, pela TV Record de São Paulo. Por essa mesma época, realizou recitais e conferências pelo Brasil, além de apresentar-se com Oswaldinho do Acordeon em shows do Projeto Pixinguinha. Entre 1980 e 1987, foi professora de Folclore no Conservatório de Pouso Alegre, Minas Gerais. Em 1985, foi homenageada pela Escola de Samba Oba-Oba, de Barueri, em São Paulo, que cantou sua vida e obra em enredo de carnaval. Na mesma época, após cinco anos sem gravar, lançou,pelo selo independente Líder, o LP “Inezita Barroso: A incomparável”, cujo repertório foi escolhido pelos fãs. Fizeram parte desse disco as músicas “Vida marvada”, de Almirante e Lúcio Mendonça Azevedo, “Piazito Carreteiro”, de Luiz Menezes, “Juazeiro”, de Osvaldo de Souza, “Guacira”, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, “História Triste de Uma Praieira (Jangadeiro)”, de Adelmar Tavares e Stefânia de Macedo, “Chuá-chuá”, de Pedro de Sá Pereira e Ary Pavão, “Bolinho de Fubá”, de Edivina de Andrade, “Querer Bem Não é Pecado”, de Oswaldo de Souza, “É Doce Morrer no Mar”, de Dorival Caymmi e Jorge Amado, e “Ontem ao Luar”, de Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara. Após o lançamento desse LP, como se recusava a gravar utilizando teclados eletrônicos, ficou onze anos sem gravar discos solos, apenas gravando esporadicamente em participações especiais. Em 1988, participou do LP “Festas Juninas – Sucessos de Mário Zan com Bandinha e Coro”, da Brasidisc, interpretando “Verdadeira Quadrilha”, de Mário Zan. No mesmo ano, passou a apresentar na Rádio USP, da Universidade de São Paulo, o programa “Mutirão”, no qual realizou memoráveis entrevistas, entre as quais com Patativa do Assaré, última dele antes de falecer, e Antenógenes Silva. A partir de 1990, e durante nove anos, apresentou na Rádio Cultura AM o programa “Estrela da manhã”, das cinco às sete horas da manhã. Em 1991, fez participação especial em dois discos. No compacto duplo “Canção da Avenida Paulista” interpretou a música título de Mário Albanese e Geraldo Vidigal. Já no LP “Lamento Sertanejo”, lançado por Jair Rodrigues, interpretou “Velho Pilão”, de Jacobina e Jair Amorim. Em 1992, apresentou-se no Teatro do Sesc, em São Paulo, ao lado da violeira Helena Meirelles e da dupla Pena Branca e Xavantinho. Em 1993, a gravadora Copacabana lançou o primeiro CD da cantora, a coletânea “Alma Brasileira”, com algumas de suas grandes interpretações. Em 1995, interpretou “Boiadeiro Errante”, de Teddy Vieira, para o LP “Áurea Fontes e Orquestra Violeiros de Ouro, uma produção independente. Em 1996, gravou com o violeiro Roberto Corrêa, pela RGE, o CD “Voz e viola”, no qual interpretou, “Felicidade”, de Lupicínio Rodrigues, “Flor do cafezal”, de Luis Carlos Paraná, “Fiz uma viagem”, de Dorival Caymmi, “Perfil de São Paulo”, de Bezerra de Menezes, “Peixe Vivo”, do folclore mineiro, adaptação de Rômulo Paes e Henrique de Almeida, “Tamba-tajá”, de Waldemar Henrique, “Chalana”, de Mário Zan e Arlindo Pinto, “Pagode em Brasília”, de Teddy Vieira e Lourival dos Santos, “Prece ao vento”, de Gilvan Chaves, Alcyr Pires Vermelho e Fernando Lobo, “O Menino de Braçanã”, de Armando Passos e Luiz Vieira, “Romaria”, de Renato Teixeira, “Sussuarana”, de Kekel Tavares e Luiz Peixoto, “Festa do Peão”, de Bezerra de Menezes, “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, e “Moda da Pinga”, de Ochelcis Laureano. No mesmo ano, gravou, de forma independente, com Izaías e Seus Chorões, o CD “Colhendo Pérolas da Obra Musical de Marcelo Tupinambá” no qual interpretou as composições “A Mesma Frase de Amor”, “Rabicho”, “Maricota Sai da Chuva”, “Quem é?”, “Canção de Amor”, todas apenas de Marcelo Tupinambá, além de “Batuque” e “Balaio”, de Marcelo tupinambá e Sivan Castelo Neto, “Como da Primeira Vez”, de Marcelo Tupinambá e Samuel de Mayo, “Quadras”, de Marcelo tupinambá e Vargas Neto, “Solidão”, de Marcelo Tupinambá e Ribeiro Couto, “Pinto Pelado” e “Cabocla”, de Marcelo Tupinambá e Arlindo Leal, “Canção Marinha”, de Marcelo Tupinambá e Mário de Andrade, “Candonga” e “Linguinha de cobra”, de Marcelo Tupinambá e Ary Machado, “Canto chorado”, de Marcelo Tupinambá e F. Nascimento, “Viola cantadêra” e “Canção da Guitarrada”, de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo, “O Cigano”, de Marcelo Tupinambá e João do Sul, e “O Passo do Soldado”, de Marcelo Tupinambá e Guilherme de Almeida. Esse CD foi gravado ao vivo na cidade de Piracicaba, em espetáculo promovido pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz e/ou Cultura Artística de Piracicaba, sendo ainda lançado no mesmo ano em DVD independente. Também com Roberto Correia, gravou o CD “Caipira de fato”, em 1997, interpretando “Caipira de Fato”, de Adauto Santos, “Chico Mineiro”, de Tonico e Francisco Ribeiro, “Adeus, Campina da Serra”, de Cornélio Pires e Raul Torres, “Cuitelinho”, tema folclórico matogrossense adaptado por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó, “Siriema”, de Mário Zan e Nhô Pai, “A coisa tá feia” e “A viola e o violeiro”, de Tião Carreiro e Lourival dos Santos, “Benzim”, adaptação de Roberto Corrêa, “Curitibana”, de Tonico, Tinoco e Pirigoso, “Moda do Bonde Camarão”, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, “De Papo pro Ar”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, “Oi, Vida Minha”, de Cornélio Pires, “Burro Xucro”, de Francisco de Assis, e “Roda Carreta”, de Paulo Ruschel. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Sharp de Melhor Cantora Regional. Participou também com Mazinho Quevedo do espetáculo “Ao Som da Viola – A História de Cornélio Pires” gravado ao vivo no Teatro Municipal de Piracicaba e lançado em DVD independente. Em 1998, participou juntamente com Zé Mulato e Cassiano, Paulo Freire e Pereira da Viola, do disco “Feito na roça”, de Bráz da Viola e sua Orquestra de Violeiros, de São José dos Campos. Nesse CD interpretou “Encontro de Bandeiras”, de Tavinho Moura e Xavantinho, “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, e “Rio de Lágrimas”, de Tião Carreiro, Piraci e Lourival dos Santos. Em 1999, lançou pelo selo CPC/UMES o CD “Sou mais Brasil”, interpretando, “Viola enluarada”, de Paulo Sérgio e Marcos Valle, “A saudade mata a gente”, de João de Barro e Antonio Almeida, “Isto é papel, João”, de Paulo Ruschel, “Cuitelinho”, tema folclórico adaptado por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó, “Nhapopé”, tema folclórico com adaptação sua, “Coco do Mané”, de Luiz Vieira, “Procissão de Sexta-Feira Santa”, de Paulinho Nogueira, “Ave Maria”, de Erotides de Campos, “Segura Zé”, de Israel Filho e Tiago Duarte, “Moda da Pinga”, de Oclelcis Laureano, “No Bom do Baile”, de Barbosa Lessa, “Pingo dágua”, de Raul Torres e João Pacífico, “Meu casório”, tema folclórico, e “Lampião de Gás”, de Zica Bergami. Nesse ano, participou do CD “Serenata na UMES – Gereba Convida”, do selo CPC-UMES, interpretando o samba “Ronda”, de Paulo Vanzolini. Em 2000, pelo selo Inter CD lançou o CD “Perfil de São Paulo, gravado ao vivo com Izaias e Seus Chorões. Nesse CD interpretou “Ronda”, de Paulo Vanzolini, “Serenata”, de Martins Fontes e Mary Buarque, “Moda do Bonde Camarão”, de Mariano da Silva e Cornélio Pires, “Viola Quebrada”, de Mário de Andrade e Ary Kerner, “Canção da Guitarra”, de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo, “A Moda dos Pau dágua”, tema folclórico recolhido por ela e até então inédito, “O Batateiro” e “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, “Moda da Pinga”, de Ochelcis Laureano, “Flor do Cafezal”, de Luiz Carlos Paraná, e “Perfil de São Paulo”, de Bezerra de Menezes. No mesmo ano, a EMI lançou o CD duplo “Bis Sertanejo – Inezita Barroso”, uma coletânea com 28 interpretações suas. Ainda em 2000, participou do CD “Semente Caipira”, do violeiro Pena Branca, lançado pelo selo Kuarup, interpretando o tema folclórico “Marcolino”. Ainda nesse período, juntamente com o Coral Piracicabano e a Orquestra Sinfônica de Piracicaba, participou do espetáculo “Lendas do Brasil” gravado no Teatro Municipal de Piracicaba e lançado em DVD independente. Em 2001, cantando o tema folclórico “Tirana da Rosa”, participou do CD “Viola Ética”, lançado por Pereira da Viola. Em 2003, aos 78 anos e completando 50 anos de carreira, lançou seu octogésimo disco, o CD “Hoje lembrando”, pela gravadora Trama. O disco, produzido por Fernando Faro, e com arranjos do maestro Théo de Barros, autor de “Disparada”e “Menino das laranjas”, traz para a contemporaneidade itens marcantes de seu próprio repertório, como “Amo-te Muito”, de João Chaves, “Tamba-Tajá” de Waldemar Henrique, “Modinha”, de Villa-Lobos e Manuel Bandeira, “Guacira”, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, “A Voz do Violão”, de Francisco Alves e Horácio Campos, “Leilão”, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, “Roda Carreta”, de Paulo Ruschel, “Maria Macambira”, de Babi de Oliveira e Orádia de Oliveira, “Cais do Porto”, de Capiba, “Ismália” de Capiba e Alphonsus de Guimarães, e “Maricota Sai da Chuva”, de Marcelo Tupinambá, além de duas composições inéditas de Paulo Vanzolini, os sambas “Bem iguais”e “Recompensa”. Continuando a apresentar o programa “Viola, minha viola”, pela TV Cultura de São Paulo, já tornado referência da musicalidade de raiz. Em março de 2004, passou a apresentar o programa diário “Minha Terra”, pela Rádio América, em São Paulo, indo ao ar de segunda a sexta, das 6 às 7 da manhã e , aos domingos, às 17 horas, programa que durou até novembro daquele ano. Também em 2004, recebeu o prêmio Rival BR, na categoria ATITUDE, com o CD “Hoje lembrando”, lançado no ano anterior, pela gravadora Trama. Ainda no mesmo ano sua gravação para a “Moda da Pinga”, de Ochelsis Laureano, foi incluída no CD “Viola, Minha Viola – Clássicos da Música Caipira – Vol. 1”, lançado pela TV Cultura/Atração. Também em 2004, recebeu das mãos do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva a Ordem do Mérito Cultural, “por suas relevantes contribuições prestadas à cultura do país” conforme publicação do Diário Oficial. Em 2005, o programa “Viola, minha viola” completou 25 anos no ar. As comemorações contaram com um programa especial que reuniu a maioria dos artistas que por ele passaram e tiveram nele apoio em suas carreiras. O programa contou também com diversos depoimentos de artistas e jornalistas, falando da importância e significado dele. Nessa ocasião, o “Viola, minha viola” aumentou sua duração para 1 hora e meia aos sábados à noite, sendo reprisado em compacto de 1 hora aos domingos, pela manhã. No mesmo ano, foi lançado pelo selo Revivendo o CD “Inezita Barroso – Ronda” com 21 interpretações consagradas da cantora, entre as quais, a música título, de Paulo Vanzolini, “Redondo Sinhá”, música folclórica recolhida por Luiz Carlos B. Lessa, “Benedito pretinho/Meu barco é veleiro”, de Hekel Tavares e Olegário Mariano, “Marvada pinga”, de Laureano, “Coco do Mané”, de Luiz Vieira, “O canto do mar”, de Guerra Peixe e José Mauro de Vasconcelos, “Na fazenda do Ingá”, de Zé do Norte, “Isso é papel, João?”, de Paulo Ruschell, “Roda a moenda”, de Haroldo Costa, “Dança de caboclo”, de Hekel Tavares e Olegário Mariano, “Mestiça”, de Gonçalves Crespo, “Iemanjá”, de Nelson Ferreira e Luiz Lima, e “Os estatutos da gafieira”, de Billy Blanco. Ainda em 2005, foi lançado pela TV Cultura/Atração o CD “Viola, Minha Viola – Clássicos da Música Caipira – Vol. 2”, que incluiu sua gravação de “Lampião de Gás”, de Zica Bergami. Em 2006, por sua dedicação à preservação da memória da cultura de raiz e ao folclore nacional, recebeu, da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade paulista de Pirassununga, através do Decreto nº 3.155, de 12 de julho daquele ano, o título de “Madrinha” de Honra da Semana Nenete de Música Sertaneja, evento que ocorre desde 1995, em homenagem ao cantor e compositor Nenete, tendo como caráter a manutenção da memória das tradições culturais do mundo rural, em especial do interior de São Paulo. Nesse ano, apresentou-se no evento, reunindo um público de cerca de 10 mil pessoas. No mesmo ano, foi lançado pela Som Livre o CD “Trilhas Globo Rural – Inezita Barroso e Roberto Corrêa”, com as gravações feitas por eles em 1996 e 1997. Prestes a completar 83 anos e fazendo uma média de cinco shows por mês, além do programa semanal “Viola, minha viola”, na TV Cultura de São Paulo, em março de 2007, apresentou-se no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, na série “Líricas e Populares”, cantando com a cantora lírica Nize de Castro Tank, soprano perita na obra de Carlos Gomes, em duas sessões. No show, interpretou composições clássicas do cancioneiro caipira e sertanejo, como “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense. As duas cantoras, de gêneros tão diferentes já haviam cantado juntas, de maneira informal, num pequeno flash, no Sesc de São Paulo, onde estavam sendo premiadas, cada uma na sua área. No show, as duas cantaram seu seu próprio repertório e, ao final, fizeram um dueto, com variações sobre “Luar do sertão” e “Romaria”, esta última, de Renato Teixeira. Ainda no mesmo ano, apresentou-se, pela segunda vez na Semana Nenete de Música Sertaneja, na cidade de Pirassununga, acompanhada de seu regional, o mesmo do programa “Viola, minha viola”, liderado pelo violonista Joãozinho Barroso, cantando para um público emocionado que lhe fez coro em diversos momentos. Também em 2007, foi lançado pelo selo TV Cultura/Atração Fonográfica o DVD “Inezita Barroso – Programa Ensaio”, gravado em 1991 e apresentando algumas de suas gravações mais representativas. Ainda no mesmo ano, participou do DVD Independente “Ao Som da Viola – As ideias e as Canções do Jeca Tatu”, juntamente com os violeiros Marcos e Joãozinho, em espetáculo realizado no Teatro Unimep, de Piracicaba. Em 2009, em plena atividade de pesquisa do folclore musical brasileiro, continuou revigorando o programa “Viola minha viola”, no qual, além de receber convidados e trazer ao ar artistas representativos da música regional e caipira, sempre brindou o público com interpretações de clássicos da música popular e regional, como em programa especial de junho desse ano, quando cantou “De papo pro ar”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, “Burro picaço”, de Anacleto Rosas Jr., marcando essas canções com seu estilo. No mesmo ano, lançou, de forma independente, o CD “Sonho de caboclo” interpretando “Boiadeiro errante”, de Teddy Vieira, “Cavalo Preto”, de Anacleto Rosas Jr., “Flor do Cafezal”, de Luiz Carlos Paraná, “O Que Tem a Rosa”, de Serrinha, “Colcha de Retalhos”, “Mineirinha” e “Moda da Mula Preta”, de Raul Torres, “Paineira Velha”, de José Fortuna, “Rio de Lágrimas”, de Tião Carreiro, Piraci e Lourival dos Santos, “Perto do Coração”, de João Pacífico e Raul Torres, “Siriema”, de Mário Zan e Nhô Pai, “Caipira de Fato” e “Sonho de Caboclo”, de Adauto Santos, “Conversa de Caçador”, de Edivina de Andrade, e “Lampião de Gás”, de Zica Bergami. Com mais de 50 anos de carreira com grande reconhecimento do público como cantora, atriz e professora de folclore, carinhosamente referenciada pelos violeiros e artistas sertanejos em geral, dos mais antigos aos mais jovens, como “madrinha”, em 2010, comemorou 30 anos do programa “Viola, minha viola”, apresentando uma edição especial em cuja abertura interpretou “Cabocla Teresa”, de Raul Torres e João Pacífico, com seu peculiar vigor e propriedade, acompanhada pelo já consagrado Regional do programa, liderado pelo violeiro Joãozinho. A escolha da composição ocorreu por esta ter sido a música de abertura da primeira edição do programa. Nessa edição festiva, Inezita recebeu convidados, na verdade, amigos de longa data, como As Galvão, o maestro Mário Campanha, Pedro Bento e Zé da Estrada, Liu e Léu, Léo Canhoto e Robertinho, Mococa e Paraíso, Zé Mulato e Cassiano, Craveiro e Cravinho, Lourenço e Lourival, todos participantes do programa, desde seus primeiros anos, além de artistas mais jovens como Gilberto e Gilmar, Irmãs Barbosa, César e Paulinho e Daniel. Ainda em 2010, participou do show “Vamos Falar de Brasil – Homenagem a Alceu Maynard Araújo” com Joãozinho, Arnaldo Freitas e Grupo Catira Raiz de Piracicaba, realizado no Teatro Municipal de Piracicaba e lançado em DVD independente. Em 2011, realizou participação especial no DVD “Alma sertaneja”, o segundo da carreira da dupla Cézar & Paulinho. No mesmo ano, a gravadora EMI Music, lançou a caixa “O Brasil de Inezita Barroso”, com seis CDs, trazendo seus sete primeiros álbuns, gravados entre os anos de 1955 a 1962 na gravadora Copacabana. Com idealização, produção, textos e seleção de títulos de Rodrigo Faour, a caixa reuniu os LPs “Lá vem o Brasil”, “Vamos Falar de Brasil”, “Inezita Apresenta”, “Canto da Saudade”, “Eu me Agarro na Viola” e “Danças Gaúchas”. Também no mesmo ano, foi homenageada pelo jornalista Assis Ângelo com a publicação do livro “A menina Inezita Barroso”, dedicado ao público infanto juvenil. Em 2012, participou com o Regional do Tico Tico, que acompanha os artistas no Programa Viola Minha Viola, do espetáculo “Clássicos da Música Caipira”, realizado no Teatro Municipal Erotides de Campos, em, Piracicaba, SP, e lançado em DVD independente. No mesmo ano, foi publicado pela Imprensa Oficial de São Paulo, dentro da Coleção Aplauso o livro “Inezita Barroso: Com a Espada e a viola na mão”, de Valdemar Jorge. Em 2013, no Teatro Municipal Erotides de Campos, em Piracicaba, participou do espetáculo “Trajetória: Seis Décadas de Música Brasileira”, cantando acompanhada pelo Regional do Tico-Tico, em show gravado ao vivo e lançado em DVD independente. No mesmo ano, foi lançado pela Editora 34 o livro “Inezita Barroso – A História de Uma Brasileira”, de Arley Pereira. Também em 2013, foi lançado pela TV Cultura o DVD duplo “Inezita Barroso – Cabocla Eu Sou”. No primeiro DVD, intitulado “Ao vivo em São Paulo”, a cantora apresentou-se acompanhada da Orquestra Fervorosa, gravação feita durante edição especial do Programa Viola Minha Viola e no qual ela interpretou “Engenho Novo”, de Hekel Tavares, “Flor do Cafezal”, de Luiz Carlos Paraná, “Guacyra”, de Hekel Tavares e Joraci Camargo, “Festa de Ogum”, de Baby de Oliveira, “Meu Limão, Meu Limoeiro”, de José Carlos Burle, “Moda da Pinga”, de Ochelcis Laureano, “Viola Quebrada”, de Mário de Andrade e Ary Kerner, “Perfil de São Paulo”, de Bezerra de Menezes, “Ronda”, de Paulo Vanzolini, “Rio de Lágrimas”, de Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Piraci, “Pingo d’Água”, de Raul torres e João Pacífico e “Lampião de Gás”, de Zica Bergami. Já no DVD 2, foi feita uma compilação de apresentações suas ao longo de 60 anos de carreira com imagens de filmes e apresentações em diferentes programas de televisão, nos quais ela aparece interpretando as composições “Quem É”, de Marcelo Tupinambá, extraída do filme “Ângela”, de 1951, “Juízo Final”, de Paulo Vanzolini, extraída do filme “Mulher de Verdade”, de 1954, “Lampião de Gás” e “O Batateiro”, de Zica Bergami, “Soca Pilão”, adaptação de José Roberto e J. Prates, “Ronda”, de Paulo Vanzolini, “Moda da Pinga (Marvada Pinga)”, de Laureano, “Ismália”, de Alphonsus de Guimarães e Capiba, “Cais do Porto”, de Capiba, “Negrinho do Pastoreio”, de Barbosa Lessa, e “Caboclo do Rio”, de Babi de Oliveira, extraídas do especial “Música Brasileira”, de 1969, o tema tradicional “Mocidade”, “Cana Verde”, de Tonico e Tinoco, e “Lampião de Gás”, de Zica Bergami, extraídas do especial “Panorama”, de 1979, “Moda da Mula Preta”, de Raul Torres, extraída do programa “Viola Minha Viola”, de 1980, com participação de Nonô Basílio, “Caipira De Fato”, de Adauto Santos, extraída do programa “Viola Minha Viola”, de 1992, com participação de Adauto Santos e Robertinho do Acordeon, “Chitãozinho e Chororó”, de Serrinha e Athos Campos, extraída do programa “Viola Minha Viola”, de 2011, com participação da dupla Chitãozinho e Xororó, “Romaria”, de Renato Teixeira, extraída do programa “Viola Minha Viola”, de 2011, com participação de Renato Teixeira, e “Cabocla Tereza”, de João Pacífico e Raul Torres, extraída do programa “Viola Minha Viola”, de 2012, com participação do cantor Daniel. Ao longo da carreira gravou quase uma centena de discos com cerca de 405 composições, sendo 29 discos em 787 rpm, com 53 músicas mais cinco regravações, três LPs de dez polegadas, com 26 músicas, em LPs de doze polegadas gravou 18 discos com 213 composições, finalmente, até 2014, lançou quinze CDs, com 98 novas gravações, isso sem contar as inúmeras coletâneas. Fez apresentações na França, na antiga União Soviética, Itália, Estados Unidos, Israel, Paraguai e Uruguai, entre outros. Seu disco “Danças gaúchas” é considerado por ela como um dos mais importantes de sua carreira, por ter sido incluído como material básico de estudo no currículo de muitas escolas brasileiras. Uma das mais premiadas artistas brasileiras, recebeu inúmeros troféus e condecorações, send
JORGE, Valdemar. Inezita Barroso: Com a Espada e a Viola na Mão. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
PEREIRA, Arley. Inezita Barroso – A História de Uma Brasileira. São Paulo, 2013.
ÂNGELO, Assis. A menina Inezita Barroso. São Paulo: Cortez, 2011.
Inezita Barroso: A Incomparável
Dentre as inúmeras cantoras que nosso país tem gerado, destaca-se de forma soberana e bem menos louvada, ouvida e saudada do que merecia, a nossa Inezita Barroso. Cantora de voz possante e inebriante, contralto capaz de dar vida e identidade própria a qualquer composição que interprete. Além disso, é também instrumentista, violeira, em terra na qual a viola é “coisa de homem”, ou pelo menos era, na época em que iniciou sua carreira nos idos da década de 1940, muito embora já aos sete anos estivesse cantando. Não se pode esquecer que é também eminente pesquisadora e atilada folclorista, muito embora, o mais correto fosse dizer que ela é uma antropóloga, uma etnóloga da música brasileira, ao modelo de um Mário de Andrade, a quem desde os nove anos ela esperava passar enquanto andava de patins, já que o mestre do modernismo era seu vizinho. Inezita não limitou-se a cantar músicas e gravar discos. Ela devotou-se a um estilo, à construção de um registro, na verdade, mais que um registro um monumento: a música do povo do Brasil.
Inezita foi às entranhas desse estranho país a que conhecemos como Brasil. Procurou registrar a alma dele, transmutada em cantigas, aboios, cateretês, toadas, baiões, tiranas, sambas e modas de viola, entre outros ritmos, alguns já infelizmente sepultados pela voracidade do progresso. Inezita cantou sempre o rio de seu lugar, naquilo que de mais claro, belo, puro, rítmico e singelo. Cantou seu país, terra de múltiplos cantares, ao qual emprestou sua voz possuída pela fúria da beleza. Os exemplos são muitos e se estendem por sua carreira afora. Inezita é essencialmente a cantora do que é nosso. Sim, nosso, por mais paradoxal que possa parecer uma afirmação dessas em tempos de globalização. Seu trabalho artístico é o mais fiel retrato de um Brasil em fase final de liquidação, vencido pelo progresso e pela globalização. É por isso que sua arte, lamentavelmente, só encontra espaço em canais de TV específicos. Talvez se seus discos tivessem sido mais divulgados, e tivesse sido ela para cantar e ser ouvida mais e mais através de canais de ampla penetração como as grandes redes de TV comerciais, talvez fôssemos hoje outro país, mais consciente de si mesmo e de sua identidade, certamente bem mais próximas do canto de nossa terra, do que do canto com cheiro de plástico e hambúrguer. Há mais de trinta anos apresentando na TV Cultura o programa “Viola, minha viola”, tornou-se referência na música sertaneja tradicional e madrinha de muitos artistas e duplas sertanejas tornando-se a ida a seu programa dominical um verdadeiro troféu para os artistas.
Além de tudo, Inezita tem sido a “Artista” no sentido mais amplo dessa palavra, pois atuou como atriz, cantora e violeira. Seu canto é da mesma essência do canto do uirapuru, ou do iambu chitão, ou do sabiá. É essencial. É da substância pura que permite ao Ser Humano transformar a realidade em arte, por mais difícil que seja, como, aliás, já percebera o escritor Mário de Andrade, definir “O que é arte”.
É urgente que Inezita Barroso tenha sua obra tocada nas escolas públicas, nas Universidades, nas Rádios e nas TVs, para que o povo brasileiro olhando-se num espelho veja o retrato do que já foi e muito do que ainda é mesmo sem saber.
Seus mais de trinta discos, entre LPs e CDs deveriam obrigatoriamente ser remasterizados em CDs e distribuídos à população nas estações de trens, nas filas das barcas e dos ônibus, ou no desacerto do metrô. Suas gravações deveriam estar presente em MP 3 e todas as novas possibilidades de veiculação de música. Era o mínimo que o país precisava para se conhecer um pouco mais. Coisa que ela mesma tentou, ao viajar pelo país com recursos próprios e dirigindo um jeep, recolhendo danças e cantigas. Somos felizes de termos nascido e viver em um país que possibilitou o surgimento de uma cantora, ou melhor, de uma Artista, como Inezita Barroso, “A Incomparável”.
Paulo Luna – Historiador/Professor de História/Poeta