
Letrista, poeta, ator, jornalista, publicitário, carnavalesco, roteirista, romancista autor de livros infantis.
Filho do engenheiro e jornalista João Felício dos Santos e de Amanda Felício dos Santos, sobrinha do maestro Leopoldo Miguez.
Exerceu a profissão de topógrafo do Ministério de Viações e Obras do governo que o levou aos confins do Nordeste e os mais distantes rincões do Brasil, às vezes, a serviço do governo e na maioria delas, por conta própria, em pesquisa para seus romances-históricos.
Autor de uma obra, principalmente centrada no romance-histórico, publicou em vida os seguintes livros: “Palmeira Real” (poesias/1934); “O pântano também reflete estrelas” (romance/1949); “João Bola” (infantil/1956); “João Abade” (romance/1958); “Major Calabar” (romance/1960); “Ganga Zumba” (romance/1962 – com ilustrações de Carybé); “Cristo de lama” (romance/1964); “A Menina e o Navio” (infantil/1964); “Canto Geral das Minas de Goytacazes” (poesias/1965); “Zag, Zeg, Zig no espaço” (infantil/1967); “Carlota Joaquina, a Rainha Devassa” (romance/1968); “Ataíde, azul e vermelho” (romance/1969); “Do Ipiranga à Transamazônica” (infantil/1972); “O Doquinha” (infantil/1973); “A Marca e o Logotipo Brasileiros” (livro técnico/1974); “Nico Piá” (infantil/1975); “Xica da Silva” (romance/1976); “Os Trilhos” (romance/1976); “A Guerrilheira – O Romance da vida de Anita Garibaldi” (romance/1979); “Benedita Torreão da Sangria Desatada” (1983) e “Margueira Amarga”, romance, em 1985, com ilustrações de Poty.
Em jornalismo trabalhou como Editor Chefe nas publicações Revista Mundo Católico (1955 a 1957); Revista Brasil constrói (1960), Revista Kosmopolita e colaborou com artigos e críticas para o jornais Correio da Manhã, O Globo e Gazeta do Rio.
Escreveu os argumentos de “Cristo de Lama”, de Wilson Silva (1966) e de “Parceiros da Noite”, de José Medeiros, em 1980.
Faleceu no Rio de Janeiro e deixou vários trabalhos inéditos, entre os quais “A Força Vermelha” (1987) e o romance “Rotas de Além-Mar” (1988), além de um livro de poesias e roteiros para cinema, tais como “O dique” e “Quando os dinossauros morrem”, de 1987.
No ano de 2011, em homenagem ao seu centenário, foram reeditados vários de seus livros e lançados em evento no Auditório da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio de Janeiro, no qual o jornalista Ricardo Cravo Albin proferiu palestra sobre a vida e obra do amigo. Da mesa de depoimentos participaram vários atores e personalidades cariocas. Na ocasião, também foi lançado um site sobre a vida e obra do escritor.
Como ator trabalhou em dois filmes de Cacá Diegues: “Ganga Zumba – Rei dos Palmares”, do ano de 1963, baseado em seu romance homônimo, filme que teve o maestro Moacir Santos como autor da trilha sonora, para a qual compôs o clássico “Nanã”, letrado pelo cantor e letrista Mário Telles e interpretado na fita por Nara Leão. Outro destaque do filme é a participação do compositor Cartola, o que faz do filme um clássico em relação à música. Outro filme de Cacá Diegue no qual também participou como ator foi “Xica da Silva”, do ano de 1974, no qual fez o papel de um reverendo, com trilha sonora composta por Jorge Ben (Benjor). Este talvez seja o único filme de época que gerou um romance-histórico, no caso “Xica da Silva”, inspirado pelo filme e lançado em 1976.
Escreveu o roteiro e fez a pesquisa para a fita “Quilombo”, de Cacá Diegues, lançada em 1984 e que teve Gilberto Gil como o autor da trilha sonora, destacando-se ainda o percussionista Reppolho como o principal músico nas gravações da trilha.
Como carnavalesco foi autor de várias sinopses de enredo para blocos carnavalescos e uma escola de samba do Rio de Janeiro, entre eles, “O negro na história do Brasil – Bloco Carnavalesco Canários de Laranjeiras, em 1970; “A Virgem Intocável – Bloco Carnavalesco Canários das Laranjeiras, do ano de 1975; “A Cidade Verde – Bloco Carnavalesco Canários das Laranjeiras, em 1978 e ainda o enredo “Adolã, Cidade Mistério”, criado em parceria com José Félix Garcez Neto para a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense no ano de 1985.
Como letrista de música popular compôs o choro “Pranto”, em pareceria com Gadé, logo depois gravado por Rosita Gonzáles; o samba-exaltação “O índio”, com o mesmo parceiro, o músico Gadé, e ainda a toada “Dandara”, esta última em parceria com o músico Manoel Brigadeiro.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.