
Maestro. Instrumentista. Flautista. Tocava todos os instrumentos de sopro. Nasceu no arraial de Santo Estevão do Jacuípe, que posteriormente se transformou no Município de Santo Estevão. Sua iniciação musical começou ainda na escola primária, quando uma professora, percebendo seu talento musical, levou-o a ingressar na Filarmônica 26 de Dezembro que começava a se formar. Na ocasião, contava apenas 7 anos de idade. Em Feira de Santana, foi professor de música e de canto orfeônico no Colégio Santonópolis. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando o metal estava muito escasso, dedicou-se ao fabrico de palhetas artesanais para instrumentos musicais feitas de bambu. Essas palhetas tornaram-se muito apreciadas e chegaram a ser exportadas para os Estados Unidos, além de serem vendidas para todo o país. Estudou piano com a pianista Georgina Erisman, da qual se tonaria amigo e parceiro musical. Consta que manteve correspondência com o maestro Villa-Lobos.
Iniciando a carreira artística na Filarmônica 26 de Dezembro aos sete anos de idade, posteriormente, tornou-se regente daquela orquestra. Para a Filarmônica compôs sua primeira obra, o “Dobrado Alício Cerqueira”. Em 1925, então com 18 anos de idade, recebeu o convite de um influente pecuarista para reger a Filarmônica Minerva. Mudou-se então para a Vila de Bonfim de Feira. Viveu nessa cidade por sete anos, e lá compôs, entre outras obras, o dobrado “Verde e branco”. Nesse período, costumava vender composições para sobreviver. Em 1932, enfrentou sérias dificuldades financeiras, porque, em razão da grande seca que assolou o Nordeste naquele ano, o campo de trabalho musical ficara muito restrito. Passou a reger a banda de Afonso Pena, atualmente município de Conceição do Almeida. Pouco depois, transferiu-se definitivamente para Feira de Santana, cidade na qual passou a reger a banda de música 25 de Março, à frente da qual permaneceria ao longo de toda vida. Entre suas composições constam inúmeros dobrados, entre os quais, “Dobrado Arnold Silva”; “Dobrado Irene Silva”, e “Tusca”, este último em homenagem a um filho. Fez uma excursão com a Banda 25 de Março ao Rio de Janeiro, ocasião na qual recebeu muitos elogios e, inclusive, convite para permanecer na então Capital Federal e nela desenvolver a carreira artística. Preferiu, no entanto, retornar à Feira de Santana. Em 1978, a TV Globo promoveu um festival de bandas filarmônicas no qual a Banda 25 de Março se destacou, interpretando composições suas. Na ocasião, suas obras receberam eloquentes elogios dos maestros Edino Krieger, Marlos Nobre e Jílio Medalha. Entre suas composições estão também as marchas “Constelação” e “Magnata”, e os dobrados “Presidente João Almeida”, “Allah” e “Vida e morte”. Compôs ainda música sacra, além de marchas carnavalescas e foxes, como “Reveillon” e “Sonho azul”. Faleceu precocemente, aos 43 anos de idade, vítima de um tumor estomacal. Sua derradeira composição foi o dobrado “O final”.