
Violonista, Compositor. Nasceu no bairro de Linha do Tiro, periferia do Recife, Pernambuco. Autodidata, aprendeu a tocar violão sozinho, ouvindo discos e observando outros músicos. Costumava dizer, com orgulho, que ninguém o ensinara “um acorde sequer”. Começou a aprender música aos 8 anos de idade, quando o pai lhe deu de presente uma vitrola Pionner, um LP de Waldir Azevedo e um cavaquinho. Mesmo pobre, o pai lhe prometeu uma gorjeta por cada música que tirasse ao cavaquinho. Em pouco tempo, dominou todo o repertório do disco e virou atração do programa “Gurilândia”, da Rádio Clube, que mesmo sendo um programa infantil, contava com acompanhamento de um regional adulto. Nos intervalos ficava brincando com o violão dos músicos do regional. Ao que parece, sofre influência de China, um violonista de sete cordas que faleceu quando Lalão ainda era criança. A partir dos 12 anos seguiu aprendendo violão sozinho. Foi apelidado pelo violonista Guinga, um grande admirador do trabalho do violonista, de “Bamba Lalão”.
Iniciou a carreira artística em meados da década de 1970, como músico de bailes. Como compositor dedicava-se ao choro e à valsa. Em meados dos anos 2000, passou a integrar a banda de acompanhamento do cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo. Até então, ganhava a vida tocando em conjunto de rock tocando repertório dos anos 1980. Também tocou com Henrique Annes, com quem participou do DVD comemorativo dos 50 anos de carreira de Henrique Annes. Um episódio que comprova bem seu talento ocorreu quando o violonista Canhoto da Paraíba sofreu um AVC e foi internado, Foi — programado um show em homenagem a ele. Canhoto da Paraíba então avisou que somente existia um violonista em todo Pernambuco capaz de executar sua obra: Lalão. Em 2005, conheceu o violonista Yamandu Costa, que ficou tão impressionado pelo talento do músico pernambucano que gravou doze de suas obras para saírem num disco intitulado “Lalão interpretada Lalão”, que, no entanto, ficaria engavetado, à espera de patrocínio, por mais de seis anos. Desconhecido do grande público era cultuado e admirado por importantes violonistas brasileiros como Guinga e Yamandu Costa. Em 2013, estava preparando o lançamento de seu primeiro CD, produzido pelo jornalista e produtor Alessandro Soares, quando faleceu precocemente, de infarto. O CD,que sairá postumamente, contou com a participação especial de Yamandu Costa nas faixas “Lembrando Canhoto da Paraíba” e “Choro para Yamandu”, de sua autoria. Em reportagem publicada no jornal O Globo, assim se referiu sobre ele o violonista e compositor Guinga: “Eu o conheci há 12 anos, e nos encontrávamos sempre. Ele tocava muitíssimo bem e não cabe outro adjetivo senão “gênio”. Sempre o achei muito parecido comigo no comportamento. Era um brincalhão, sacana, irônico e mordaz. No estilo, era um George Benson brasileiro. Tinha um suingue monstruoso, era um improvisador de primeira”. Na mesma reportagem, assim falou sobre o músico pernambucano o violonista Yamandu Costa: “O Brasil perdeu um talento. O violão brasileiro está de luto. Fiquei impressionado com sua escola de violão e sua história. Era um mestre de obras que tinha o dom da música muito natural. É bom que saia o disco para que seja reconhecido, ainda que agora, após sua morte. Foi um gênio do violão”. Já para o jornalista e produtor Alessandro Soares, “Ele era um dos mais impressionantes compositores de violão da atualidade, herdeiro musical de João Pernambuco e Canhoto da Paraíba. Era autodidata, tanto em composição quanto em técnica. A obra dele, todo instrumental e feita basicamente de choro e valsa, era marcada pelo virtuosismo e pelas modulações incomuns, com aquelas situações que surpreendem o ouvinte pelo raciocínio harmônico e melódico”.