
Arranjador. Compositor. Instrumentista.
Autodidata, aprendeu a tocar em um violão que herdou dos irmãos mais velhos ainda menino, na época em que morou com a família em Miracema, município do Rio de Janeiro.
No início da década de 1950 foi morar sozinho no Estácio, na região central da cidade do Rio de Janeiro, trabalhando como funcionário da Companhia Aérea Varig. Nesta época tornou-se amigo do sambista Ismael Silva e começou a compor suas primeiras melodias ao violão. Também se dedicou ao estudo do contrabaixo acústico. Mudou-se para Niterói, contratado pelo Tribunal de Contas do Estado, por onde se aposentou como Técnico de controle externo.
Nos anos de 1980 e 1990, por conta de dificuldades financeiras e familiares, passa a ter problemas com o alcoolismo, que mina sua criatividade artística e abala sua saúde. Separado da família e afastado dos amigos, decidiu morar com sua mãe na cidade de Rio Bonito (RJ), onde passou sua velhice entre internações involuntárias na Colônia Psiquiátrica de Rio Bonito e momentos de liberdade e criatividade, tendo por companheiros seu violão e a cachaça, junto dos quais compôs suas derradeiras canções e melodias.
Na madrugada de 2 de dezembro de 1999, ao ser transferido de ambulância para a cidade de Caçapava, interior de São Paulo, veio a falecer em plena via Dutra, já em território paulista.
Seu corpo, por decisão de familiares, foi enterrado em Caçapava no mesmo dia, um lugar estranho para o compositor que em vida jamais pisou naquela cidade.
Na década de 1950 começou a tocar profissionalmente na noite em bares, boates e bailes como violonista e, principalmente, como contrabaixista. Organizando diversos conjuntos musicais com os quais excursionou por várias cidades brasileiras.
Ao lado de artistas como Sérgio Mendes, Tião Neto, Márcio Proença, foi precursor do novo estilo de fazer música brasileira, a Bossa Nova, na sua linhagem instrumental jazzística de câmera.
Em 1959, ao saber da morte da cantora e compositora Dolores Duran, compôs a melodia de “Canção do Nosso Amor”, cuja letra dividiu com o parceiro Dalto Medeiros.
No início da década de 1960 participava das famosas domingueiras nas boates do “Beco das Garrafas” em Copacabana, no Rio de Janeiro, comandadas por Sérgio Mendes, que abriu espaço para divulgar os músicos da geração “Le Pétit Paris” – lendário bar de Niterói. Nessa época, sua música “Canção do nosso amor” passa a ser muito conhecida e executada ao vivo nas boates do “Beco das Garrafas”, tornando-se um hit bossanovista.
Em 1964 a música “Lavadeira”, de sua autoria em parceria com Dalto Madeiros, foi gravada pelo grupo MPB-4. Participou desta gravação tocando contrabaixo. Nesse mesmo ano o grupo Samba Show gravou as músicas “Samba show” e “Lavadeira”, ambas de sua autoria com Dalton Medeiros, no LP “Apresentando Samba Show”, no qual participou como violonista.
Em 1965 a cantora e compositora Luli gravou as músicas “Povo” e “Cadê meu barracão?”, ambas de sua autoria com Dalton Medeiros, em seu disco de estreia “Luli”, lançado pela Phillips.
Em 1966 o cantor Pery Ribeiro e o conjunto Bossa 3 gravaram a música “João do trem”, de sua autoria com Nelson Panicalli, no LP “Encontro”, lançado pela Odeon. Nesse mesmo ano a cantora Dóris Monteiro gravou “Celestial”, de sua autoria com Dalton Medeiros, no LP “Simplestmente”, e o grupo Tamba Trio gravou “Canção do nosso amor”, no LP “Tamba Trio”, ambos lançados pela Phillips. Essa última também foi gravada por Pery Ribeiro em seu album homônimo de 1971; por Sérgio Mendes no LP “Stillness”, de 1971; pela cantora e compositora Martinha em seu disco homônimo de 1972; por Bebeto Castilho no disco “Bebeto”, de 1975; pelo cantor e compositor Tito Madi no LP “Carinho e Amor”, de 1976; pelo trombonista e cantor Raul de Souza, no LP americano “Sweet Lucy” (1977), na versão em inglês “New love”; pelo cantor Dick Farney, no álbum “Um piano ao cair da tarde, Vol. IV”, de 1982; pelo cantor e compositor Dalto no LP “Um Coração a Mil”, de 1988; por Nana Caymmi, no LP “Nana”, de 1988; pelo conjunto vocal Tamba Trio no disco “Tamba Trio Classics”, de 1997; pelo cantor Altemar Dutra Jr. no disco chamado “Canção do Nosso Amor”, lançado pela Som Livre em 2007.
Em 1968 a música “O samba que eu gosto”, de sua autoria com Dalton Medeiros, foi gravada pela cantora Sonia Lemos no disco “Sonia Lemos e sua viola enluarada”, lançado pela Phillips.
Em 1969 a música instrumental de sua autoria “Rio das Ostras” foi gravada pelo violonista Sebastião Tapajós no disco “Sebastião Tapajós e sua Guitarra Cósmica”, lançado pelo selo Forma (CBD).
Nos anos de 1960 e 1970 participou do espetáculo do teatro de Arena “Arena Conta Tiradentes”, sob a direção de Paulo José, tocando contrabaixo ao vivo. Ainda como contrabaixista, violonista ou como compositor, participou de festivais de música como o “Festival Internacional da Canção”, no qual sua composição “Sabendo coração”, defendida pela cantora Lucinha Lins, ficou em 5º lugar ; o “Festival de Seresta de Jurujuba”, em Niterói, no qual sua música “Um dia de domingo”, defendida pelo cantor Mano Rodrigues, conquistou o prêmio de “Melhor Canção”; entre outros.
Em 1986 a música “Luz no apartamento”, de sua autoria com Dalton Medeiros, foi gravada pelo cantor e compositor Dalto no LP “Kama Sutra”, lançado pela Emi/ Odeon. Essa música também foi gravada pela cantora e compositora Cristina Tucunduva no CD “Loba” (1996), lançado pelo selo Niterói Discos.
Em 1992 o cantor Errol gravou “Velha cerca” (Silveira e Dalton Medeiros) e “Canção da nossa praia” (Silveira e Chiquinho Aguiar) no LP “Às vezes é assim…”, lançado pelo selo Niterói Discos. Essa última também foi gravada na coletânea “Vila Real da Praia Grande” (vários), com canções que tematizam Niterói.
Em 1996 o cantor Dalto gravou o CD de selo independente “Dalto canta Silveira e Dalton Medeiros Ao vivo no Teatro Municipal de Niterói”, no qual incluiu várias canções da dupla.