Compositora. Cantora. Instrumentista (violonista e percussionista).
Iniciou sua carreira artística em 1964, quando gravou, aos 18 anos de idade, o LP “Luli”, lançado pela Philips. Em seguida, retirou-se do cenário artístico e durante sete anos dedicou-se à pintura e à programação visual.
Em 1971, participou do VI Festival Internacional da Canção, quando, ao lado da parceira Lucinha (hoje Lucina), classificou sua composição “Flor lilás” em terceiro lugar no evento.
Durante a década de 1970, obteve sucesso com suas músicas “Fala” e “O Vira”, ambas de sua parceria com João Ricardo, na gravação do grupo Secos & Molhados. Nessa época, foi viver em comunidade em um sítio com Lucinha, o que fortaleceu a parceria.
Em 1979, gravou o LP “Luli & Lucinha”, com Lucinha, que em 1982 adotou o nome artístico de Lucina. A dupla, que atuou até 1997, lançou ainda os discos “Yorimatã, o amor de mulher” (1982), “Timbres e Temperos” (1986), “Por que sim, por que não? (1992) e “Elis & Elas” (1995), fez shows pelo Brasil e no exterior e apresentou, na Rádio FM USP o programa “Conversinha”.
A partir de 1997, atuou no movimento ecológico e também como arranjadora, compositora de trilhas sonoras, diretora musical de shows e discos.
Publicou o livro “Segredo dos gnomos” e desenvolveu a linha Tambores de Luz, de tambores artesanais de cerâmica.
Realizou oficinas de criatividade musical, com destaque para o projeto “Músicavivamúsica”, parceria com o Sesc de Ramos, que gerou disco e show.
Em 2003, lançou, com Betti Albano o CD “Todo céu pra voar”, realizando show no Sesc-Pompéia (SP).
Lançou, em 2006, o CD “Luhli”, contendo suas canções “Taiwan”, “E se você”, “Karma” e “As horas”, todas com Alexandre Lemos, “Fala” e “O vira”, ambas com João Ricardo, “Bandolero” e “Banquete”, ambas com Lucina, “Antiga” (c/ Danilo Lemos), “Vida manera” (c/ Tatiana Rocha), “Jeito gris” e “Quase festa”, além de “Na face da terra” (Itamar Assumpção), “Lê” (Alzira Espíndola) e “Chore-me um rio”, versão de sua autoria para “Cry me a river” (Arthur Hamilton).
Constam da relação dos intérpretes de suas canções vários artistas, como Ney Matogrosso, Alzira Espíndola, Olívia Byington, Joyce, Frenéticas, Rolando Boldrin, Secos e Molhados, Nilson Chaves, Maria Alcina, Banda Cheiro de Amor, Sandy & Júnior, Dércio Marques, Nana Caymmi, Zélia Duncan, Tetê Espíndola, Wanderléa e Carlos Navas, entre outros.
Em 2013, lançou o disco “Danças da terra e do mar”, um registro de danças e ritmos populares. Dentre as mais de vinte faixas destacaram-se “Vou abrir meu congo”, “Jongo”, “A palha da cana”, “Formiga no canavial”, “Dança de Yemanjá” e “História da cobra verde”.
Em 2014 lançou o CD “Música Nova” seu primeiro trabalho inteiramente autoral, gravado na cidade de Lumiar, no estúdio do produtor e músico Maurício Barreto. O disco mistura composições inéditas com algumas músicas antigas, em parcerias com Lucina, Alexandre Lemos, Joãzinho Gomes, Dhenni Santos. Com Léo de Freitas no piano e na sanfona, Daniel Drummond nas guitarras e no baixo, Maurício Barreto no cavaquinho, Marcelo Bernardes nos sopros e Flávia Torga nas percussões. O disco ainda contou com participações das cantoras Júlia Borges (sua filha), Ana Dias, Dhenni Santos, e das crianças Rowena e Aurora no coro da faixa “Vó de Açúcar”. O projeto gráfico ficou por conta de Júlia Borges com grafismos sobre as fotos de Marcelo Valentim, Sian Sene, e os frames do filme Yorimatã, de Rafael Saar. O lançamento ocorreu no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, com produção de Elsa Costa e projeções de Pedro Kiua.
Em 2016, foi lançado Yorimatã, documentário sobre a dupla Luhli e Lucina, dirigido e produzido por Rafael Saar, que usou imagens de arquivo (muitas delas registradas por Luiz Fernando), e atuais, para narrar a trajetória das cantoras que compuseram mais de 800 canções. O filme contou com depoimentos de Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Joyce Moreno, Tetê Espíndola, Alzira Espíndola, Zélia Duncan, Antonio Adolfo e Luiz Carlos Sá, da dupla Sá e Guarabyra. Ney Matogrosso afirmou no longa-metragem: “Nunca consegui vê-las apenas como artistas. Eu vejo a existência delas naquele contexto e vi que houve uma reação de muita gente a vocês. Porque vocês foram uma coisa que talvez fosse idealizada por muita gente, mas que ninguém realizava. Vocês realizaram às claras. Eu sei que o fato de vocês terem realizado tudo às claras afastou muita gente, mesmo assim, vocês exiladas, disseram Não tem importância, nós estamos exiladas mas estamos com a verdade. Enfrentaram as famílias, a hipocrisia organizada da sociedade, que é assim até hoje. E eu pensei – Não estou sozinho neste mundo, declarou o cantor. Gilberto Gil, por sua vez, valorizou a diversidade musical da dupla, que teve forte influência dos batuques da umbanda: “Na coisa de vocês, a gente percebe as raízes brasileiras todas, as urbanas e as interioranas. O Brasil todo é perpassado por essa coisa negra… Todo mundo logo cedo batucou alguma coisa, trocou as pernas, sacudiu os pés”, afirmou.
Em 2018, faleceu aos 73 anos, vítima de insuficiência respiratória. Estava internada no hospital Raul Sertã, na cidade de Friburgo, no Rio de Janeiro.
Betti e Luli
Luli e Lucina
Luli e Lucina
Luli e Lucina
Luli e Lucina
Luli e Lucina
Luli