
Cantora. Pesquisadora. Produtora. Filha de seresteiros, demonstrou, ainda menina, vocação e talento para a música. Sua infância teve forte presença do rádio, em que ouvia de tudo: João Nogueira, Orlando Silva,
Nelson Gonçalves, Clara Nunes, Inezita Barroso, Clementina de Jesus, Cascatinha e Inhana, e tantos outros. Recebeu também grande influência dos violeiros, cantadores e foliões do Vale do Jequitinhonha, sua terra natal. Formou-se em Jornalismo pela PUC Minas.
Estudou técnica vocal com muitos professores, com destaque especial para o primeiro: Geraldo Maia, mas, em seus trabalhos, não abre mão da emoção.
Depois de longa estrada, participou, em 2002, do CD “O Violeiro e a Cantora”, a convite do violeiro e compositor Chico Lobo. O disco, lançado em 2004, foi viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Além de várias afinações diferentes na viola caipira, o CD traz clássicos como “Um violeiro toca” (Almir Sater/Renato Teixeira); “Estradas do sertão” (João Pernambuco/Hermínio Bello de Carvalho) e “Moda da pinga” (Laureano), e composições do próprio Chico, como “A manteiga e o pão”. Em 2005, foi pré-selecionada pelo Rumos Itaú Cultural/Música, com a pesquisa do projeto “Tum tum tum”, que veio a ser seu primeiro trabalho solo, lançado em CD, em 2006, apresentando pesquisa de mais de 10 anos a respeito das raízes musicais brasileiras. O CD “Tum tum tum”, com direção musical do cantor, compositor, violonista e arranjador Kristoff Silva, premiado em terceiro lugar no VISA Compositores/2006, foi produzido com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte e do Banco do Nordeste, através do Programa BNB de Cultura, chegando ao mercado pelo selo independente Tum Tum Tum Discos, de propriedade da cantora, e distribuído pela Sonhos & Sons, de Marcus Vianna. No CD, a cantora propõe, entre outras frentes, uma viagem às origens do samba, passando pelos fundamentos (semba) até as nuances que este ganhou no Brasil, com viés para manifestações da religiosidade do povo brasileiro, especialmente as do Vale do Jequitinhonha: catimbós, folias de reis, cocos, batucões, acalantos e lundus, entre outras.”Tum Tum Tum” recebeu quatro indicações para o Prêmio Tim de Música Brasileira 2007 nas categorias: Melhor Disco Regional, Melhor Cantora Voto Popular, Melhor Cantora Regional e Melhor Projeto Visual. A cantora, que já recebeu diversos comentários positivos a respeito de seu talento, vindos de críticos como Tarik de Souza, do Jornal do Brasil (“Déa Trancoso é uma cantora de emissão firme, que lembra um pouco Inezita Barroso. Tum Tum Tum é uma pérola fora do eixo do mercado”),é especialmente admirada por violeiros como Chico Lobo, Ivan Vilela e Roberto Corrêa, também pesquisadores, que já deram depoimentos elogiosos sobre seu talento. Além dos compositores mineiros Tavinho Moura (“”Tum Tum Tum” é, agora, parte dos antológicos trabalhos da música popular brasileira”) e Fernando Brant (“parabéns, embarquei nas águas da tua voz”). Vencedora do X Festivale – Festa da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha, a cantora fez participações especiais em outros trabalhos. Dentre eles, o CD “Palmeira Seca – Chico Lobo e convidados”, num dueto com Tino Gomes,na faixa “Marruá”. Distribuído pelo selo Karmim, o
disco registra a trilha sonora da minissérie de Breno Milagres para a Rede Minas de Televisão, inspirada no romance premiado do escritor mineiro Jorge Fernando dos Santos. Também participou do CD que acompanha o livro ABC da MPB, do mesmo autor, lançado pela Editora Paulus, em 2006, premiado com o selo de “Altamente Recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Também em 2006, foi uma das artistas convidadas para o show “Vozes do Vale”, que aconteceu dentro do Projeto “Vale: Vozes e Visões”, homenagem da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais à cultura do Jequitinhonha, no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Déa Trancoso cantou na trilha sonora de “A desdita e tragicômica história do amor de Pepeu e Marieta”, espetáculo apresentado pelo grupo Aldeia Teatro de Bonecos. Em sua atuação como produtora, soma trabalhos como o CD “Outras Estórias”, de Wilson Dias, e a concepção e coordenação de projetos culturais como o “Cultura Popular: Territorialidade e Pertencimento”, dentro do Projeto Encontro de Cultura
Popular e Educação, realizado pela Prefeitura de Montes Claros/MG, nas Festas de Agosto, no qual assinou a coordenação e organização, juntamente com Leonardo Palma Avelar e Solange Sarmento. Um outro projeto em que assina a produção artística é o “Caminhos do Jequitinhonha”, livro do fotógrafo Marcelo Oliveira, que retrata o cotidiano de comunidades ribeirinhas, situadas ao longo do Rio Jequitinhonha, patrocinado pelo Banco do Nordeste e Tum Tum Tum Livros, também de propriedade da cantora. Paralelamente, realiza a oficina “Corpo e Voz”, já tendo atuado em locais como Sesc Arsenal, TIM Valadares Jazz Festival, Projeto Valores de Minas, Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, Festas de Agosto/Montes Claros. Atua como divulgadora; e já cantou em palcos de diversas cidades do país, entre eles, o Palácio das Artes (Belo Horizonte), o Memorial da América Latina (São Paulo) e o Centro Cultural do Banco do Nordeste (Fortaleza). Em abril de 2008, apresentou-se no Teatro Rival Petrobrás (RJ), colhendo, na cidade, diversas críticas elogiosas ao seu trabalho. Em 2008, o fonograma “Passarinho Pintadinho”, do CD “TUM TUM TUM”, foi incluído na coletânea “Chill: Brazil 5”, lançado pela Warner Music. A edição que reuniu 32 cantoras da nova geração da Música Brasileira, foi organizada pelo baterista e produtor musical Charles Gavin (Titãs), com destino ao mercado internacional. Em 2011, lançou o CD “Serendipity”, que trouxe músicas próprias, como a valsa “Gismontiana 2”, dedicada a Egberto Gismonti, além de parcerias com nomes como Badi Assad, Chico César e Rogério Delayon. Para o lançamento, apresentou-se em Pontevedra, na Espanha, durante a Feira das Indústrias Culturais da Galícia.
Em 2012, lançou o CD “Flor do Jequi”, com homenagens ao Vale do Jequitinhonha, sua terra natal. O disco teve produção sua e de Paulo Belinatti, e arranjos de Paulo Belinatti. Com o álbum, em 2013, recebeu indicação ao 24o Prêmio da Música Brasileira, na categoria Música Regional/Melhor Cantora.