
Jogador de futebol. Empresário. Mais famoso jogador de futebol do Brasil e do mundo, ficou conhecido como o “Rei do Futebol”. Nascido em Minas Gerais, mudou para São Paulo onde desenvolveu a maior parte de sua carreira futebolística jogando no time do Santos F. C. no qual estreou com apenas dezesseis anos de idade. Com 17 anos, sagrou-se campeão mundial de futebol com a seleção brasileira, feito que repetiria em 1962 e 1970. Fez mais de mil gols ao longo da carreira e foi escolhido ao final do século XX como “O atleta do século”.
Em 29 de novembro foi internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, por conta de uma infecção respiratória após contrair Covid-19 e para avaliar o tratamento que vinha sendo feito de um câncer no cólon diagnosticado em 2021. O Hospital confirmou, em 29 de dezembro, o falecimento em decorrência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon associado à sua condição clínica prévia.
Seu envolvimento com a música popular se deu paralelamente à de jogador e sempre de maneira amadora, compondo e gravando algumas músicas individualmente ou ao lado de astros da música popular como Elis Regina, Jair Rodrigues e Gilberto Gil, além de tocar constantemente violão em concentrações de seu clube e da seleção brasileira. Sua carreira também serviu de inspiração para vários cantores e compositores que fizeram músicas para homenageá-lo. Em 1960, a Orquestra e Coro RGE gravou a marcha “Pelé, Pelé”, de Alceu Menezes. Em 1961, o cantor Luiz Vanderley gravou pela RCA Victor o cha cha cha “Rei Pelé”, de Wilson Batista, Jorge de Castro e Luiz Vanderlei. Essa composição foi regravada dois anos depois pelo Coro do Clube do Guri. Em 1962, a dupla sertaneja Craveiro e Cravinho gravou a cana-verde “Pelé dos pobres”, de Sulino, Moacir dos Santos e Fernandes. No mesmo período, o cantor Paulo Tito gravou o baião “Pelé”, de Gordurinha. Em 1963, o choro “Pelé”, de Oiram Santos foi gravado por Eli do Banjo na gravadora Copacabana. Em 1969, prestou histórico depoimento ao MIS (Museu da Imagem e do Som), então dirigido pelo jornalista Ricardo Cravo Albin e que resultou num LP lançado pelo próprio MIS. Em 1970, parte desse depoimento foi relançado em compacto através da Revista Manchete e da gravadora CID contendo ainda a narração do milésimo gol do jogador, além de gols feitos por ele na Copa de 1970. Também nesse disco, o Rei interpreta a “Canção de natal”, sem indicação de autoria. Em 1974, quando já tinha se despedido da seleção brasileira e o Brasil se preparava para jogar a Copa da Alemanha, e a torcida não sabia quem poderia substituí-lo, o sambista Luiz Ayrão compôs o samba “Camisa dez” no qual cantava a angústia da torcida brasileira ao perguntar: “Dez é a camisa dele/Quem é que vai no lugar dele?”. No mesmo ano, o cantor Jackson do Pandeiro gravou o rojão “O Rei Pelé”, de Jackson do Pandeiro e Sebastião Batista. Em 1977, Caetano Veloso fez sucesso com uma composição que incluiu os versos “Eu canto a canção que comove/Pelé disse love, love, love”, numa alusão às palavras do Rei do Futebol por ocasião de sua despedida dos gramados. Como cantor, gravou em 1969 com a cantora Elis Regina o compacto simples “Tabelinha – Elis x Pelé”, pela gravadora Phillips, interpretando as músicas “Perdão não tem” e “Vexamão”, de sua autoria. Em 1978, foi lançada pela WEA o LP “Pelé”, com a trilha sonora original do filme lançado no mesmo ano sobre sua despedida do futebol. Com produção e arranjos de Sérgio Mendes, o disco apresenta o jogador cantando em duas faixas em dueto com a cantora Gracinha Leporace, “Meu mundo é uma bola” e “Cidade grande”. Também fazem parte do disco mais duas composições de sua autoria, “Nascimento” e “Voltando a Bauru”, além de composições de Sérgio Mendes. Em 1979, lançou pela Som Livre um compacto simples com as músicas “Criança” e “Moleque danado”, de sua autoria. Em 2005, ao participar do programa do ex-jogador argentino Maradona na TV em Buenos Aires acompanhou-se ao violão interpretando uma composição de sua autoria. Como compositor, seu grande sucesso foi a balada “Meu mundo é uma bola” gravada por ele mesmo.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.